Capitulo 1 - Domínio
Ok, mais um dia, vamos lá! Pensei antes de me levantar, aquela rotina de estudar e trabalhar estava me matando aos poucos, mas eu sabia que no final iria valer a pena, tinha que valer. Depois de um longo banho frio e uma caneca de café, eu estava pronta pra começar o dia e a primeira parada era no escritório em que eu trabalhava, por sorte não era tão longe igual a faculdade. Eu trabalhava em um dos escritórios de direito mais bem conceituados da cidade, mas se enganam aqueles que acham que eu era algo mais que uma simples secretaria, eu trabalhava diretamente com a Dra. Alice Domioni, chefe de tudo, dona de tudo, inclusive da metade do meu dia, mas não tinha o que reclamar dela, além de gentil comigo, me ensinava demais, mesmo não sendo sua estagiaria.
- Bom dia, Tadeu – desejei assim que o homem de meia idade abriu a porta do enorme prédio comercial, ele sorriu alegre enquanto balançava a cabeça.
Subi até o último andar e fui direto pra sala da minha chefe, que já me esperava com um copo de café.
- Bom dia, Ana Laura, pontual como sempre! – A mulher de meia idade elogiou e eu olhei para o relógio atrás dela, 8AM em ponto, sorri satisfeita e aceitei o copo que ela me estendeu.
- Bom dia, Dra Alice, ontem a noite repassei sua agenda, hoje seu dia está mais livre, você tem uma reunião às 9 e depois fica livre até o almoço, sua reserva no Cloud’s já está feita, sua irmã e sua cunhada estarão te esperando, logo após o almoço, tem revisão do caso da Fernanda Valadares, ela também pediu para que atendesse quando ela ligasse, mas não irei repetir as exatas palavras! – Sorri ao concluir, a mulher a minha frente tinha lá pros seus 50, herdou aquele escritório e fez dele um império, ela nem moveu os olhos do computador enquanto eu falava, mas sorria.
- Tenho boas notícias, Laura! – Ela levantou os olhos e sorriu mais, os cabelos eram impecáveis e com todo o respeito, ela tinha ficado gata demais assumindo o cinza dos cabelos. – A primeira é que, tirarei férias e a segunda é, está demitida.
Engasguei com o café, minha cabeça deu mil voltas e eu olhava incrédula pra mulher a minha frente, ela gargalhou com a minha reação e eu fiquei ainda mais confusa.
- Tem uma terceira, Laura, calma! – Ela se aproximou e me fez seguir ela até o sofá escuro no canto da sala. – Eu sei e admiro a sua dedicação nessa empresa, sei do seu histórico exemplar na faculdade e achei injusto demais manter esse tesouro só pra mim e nessa função, você sabe que eu não tenho mais paciência ou tempo pra ter estagiários, eu gosto de fazer do inicio ao fim em cada caso, por isso que eu decidi que você será estagiaria de outra pessoa, mas nessa empresa, o que acha?
- Eu... – Pisquei uma dúzia de vezes tentando assimilar tudo aquilo, era tanta informação, prendi meus cabelos loiros e longos, abri e fechei a boca mil vezes, mas não me contive, abracei a mulher que estava na minha frente – Não sei como posso te agradecer, Dra. Alice.
- Seja a melhor! Estará me agradecendo assim – Ela sorriu – Ah, não se preocupe, sei que o seu salário irá diminuir, mas os benefícios irão cobrir ele e ainda terá ajuda de custo para a faculdade.
- Esse é o melhor dia da minha vida! – Meus olhos lacrimejavam, eu poderia explodir de felicidade.
- Mas...
- Ai Deus, o que? – Perguntei ansiosa
- Você sabe que as vagas estão fechadas, surgiu uma e eu dei a minha indicação...
- Mas só tinha vaga pra Dra. Letícia... – Arregalei os olhos mais uma vez naquela manhã.
- Eu sei como ela é, eu ensinei a ela, sei como ela é dura e difícil, eu que amoleci com o tempo, mas foi a oportunidade que surgiu, Laura, não deixe passar só por causa de boatos. – A mulher se levantou, foi até sua mesa e me trouxe dois papeis. – Um é a sua demissão e o outro é seu contrato de estágio, fique a vontade, já me passou minha agenda de hoje, preciso da demissão até o meio dia e o contrato de estagio até amanhã de manhã na mesa da sua nova chefe.
- Tudo bem, eu enfrento o que ou quem for pra ser quem eu tenho potencial pra ser! – Disse sorrindo e mais uma vez me vi abraçando a senhora.
Li todo o documento de demissão, ia ganhar uma bolada pelo tempo de casa, estava feliz com aquela oportunidade, mas fiquei mais ainda por chegar em casa e conseguir dormir até o horário da faculdade, levantei mais leve, tinha descansado o suficiente e a partir daquele dia, ia estar sempre descansada, meu horário reduziu, vou ganhar o mesmo e se eu fizer tudo certo, daqui a um ano serei a mais nova contratada de Alice, parecia um sonho.
Lukas (16:12): Você não ia me contar a novidade?
Ana Laura (16:12): Como você já ta sabendo? Que tipo de stalker é você que não to sabendo?
Lukas (16:13): Fofocas rolam, enfim, não se atreva a ir pra faculdade, vamos bebemorar, vou ai as 19 EM PONTO.
Sorri para aquelas mensagens, hoje não haveria discussão, eu iria comemorar com meu amigo, aproveitei que não teria que pegar ônibus hoje e cochilei mais um pouco. Acordei depois de uma hora, meu estomago me acusava de não ter comido nada além de café, eu iria beber então pedi uma pizza, eu estava tão feliz que joguei toda minha dieta no ralo, fui tomar banho enquanto esperava a pizza. O time foi perfeito, assim que vesti meu moletom, a pizza chegou e como um rato sentindo cheiro de comida Lukas abriu a porta do apartamento dele e sorriu.
- Sabia! – Acusei o moreno e ri.
- Você pediu pra nós dois, eu sei – Ele fechou a porta atrás dele e entrou em meu apartamento já pegando duas taças e um vinho. – Vamos começar.
- Não deu 19 horas – Me defendi.
- Isso não foi uma pergunta, meu amor – Ele me passou a taça e eu ri – Agora conta, como foi?
Comecei a contar sobre o estagio enquanto comia e bebíamos, rimos bastantes e comemoramos, logo a campainha foi tocada, Lukas pulou do sofá e foi abrir a porta, logo André e Julia passaram pela porta, Júlia se jogou em mim e gritou em comemoração, todos sabiam o quanto eu queria aquilo, André tirou a namorada de cima de mim e se jogou, o troglodita de quase dois metros quase me matou sufocada, os dois eram o casal mais fofo do mundo, de fato uma referencia pra mim.
A noite passou dentre muitas risadas e vinhos, logo pedimos mais pizza e jogamos mimica, era uma noite de domingo em plena terça, eu estava feliz, meus amigos sempre me deram todo o suporte do mundo, eles eram a minha família. Pouco mais de meia noite, meus vizinhos/amigos foram para seus respectivos apartamentos, morávamos 15 minutos de distancia do centro, Lukas assim como eu, cursava direito e trabalhava para Alice, mas ele já era estagiário a tempos, alias, ele que tinha me passado que minha nova chefe era uma megera, Júlia já havia se formado, era professora de primário e André estava terminando a faculdade de enfermagem.
Acordei às 8, era bom demais acordar no horário que geralmente eu estaria chegando lá, tomei café calmamente e um banho caprichado, coloquei uma saia lápis e uma blusa social nude, bem soltinha, caprichei nos acessórios e perfume, estava me sentindo tão bem que me arrumei mais que o normal, saí de casa com uma folga boa, queria entregar o contrato assinado pra minha nova chefe o quanto antes.
Cheguei no prédio e me informei onde seria a sala da Dra. Leticia, fui contente e quanto cheguei a porta dela, bati animada, uma mulher de meia idade abriu a porta e sorriu.
- Dra. Leticia?
- Ah, não, eu sou Margarida, secretaria da Dra. Leticia, você deve ser a estagiaria nova dela. – Sorri e acenei com a cabeça – Entre, ela logo deve voltar.
- Eu sou a Ana Laura aliás – Me apresentei e me encaminhei ao sofá.
- Prazer, Ana Laura, vou voltar a minha mesa, qualquer coisa só me chamar.
A senhora saiu do escritório e me deixou ali sozinha, analisei cada detalhe, era menor que o da Alice, mais escuro e sério também, ali denunciava o tipo de pessoa que Dra. Leticia era, seria e controladora.
15 minutos depois, a porta foi escancarada por uma mulher alta, os cabelos caiam como cascatas negras e iam até a cintura, a calça bege denunciava o corpo malhado, o rosto eu não vi, mas ouvi sua voz grossa discutindo com alguém no telefone.
-... Fale com meu cliente de novo e eu terei o prazer de acabar com você! – Ela desligou o telefone e jogou na mesa, retirou o blazer e jogou na cadeira, foi direto pro bar e despejou um liquido que imaginei ser whisky, virou tudo de uma vez e quando se virou, pulou de susto ao me ver já em pé e totalmente sem graça. – Margarida! – Chamou a senhora sem ao menos tirar os olhos de mim, a impotência da mulher era mais palpável pessoalmente, o nariz fino, a boca carnuda e os olhos da cor mel me fizeram deixar as palavras fugirem, eu só conseguia admirar aquela mulher, até que Margarida chegou e ela desviou os olhos analíticos de mim. – Chame a segurança e diga que tem uma maluca no meu escritório.
- Ei, eu não sou maluca. – Despertei depois da ofensa. – Muito prazer, Dra. Leticia eu sou a Ana Lau...
- Ana, vamos fazer o seguinte, não te conheço e hoje estou de bom humor, sai agora e eu nem irei chamar a policia, caso eu tenha te encontrado em alguma festa e te levei pra cama, sinto muito se você se apegou, isso é perseguição, saia. – Falou autoritária, eu fiquei vermelha com a insinuação e a vi arquear uma sobrancelha enquanto sentava. – Ainda está aqui?
- Dra. Leticia, ela... – Margarida tentava falar, mas eu mais uma vez a interrompi.
- Você não faz meu tipo, primeiramente, - me aproximei e a vi estreitar os olhos, era muita audácia da minha parte, mas eu não era cachorro pra ela me expulsar daquela forma. – e segundo, sou sua nova estagiaria, dra. Leticia, Ana Laura Gonçalves, muito prazer. – Estendi a mão e a vi ignorar completamente.
- Graças a Deus, por um momento achei que tinha ido parar em alguma boate de quinta, - ela sorriu irônica – vejo que está animada pra hoje, Margarida irá passar a papelada pra você, creio eu que por ser uma indicação de Alice, você vai saber o que tem que fazer.
- Sim. – Concordei e me aproximei mais para deixar o contrato pra ela assinar, me inclinei um pouco por causa da cadeira e a vi desviar os olhos do meu rosto para meu decote, encarei ela e ela pareceu desdenhar de ser pega.
E como sendo uma maquina que sou, protocolei todos os casos, revisei e separei por ordem alfabética assim que ela chegou do almoço, minha mesa era no escritório dela, uma exigência da dra. Alice para que todos os estagiários tivessem uma experiencia vivida com a profissão. Me levantei e fui em direção da mesa dela, ela pareceu não se importar com a aproximação, deixei toda a papelada na mesa dela enquanto os olhos cor de mel me encaravam suspeitos.
- Algo mais que possa fazer? – Perguntei seria.
- Na verdade, eu tenho uma reunião em 30 minutos, - ela jogou uns papeis em minha direção e eu peguei na mesa – estudo esse caso, você vai pra reunião comigo.
- Ma-
- Você tem 30 minutos.
Respirei fundo e voltei a minha mesa, senti o peso do olhar dela em mim, apenas ignorei, coloquei os meus óculos, a leitura ia ser intensa e grande, já previa a dor de cabeça, não parei um minuto, já estava quase terminando, o caso não era tão grande, mas me pegou um pouco por causa dos detalhes.
-Vamos! – Levantei meus olhos e ela já se dirigia a porta, Margarida estava atrás e eu me levantei rápido toda desajeitada pela pressa.
Cheguei em uma sala onde apenas haviam homens, de mulher só nós três, Leticia ficava na ponta e observava algumas conversas, quando deu 13:30pm em ponto, ela se levantou e começou a reunião, sua voz grave e potente fizeram todos os homens se calarem, reconheci eles como os sócios de Alice, muitas vezes eu estava onde Margarida estava.
-... E por fim, Dra. Alice Domioni estará saindo de férias, a frente de vocês está um documento onde ela me deixa cuidando da presidência do escritório enquanto está ausente. – Ela ergueu o nariz arrebitado e vi qualquer oposição cair por terra, ela tinha efeito sobre todos, ela era a nata do poder, era natural. – Qualquer duvida estarei em minha sala, marquem hora, obrigada pela atenção de todos.
Ela saiu andando e eu fui atrás mais uma vez, estava maravilhada, a reunião tinha durado pouco mais de uma hora, faltavam 15 minutos pro meu horário.
- A reunião foi incrível, é incrível como você domina todos eles. – Elogiei assim que entrei.
- Eu domino todos o tempo todo, inclusive naquela sala. – Ela sentou na cadeira e me olhou.
- Nem todos. – Sorri irônica e a vi levantar e chegar até mim.
- Todos, Ana Laura, eu domino todos. – Disse ela ameaçadoramente.
- Como eu disse, nem todos! – Me levantei já pegando a minha bolsa. – Até amanhã, Dra. Leticia.
- Não me desafia, Ana Laura! – Ela segurou em meu braço e me puxou pra perto, senti o hálito dela bater em minha face, meu corpo traiçoeiro estremeceu com o toque e vi um sorriso surgir em sua boca.
- Ou o que? – Desviei dos olhos para a boca algumas vezes e senti meu braço ser solto.
- Ou eu vou te devorar como uma leoa devora um cordeiro. – Ela voltou a sua cadeira e tirou a atenção de mim.
- Nem perca seu tempo, não tenho medo. – Disse já saindo da sala e sem esperar resposta, meus passos estavam pesados e eu queria chorar, como ela era estupida.
Engoli o choro e fui pra faculdade, ainda tinha um ano, meu TCC já estava quase pronto, logo eu não teria que lidar com tanto.
15 dias haviam se passado, aturar Leticia era quase impossível, o humor completamente volátil enlouquecia qualquer um, muitas das vezes fiquei quieta, outras acabei respondendo e parecia um jogo que ela gostava, me irritar era o hobbie dela. Mais um dia eu estava ali, e era véspera do meu aniversário, Lukas almoçava comigo no refeitório dos estagiários e me contava o que faríamos para comemorar, eu não era muito de festejar, mas ele era e aquela cara de pidão dele era quase impossível de resistir.
- Lounge não Lukas, não podemos comemorar em casa? – Perguntei já sabendo que ia passar a noite dizendo não para homens sem respeito nenhum por ninguém.
- Não tem desculpa, Laurinha, Ju e André já toparam, vamos comemorar seu aniversario em grande estilo. – Ele disse animado enquanto respondia algo no celular, quando ele levantou os olhos, ele ficou sério e eu olhei para onde ele olhava, ou melhor, para quem.
- Seu aniversário, Ana Laura? Não sabia. – Minha chefinha me olhava divertida.
- É, não é algo que eu goste muito a ponto de comentar com todos. – Respondi sem animação, estava sendo sincera, eu não curtia.
- Você deveria ir, Laurinha ir amar! – Lukas sugeriu e eu o olhei perplexa, como ele podia? Traidor. Ele sorriu. – Vamos ao Lounge às 21, amanhã.
- Claro, quem sabe?! – Ela dizia com um sorriso que eu não soube decifrar, não era totalmente sincero, mas também não era desdém. – Ana Laura, depois do almoço preciso de revise um caso com urgência, já que é seu aniversario, te dou ele de presente.
- Obrigada! – Disse sorrindo, mesmo sabendo o castigo que seria, já imaginava o caso que era e estava até desanimada, ela saiu assim que o celular tocou e eu encarei meu amigo. – Qual o seu problema?
- O que foi? Você não vive dizendo o quanto ela implica com você aqui, vamos ver qual é a dela e alias, se ela implicar, você vai tá fora do escritório, pode rebater – Ele dizia como se não fosse nada.
- Só se eu tiver afim que a minha vida vire um inferno completo – suspirei cansada. – Ela não deve ir de qualquer jeito.
- Então relaxa. – Ele deu os ombros e voltou a comer.
Voltei assim que pude pra minha mesa e procurei os papeis, comecei a ler em silencio, até que ela entrou na sala e sentou perto da minha mesa.
- Me fala, Laura, onde você nasceu? – Perguntou me encarando, franzi a testa e a olhei.
- Interior do Rio, quase São Paulo, por que? Vai fazer meu mapa astral? – Perguntei debochada e ela gargalhou.
- Você é dessas ingênuas que acreditam nessa bobagem? – Ela ria de mim, fiquei vermelha e séria.
- Não acho bobagem nenhuma ter crenças! – Falei séria e ela riu mais uma vez.
- Você me diverte no final das contas – Ela sorriu e me olhou, me senti nua com aqueles olhos sobre mim e a olhei.
- Você não crê em nada? – Perguntei curiosa.
- Em mim, serve? – Ela riu de canto e eu senti um incomodo no meio das minhas pernas, não era possível, fiquei vermelha e desviei a minha atenção.
- Já é alguma coisa. – Sorri amarelo ainda sentindo minha calcinha ser arruinada enquanto pensamentos nada puros invadiam a minha mente e o pior, aquela mulher tosca estava em cada um deles.
- Você tá bem? – Ela me viu empalidecer e botou a mão em minha testa. – Tá suando frio.
- Estou bem, só uma pouco calor! – Imbecil, imbecil, imbecil, ela vai notar sua mentira, o ar tá no 16.
- Bom, sugiro umas férias no polo norte então. – Ela se levantou e pegou uma água. – Experimenta tirar esse sobretudo.
- Não dá! – Fiquei vermelha lembrando que hoje acordei tão desnorteada pelo sonho que esqueci de colocar uma blusa, estava apenas de sutiã.
- E por que? – Ela sentou novamente ao meu lado e eu senti meu rosto queimar de vergonha e abaixei a cabeça.
- Eu-eu... – Suspirei tomando coragem. – Eu esqueci a blusa hoje!
Vi ela me encarando surpresa, ela suspirou depois e coçou a cabeça.
- Pode tirar o sobretudo, vou dar ordens para Margarida não deixar ninguém entrar, você já está passando mal e eu preciso que você revise esse caso hoje ainda. – A morena se levantou e foi até a mesa, ligou pra mesa da senhora do lado de fora. – Margarida, não deixe ninguém entrar sem meu consentimento, tranque a porta se for preciso.
A olhei surpresa e envergonhada, não teria pra onde fugir. Somos duas mulheres adultas, respira, Ana Laura, vai dar tudo certo. Primeiro desamarrei o laço do sobretudo, depois desabotoei os botões, senti um olhar pesado sobre mim, resolvi ignorar, eu sabia que ela estava me olhando, eu ia ficar só de sutiã perto dela, ela que ultimamente, invadia cada sonho meu, cada segundo de sonhos que beiravam a grandes pornôs. O sutiã vermelho com rosas bordadas na renda era um dos meus preferidos, ainda mais quando eu usava camisas vermelhas, que era a que eu tinha separado hoje, meus seios preenchiam cada cm do tecido. Suspirei mais uma vez e deixei o sobretudo sobre a cadeira e enfim a olhei. Ela me olhava séria, sem nenhuma expressão, eu estava envergonhada.
- Obrigada por isso! – Estava sem jeito, então depois eu apenas desviei o olhar e sentei pra terminar minha leitura, os óculos estavam em meus olhos já pelo cansaço ocular.
Me concentrei no processo o máximo que pude, mesmo sentindo os olhos dela sobre mim, li e reli, não queria levantar meus olhos. Ouvi uma batida na porta e Leticia foi até ela, abriu apenas uma frecha e quando fechou, tinha uma sacola de grife. Ela veio até mim e me estendeu.
- O que é isso? – Indaguei apontando pra sacola.
- Uma sacola, vamos, pegue logo. – Ela dizia impaciente, eu disse que o humor era volátil.
- Não vou pegar até saber o que tem dentro. – Cruzei os braços e a vi arregalar os olhos, ela deu a volta na minha mesa e me puxou pelo braço.
- É a merd* de uma blusa, agora veste. – Mandou.
- Não.
- Não? – O rosto ficou vermelho, ela estava possessa, me empresou na parede e encostou o corpo no meu, de novo estremeci, a boca perto da minha orelha me fizeram perder o juízo, eu apenas apertei a cintura dela pra tentar gastar o tesão que sentia no momento. – Bota essa merd* de blusa, Laura, ou eu vou começar a fazer o seu tipo agora mesmo.
- Você não seria capaz. – A desafiei, sabia que não faria nada, mas esse jogo em que só eu tava perdendo estava injusto, uma calcinha ela tinha que perder, eu já havia perdido várias.
- Você não sabe do que sou capaz! – Leticia subiu minha saia a tempo de me pegar no colo, o rosto descolou da minha bochecha e encarava meu sutiã, eu já havia perdido todo juízo ali, ela passou a mão pelas minhas coxas e o polegar sorrateiro passou fazendo pressão na minha calcinha, gemi baixinho, se ela estivesse 2cm mais longe não teria escutado. – Parece que eu faço seu tipo. – Ela sorria sacana pelo estado da minha calcinha, eu a encarava enquanto respirava forte, ela estava tirando todo o meu folego, eu estava ansiando por isso, por Deus, eu queria tanto aquilo, sentia a pulsação no meio das pernas, o polegar puxou para o lado a calcinha enquanto ela sorria pra mim. – Você é tão gostosa!
- Como sabe? – Perguntei colando minha boca em seu ouvido. – Nunca comeu!
- E nem vou! – Ela me soltou a tempo do telefone tocar, me encostei na parede enquanto tentava recuperar o ar, estava incrédula, me sentindo horrível e usada. – Bote a blusa, Sampaio vem ai.
- Já disse que não. – Me virei enquanto abaixava a saia e peguei meu sobretudo, estava tão brava e me sentindo rejeitada, eu queria chorar, mas não faria na frente dela.
Sentei na minha mesa e olhei o relógio, essa brincadeirinha sem graça dela me fizeram passar 10 minutos do meu horário, peguei minha bolsa e saí, na porta esbarrei com o Dr. Sampaio, me desculpei e segui meu rumo, graças a Deus só a veria na segunda e sinceramente, queria não ver nunca mais.
A aula foi pro espaço, segunda vez no mês que eu faltava, mas eu só queria chorar, me senti usada, Lukas com seu papel de melhor amigo, logo foi ver o motivo da falta, abri a porta de moletom, com os cabelos pra cima e o olho inchado, ele ficou espantado e a primeira coisa que fez foi por a mão na minha testa.
- O que aconteceu, Ana Laura? Quem te atropelou? – Ele perguntou preocupado e me arrastando pro sofá.
- Ela me fez cair naquele papinho sedutor dela, eu tava aberta pra ela, EM TODOS OS SENTIDOS – enfatizei bem essa parte pra ele entender – e ela me rejeitou.
- A dor da rejeição...
- Por que ela tem que ser tão bonita e inteligente? – Chorei mais
- Eu sei o que vai aumentar seu ego! – Ele me olhou sugestivo e foi fazer uma ligação, em 5 minutos voltou a se sentar do meu lado e olhou animado. – Você vai ver, nem adianta perguntar, é surpresa.
Em poucos minutos minha campainha tocou e Lukas foi correndo abrir a porta, assim que abriu uma mulher de cabelos curtos e negros passou, era linda, os olhos verdes davam um contraste magnifico e a franjinha foi cortada pra destacar ainda mais, eu reconheci ela, Rebecca, ficava com o Lukas, trabalhava no melhor salão do centro.
- Fiquei sabendo que alguém tá precisando de uma repaginada. – Ela sorriu já abrindo sua bolsa e separando as coisas, eu simpatizava com ela, sorri e me levantei.
- Talvez precise mesmo, quero me sentir a mulher mais linda do mundo – Ri e Lukas foi até a geladeira pegando duas cervejas.
- Ei e a minha? – Ela perguntou rindo – Tô brincando, preciso me manter sóbria pra trabalhar nesses cachos dourados. O que pretende, Laura?
- Então... Não sei – Sorri com minha resposta.
- Deixa na minha mão e confia em mim, vai ficar linda e se sentir a mulher dona da porr* toda. – Ela me entregou um shampoo e um condicionador – Tem algo que eu sou proibida em fazer no seu cabelo?
- Acho que pintar de preto ou colorido, de resto, se quiser me deixar careca fica a vontade, só quero minha autoestima de volta! – Fui até a minha área de lavar roupa, era depois da cozinha, tinha uma porta de correr de vidro, eu deixei aberta pra poder conversar com os dois.
- Caraca, quem foi a gata que arrancou seu coração? – Ela estava perplexa – Saímos vezes suficiente pra saber que seu grande amor é o seu futuro.
- A culpa foi minha, eu imaginei coisas demais – Suspirei e voltei a lavar meu cabelo.
Rebecca e Lukas ficaram de papinho o resto da noite, ela pediu pra que fosse surpresa e eu deixei, acho que ela não teria coragem mesmo de me deixar careca, ela perguntou até que cumprimento poderia chegar e eu permiti o que ela quisesse, a cada pergunta eu dizia: Me surpreenda. Já passavam das 22 horas quando ela finalmente me permitiu me olhar no espelho, Lukas já tinha soltado um “ual, Laurinha, tá gatona”. Fechei meus olhos e me deixei ser guiada até o espelho, quando abri os olhos, quase não me reconheci, meus cabelos que antes eram grande e mel, agora estavam em um long bob mais claro, um ponto de luz destacava meu rosto, eu estava com mais cara de mulher, não sei, mas senti uma lagrima em meus olhos. Como teve coragem de duvidar da sua beleza por uma mulher que mal conhece, Ana Laura? Me perguntei e sorri.
A conversa fiada durou até as 2 da manhã, Rebecca foi dormir no apartamento do Lukas e bom, alguém tinha que ter uma boa noite de sex*, ri de mim mesma pelo estado que fiquei e dormi em paz, amanhã seria um outro dia e eu tinha me animado demais pra boate.
Sonhei com ela de novo.
- Cacete, até quando?
Levantei e fui correr, exercício mais pesado sempre me fez bem, correr quilômetros sem pausa faz qualquer um esquecer de qualquer problema e sábado tinha minhas aulas de dança, pole dance meio dia e depois livre, eu ficava sempre até as 16, mas hoje precisei de mais, dancei muito, aprendi muito até as 18, depois fui correndo pra casa, precisava jantar e ainda me preparar pra festa. Foi todo mundo se arrumar na minha casa, pedimos japa e para minha surpresa, Rebecca estava lá ainda e de presente ela fez uma maquiagem de tirar o folego em mim, a minha boca era um vermelho fechado, os olhos estavam esfumados e bem demarcados, coloquei um short de alfaiataria preto e um cropped decotado que amarrava nas costas, um salto agulha de amarração fechou o look junto com os acessórios, quando cheguei na sala, houve gritos e palmas, ri da animação da galera e fomos, André não bebia muito e ficou de ser o motorista do role.
- Amiga, preciso de te falar, um pé na bunda te fez muito bem – Julia riu e eu dei um dedo do meio enquanto ria.
- Tá gatona mesmo, Laurinha, graças a Becca! – Lukas estava cheio de amores pra mulher do lado dele, aquilo tava estranho, Lukas era sempre muito mulherengo e nunca ficava assim com mulher nenhuma, só comigo, Julia e irmã dele.
- Que isso, Lukão?! Foi laçado mesmo, viado! – André carregava o carioquês dele enquanto ria.
- Falando em ser laçado, Luana vai encontrar a gente, tem problema? – Luana era irmã dele, mesmo eu e Lukas fazendo a mesma faculdade e trabalhando na mesma empresa, nos conhecemos bem antes, pela minha ex namorada, Luana, irmã dele. Éramos adolescentes na época, no inicio da separação foi conturbado, mas fazia 4 anos, estávamos bem e éramos amigas agora.
- Vou adorar rever ela, faz tempo que não aparece! – Disse sincera. André estacionou o carro e todos descemos, nossos nomes estavam na lista vip por 1 único motivo, o maior cliente deles tava comigo: Lukas.
Passamos direto da fila e seguimos pra nossa mesa, era numa área mais reservada, os bancos de couro escuro ficavam em volta de uma mesa baixa e pequena, logo André e Lukas chegaram com um balde com algo brilhando enquanto a boate toda cantava parabéns, mesmo sem graça cantei junto. Logo estávamos todos conversando e bebendo, passava das 23 e todos estavam altinhos, menos André que ficou na agua. Me levantei pra dançar com as meninas e o toque sensual da musica que tocava me dominavam, eu esquecia de todo mundo, sentia olhares me mim e pouco me importava, até que senti minha bunda encostar em alguém, tomei um susto e olhei quem tinha sido abusado o suficiente, quando virei tomei um susto, era Leticia, Julia e Rebecca olhavam curiosas a minha expressão, ela sorria debochada, estava linda em um tubinho preto de alça e um salto vermelho, simples e sexy, meu corpo reagiu na hora e eu me amaldiçoei por isso.
- O que faz aqui? – Perguntei seca.
- Vim comemorar seu aniversário! – Ela respondeu se aproximando e falando baixo no meu ouvido, estremeci e ela sentiu isso e eu sei que sentiu porque ela me apertou um pouco mais. – Você está linda! Seu cabelo... Ual, não achei que seria possível.
- O que? – Olha eu já dando papinho pra ela, idiota!
- Você ficar mais gata! – Ela sorriu sacana e eu tirei as mão dela de mim.
- Não se aproxima assim de mim nunca mais! – Falei seria e ela me olhava igual.
- Não sabia que era tão sensível. – Debochou mais uma vez.
- Eu não sou um brinquedinho seu, não sou um objeto, se você quiser, podemos ser amigas, mas só. – Pontuei e ela bufou irritada, eu adorei, me senti no comando e não deixei ela falar, abri espaço e chamei as meninas. – Julia, Leticia, - apresentei as duas e elas se cumprimentaram – e essa é a Rebecca.
- Prazer meninas, eu sou...
- A minha chefe, minha nova amiga – Sorri vitoriosa e ela forçou um sorriso. – Vamos até a mesa.
Saí andando e senti como se um touro estivesse me seguindo, pisava duro e bufava a cada segundo, ela achou mesmo que ia chegar aqui e eu ia me derreter... Ela tava certa, eu estava derretida, mas ela jamais saberia. Terminei de apresentar ela a todos e senti alguém me puxando e me tirando do chão. Era Luana. Gargalhei e ela gritava parabéns.
- Parabéns pra mulher mais gostosa do mundo! – Ela esbravejou e todos da mesa levantaram suas cervejas comemorando, menos Leticia que analisava a cena. – Eu estava morrendo de saudade de você, puta merd*.
- Eu também maluca, - ri quando ela me abraçou de novo, ela sentou e me puxou pra sentar no colo dela, era estranho pros de fora, mas quem convivia, sabia que era normal, eu e Luana nos amávamos demais e o amor jamais morreria, ele se transformou em uma amizade forte e muito intima por tudo que vivemos. – quando você voltou?
- Ontem, eu jamais deixaria de comemorar o aniversario da minha mulher. – Ela disse eu arqueei a sobrancelha pra ela, vi Leticia pedindo uma garrafa de whisky, a cara era de pouco amigos e logo saquei o que tava rolando, Lukas havia contado pra ela sobre Leticia e tinha falado que ela tava lá.
- Seu sonho! – Me levantei rindo.
- Já realizei uma vez, não esqueça – Ela abriu uma cerveja e tomou um gole – Não vai me apresentar pras meninas novas?
- Claro, - primeiro apontei pra Rebecca. – essa é a Rebecca, futura namorada do seu irmão. – Ri da vermelhidão do rosto da menina e ri mais ainda com a cara de satisfeito do Lukas e essa, - apontei pra Leticia – é a Leticia, uma amiga minha.
- Prazer meninas, eu sou Luana, irmã daquele mané ali e ex namorada dessa gata aqui! – Ela estufou o peito pra falar a segunda parte, Luana sabia provocar como ninguém e estava dando certo, Leticia estava completamente séria.
- Prazer Luana, - Leticia havia se levantado pra cumprimentar Luana, senti um frio na espinha. – como ela disse, sou a Leticia, amiga dela. – O tom sugestivo me deixou vermelha.
- Então sabe que não há nada mais prazeroso que ser amiga da Laura. – Luana rebateu com o mesmo tom e eu quase faleci.
- Então, - André chamou atenção de todos – já viu o que tem ali, Laurinha?
- O que? – Perguntei curiosa.
- Uma barra! – Julia apontou e eu vi o pole dance na frente de um espelho enorme, tinha sofás em volta e estava livre. – Vou pedir uma música, vai dar seu show!
Saltitei até ela e meus amigos me acompanharam, Leticia era a última e foi com o copo cheio e duas pedras de gelo, quando cheguei perto ela parou do meu lado e segurou com delicadeza meu braço pra chamar minha atenção.
- Você sabe? – Ela olhou para a barra.
- 6 anos de aula já, tive uma hoje aliás. – Respondi sorridente.
- É claro que você sabe dançar pole dance, - ela disse mais pra ela do que pra mim, ela passou a mão no rosto e suspirou. – faça o que tiver que fazer, Ana Laura, mas não olhe pra mim.
- E por que? Não consegue se segurar? Achei que não fizesse seu tipo – Disse com ironia e ela me olhou séria.
- Me desculpa pelo que fiz, você me deixa fora de mim. – Senti sinceridade no olhar dela, mas agora era tarde, eu iria arrancar cada pedaço da sanidade dela, igual fez comigo.
- Claro, agora senta – sorri maliciosa – aproveita o show.
Quando o primeiro toque do piano ecoou pela festa, eu subi no pequeno palco, atrai muitos olhares, mas eu só pensava em um, primeiro dei uma volta na barra pra me familiarizar com ela e assim que a voz da Beyonce começou a cantar sensualmente ‘Crazy in Love’ eu segurei na barra com firmeza e sai do chão girando, sorri feliz por fazer algo que eu gosto ali, logo voltei pro chão ainda girando e rebolei sensualmente virada de costas pra Leticia, girei mais uma vez e vi os olhos cravados em mim, ela chegou mais pra frente e apoiou os braços no joelho, ela não piscava, no ápice da música subi até o topo e me soltei com tudo, segurei a tempo de freiar, pouco centímetros separavam meus joelhos e o chão, joguei meus cabelos pra trás e olhei para pessoa que me interessava ali, ela estava em pé e me rodeava como uma leoa e eu me exibia como um pavão, a cada toque algo novo, todos em volta sentiam a tensão, eu a olhava e sorria, no final da música voltei a tocar no chão e rodei mais devagar apenas parava para rebol*r até o chão. Quando tudo acabou, sorri e ouvi muitas palmas, vi Leticia voltar para onde ela tava e beber o último gole do whisky, ela se despediu de todos e quando eu ia descer do palco, ela me jogou nos ombros dela e saiu me carregando para fora da boate.
- O que pensa que tá fazendo? – Berrei quando ela finalmente parou na frente de uma Ranger Rover preta com os vidros pretos.
- Eu falei pra não me olhar! – Ela disse calmamente e me jogou no banco do carona pela porta do motorista mesmo, não tive tempo de reagir, ela já tinha acelerado o carro e corria pelas ruas.
- Leticia, me deixa sair, agora! – Exigi.
- Abre a porta e sai se quiser. – Ela respondeu calma e eu a olhei com indignação, ela estava muito acima da velocidade permitida em qualquer via do país.
- Pra onde você tá me lavando? Espero que não seja pra motel, eu sou capaz de te matar! – Ameacei e ela riu, a filha da puta tinha uma risada gostosa, ela era toda gostosa.
- Eu estou indo pra minha casa, aliás, chegamos! – Ela avisou e eu olhei a mansão que ela residia, era dentro de um condomínio de luxo, havia seguranças na porta.
- Que porr*, eu quero ir pra minha casa, posso? – Gritei ainda dentro do carro. – Você por acaso assalta banco? Olha o tamanho dessa casa.
- Não e não! – Ela respondeu divertida. – Herdeira de promotor e advogada.
- Isso explica você achar que é dona do mundo. – Esbravejei enquanto me recusava a sair do carro.
- Do mundo não, mas da metade dele sim. – Ela estendeu a mão como se fosse cavalheira e eu recusei – Pois então pode dormir ai, vou pedir pra alguém trazer uma coberta. – Ela saiu sorrindo e entrou, logo após alguns minutos tudo ficou escuro e eu estremeci de medo e frio, ela ia me pagar, eu ia ser presa mas ia matar aquela mulher.
Desci do carro e entrei pela porta que julguei ser dos fundo já que era na garagem, assim que entrei me deparei com uma ampla cozinha, minha casa era daquele tamanho, ela estava no balcão com duas taças e uma vinho tinto, me senti burra por descer, claro que ela sabia que eu iria, mas não era pelo motivo que pensava.
- Você é uma das pessoas mais competentes que eu conheço! – Ela estendeu a taça, peguei e sentei ao lado dela.
- Não parece, você só critica o que eu faço – Dei um gole e quase caí pra trás, fechei os olhos de prazer e isso não passou despercebido dela.
- Eu não posso te elogiar toda vez, você ficaria relaxada demais, pra ser a melhor, tem que se cobrar sempre mais. – Ela sorriu com a justificativa. – Gosta de vinho?
- Esse se tornou meu preferido, deve custar uma fortuna. – Deduzi enquanto dava mais um gole.
- É um Chateau Latour de 2011 e você tem razão, vale bastante. – Ela serviu mais pra nós duas.
- Uns 5 mil? – Perguntei rindo, apostei alto
- 17 – Ela deu mais um gole e eu engasguei
- 17 mil? Você é doida! – Tentei me recompor. – Um vinho não deveria custar tão caro.
- E esse nem é o mais caro que temos na adega. – Ela deu de ombros séria.
- Temos? – Indaguei a olhando, ela me encarava profundamente.
- Sim, moro com meus pais – Ela suspirou – por isso da segurança na porta, eles viajaram.
- Quantos anos você tem? – Ri
- 29, mas moro com eles porque minha mãe é protetora demais, fizemos um acordo, eu não sairia de casa se ela me deixasse viver em paz, então viajei pra fora, fiz minha faculdade em outro estado, - Ela me explicava e eu prestava bem atenção, eu já tinha esquecida da raiva, só queria saber mais e mais dela. – Eu saio mas sempre volto.
- Ela parece ser legal! – Sorri
- Ah, você ia adorar ela, toda certinha igual a você – Ela zoou com a minha cara e eu ri junto.
- Então ela é perfeita. – Continuei rindo
- E a sua? – Ela perguntou e eu suspirei
- Minha mãe é meu extremo, muito doidinha das ideias, um ser livre e por muito tempo fui obrigada a me aventurar com ela enquanto eu só queria estabilidade, a primeira vez que fiquei mais de duas semanas em uma escola, eu nunca mais voltei. – Contei sorrindo, eu a amava, era minha mãe – Nasci e fui criada no meio circense.
- Ual, por essa eu não esperava. – Ela me olhou como se eu fosse a coisa mais cara do mundo, acho que era admiração. – Deve ter sido loucura.
- Foi, foi muito bom, mas teve seus lados ruins, eu queria ter amigos, parar em um lugar, as vezes me sinto ingrata. – Suspirei e tomei mais um gole.
- E quando você saiu? – Ela demonstrava bastante curiosidade, então ela se levantou e pegou uma bandeja pronta com queijos, pastas e frutas.
- Quando conheci a Luana. – Contei devagar e vi o semblante dela endurecer. – Foi meu primeiro amor, entrei na escola e ficaria duas semanas na cidade, me envolvi com tanta força com ela que os pais dela me chamaram pra morar lá, Luana ameaçava deixar tudo e ir pro circo comigo. – Ri dessa lembrança.
- Parece que ela ainda deixaria tudo por você. – Pontuou séria, ela analisava cada gesto meu e eu olhei nos olhos dela e sorri.
- Somos amigas, ela tava tentando te provocando. – Sorri com a cara de indignação dela.
- Pois ela conseguiu, eu quase mandei prender ela. – Confessou e eu ri. – É sério, eu pedi a ficha dela.
- Por que te atingiu tanto? – Temi a resposta dela.
- Não saberia te explicar, - ela se aproximou e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha enquanto acariciava. – você me cativa, me prende a cada fala, toda vez que seu óculos escorrega e você arruma ele eu noto sua irritação, todas as vezes que você chega com aquela maldita saia e deixa algo cair você me ferve por dentro, você me fez esquecer de onde eu estou, me fez esquecer que eu estava na minha sala, eu teria te devorado em qualquer outro lugar, - ela se aproximou e roçou os lábios na minha orelha. – eu te comeria inteira. – Suspirei e a olhei, os olhos eram pura luxuria, eu não iria negar ela, que se foda que ela poderia ser babaca comigo no outro dia, eu estava fervendo.
- Eu sonhei com você desde o dia em que te conheci, - desci da cadeira alta da bancada e me afastei dela, ela me olhava confusa, fiquei de frente pra ela e desatei o laço que prendia meu cropped, o peito dela inflou, ela sabia o que eu faria, - eu te desejei desde o primeiro contato, sua arrogância me fazia sonhar como você era mandona na cama, - sorri sacana e retirei devagar, expus meus seios e vi ela tentar avançar, levantei o dedo indicador e ela parou, eu sorri, retirei os saltos, - você encharcou mais de 20 calcinhas minhas, - desabotoei os shorts e os desci devagar, joguei de lado assim como o resto e me aproximei. – todas as vezes que você ia em reunião, eu pensava em como você poderia me comer naquela mesa gigante e eu só tenho uma coisa pra te falar depois de tudo.
- O que? – Ela perguntou já pegando em minha cintura, nossos corpos estavam colados, ela estava ofegante como se tivesse corrido em uma maratona.
- Tira a roupa! – Mandei e sabia que ela não me obedeceria, mas foi divertido ver o relâmpago de luxuria passando pelos olhos dela.
Ela me ergueu mais uma vez e me jogou na bancada, arrancou o vestido e jogou os próprios saltos de lado e então finalmente ela me beijou, eu gemi com aquele beijos, era tão desejado que foi como se eu comesse o manjar dos deuses, a língua quente exigiu passagem, ela me dominava e ditava cada movimento que eu deveria fazer, senti o corpo dela colado no meu e um tecido me impedia de sentir os seios dela, com uma mão os soltei, não aguentei aquele contato e joguei a cabeça pra trás, ela se aproveitou e beijos meu pescoço, sugou cada canto e mordeu, eu gemia e me contorcia, era como uma tempestade na minha calcinha, ela desceu os beijos, sugou meus seios como se saísse vida deles, eu sabia que assim que ela arrancasse minha calcinha, não demoraria pro orgasm* chegar. Ela me deitou na bancada e desceu os beijos até minha virilha.
- Implora! – Mandou
- Jamais...
Ela sorriu e passou o indicador no ponto do meu prazer, me contorci e a olhei, ela fez mais pressão e retirou minha calcinha, senti o fio do mel sendo esticado, era quase uma vergonha estar tão molhada, ela escorregou o indicador e brincou com aquele ponto devagar, quase torturante, senti ela pegando no meu pescoço e me puxando até ela, senti escorrer mais, uma poça já estava se formando.
- Eu mandei implorar! – A voz grave veio roupa e exigente, eu estava na mão daquela mulher.
- Por favor, Leticia...
- O que, Laura? – Ela me obrigou a olhar nos olhos dela.
- Me come, por favor!
Pedi e ela sorriu, enquanto ainda a olhava, ela escorregou três dedos pra dentro de mim, meu coração batia tão rápido que por um momento achei que enfartaria, gemi manhoso e longo, ela ainda me segurava pelo pescoço, abri mais as pernas pra dar espaço pra ela, ela me olhava com tanto desejo. Ela soltou meu pescoço e segurou minha nuca, me puxou para mais um beijo, as estocadas começaram junto com o beijos, eu gemia entre os beijos, minhas mãos agarravam os braços com força, como se segurassem ela pra ela não sair dali, como se ela fosse sair, eu gemia palavras e palavrões de forma desconexas, pedir por mais e chamava ela como se estivesse longe, eu sabia o que estava por vir, a segurei mais forte e abaixei a cabeça, assim que os dedos dela foram esmagados, jorrei um liquido transparente. Me deitei na bancada e ela olhava com adoração.
Ela sabia o que fazer, pois logo recomeçou as estocadas e eu gemi surpresa, já estava tão sensível, meu peito subia e descia em meio a gemidos e de novo, esguichei. Ela me puxou pra ela e eu respirava cansada, encostou a testa na minha e retirou devagar os dedos de dentro de mim, gemi mais uma vez com a movimentação. Ela sorriu e eu sorri junto.
- Agora eu posso afirmar, você é a mulher mais gostosa do mundo. – Ela me beijou e me tirou de cima da bancada, me carregou pra um quarto que deduzi ser o dela, a cama era imensa, ela me colocou com cuidado e deitou por cima de mim, ficou ali me beijando por longos minutos e depois levantou. – Só um minuto. – Ela foi até uma porta e entrou, de onde eu tava eu vi que era o closet dela, ela saiu com uma caixa de lá e colocou do meu lado, ela enorme a caixa. – Abre e me fala o que acha.
Assim que abri, vi vários objetos sexuais, de chicotes a amarras, tinha uma cinta, um vibrador, vendas, eu me sentei e a olhei.
- Onde você tava esse tempo todo? – Perguntei com luxuria, eu sempre ouvi falar dela, mas era difícil vê-la, sempre estava trancada no escritório.
- Do outro lado do corredor. – Ela respondeu levantando, primeiro ela colocou a cinta e me olhou. – Fica de quatro.
Eu a obedeci, afastei as pernas e me empinei pra ela, ela me fazia um carinho na espinha que me fazia estremecer, ela segurou firma minha bunda e enfiou a cinta de uma vez, gemi alto e afundei o rosto no colchão, ela segurava minha cintura e me dava estocadas fortes e rápidas, senti uma mão soltando minha cintura e logo depois ouvi um estalo alto.
- Gostosa do caralh*.
Com a mão livre ela puxou meus cabelos, me obrigou a olhar pra frente e eu não havia notado, mas havia um espelho cobrindo aquela parede, ela queria me ver, gemia mais e mais, tentava morder a boca pra conter um pouco, a outra mão soltou minha cintura e estapeou minha bunda novamente, aquilo era demais pra mim, senti meu corpo todo tremer e soltei um longo gemido, mais um pra conta dela, dessa vez apenas escorreu, ela retirou a cinta e colocou de lado, estava ofegante, mas engatinhou até o criado mudo dela e pegou uma garrafa de agua que tinha ali e me entregou, eu bebi como se estivesse no deserto sem agua por dias. Quando terminei, ela pegou e foi beber, mais que rápido peguei a venda dentro da caixa e me aproximei como uma felina e passei a venda pelos olhos dela, ela sorriu e levantou as mãos em rendição.
- Agora sua vez de goz*r! – Disse mordiscando o pescoço dela, ela se encolheu e ali eu descobri o ponto fraco.
- Eu já g*zei, ou você acha que ser gostosa desse jeito não tem suas vantagens? – Ela admitiu e eu ei baixo.
- Então creio que está pronta pra me receber.
Eu a deitei, peguei as amarras e a prendi, vi um sorriso satisfeito no rosto dela quando terminei, os nós eram fortes, eu vivi em um circo, aprendi muitas coisas, ela só sairia de lá quando eu quisesse, a olhei de cima e salivei, o corpo era escultural, as coxas grossas e malhadas, a barriga reta e chapada, os seios que eu já havia pegado e constatado que eram silicones me enchiam a boca, mas eu sabia o ponto fraco e fui até ele, ao primeiro toque no pescoço vi ela se contorcer, sabia que ela iria se fazer de difícil, ch*pei e mordisquei até ouvir o primeiro gemido, a voz grave ela deliciosa, eu estava adorando isso, deixei um rastro de saliva pelo corpo dela, até que finalmente cheguei onde eu queria, lambi cada canto e a vi perder o controle, minha língua trabalhava de um lado para o outro, me ajeitei melhor e enfiei dois dedos, ela estava apertada demais, mexia os dedos fortes mas devagar, ela estava tão entregue que levou menos tempo para atingir o ápice que eu. Ainda tomei todos o seu liquido e subi, o peito subia e descia.
- Eu vou te comer até cansar! – Sussurrei pra ela e ela estremeceu.
- Me solta, Ana Laura, eu quero te tocar! – Ela exigiu e eu ri.
- Vamos ver quem é dona do mundo – Peguei o estimulador clitoriano e liguei, assim que ela ouviu, ela sorriu.
- Garota, quando me soltar eu vou te dar chicotada.
- Promete? – Ri.
A noite foi extremamente longa, não só a noite, como boa parte da manhã, estávamos com tanta fome uma da outra que queríamos semanas de sex* em um dia, quando esgotamos, caímos uma do lado da outra, ela ainda me puxou para deitar em seu peito e eu puxei a coberta, o ar enfim estava conseguindo me deixar com frio, conversamos até cair no sono, eu estava extremamente cansada.
...
Eu senti ela se mexer embaixo de mim, senti um carinho leve nos meus cabelos e sorri.
- Bom dia! – Disse com preguiça.
- Boa tarde né, quase noite, aliás. – Ela riu quando eu olhei assustada.
Ouvi passos rápidos de saltos subindo a escada e estranhei, ela fechou os olhos e fez uma cara de culpada que eu não entendi.
- Filha, tá tudo bem? – Uma mulher de meia idade abriu a porta e eu pulei da cama de susto, ela acendeu a luz. – Ana Laura?
- Dra. Alice? – Fiquei vermelha igual um pimentão e puxei a coberta, quando puxei Leticia ficou exposta e alguns dos brinquedos também, a mulher a minha frente ficou tão vermelha quanto eu e se virou, apenas fechou a porta, eu me virei para a Leticia irritada e bufei. – Quando você pretendia me contar que sua mãe era a minha chefe?
- Eu sou sua chefe, Laura – Ela respondeu como se fosse simples. – Eu não saio gritando por ai que minha mãe é dona daquela empresa, não quero ser reduzida a isso.
- E acabou me reduzindo a mulher que deu pra filha da dona da empresa. – Falei irritada, olhava para todos os lados procurando minha roupa quando lembrei que estavam na cozinha, quase faleci de vergonha.
- Laura, não precisa desse drama todo. – Ela se levantou e veio na minha direção, eu a repeli e ela entendeu o recado.
- Você fala isso porque já tem sua carreira, porque já tem nome, já tem cliente com poder aquisitivo, eu ainda tenho um ano pra me formas, ainda tenho que construir meu nome, quem você acha que vai me levar a sério, Leticia? – Perguntei irritada e ela me olhava com certa indignação. – E eu sou burra, como que eu não notei que a merd* do D abreviado nas merd*s dos documentos eram de Domioni? Dra. Leticia D. Garcia, puta merd*.
- Ana Laura, se acalma, pelo amor de Deus, vamos conversar! – Ela foi atrás de uma blusa larga pra ela e me entregou uma junto com um short, nessa altura eu já chorava.
- Não tem mais conversa, Leticia, eu nunca mais quero te ver! – Gritei limpando as lagrimas. – De todas as coisas que poderia me esconder, essa era a ultima, você deveria ter me dado a chance de decidir se eu ia pra cama da DONA DAQUELE EMPRESA.
- Eu não sou dona, eu sou a filha dela! – Ela esbravejou e respirou fundo e foi em minha direção e segurou minhas mãos. – Laura, vamos resolver isso, amanhã precisamos estar em sintonia no escritório.
- Você não tá entendendo, Leticia, - puxei minhas mãos e olhei bem nos fundos dos olhos dela. – isso é a minha demissão.
- Não, eu não aceito! – Ela disse dura.
- Eu faço parte da metade do mundo que você não comanda. – Eu disse e fui em direção da porta, ela me segurou pelo braço e a olhei, pela primeira vez vi ela tão vulnerável.
- Não vai, por favor! – Ela pediu serena, eu apenas balancei a cabeça e saí.
Passei como um furacão pela cozinha com medo de dar de cara com a Dra. Alice, assim que saí, um segurança abriu a porta de um carro, entrei e olhei para a casa, Leticia estava na sacada da frente e me olhava, eu apenas passei o endereço pro motorista e fui pra casa.
Assim que cheguei, todos estavam me esperando, era o domingo do cinema e Lukas tinha chave, assim que abri a porta e todos me olharam, eu chorei mais e compulsivamente. Depois de muito tempo consegui explicar a situação, recebi abraços e carinhos de todos, eu chorei tanto que quando deu 23 horas eu voltei a dormir. No dia seguinte acordei com o despertador escrito estagio, levantei e acordei Lukas, dormimos todos na minha sala, preparei um café pra ele e me sentei na pequena bancada de mármore.
- Peça os papeis de fim de estagio, preciso procurar outro urgente! – Pedi pro Lukas e ela me olhou sério.
- Você tem certeza disso? É o melhor escritório da cidade, sabe que nada vai te dar tanto renome. – Ele estava sério, mas eu tinha certeza.
- Tenho! Não vou manchar minha carreira, sabe que eu prezo por isso. – Expliquei tomando o ultimo gole.
- Mas ninguém ali sabe que Leticia é filha dela, Ana Laura! – Ele dizia bravo. – Não se joga amor fora dessa forma.
- Quem falou em amor, Lukas? – Indaguei irritada
- Só um tonto não veria isso, e é reciproco. – Ele disse pegando a pasta dele e saindo, mas parou na porta. – Não vou brigar com você por isso, mas não tente mentir pra mim. Na faculdade te entrego o documento.
Apenas assenti com a cabeça e voltei pra minha cama, dormi até o meio dia. Meus dias passaram lentos e torturantes, cada segundo de cada dia eu lembrava dos toques dela, em como ela era carinhosa, divertida, inteligente. Lukas me prometeu que não me daria noticias dela nem se eu implorasse, Leticia havia se tornado uma incógnita, havia bloqueado ela de tudo, eu estava em um poço de tristeza, me vi admitindo em uma noite a todos os meus amigos que sim, eu estava apaixonada por ela, eu chorava todas as noites enquanto pensava que talvez, apenas talvez, se ela não fosse filha de quem é, ela estaria aqui, só Deus sabia o que teria sido de nós, se ficaria apenas naquela noite ou se todas as noites ela me tomaria mais um pouco, até eu ser completamente dela.
- A quem está enganando, Ana Laura? Você já pertence a ela. – Disse em voz alta e para mim mesma.
Um mês havia se passado, me forcei a levantar e graças a Lukas e alguns conhecidos, eu havia conseguido um estagio em outro escritório grande, mas a cada segundo eu lembrava do meu chefe falando: Dra. Leticia Garcia deu ótimos indicações. Até ali ela me perseguia e no fundo, eu queria mesmo que ela tivesse me seguido, perdi as contas de quantas vezes bateram na porta e eu fui correndo achando que era ela.
- Termina logo, Laura, vamos nos atrasar! – Lukas gritou da minha sala, eu apenas calcei o salto e cheguei na sala.
- Pronto, a festa não vai fugir do lugar.
Fomos até o Lounge, nossos amigos já estavam lá, eu bebia descontroladamente, não me importava quantos copos ou o que tinha dentro deles, eu apenas virava tentando tirar a imagem daqueles olhos cor de mel da cabeça, ela havia me dominado, ela havia avisado. Eu dançava despretensiosamente enquanto virava o 6° copo? Ou era o 7°? Senti alguém chegando por trás e por um segundo cedi pensando ser Leticia, mas eu sabia que não era e logo me afastei, mas a mão grossa e rude me puxou de volta.
- Me solta! – Esbravejei.
- Que foi gatinha? Tá toda saliente ai, vai dizer que não quer? – Ele dizia malicioso.
- Eu não quero! – Tentei me soltar mais uma vez, mas não consegui, meu coração bateu acelerado e a bebida começou a fazer tudo girar e em uma dessas rodadas não vi o André chegando já socando o cara, apenas cai e senti alguém me segurar, tentei abrir os olhos pra agradecer, mas pensei ter visto Leticia mais uma vez então fechei e me deixei ser levada.
...
Abri os olhos devagar e senti minha cabeça doer, fechei de novo e tentei me concentrar pra abrir os olhos, abri os olhos de supetão quando senti o enjoo chegando na garganta, levantei correndo e notei que não tava no meu quarto, achei a porta do banheiro e me debrucei no vaso, todo aquele álcool saia e quando eu achava que não tinha mais, na verdade tinha e saia. Quando terminou, abri a primeira gaveta e achei uma escova de dente lacrada, não pensei duas vezes, abri e escovei os dentes. Lavei o rosto e voltei pro quarto.
- Não acredito que aqueles idiotas me deixaram ir pra cama com qualquer uma de novo! – Esbravejei procurando minha roupa, estava apenas de camisão.
- Você não foi pra cama com qualquer uma, - Ouvi a voz grava no canto do quarto e pulei de susto, vi Leticia sentada no sofá que não tinha visto ter ali, o quarto estava escuro – nem comigo, apenas dormiu.
- O que eu faço aqui? – Perguntei receosa – Alias, onde eu tô?
- Na minha casa, alias, na minha nova casa. – Ela sorriu e estendeu uma caneca de café, me aproximei e peguei, mas voltei pra cama, minha cabeça doía demais.
- Aquele cara de ontem, ele...
- Está preso, claro! – Ela falava como se fosse obvio. – “Ir pra cama com qualquer uma DE NOVO”?
- Por que a surpresa? Achou que seria a ultima a me tocar? – Ri com desdém e ela se levantou ameaçadoramente.
- Não me provoque, Ana Laura. – O rosto já estava vermelho.
- Ou o que? – a desafiei, senti uma familiaridade nisso, era como estar voltando pra casa depois de muito tempo longe. – Se quer saber, foi ótimo.
- Você me paga! – Ela veio na minha direção e mesmo com dor, levantei e saí correndo. – Volta aqui garota.
- Não! – Continuei correndo, notei ser um apartamento e bem no alto, vi que tinha um segundo andar e corri pra cima, o sol já estava se pondo, esqueci o motivo da minha corrida e admirei aquela coloração, o degrade em tons quentes era chamativo e bonito, me aproximei mais e não notei quando ela chegou, ela deixou toda a delicadeza do lado e me puxou até meu corpo encontrar o dela, eu já respirava ofegante.
- Eu te amo! – Ela disse totalmente desarmada, meus olhos lacrimejaram e ela me abraçou. – Fica, por favor!
- Leticia, - a chamei e ela me olhou – eu te amo! – A beijei e finalmente, eu estava em casa, enfim achei meu lar.
Ela me ergueu e me levou para a jacuzzi que tinha ali, entrei com a blusa e tudo, ela sorria e eu mais ainda.
- Foi antes de te conhecer. – Confessei e ela arqueou as sobrancelhas em duvida. – A vez que me deixaram ir pra cama com uma desconhecida.
- Você quase me matou! – Ela confessou e olhou pra cima.
- Agradecendo a alguém? – perguntei enquanto sentava em seu colo.
- Sim, depois de pedir tanto pra te ter de volta, acho que alguém merece meu agradecimento. – Sorriu sem jeito. – Ana Laura?
- Sim?
- Eu ainda vou casar com você!
- Você tinha razão. – Tirei a blusa e a vi mudar o olhar, sorri travessa.
- Em que? – Ela tirou a dela e me puxou pra perto.
- Você me dominou! – Disse e a vi sorrir feliz antes de me beijar.
Fim do capítulo
E ai meninas? Gostaram? Eu amei escrever essa, mais quente que a outra ONE SHOT.
Ah, pensei em dar um final pra ela, um bonuszinho, mas ai só se quiserm. Beijosssss
Comentar este capítulo:
Marta Andrade dos Santos
Em: 16/02/2023
Parabéns!
patty-321
Em: 01/05/2022
Show de conto. Parabéns. Dava pra ter vários capítulos. Bjs
Resposta do autor:
Também acho, mas da forma como desenvolvi rápido, ficaria algo sem história ou emoção alongar mais, mas quem sabe um capitulo de um futuro não role? Obrigada por comentar <3
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Eva Bahia
Em: 01/05/2022
MA RA VI LHO SO..
Caracaaaa....
Intenso. Doce. Quente e envolvente... Deu pra arrepiar viu cara autora.
Parabéns!!
Lindo seu dom.. continue nos inspirando e surpreendendo.
Com carinho...Eva
Resposta do autor:
Obrigada Eva! É muito bom ler esse tipo de coisa, muito mesmo, espero conseguir escrever mais one shot, eu gosto muito e fica melhor quando é reconhecido <3
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kasvattaja Forty-Nine
Em: 29/04/2022
Olá! Tudo bem?
Gostei, bastante. Boa interação entre as meninas e um final legal, assim não precisamos — penso eu, é claro — de um final ou de uma continuação. Da maneira que a Autora terminou, basta-nos.
É isso!
Post Scriptum:
''O que põe o mundo em movimento é a interação das diferenças, suas atrações e repulsões; a vida é pluralidade, morte é uniformidade. ''
Octavio Paz Lozano,
Poeta.
Resposta do autor:
Fico realmente feliz por terem gostado, penso em trazer mais one shot pro site, vejo poucas e é uma opção para passar tempo! Obrigada pelo comentário <3
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