O farol por brinamiranda
Meninas, espero que gostem do capítulo, aqui os mistérios vão sendo solucionados...
Capitulo 26 - A um passo do fim
Ilha Verde, 28 de junho de 2022
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As meninas se arrumaram cedo, escolheram a jardineira jeans e a blusa rosa que ganharam de Alvinho no aniversário passado, depois sentaram no sofá, disfarçando a ansiedade, até os pets compreenderam as duas e ficaram quietinhos deitados em suas caminhas. Fazia um ano que Júlia, Nicolle e Alvinho haviam se mudado para Curitiba, com o objetivo de fugir da perseguição de Álvaro, que só desistiu quando casou com uma viúva rica da cidade, e mal aparecia para ter notícias do filho.
Quando a campainha tocou, as meninas correram para atender, quando se depararam com Katherine e Sábatha, responderam em uma só voz, com o mais completo desânimo:
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- Oi Tia Kath e Tia Sá...entrem, vocês foram as primeiras a chegar.
- Nossa, que desânimo é esse, ficaram decepcionadas?.
- Não é isso tia, é que pensamos que era o Alvinho, a gente não vê o nosso amigo faz quase um ano, estamos com saudades - Mal terminaram a fala, e o menino que estava escondido, apareceu gritando feliz.
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- Cheguei manasssss....dá um abraço no irmão aqui.
- Irmão? - Falou Amélia baixinho.
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Sem conseguir disfarçar o desapontamento por ser chamada de irmã, Amélia deixou que o seu sorriso morresse em seu rosto, mas, logo foi puxada por Alice e abraçaram Alvinho, ele havia crescido nesse tempo, estava animado contando tudo da nova escola, da cidade e dos novos amigos, principalmente de uma menina oriental de sua sala chamada Ayumi, ficou claro que ela era sua crush, ou a primeira namoradinha, não dava para ter certeza, e foi assim que Amélia teve a sua primeira decepção amorosa. Tão logo as crianças entraram, as mães puderam, enfim, se abraçar.
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- Júlia, que prazer ter você de volta, Nicolle, entra, é muito bom te ver também, como estão?.
- Muito felizes - Responderam em uma só voz.
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As duas entraram de mãos dadas, beijaram as gêmeas, que saíram com Alvinho atrás do vídeo game. E finalmente Júlia pode entregar dois pacotinhos brancos, um na mão de Kayra e outro de Anna, dentro de cada pacote havia um par de sapatinhos, um rosa e outro azul com um bilhete escrito: "aceita ser nossa dinda?". - Kayra e Anna abraçaram as duas em coletivo dizendo vários sins, seguidos de muito choro.
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- Que lindo, é um casal, já escolheram os nomes?.
- Sim veio em sonho, Afonso e Clara, na verdade era para ser Cora, mas, não gostamos e mudamos, também acrescentamos Pedro e Maria, então, vão se chamar Pedro Afonso e Maria Clara. Que tal?.
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Anna não tinha gostado da sonoridade do nome do menino, e sentiu que o afilhado daria muito trabalho, mas, com certeza acolheria a criança com todo amor. - O que importa é que o Pedrinho e Clarinha venham com saúde e alegria, pois temos todo o amor do mundo para acolher essas crianças. - Falou disfarçando o mal estar.
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Quanto as pizzas chegaram, sentaram todos em volta da grande mesa de madeira, depois que Kayra separou as fatias de Aliche, Quatro Queijos, Portuguesa e Baiana nos pratos, tendo servido os convidados, piscou para Anna que entendeu o seu recado, e com a desculpa de pegar os guardanapos foram até a cozinha.
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- Anna, viu como a nossa pequena ficou triste por saber que Alvinho arrumou a primeira namoradinha?.
- Vi, mas, daqui a pouco tudo se arranja, os corações jovens se recuperam rapidamente.
- Tem razão amor, tudo vai se ajeitar...
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Quando todos foram embora, as meninas tomaram banho, Alice passava a mão delicadamente no rosto da gêmea que chorava sentida, colocaram o pijama preferido e deitaram para dormir. O quarto estava escuro, quando viram uma luz clarinha aparecer, tinha vários tons de rosa bebê, e dentro de uma cortina de fumaça viram Lindalva de mãos dadas com sua irmã gêmea.
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- Oi meninas, vim me despedir e apresentar minha irmã...
- Porque você não conseguia seguir?.
- Não sei, mas, vocês mudaram a minha vida, minha irmã veio me buscar e estou morando num lugar bem bonito - Falou apontando para cima - queria agradecer a ajuda, era tudo o que eu queria, reencontrar a minha família. Espero que sejam felizes e que um dia a gente se reencontre... - As gêmeas deram tchau e sumiram devagarinho, deixando um cheiro de rosas no ar.
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- É Amélia, pelo visto não tinha mistério algum.
-E está tudo bem, ao menos Lili conseguiu o que queria e precisava, está junto da sua família.
- Você está bem mana?.
- Não, mas, vou ficar...Alvinho escolheu o seu caminho.
- Quem sabe um dia?.
- Esquece Alice...
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Curitiba, 28 de junho de 2039.
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A loira de longos cabelos cacheados presos em um rab* de cavalo, entrou na sala de aula com passos firmes, deu bom dia, colocando o material em cima da mesa, depois ajeitou os óculos de grau e escreveu na lousa de tela líquida com uma espécie de caneta que mudava de cor conforme programado:
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Literatura Brasileira,
Prof. Amélia Ferraro
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E assim, a aula começou, os alunos não piscavam de tão atentos as explicações, não queriam perder nada, gravavam sua fala em um tablet de última geração, que à medida que a aula transcorria, ia transformando a fala em texto. Amélia era uma das professoras mais conceituadas do curso de Letras, além de uma das mais queridas. Quando deu por fim as explicações sobre a Literatura LGBT no Brasil, sorriu ao ouvir um "ahhh" coletivo que encheu a sala. - Obrigada pela participação, fiquei muito feliz, é sempre muito gratificante dar aula para uma turma que gosta tanto do meu trabalho. - Sorriu, clicando um pequeno aparelho prateado que apagava tudo o que tinha escrito na lousa. Quando se despediu olhou para a porta e o marido já a esperava.
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- Oi meu amor, só vi o finalzinho da aula, mas, você arrasou novamente. - Sorriu encostando os lábios nos da mulher, seus olhos azuis refletiam todo o amor que sentia por Amélia, sua companheira de vida e de profissão.
- Henrique, você é suspeito demais. - Respondeu envolvendo o pescoço do marido, para em seguida olhar para as flores depositadas em seu braço.
- Amor, você nunca esquece de trazer as flores.
- Sim, meu bem, agora, vamos?.
- Sim, depois quero visitar minhas mães.
- Será que minhas sogras fizeram aquela torta de maçã com canela que tanto amo?.
- De certo que sim...
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Em silêncio chegaram ao cemitério de Ilha Verde, cerca de quatro horas de Curitiba, na lápide estava escrito o nome de sua irmã Alice, morta em 2023 no acidente de carro que sofreram indo de carona para escola com um vizinho, Amélia não lembrava muito, apenas de um clarão e quando acordou, além das dores que carregava no corpo, sentiu uma maior no coração, ao perceber que a cabeça da irmã não estava mais lá, contaram que ter escapado foi um verdadeiro milagre, pois o ônibus tinha batido no lado onde estavam.
Apesar da dor emocional, em menos de seis meses já conseguia dominar totalmente o lado que pertencia a Alice, e no lugar da fina cicatriz que percorria do seio até a coxa, tatuou um jardim de tulipas coloridas em homenagem a irmã, tatuando também o seu nome no pulso com duas asas e uma auréola.
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- Sinto tanta falta dela...passamos só doze anos juntas, ainda penso que ela abriu mão de sua vida, para que eu tivesse a chamada vida normal...
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O casal rezava junta a lápide sem saber que em breve, a gêmea voltaria como filha de ambos. Dias depois, Henrique pegou o livro que jazia na cabeceira para falar:
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- Hoje você termina de ler para mim, o livro da sua mãe... - Amélia sorriu, olhou a capa e leu alto "O farol".
- Você nunca enjoa?, é a terceira vez que leio pra ti...
- Jamais amor...
Fim do capítulo
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Rosa Maria
Em: 07/06/2022
Sabrina...
Pizza de aliche é a melhor combinando com a portuguesa, quatro queijos e baiana e tudo de bom é sempre boa pedida...kkkkkk
Resposta do autor:
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Viu Rosinha, Pizza de Aliche sempre é em sua homenagem, também acho uma delícia, aliás, pizza sempre é bem vinda, oh negócio pra ser bom kkkkk
bjsss
Rosa Maria
Em: 07/06/2022
Sabrina...
Que virada sensacional, intensa e meiga, surpreendente e cheia de inspiração, tudo ao mesmo tempo, Parabéns pela sensibilidade de sempre. essa separação entre Alice e Amélia foi emocionante, mas ainda acredito que venha coisa por ai, isso não aconteceu por um mero acaso. Uma curiosidade que deixou com gostinho de quero mais foi sobre Flora e Dália, de forma proposital é claro né? kkkk
Beijos
Resposta do autor:
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Bom dia Rosinha,
Obrigada por estar sempre comigo nas minhas empreitadas literárias...rsrsrs.
Olha, eu tinha outros planos para o final das gêmeas, mas, como vc sabe, o processo de escrever as vezes tem vida própria...rsrsrs.
O final vai ser escrito em etapas, pq a trama é muito complexa.
beijosssss
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Lea
Em: 06/06/2022
Deu um dor no coração por saber que a Alice se foi. :-( :'(
Deu um salto no tempo grandioso.
E a Elis da Dália??
Resposta do autor:
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Sim, eu também fiquei com dó...
E deu um salto mesmo, mas, eu retorno nos capítulos seguintes em feedback.
O final de Elisa e Dália vai ser escrito quando eu terminar a parte das meninas da vida atual.
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HelOliveira
Em: 04/06/2022
Amiga adorei o capítulo, por um lado fiquei feliz por Amélia ter uma vida normal, mas senti a breve partida da Alice....
Flora e Dália já na espectativa
Bjos
Resposta do autor:
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Bom dia Helena,
Eu optei por não dar detalhes do acidente, assim, falado só nas lembranças fica mais suave, infelizmente não tinha como manter as duas, no meu primeiro final imaginado, elas seguiriam juntas, mas, na hora de escrever parece que a história tem vida própria...
E vamos esperar o final.
beijos
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florakferraro
Em: 02/06/2022
Na sua opinião, a Alice abriu mão da vida pela Amélia?.
Fiquei pensando nessa questão.
Resposta do autor:
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Flora, eu não vejo assim, mas, vai da liberdade de pensar de cada leitor.
bjs
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florakferraro
Em: 02/06/2022
Sabrina,
Que desfecho mais lindo, pelo visto só vamos ter mais um capítulo, que pena, eu estava gostando tanto de ter você de volta por aqui, começa um livro zerado para outras pessoas acompanharem, esse aqui foi tipo que meio peguei o bonde andando. Eu amei esse capítulo, e estou já ficando com saudade de me despedir dele.
bjussss
Resposta do autor:
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Bom dia Flora,
Vamos ver se vem uma inspiração para um outro livro, quem sabe, não é?.
bjs
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Gabriella Herculano
Em: 02/06/2022
Amiga, chorei com esse capítulo, viu?, e fiquei dividida, um lado meu diz, foi a solução perfeita, mas, o outro chorou mesmo, maldade isso ai, mas, parabéns pelo capítulo. Sensível, lindo.
Agora só falta saber como ficou a história de Flora e Dália e fechar a história do Farol, já estou com saudade, e foi bonito porque tudo foi mudando devagar, né?, prometia ser uma história de horror, mas, nem foi, tá só um pouco sinistra kkk
beijosssss e até amanhã
Resposta do autor:
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Gaby,
A minha ideia era outra, mas, como falei para Flora o final veio de uma vez só, eu tinha outra ideia, o Álvaro casaria com a oriental da sala dele anos depois, e as meninas seguiriam juntas, mas, na hora de escrever veio algo diferente na cabeça.
Quando comecei o Farol não estava bem rsrss
beijosss
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Lara Lefevre
Em: 02/06/2022
Sá, eu amei esse capítulo, muito embora ele tenha algo bem triste, também tem um lado bem bonito, adorei e fiquei imaginando as tulipas coloridas tatuadas, já pensou que coisa mais linda?.
Vou ficar na expectativa do término, parabéns pelo capítulo.
xêro
Resposta do autor:
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Oie Lalinha,
Fico feliz que tenha gostado. As tulipas tatuadas foram inspiradas no livro "Cidade dos corações partidos" da Marina Porteclis, lembra da mulher dos olhos de onda?, tirei dai a inspiração da tattoo.
beijão
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