Fernanda

Chegamos na delegacia e vou direto para a sala que divido com o Rick.

_ Conseguiu alguma coisa Rick? – Pergunto assim que entro.

_ Não, mas se você estiver certa eu vou conseguir.

_ Vou ir para a sala de interrogatório, se conseguir algo, leve pra mim.

_ Pode deixar, boa sorte.

_ Obrigada, vou precisar.

Vou para a sala de interrogatório junto a delegada e espero um pouco antes de entrar.

_ Fernanda, cuidado, não quero que passe dos limites.

_ Não vou passar.

_ Ótimo, só não esqueça que eu vou estar ouvindo tudo por trás do vidro na sala ao lado.

_ Não vou esquecer. Mas você não pode ficar irritada com o que eu vou falar.

_ Não vou prometer isso, porque eu sei que não vou gostar.

_ Mas você sabe que é necessário.

_ Eu sei, mas isso não significa que eu precise gostar. – Responde. – Agora entre logo nessa sala.

Sorrio pra ela e abro a porta entrando.

_ Está sendo bem tratado? – Pergunto a ele assim que entro.

Sandro está sentado em uma mesa e algemado. Estamos somente eu e ele na sala.

_ O que você está fazendo aqui? – Posso sentir a raiva na voz e no olhar dele.

_ Vim te fazer companhia. Sei que pode ser um pouco solitário aqui.

_ Não quero nada de você. Te quero bem longe de mim.

_ Que bom que eu não ligo para o que você quer.

Puxo a cadeira e me sento em frente a ele.

_ Vamos ter uma conversinha. Precisamos esclarecer alguns pontos.

_ Não vou dizer nada. Conheço meus direitos. Quero meu advogado. – Ele ri convencido.

Me seguro para não me levantar, ir até ele e tirar esse sorriso da cara feia dele.

_ Você tá certo, tem todo direito a um advogado. – Me levanto e caminho até a porta. – Sabe, não queriam me deixar entrar aqui com você, pensaram que eu poderia fazer alguma besteira. Mas eu disse que não faria nada. E eles acreditaram. – Coloco a mão na maçaneta e em vez de abrir a porta eu a tranco e me viro de volta pra ele. – Parece que sou uma boa mentirosa.

Minha vez de sorrir.

Depois de trancar a porta, caminho e me sento de volta em frente a ele.

_ Você não pode me interrogar, eu quero meu advogado.

_ Não me importo com o que você quer.

_ Nada do que sair daqui vai ser admissível em um tribunal. Você está negando os meus direitos.

_ Não dou a mínima para seus direitos. – Dou um tapa na mesa.

_ Tá nervosinha é? – Ele tenta me provocar.

Pena que não dá certo.

_ Eu? Nem um pouco. – Me encosto na cadeira. – Tô bem calma na verdade.

_ Não é o que perece.

_ As aparências enganam. Você mais do que ninguém deveria saber disso.

_ Do que está falando?

Ótimo, ele está caindo.

_ Não foi você que passou um bom tempo pensando que tinha alguma chance com a Gabi? – Ele estreita os olhos.

_ O que isso tem a ver?

_ Tem tudo a ver. – Coloco meus cotovelos na mesa e olho diretamente nos olhos dele. – Você se enganou pela aparência dela. Viu ela toda linda e feminina e por isso nunca imaginou que ela fosse lésbica.

_ Ela não é lésbica! – Soca a mesa.

Sorrio, ele está caindo direitinho.

_ Ah, ela é sim. Pode acreditar, eu sei muito bem disso. E como sei! – Dou um sorriso malicioso.

_ NÃO FALA ISSO DELA. – Ele grita. – Foi você que colocou essas coisas na cabeça dela.

_ Não coloquei nada na cabeça dela. Ela sempre foi assim.

_ É mentira! Você fez alguma coisa com ela e a deixou confusa.

_ Ela não está confusa. Sabe muito bem o que está fazendo. Mas você tem razão em uma coisa. – Sorrio de novo. – Eu fiz sim uma coisa com ela. Mas pode ter certeza que ela amou cada momento disso.

_ Sua vadia. Para de falar isso dela.

_ Sabe, acho que você morre de inveja de mim. – Me encosto de novo na cadeira sorrindo.

_ Não tenho inveja nenhuma de uma aberração como você.

_ Mas é a aberração aqui, que beija e toca todo o corpo maravilhoso da Gabi. – Sorrio. – E que corpo gostoso. – Me abano. – Da calor só de pensar nisso.

_ PARA DE FALAR!

_ Você não imagina como é ter ela gem*ndo no meu ouvido. É uma delícia.

_ PARA, NÃO QUERO OUVIR. – Tenta tapar os ouvidos, mas não consegue porque está algemado.

_ Ela é um furacão na cama sabia? – Sorrio. – Claro que você não sabe. Ela esteve somente comigo. – Volto a me escorar na mesa. – A noite que eu fiz amor com ela pela primeira vez foi a melhor noite da minha vida. Ela me deixou doida. – Sorrio. – Ela podia até ser virgem, mas em momento nenhum ela hesitou ou demonstrou nervosismo. Pelo contrário. Ela estava tão segura. E tão gostosa. – Suspiro.

_ JÁ DISSE PRA VOCÊ PARAR.

_ Há, vamos lá Sandro. Você fez tudo isso pra ter a Gabi pra você. Não tá nem um pouco curioso pra saber como é estar em uma cama com ela?

_ Não quero saber de nada que venha de você.

_ Pois devia. É a única chance que você tem de chegar perto de saber sobre algo em relação a isso.

_ Prefiro ter a experiência de verdade em vez de escutar você falar sobre as suas.

_ Isso nunca teve chance de acontecer.

_ Teria acontecido se você não tivesse aparecido.

_ Você é tão ingênuo assim? – Pergunto e sorrio. – Mesmo se eu não tivesse aparecido, você não teria chance.

_ Você não pode saber disso.

_ Posso sim. A Gabi não está com você só porque eu apareci na vida dela. Ela não está com você, porque você não desperta e nunca despertou nada nela. Gabi sempre gostou de mulher. Ela sempre foi lésbica. Ela só nunca tinha se assumido antes porque até então não tinha conhecido ninguém que despertava interesse nela. Bom... Isso claramente mudou quando ela me viu pela primeira vez.

_ Você está mentindo.

_ Não estou. Foi ela quem foi atrás de mim, ela que me beijou primeiro. Eu tentei evita-la ao máximo no início, só que ela sempre arrumava uma forma de estar perto de mim. Até que um dia eu não resistir mais e cedi. E essa foi a melhor decisão da minha vida.

_ Já disse que não quero saber de nada disso.

_ E eu já disse que não ligo para o que você quer. – rebato e ficamos nos encaramos por alguns segundos.

_ Sabe, a Gabi já tinha me falado de você, que você sempre a chamava pra sair mesmo ela dizendo todas as vezes que não.

_ Era questão de tempo até ela dizer que sim.

_ Apenas nos seus sonhos. – Ele me olha feio. – Apesar disso, ela dizia que você erra um cara legal. Chato na insistência, mas legal nos outros sentidos. Não consigo entender como você foi capaz de fazer tudo isso que fez.

_ Não fiz nada de mais. Só queria que você a deixasse em paz.

_ E pra isso precisava a perseguir? A assustar? Como pode dizer que gostava dela agindo dessa forma?

_ Queria ela longe de você.

_ Mas não é só isso não é verdade? – Jogo o verde. – E também não era só você que esta envolvido nisso.

_ Não sei do que está falando.

_ Nos fomos até sua casa. – Vejo os olhos dele se arregalando, mesmo ele tentando disfarçar. – Vimos seu quarto. E apreendemos todos seus aparelhos eletrônicos. Eu sei que não é somente você. Sei que tem outra pessoa por trás disso.

_ Deixa-me adivinhar. – Ele diz sorrindo. – Você está aqui porque quer que eu diga o nome dessa tal pessoa?

_ Na verdade não.

_ Como?

_ Não preciso que me diga o nome dela. Eu sei quem é.

_ Você está mentindo.

_ Eu li todos seus e-mails e mensagens. Confesso que no inicio eu fiquei surpresa quando descobrir que era de mim que estavam atrás, usaram a Gabi só pra tentar nos despistar. Foi uma jogada inteligente dessa outra pessoa, usar você como bode expiatório.

_ Não fui usado.

_ Ah foi sim. Essa pessoa fez você ficar na linha de fogo. Você que foi exposto, não ela.

_ Vocês só descobriram algo por causa de hoje, se não tivessem me prendido mais cedo, ainda nem fariam ideia do que esta acontecendo.

_ Não posso negar que isso é verdade. Mas depois que eu descobri que era de mim que estavam atrás eu consegui juntar os pontos e descobrir quem é essa outra pessoa.

_ Não acredito em você. Esta só tentando me enganar para que e diga o nome dela.

Assim que ele termina de falar, meu celular apita com o som de mensagem recebida.

Era o Rick. Ele conseguiu o que eu queria.

Leio tudo com atenção e constato que eu estava realmente certa.

_ Veja só como não estou mentindo. – Viro o celular pra ele e mostro a foto que o Rick me enviou. – Não é você ao lado dessa outra dela?

Ele se surpreende e posso ver medo nos olhos dele.

_ Isso não quer dizer nada.

_ Isso que dizer tudo. – Volto a ler o que o Rick me mandou. – Pelo que ta escrito aqui, seu pai e a mãe dela se casaram a três anos, por isso vocês se conhecem.

_ Não tem nada ai que indique que ela é a outra pessoa.

_ Pode até ser, mais essa foto é um indicio de que eu estava certa nas minhas suspeitas. E agora que tenho certeza disso, eu vou ir atrás dela com tudo, em breve será ela que estará sentada onde vocês esta agora.

_ Isso nunca vai acontecer.

_ Veremos.

_ Não, não veremos, vocês nunca vão conseguir pegar ela. ela é esperta demais.

_ Isso é você admitindo que ela é mesmo a outra pessoa por trás disso?

_ Eu não admiti nada. - Nega.

_ Acabou de falar isso sim.

_ Não falei, e você não pode usar isso pra tentar prende-la. Se fizer eu nego. Essa conversa não vale, eu pedi um advogado e você negou meus direitos.

_ Que se dane seus direitos. Não ligo pra isso.

_ Bela policial vocês é, não é mesmo?

_ Minha namorada concorda, na verdade ela diria que sou uma policial gostosa. – Falo e ele volta a me olhar feio.

_ Você é uma vadia.

_ Se for na cama, não me importo de ser uma vadia com minha namorada.

_ Aberração. – Xinga.

_ Esses xingamentos não me atingem, sei muito bem o que sou e o que não sou. Pode xingar a vontade, não vai conseguir me atingir.

_ Um dia, em breve, você vai se arrepender disso tudo. E eu vou adorar. – ele sorri.

_ Do que está falando?

_ Que você vai pagar por tudo que tirou de mim.

_ Isso é uma ameaça?

_ Não, é um aviso. Você vai sofrer muito.

_ O que ela fara em seguida Sandro? – Pergunto seria.

_ Ela fara você se arrepender de não ter ficado com ela.

_ Quando a reencontrei eu já namorava, não fiz nada contra ela.

_ Mas no passado você não namorava. E ela sabe disso. Desde que você voltou pra cidade ela queria ir te ver. – Deixo ele falar. – Um dia ela foi atrás de você, na verdade ela sempre te acompanhou pela internet, mesmo quando você estava longe, aí quando voltou, ela pensou que teria uma chance. Ela foi atrás de você e ouviu você e seu amigo conversando sobre a Gabi. Ela ficou possessa de raiva, e mais ainda quando vocês duas começaram a namorar.

_ E foi ai que resolveram mandar as mensagens pra Gabi?

_ Ela sabia que eu gostava da Gabi. Ela disse que eu deviria investir nela e me ajudaria nisso.

_ Esse plano nunca daria certo.

_ Quase deu, vocês brigaram e você até foi parar no hospital.

_ Foi um momento por falta de comunicação, nós nos resolvemos no mesmo dia.

_ Mesmo assim conseguimos desestabilizar vocês.

_ Só daquela vez, depois nunca mais. O máximo que conseguiram foi nos deixar com raiva, nada mais.

_ Com medo e preocupada também. Pensamos que vocês iriam se afastar.

_ Porque? Porque estavam ameaçando a Gabi? Eu jamais me afastaria da mulher que eu amo por isso.

_ O plano era ameaçar ela, e por medo ela terminar com você.

Me levanto da mesa e começo a andar pela sala.

Eu estava certa nas minhas suposições.

_ Vocês são uns imbecis se pensam que eu a deixaria terminar comigo por esse motivo. E mais ainda por pensar que ela faria isso. A Gabi me ama, ela nunca iria terminar comigo.

_ Ela não te ama, só esta iludida.

_ Iludido está você e sua irmã postiça. O que eu e a Gabi temos, vocês jamais irão conseguir entender, e muito menos nos afastar.

_ Isso é o que veremos. Vocês podem ter me pegado, mas nada mudou. Não tem provas contra mim, e muito menos contra ela.

_ É questão de tempo, tenso indícios suficiente para conseguir um mandado. Vamos na casa dela vamos encontrar mais provas contra você e novas provas contra ela.

_ Não vão conseguir nada.

_ Veremos!

_ O que você acha que vai conseguir? Acha que ela é burra para manter algo na casa dela?

_ Na verdade eu acho sim. – Me aproximo dele. – Se ela é burra pra pensar que teria alguma chance comigo, ainda mais agora depois que eu conheci a Gabi, ela então é burra o suficiente pra deixar rastros. Rastros que vamos encontrar e nos levarão direto a ela.

_ Vocês nunca vai conseguir pegar ela. Ela sempre vai estar um passo a frente de todos vocês.

Penso nas palavras dele, e algo me vem a cabeça.

_ Ela é uma hacker não é? – Pergunto.

Ela fica em silêncio, mas eu tenho minha resposta apenas olhando para os olhos dele.

_ Claro que ela é. É por isso que não conseguíamos encontrar quem estava mandando as mensagens. Ela sabe cobrir os rastros online.

_ Sim, e ela é muito boa nisso.

_ Pode até ser, mas todo mundo comente erros. E quando ela fizer, nós estaremos lá para pegá-la.

_ Não vão, ela sempre vai estar a frente de vocês, vocês não vão conseguir nem chegar perto dela.

_ Veremos! Te garanto que em breve ela que estará sentada na cadeira que você está agora.

_ Já disse que não vai conseguir pegar ela.

_ E eu não me importo com o que você diz. O que importa é que pegando você, e em breve vamos pegar ela.

_ Você é uma idiota, vadia presunçosa.

_ Me xingar não vai mudar nada. – Me apoio na mesa e curvo um pouco pra frente. – E eu já disse que sou vadia somente na cama.

_ Para de dizer isso!

_ Foi você quem trouxe o assunto de volta. – Sorrio.

_ Você é uma aberração. Pessoas como você não deveriam nem existir.

_ Eu gostar de mulher me faz uma aberração?

_ SIM.

_ Então a Júlia sua irmã postiça também é, afinal ela também gosta de mulher.

_ Isso é problema dela.

_ Claro, claro. Você tem razão. – Sorrio. – Você sabe que a Gabi também gosta de mulher não é?

_ Ela não gosta de mulher, ela só está confusa.

_ Posso te garantir que ela não esta nem um pouco confusa. Ela sabe muito bem o que quer, e quem ela quer. – Me recosto na mesa novamente. – E ela não gosta, na verdade ela ama mulher. Mas especificamente, ela ama a mim.

_ Ela não te ama.

_ Pobre iludo. Continue acreditando nisso.

_ Aposto que você a obriga a ficar com você.

_ Como é? – Esse garoto é maluco.

_ Gabi é uma mulher linda, ela nunca ficaria, nunca beijaria outra mulher por livre e espontânea vontade. – Diz e eu caio na gargalhada. – Do que está rindo sua maluca?

Eu ri tanto que mais olhos até saíram lágrimas.

Limpo elas e olho pra ele.

_ Você não escutou o que eu disse antes? Sem problemas, vou repetir pra ver se você entende de uma vez por todas. A Gabi sempre, ouviu bem? SEMPRE foi lésbica, ela sempre se interessou por mulher, eu não precisei obrigar ela a nada, foi ela quem foi atrás de mim, ela que insistiu em mim. Eu tentei fugir no início, mas não resistir por muito tempo. Ela me conquistou, fez eu me apaixonar por ela, assim como ela se apaixonou por mim. Não é por mim que ela nunca te deu uma chance, mesmo porque ela sempre negou seus convites pra sair antes mesmo de me conhecer. Você nunca teve chance nenhuma.

_ Isso é mentira. Foi você que virou a cabeça dela.

_ Na verdade dela que virou a minha. – Falo com um sorriso safado nos lábios.

_ Não fala dela com esse tom.

_ Que tom? De desejo? Ela é minha namorada eu falo dela da forma que eu quiser. – Me levanto e pego os papéis que o Rick me entregou. – Fique aqui e pense, talvez você chegue a conclusão de que é melhor nos ajudar do que levar a culpa sozinho.

_ Não vou fazer isso.

_ Então aproveite seu tempo nessa sala sozinho. Em breve você estará em uma sela cheia de outros homens. – Caminho ate a porta. – E tome cuidado viu, um menino jovem como você costuma fazer muito sucesso entre os marmanjos que estão a anos atrás das grades.

Sorrio e saio da sala deixando ele com os olhos assustados pra trás.

Vou até a sala onde ei Rick e a delegada estão. Entro e agradeço a ela por ter conseguido o que eu pedi.

_ Não precisa agradecer, sou seu parceiro, sempre estou aqui para o que precisar. – Dou um abraço nele e olho pra delegada.

Ela está com um olhar sério no rosto.

_ O que foi? – Pergunto.

_ Precisava mesmo falar aquelas coisas da minha filha? – Fala com um ciúmes perceptível na voz.

_ Eu disse que você poderia não gostar do que eu falaria.

_ Você disse, mas não precisava falar tudo aquilo.

_ Precisava sim, ele é obcecado pela Gabi, falei aquelas coisas para desestabilizar ele. E em alguns momentos eu consegui. Ele pode não ter falado tudo, mas disse o suficiente.

_ A Fernanda tem razão, delegada. Eu posso ter conseguido descobrir que eles se conhecem, mas depois de tudo o que ouvimos, agora sabendo que a Júlia está por trás disso.

_ Mas nada do que ele falou pode ser usado. Ele pediu um advogado, negamos esse direito a ele. Nada do que ele falou serve em um tribunal.

 Ia responder, mas alguém bate na porta.

Eu abro e pego o que um dos nossos técnicos me entrega.

Ele me deu uma pasta de arquivos. Abro e vejo que são os resultados da perícia. Leio tudo e sorrio.

_ Você está certa, o que o Sandro nos disse não pode ser usado, mas isso aqui pode. – Entrego o arquivo a ela.

_ O que diz aqui? – Pergunta abrindo e lendo.

_ É o resultado da digital parcial que encontramos na minha casa.

_ Mas eles não tinham dito que não tinham encontrado nenhuma digital compatível no sistema? – Rick pergunta.

_ Sim, mas eu pedi que verificassem de novo. Quando nos formamos no ensino médio, nossa turma toda fez uma viagem juntas. Nesse viagem teve uma confusão e alguns foram detidos, a Júlia foi uma delas.

_ Mas se ela tinha sido presa antes, a digital dela estaria no sistema, a não ser que ela era menor de idade ainda.

_ Ela já tinha dezoito anos. Mas as digitais dela não estavam no sistema.

_ Como conseguiu esse resultado então?

_ O delegado que tratou do caso resolveu não processar ninguém, mas ele exigiu que todos que participaram da briga trabalhassem no local para pagar os prejuízos causados aos donos.

_ Ainda não estou entendendo Fernanda. – Rick fala.

_ Júlia e as outras pessoa aceitaram o acordo. Eu e os outros que não tivemos envolvimento na confusão viemos embora, mas ela e os outros tiveram que ficar. O lugar que eles destruíram foi o bar do hotel que estávamos hospedados. O acordo com o delegado foi que eles trabalhariam lá por duas semanas par apagar os prejuízos. E nesse hotel toda os funcionários precisavam deixar os documentos e digitais.

_ Como sabia disso?

_ Porque o gerente do hotel disse a eles, ele disse que todos os funcionários tinham que deixar as digitais para caso precisasse pra comparar em caso de algum tipo de roubo. Eles adotaram isso porque estavam tendo muitos roubos dos pertences dos hóspedes e descobriram que era um funcionário que estava roubando. Aí resolveram adotar essa medida para ficar mais fácil de saber quem esteve nos quartos, eles não usavam mais cartões para abrir as portas e sim as digitais. O gerente disse que por mais que eles fossem ficar lá só por alguns dias, eles seguiriam as mesmas regra de todos. Quando eu desconfiei que pudesse ser a Júlia eu liguei para nosso técnico de laboratório e contei isso a ele. Pedi pra que ele entrasse em contato com o hotel para saber se eles ainda tinham as digitais no sistema deles. E graças a Deus eles tinham.

_ Boa jogada Reis. Muito inteligente.

_ Obrigada.

_ Com isso e com tudo o que conseguimos eu já consigo pedir um mandado contra a Júlia. Vou ligar agora mesmo para o juiz e tentar agilizar o mais rápido possível. – Começa a caminhar para a saída da sala. – Vá embora Fernanda, descanse e deixa que eu cuido de tudo.

_ Não eu quero ajudar a ir atrás dela.

_ Mas não vai. Você é a vítima, não pode ir atrás dela para prende-la . Deixa que nos cuidamos disso. Eu vou conseguir o mandado e vou pessoalmente atrás dela.

_ Mas...

_ Nada de mas. Você vai ir pra minha casa e ficar com a minha filha. Quando eu terminar vou pra casa e te informo como tudo ocorreu.

_ Você quer que eu vá pra sua casa?

_ Sim, não conseguimos pegar a Júlia ainda, sua casa não está segura. E se você for pra sua casa a minha filha vai querer ir pra lá também. Na minha casa vocês estariam mais seguras. Não sabemos se a Júlia tem ajuda de mais alguém, é melhor não arriscar.

_ Tudo bem eu vou pra sua casa.

_ Ótimo. Vejo você mais tarde então. – Fala e sai.

_ Quem diria que eu iria ouvir a delegada ciumenta mandando você ir pra os braços da filha dela. – Rick diz rindo.

_ As coisas mudam meu amigo.

_ Mudam mesmo, e bem rápido.

Me despeço dele, saio da delegacia e vou embora.

 

 

 

Fim do capítulo