Tudo o que Maria Rosa e Samira mais desejavam era passar o fim de semana na Praia do Naufrágio, o lugar era encantador com suas águas transparentes de um tom azul quase néon, tão linda que mais parecia uma pintura, a areia branquinha era sólida, mas, ao mesmo tempo tão macia, que parecia que estavam pisando em nuvens. Além, da faixa de areia, a praia também era composta por pedras bem branquinhas, além de grandiosas formações de calcário. Sem sombra de dúvidas este era um dos cenários mais lindos que já haviam visto, e como duas aventureiras, haviam decidido a viagem no trabalho, de última hora, isso ainda era mais excitante.

      Assim que saíram do plantão, iam no carro combinando tudo o que levariam, haviam decidido cada detalhe no caminho, inclusive as roupas, dessa forma, seriam mais eficientes na hora da arrumação das malas, sabiam inclusive onde o amigo canino ficaria após uma ligação.

      Entraram na casa resolutas, arrumando a grande mala vermelha com rapidez, depois partiram para arrumar as coisas de Lord, colocando tudo em uma grande mochila, inclusive seus brinquedos e ração para muito mais de três dias, estavam felizes, ele ficaria muito bem na casa da vizinha de frente, Daisy, uma mulher de pouco mais de 50 anos, que havia sido eleita a madrinha do cachorro, já que o mesmo sempre fazia xixi quando se encontravam, tamanha era a sua emoção.

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- Bom dia meninas, Lord, seu príncipe bagunceiro, não precisa fazer xixi, vai passar o fim de semana aqui com a Tia Daisy. Obrigada meninas por deixar o bebezão comigo.

- De nada, nós que agradecemos - Falou Maria Rosa, para em seguida abraçar a vizinha de olhos negros e cabelos grisalhos, impecavelmente penteados para trás com gel. Antes de sair, as duas beijaram a cabeça de Lord que parecia sorrir e quando se despediram, ele seguiu balançando o enorme corpo, sem se importar em ter sido deixado na casa da madrinha.

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- O bandido nem se importou Rosinha, olha pra isso...

- Verdade amor, mas, vamos logo, temos uma estrada longa pela frente.

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      Quatro horas depois já estavam na pousada, o quarto escolhido ficava em frente ao famoso mar da Praia do Naufrágio, conhecido por ser tranquilo, com temperatura agradável, mesmo no auge do verão não passava dos 28º, além de uma permanente piscina de águas transparentes formada por um braço do mar. O quarto era aconchegante, com decoração marítima, parecia que estavam dentro de um pequeno navio. As duas se debruçaram na janela para aspirar o cheiro gostoso da maresia, admirando a paisagem, observando as pequenas ondas que quebravam na areia.

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- Se isso não é ser feliz, não sei mais o que é meu amor, é a segunda vez que a gente vem e estou tão admirada com a paisagem como se fosse a primeira vez.

- Só posso dizer que o amor por esse mar foi mesmo à primeira vista.

- Comigo também foi assim...um minuto linda - Samira pediu licença, buscando o violão esquecido no carro, e de forma afinada cantou Rosa, de Pixinguinha.

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Tu és divina e graciosa

Estátua majestosa do amor

Por Deus esculturada

E formada com ardor

Da alma da mais linda flor

De mais ativo olor

Que na vida é preferida pelo beija-flor

Se Deus me fora tão clemente

Aqui nesse ambiente de luz

Formada numa tela deslumbrante e bela

O teu coração junto ao meu lanceado

Pregado e crucificado sobre a rósea cruz

Do arfante peito teu...

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      Em casa, Ele batia forte na mesa sem entender nada, onde elas estavam? Precisou sair para almoçar com um amigo, demorando um pouco mais que o usual, na volta ligou o notebook, foi e voltou milhões de vezes, e não tinha nada demais, nenhuma informação relevante, nada, além de barulhos de casa, depois veio um latido de Lord, uma batida na porta, depois um silêncio. Em seguida, ao longe ouviu o barulho do carro saindo, algo estava muito estranho e Ele não estava gostando nada disso.

      Ficou mais irritado ainda quando viu que seu celular insistia em tocar "Sentadona", a música de Luisa Sonza avisava que era ligação de Paloma. Revirou os olhos ao mesmo tempo que cantou a estrofe com deboche, dançando junto.

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Sentadona, sentandona, sentadona

Fala que é sem sentimento

Mas quando eu sento apaixona

Sentadona, sentandona, sentadona

Fala que é sem sentimento

Mas quando eu sento apaixona

Sentadona, sentandona, sentadona
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- Droga, é a insuportável da editora... - Rapidamente ligou o transformador de voz, que foi o único recurso que configurou para receber.

- Amanda, minha querida, estou adorando o texto, já tem outro capítulo para mim? quem sabe põe um pouquinho de pimenta na história, hã? Está linda demais, mas, adoro um hot.

- Bom, deve saber que não somos nós quem mandamos na história, os personagens tem vida própria, nesse momento mesmo estava iniciando uma cena incrível, mas, perdi o fio da meada quando te atendi - Falou mentindo de forma descarada.

- Mon chérie, me perdoe, nunca ia imaginar que estaria atrapalhando seu insight.

- Só uma pequena correção, se me permite, "Mon chérie" só deve ser utilizado pra expressar carinho entre mãe e filhos, marido e esposa, e entre irmãos. O certo seria dizer, "Mon cher", talvez Ma chère", essa são as formas mais indicadas ao falar com colegas, amigos, entende?

- Perdoe, sou uma ignorante mesmo.

- Na dúvida, use o velho e bom português.

- Não vou te atrapalhar mais, tchau querida.

- Até mais.

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      A editora bufou, chamando-a de vaca prepotente, mas, logo respirou, o que mais interessava era o dinheiro que ia lucrar com seus livros, por outro lado, Ele rosnou "anta" entre os dentes, ficando mais irado ainda lembrando do sumiço de suas meninas.

      Maria Rosa ligou a televisão, chamando Samira, que estava saindo do banho, chegando a tempo de ver um documentário na emissora local:

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      A Praia do Naufrágio se tornou conhecida depois que o navio MV Cattleya Azul naufragou, em 20 de outubro de 1964, durante uma tempestade no litoral de Montes Verdes, cidade litorânea do Paraná. A praia anteriormente chamada de Praia dos Anjos, era quase desconhecida quando ganhou o apelido de Naufrágio, e foi com esse acidente que se tornou visitada por turistas do mundo inteiro, desenvolvendo toda a estrutura da cidade. Os destroços da embarcação, foram levados para a areia, mantido por uma ONG, e permanecem até hoje como cenário, servindo de pano de fundo para incontáveis fotos dos turistas.

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- Que bacana, isso eu não sabia amor.

- Também não... - Falou Maria Rosa se aproximando para abraçar Samira por trás, mordendo devagar seu pescoço, enchendo de beijos pelo caminho.

- Eu adoro seu cheiro, sabia? Me espera Sá? não demoro - Depois saiu, gargalhando, enquanto carregava consigo a toalha da namorada que puxou para admirar o corpo nu arrepiado e coberto de alguns respingos de água. Voltou com a mão para trás, puxando a mão de Samira, colocando um anel, perguntando com emoção - Sei que pode parecer cedo, mas, aceita casar comigo? - A namorada não respondeu, chorou um pouco, agarrando-se ao corpo de Maria Rosa dizendo que a amava.

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- Isso é um sim? Sei que já moramos juntas, mas, quero oficializar a nossa união, o que acha?

- Sim amor, quero, quero muito...

- Então, quer dizer que já posso devorar a minha noiva?

- Hummm, deve...

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         Maria Rosa levou Samira de forma delicada, encostando a namorada na guarda da cama, em seguida sentou em seu colo, com as pernas abertas sobre as suas, olhando profundamente em seus olhos, enquanto alisava os seus seios com a ponta dos dedos, dizendo o tempo todo o quanto a desejava, aproximou-se ainda mais, rebol*ndo em seu colo para provocar, sentindo todo o calor que emanava do sex* de Samira, pronto para receber tudo o que Maria Rosa estava sentindo e querendo.

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- Está gostoso assim?

- Muito... - Em seguida Maria Rosa, sorriu, ajeitando as pétalas de sua flor, encostando nas de Samira que vertia água de tanto desejo.

- Vou sentar mais perto para você sentir ainda mais.

- Tá - Falou Samira de forma baixa e completamente entregue.

- Posso continuar?

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         Mas, Samira não estava para muita conversa, saiu da posição, deitando a namorada na cama, enquanto ficou por cima, encostando os clit*ris que mais pareciam os estigmas das flores, e quanto goz*ram juntas, Maria Rosa desceu da cama, buscando um morango gelado no pequeno frigobar, colocando na boca, entre os dentes, voltou subindo de gatinho na cama, para chegar até a namorada, no trajeto, a fruta caiu, ficando pelo caminho, mas, não tinha a menor importância, fez exatamente o que quis, lambeu os lábios de Samira com delicadeza, para em seguida segurar firme em sua nuca, enfiando a língua que serpentou até tocar na da outra, suas mãos caminhavam pelo seu corpo resolutas, para em seguida arranhar de leve as costas, ouvindo em um sussurro: "ai amor", sinal que deveria continuar. As duas tinham o dorso nus, Maria Rosa voltou a sentar em seu colo, se esfregando, beijando sua boca, arranhando as costas, apertando, enquanto a outra alisava suas costas também, e ambas gemiam arrepiadas e entregues. Não se lembram quando o resto da roupa foi jogada no chão, pois estavam unidas pelo sentimento dentro da sua eternidade.

      Samira sorriu quando Maria Rosa soltou uma risadinha se contorcendo, mas, a excitação de ambas prosseguiu pela noite a dentro, e a última frase que escutaram em algum momento antes de adormecerem exaustas foi: - Aí amor, não para, continua...que delícia...

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         Ele acordou no dia seguindo injuriado, mas, amava seus cachorros acima de tudo, então, após alimentar Billy e Elliot se arrumou para o passeio matinal, assustou-se quando viu de longe Daisy passeando com Lord, discretamente soltou as coleiras e deixou que os labradores corressem em direção ao amigo.

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- Desculpe senhora, meus cachorros adoram fazer amizade.

- Ah, com certeza eles conhecem Lord, esse lindão está passando o fim de semana comigo, enquanto as mães viajaram para curtir uns dias.

- Que bacana, onde foram?

- Como?

- Desculpe a intromissão, na verdade gostaria de saber se podemos caminhar juntos enquanto não voltam.

- Ah, sim, não tenho certeza, acho que isso só vai acontecer na segunda, ou terça, pelo que me disseram, ambas têm dias de folga da Polícia Federal - Ele sentiu arrepios ao lembrar que eram policiais, o que fazia do jogo ainda mais interessante.

- Entendi, então podemos caminhar por uns dias com esses lindões, já que sempre fazemos isso sozinhos, não é? e que bom que os cachorros se conhecem. Aliás, desculpa nem me apresentei, prazer, me chamo Sebastian.

- Sou Daisy... - A mulher grisalha pensou, franzindo a testa por um segundo, mas, conseguiu disfarçar o seu pensar com uma fala.

- A gente se vê por aí, não temos horário certo para andar, não é bebezão?

- Tudo bem Daisy...até mais. Foi um prazer...

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         Daisy entrou em casa pensativa, deu água para o cachorro que correu para dormir no tapete macio da sala, em seguida sentou na enorme mesa de madeira de sua cozinha, comentando o que tinha acontecido durante o passeio com Lorde, a filha mais velha, Isadora, ouvia atenta, estava esperando a mãe para tomar café.

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- Engraçado minha filha, sabe o vizinho da rua de trás? Lembro direitinho dele ter me dito uma vez que se chamava Marcus, Marcus com "u", ele ainda reforçou isso, pois acredita que ele esqueceu que nos esbarramos no supermercado, na fila da peixaria. Então? Agora ele me disse que se chama Sebastian, muito louco isso.

- Aí mãe, eu acho aquele sujeito tão esquisito...

- Bom, vamos comer que daqui a pouco a minha aluna do piano chega - Falou abrindo um enorme sorriso.

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         Isadora sorriu em contrapartida, comeu, deu um beijo na cabeça da mãe, e terminou de ajeitar o uniforme do colégio, tinha curso preparatório para o Enem aos sábados, então correu para escovar os dentes, preocupada em não se atrasar, pensando consigo: - Será que é viagem minha, ou minha mãe e a aluna dela tem um clima? Deve ser impressão, talvez a pandemia tenha aproximado as duas, sabe-se lá, nunca vi meus pais brigarem nenhuma vez, eles são felizes, embora meu pai trabalhe viajando sempre que podem estão juntos, mas enfim, quem manda nas coisas do coração? Pensou balançando a cabeça para espantar o pensar, mas, constatou que jamais julgaria sua mãe se sua impressão fosse verdadeira. Antes de sair mandou um beijo da porta.

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- Vai com Deus minha filha...Ah, Isa...

- Oie mamãe.

- Te amo, boa aula.

- Também te amo, boa aula para a senhora. Mãe? diga a Beatriz que deixei um beijo.

- Pode deixar - Depois que a filha saiu, desatou a falar sozinha.

- Será que minha filha sacou que estou? Estou o quê? tenho um casamento feliz, não sei o que estou sentindo pela Beatriz, essa pandemia me fez pensar muitas coisas que não entendo...e quer saber? Vou viver da minha forma, me permitir, eu diria...sei lá, vou buscar é buscar a partitura, falta pouco para a aula. Depois tem a diferença de idade...e...

- Falando sozinha Dadá?

- Oi amor, só pensamentos...vem tomar seu café...vou chamar Maria Clara, ou ela dorme o dia todo, adolescentes...

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         Mirante dos Anjos, Praia do Naufrágio

      Alguns turistas desistiam de chegar ao mirante pois apesar da curta distância de 40 km com estrada asfaltada, para chegar próximo era um pouco complicado, o local de difícil acesso tinham obstáculos naturais, talvez por isso era preterido pelos turistas, a faixa de areia na verdade era formada por pequena pedras roliças, sendo preciso levar uma sapatilha aquática para os pés não sofrerem demais com as pedrinhas. Mas, para as meninas valia muito a pena passar por cada obstáculo até chegar no destino final.

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- Oi amor, pega a câmera na bolsa, não chegamos aqui para não registrar o momento...

- Rosinha, se falar que esqueci você me desculpa?

- Deixa disso amor, ainda temos o celular, vamos enquadrar direitinho para sair nem que seja uma réstia do mirante. Hahahahah...

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      Ao usarem o celular o notebook dele disparou o alarme, avisando que uma das meninas usaram o aparelho eletrônico hackeado por Ele.

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- Deixa ver quem foi que usou? Ah Maria Rosa, good girl, muito bem... - Olhou analisando a paisagem por trás, soltando uma risada que assustou os Billy e Elliot - Pois não é que está na hora de visitar minha mamãezinha querida na Praia do Naufrágio? é arriscado, mas, vai valer a pena, meninos, vamos viajar...ver a vovó e o titio dodói Pierre. No trajeto o som de Madonna invadia o carro, enquanto Ele cantava animado:

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I feel it...

It's coming...

Rain

Feel it on my finger tips

Hear it on my window pane

Your love's coming down like

Rain

Wash away my sorrow

Take away my pain

Your love's coming down like

Rain

When your lips are burning mine

And you take the time to tell me how you feel

When you listen to my words

And I know you've heard, I know it's real

Rain is what the thunder brings

For the first time I can hear my heart sing

Call me a fool but I know I'm not

I'm gonna stand out here on the mountain top

'Til I feel your...

 

Fim do capítulo