Capitulo 31
CAPÍTULO 31
Contém
Cenas sensuais lésbica
Palavras eróticas
Marina fez uma vitamina de abacate com farinha láctea, pão assado na frigideira com ovos mexidos e colocou as coisas no balcão, que servia tanto como mesa quanto como divisória de cômodos. Enquanto isso, Bia pegou o celular para ligar para a mãe, mas estranhou o horário.
― Marina, olha só que horas são ― estirou o braço por cima do balcão para que a namorada visse as horas.
― Meu amor, como já é tarde, passam das duas! ― Havia dormido praticamente o dia todo! Devolveu o celular e observou Bia discar um número, provavelmente do irmão.
— B, sou eu... — Bia pausou, ouvindo o irmão, e colocou na viva-voz para Marina ficar sabendo o que estava se passando na casa delas e como sua mãe e seus irmãos estavam desesperados. — Não, tudo bem...
― Cara onde vocês se meteram? A galera aqui está pirando ― Bernardo gritava do outro lado da linha.
― Eu sei, cara...
― A mãe e todo mundo está tudo na casa da Marina.
― Diga a ela que está tudo bem...
― Chapa, eu vou te mandar a real. Quando o pai da princesa te pegar, ele vai arrancar o pau que você não tem, ou seja, vai arrancar seus dedos.
― Não se preocupe... ― Nesse momento, Marina entrou na conversa.
― Bernardo, como está minha mãe?
― Alucinada, né, gata. Não come, só chora e se culpa por tudo.
Marina sufocou um soluço e sabia que não tinha forças suficientes para continuar com a fuga. Aliás, já estava arrependida da bobagem que fez, só não estava arrependida por completo pelo fato de estar tendo uma prévia do que seria sua vida com a Biatriz quando tudo estivesse tranquilo, por isso mesmo respondeu:
― Bernardo, diga no ouvido da minha mãe que eu perguntei ao meu coração e ele respondeu.
― Como é que é?!
― Isso mesmo, minha mãe vai entender.
― Pode deixar. E, BB, eu posso ir praí para curtir com vocês?
― Não, mano... Não vai dar... Esse é o momento meu e dela. Não cabe mais um.
― E quando pretendem voltar?
― Só quando a Marina quiser...
― Eu sei... É o jeito, né? Pode avisar que podem ficar tranquilos... Valeu.
Biatriz desligou e deu um suspiro pesado. Ficou observando o semblante da Marina, que estava muito quieta, talvez pensando se queria voltar ou não. Fizeram o lanche em silêncio. Quando terminaram, Bia se encarregou de lavar a louça e Marina foi atrás de uma roupa adequada.
— Amor, vem logo, senão só vamos chegar na praia de noite — Bia gritou, próximo a escadinha que levava para o segundo piso.
— Exagerada, é só a gente atravessar a rua que estamos na praia. Meu celular descarregou e não trouxe o carregador. Será que nas lojas que tem aí na praia vendem também carregador de celular, além de biquinis e acessórios de mergulho? ― Marina descia de short jeans curtinho e uma camiseta regata preta.
— Deve vender. E não é só atravessar a rua, eu vou te levar para a praia do náutico, é aqui perto. Vamos para uma barraca onde todo mundo lá é homossexual ou simpatizante, lá a gente pode namorar à vontade, ninguém vai reparar ou ficar te paquerando, pois os homens que estão por lá são para ficar com outros homens.
— E tem barracas assim? Como é que você sabe? Até pouco tempo morava em outra cidade, eu sempre morei aqui e não sabia. — Marina cruzou os braços e olhou desconfiada para Bia, que olhava de um lado a outro da rua enquanto passava a chave na porta.
— Amor, eu sou lésbica assumida para o mundo — Bia começou a explicar. — Tenho muitas amigas nas redes sociais, uma delas falou dessa barraca, vi as fotos e uma vez fui com uma galera conferir. É muito legal, você vai gostar. Não fique com essa carinha, não, eu fui só e voltei só. ― Guardou a chave no bolso da mochila que pegou no quarto, pegou a mão de Marina e atravessou a rua, procurando um quiosque onde pudesse comprar um maiô para Marina e um carregador universal.
― Vai me dizer que não ficou com ninguém nessa barraca? — Marina sabia que estava sendo inconveniente, mas não podia ficar calada. Uma raiva crescia dentro de si e não estava gostando desse sentimento.
― Claro que fiquei, nunca fui santa e não tinha namorada. Para onde eu ia, sempre ficava com alguém. Alguém ― Bia respondeu sem maldade e, quando falou, notou que a namorada está de cara amarrada, olhando-a meio de lado. Tratou de desfazer o clima, o dia era para curtir e não brigar. ― Que carinha é essa? Está com ciúmes, minha linda? Venha cá, não fique assim. ― Abraçou a garota enquanto fazia carinhos, colocou uma mexa de cabelo solto atrás da sua orelha. Antes, porém, puxou o cacho longo e cheirou.
— Não sou ciumenta — Marina tentou se defender —, só não gostei do pensamento de ver você com outra por aí, isso não é ciúme. ― Sabia que estava sendo infantil, mas também sabia que esse era um sentimento que ela não conhecia e que teria que aprender a controlar, afinal, sua namorada era linda e tanto os homens como as mulheres assanhadas olhavam e paqueravam com ela.
No quiosque, encontraram o que procuravam. Mariana escolheu um biquíni de duas peças azul com minúsculas bolinhas de cores variadas, foi no provador e trocou ali mesmo — ainda bem que estava sempre depilada e não sobrou um pelo fora do lugar; já que tinha pelo, fazia questão de tirar tudo. Quando tudo estava nos conformes, saiu do provador, pagaram a conta e Bia já tinha pedido um carro de aplicativo, que logo chegou. As duas entraram e foram para a barraca.
Marina e Bia preferiram uma mesa perto da praia, colocaram as coisas em cima de uma cadeira vazia e um garçom se aproximou da mesa, entregando o cardápio junto com a senha do wi-fi e mostrando onde poderiam plugar o carregador caso precisassem recarregar qualquer aparelho eletrônico. Marina não esperou mais explicação, logo conectou seu celular. Já estava sentando na cadeira ao lado quando Bia a puxou para se sentar em seu colo e ficaram namorando sem pressa.
Desceram para o mar de água verde e morna, tomaram banho por um longo tempo, aproveitando as ondas, e um pouco do sol da tarde foi o suficiente para deixar o rosto de Bia vermelho como um camarão.
Bia usava uma regata e um calção de táctil estilo surfista enquanto Marina usava um biquíni comportado azul piscina e nem precisaria de muita coisa para chamar a atenção, seu corpo já fazia todo o estrago. Biatriz, agora vendo de perto o corpo da namorada, sentia pena da IZA, a quem antes considerava a mulher mais gostosa da terra. Sua namorada tinha assumido o posto com louvor, os cabelos molhados dela deixavam os cachos abaixo da cintura.
Almoçaram arroz com uma peixada, acompanhado de suco de abacaxi com hortelã e gotas de limão.
— Vida, sabe o que pensei na hora que a gente estava tomando banho e se beijando? Lá no apartamento mais cedo ― Marina perguntou.
Bia, que estava tomando suco, soltou o canudo e a encarou, então Marina continuou:
— Eu senti umas vontades estranhas e senti uma dorzinha no meu... — a mais nova falava baixo, com vergonha.
— Eu também me senti estranha, mas é normal, a gente se ama. Eu também tive uma vontade louca de te lamber inteira, de tocar seus seios, de colocar na boca, mas fiquei com vergonha até de pensar tal coisa.
— Pronto, foi isso! Eu queria que você estivesse pegando em mim, entre minhas pernas, meu clit*ris estava doendo — Marina se exaltou.
— Isso mostra que nós estamos no caminho certo. No momento certo, acontece para nós. E vai ser bom.
— Vai ser perfeito, mas eu queria que, quando a gente voltar, você não dissesse para sua mãe que não fizemos nada, deixa elas pensarem que aconteceu tudo, que não tem mais jeito. Você promete?
Bia pensou um pouco sobre o pedido de sua namorada, mas logo lhe respondeu:
— Claro que prometo. Afinal, é de se esperar que um casal de namorados que dormem juntos consumam o ato, ou então o cara é gay. E eu não sou.
— Não, você não é. Você é minha vida, meu pequeno raio de sol que chegou para iluminar a minha vida. Se um dia a gente não se amar mais, você será o meu Norte — a mais nova se declarou.
— Eu vou te amar sempre, não tem seu pai e nem Germano que faça eu desistir de você.
Já era quase seis horas da noite quando saíram da barraca e caminharam pelo calçadão da beira-mar de mãos dadas. Algumas pessoas olhavam, outras não, e fizeram todo o caminho de volta de mãos dadas, já que não era tão distante o apartamento.
Assim que chegaram, deram de cara com as duas famílias completas, todos as encarando. Alberto fuzilava Biatriz ao vê-la de mãos dadas com a filha.
— Posso saber que palhaçada é essa, dona Marina? — falou, apontando a mão da filha e com ares de deboche.
— Isso que o senhor está perguntado? — ela respondeu no mesmo tom. — São duas mãos, a minha entrelaçada na da minha namorada.
Ele estava prestes a falar mais, porém ela não deixou.
— Família minha e família da Bia. Anúncio a todos que estamos namorando há quase quatro meses, né, vida? — Todos que estavam ali viam uma garota decidida, só Bia notava o quanto Marina tremia ao enfrentar o pai, que tinha ares de querer matar alguém.
A família de Bia não estava surpresa, já sabiam, os irmãos de Marina só sorriam enquanto um, Marcos, fazia acenos de aprovação com o polegar para cima, dizendo “legal”.
Fabiana tinha nos olhos apenas felicidade pela filha estar bem, mas a pá de cal veio com o que Marina disse a seguir. Alberto parecia que iria enfartar.
— Mamãe, eu vou para casa com a senhora. Me desculpe por isso, mas eu estava me sufocando. — Marina se voltou para a mãe. — Me arrependo de ter deixado a senhora preocupada. Dormimos tarde e, quando acordei, meu celular tinha descarregado, mas a Bia avisou ao Bernardo.
— Vamos logo para casa. Lá, a gente conversa — Alberto falou sem dar importância ao que a filha falava.
CONTINUA...
Fim do capítulo
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