Ciúmes a parte, nossa noite foi maravilhosa. Regada a muito carinho, chamego e fogo, muito fogo. O tesão sem limites, o desejo a flor da pele só evidenciava o quanto nos amávamos.

Passamos a noite inteira fazendo amor, e nos perdíamos nas loucuras, quando estávamos entre quatro paredes eu tinha a sensação que tudo ao nosso redor não existia. Eu estava plenamente realizada com o nosso relacionamento, o que acabava refletindo no meu trabalho.

Descobri outra paixão da minha área profissional, graças a minha noiva, e a melhor forma de agradecer, era me dedicar totalmente ao hospital.

Apesar da correria do dia a dia, sempre encontrávamos uma forma de não deixar o relacionamento cair na rotina. Aline tem uma forma especial de estar sempre por perto, o que me deixava cada dia mais apaixonada. E mesmo trabalhando praticamente todos os dias juntas, ou melhor, no mesmo local, havia dias que só conseguíamos nos ver na entrada e na saída para casa. Ela continuava fazendo a especialização e eu resolvi arriscar uma pós. Muitas vezes não conseguíamos nem mesmo almoçar juntas, pois na maioria das vezes eu ficava no hospital o dia inteiro e ela somente na parte da manha. A tarde ela ia para o curso e por ser mais pratico, sempre almoçava em casa. Nos encontrávamos somente quando eu ia pra casa me arrumar para ir para a pós e chegava exausta.

Com essa correria, acabei adquirindo um habito que virou mania. Quando eu chegava, ela já estava dormindo, e eu comia alguma coisa na cozinha, subia pra tomar um banho e sentava em uma poltrona que havia sido colocada estrategicamente em frente a nossa cama, e ficava pelo menos dez minutos observando ela dormir. Olhar para Aline em um momento tão tranquilo, parecia recarregar as minhas energias. Nesse momento eu tinha a certeza de que Deus em sua plenitude era muito generoso comigo.

Em uma dessas noites, eu cheguei em casa extremamente cansada, fiz tudo da mesma forma, porem o meu cansaço era tanto que eu acabei dormindo na poltrona. Na minha atual condição, eu dormiria até mesmo de pé, pois quando chegava à sexta feira eu já estava no limite do esgotamento físico e mental.

Não sei quanto tempo eu dormi na poltrona, e possivelmente eu dormiria a noite inteira, visto que a mesma é muito confortável. Quando eu comprei, Aline não entendeu o porquê. Mal sabia ela que a minha coluna iria agradecer muito, já que por diversas vezes sentei no chão, apenas para ver ela dormir.

Senti um peso no meu colo, e a minha noiva se aninhando nos meus braços.

_Deveria estar na cama! ...senti a sua falta! _ Aline sussurrou próximo do meu ouvido.

_Acabei cochilando, estou muito cansada._ Falei apertando ela em um abraço apertado.

_Agora descobri o porque da poltrona ...fugindo da sua noiva?

_Promete que não vai rir?

_Claro que não, só preciso saber se temos um problema_ Aline saiu do abraço para poder me encarar.

_Antes eu sentava no chão, mas minha coluna reclamava e eu achei melhor comprar a cadeira.

_Pra dormir longe de mim, mas perto o suficiente para correr a tempo para que eu não percebesse?

_Não amor, adoro ver você dormir, fazia isso todas as noites, por alguns minutos, mas hoje o cansaço me traiu. Daqui eu te observo melhor, sem te incomodar e me apaixono cada dia mais. Acabou virando um ritual.

_Amor...

_Oi minha vida.

_Eu quero engravidar, eu quero ter um filho teu...

_Fi...fi...filho...meu...

_É amor, você não quer? _Aline não entendeu o meu nervosismo, e começou a caminhar pelo quarto.

_Eu sei que temos pouco tempo de noivado, que não planejamos o casamento, mas pra que esperar se temos certeza do que queremos.

Diante das palavras de Aline, minha única reação, foi baixar a cabeça e fechar os olhos, enquanto eu apoiava a cabeça entre as mãos, uma avalanche de informações, pensamentos povoavam a minha mente. Pensava  em tudo que havíamos passado desde que nos conhecemos.

Aline agachou na minha frente e quando eu olhei para ela, não consegui mais segurar as lágrimas. Eu chorava de felicidade, iria realizar um sonho, ao lado da mulher que eu amava.

_Essas lágrimas significam um sim?

_A única certeza que tenho na vida, é que vamos ter um filho e que eu vou ser a mulher mais feliz do mundo.

Ficamos mais um tempo fazendo planos, aconchegadas em nossa cama. Era apaixonante ver Aline emocionada falando sobre a futura gravidez,  o olho dela brilhava e eu não poderia ter outra reação a não ser encher ela de beijos, de carinho.

Após a conversa sobre gravidez, começamos a pesquisar sobre o assunto, e me surpreendendo mais uma vez, Aline fez um pedido.

_Amor, já que decidimos por uma inseminação artificial, e já encontramos um doador anônimo, eu queria que os óvulos fossem seus. 

_Amor...os óvulos podem ser seus...

_Por favor! Se decidirmos ter outros filhos, podemos inverter o processo.

_Está certo mocinha!

_Consigo até imaginar uma branquelinha correndo pela casa me deixando louca...

_Nem me fale, imagine se nascer com o seu poder de conseguir o que quer de mim?

_Eu te amo...Nunca duvide disso.

Após dois meses da nossa decisão de termos um filho, finalmente eu decidi entregar a casa na Barra do Jucu, visto que eu estava ocupando o lugar apenas para guardar as minhas coisas. E  como já estava agendado a inseminação, eu iria dedicar o máximo de tempo possível a Aline. Mesmo depois do noivado eu costumava dormir na minha casa para poder dar atenção ao pessoal, que por sinal ficaram radiantes com a novidade da futura gravidez.

As meninas estavam na melhor fase do relacionamento, faziam planos para comprar uma casa e oficializar a união. Enquanto isso os dois marmanjos continuavam na mesma briga de gato e rato, mas se desgrudavam, enfim, tudo na sua mais perfeita normalidade.

A felicidade que vi nos olhos dos meus amigos só não foi maior do que a da Lu, como sempre ela foi a primeira a saber. Foi um momento muito especial. A sensação que eu tive, é que Aline conversou com ela como se estivesse falando para a mãe. 

_Amor, conseguiu trazer todas as suas coisa?

_Aline parecia mais anciosa do que eu por causa da minha mudança definitiva.

_Sim, a Karina vai trazer a moto.

_Por falar em moto, agora que vamos aumentar a família, por que não troca a moto por um carro.

_Já estou pensando nisso, assim que for possível eu compro o carro, mas não vou me desfazer da moto.

_Eu sei que você esta guardando o dinheiro, mas eu posso...

_É melhor nem terminar, sabe que prefiro que seja do meu jeito, quando eu tiver condições, morarmos na sua casa já está de bom tamanho, sabe o que penso a respeito desse assunto.

_Você como minha futura esposa deveria deixar esse receio de lado, se podemos ter uma vida confortável, qual o problema.

_O problema é que eu não quero ninguém apontando o dedo pra mim.

_Caramba, ainda se preocupa com o que as pessoas pensam?

_Aline, a questão não é as pessoas, mas eu estou acostumada a conquistar as minhas coisas.

_Eu sei minha vida, e tenho orgulho de você.

No dia marcado para fazer a inseminação, era difícil saber quem estava mais nervosa. Aline tinha um brilho no olhar, diferente de todas as vezes que eu já tinha visto. Apesar da ansiedade, tudo ocorreu como estava previsto, e quando chegamos em casa, seguimos todas as orientações do médico. Nós decidimos ficar em casa por alguns dias, longe de preocupações e problemas, esse era o momento para desacelerar e cuidar pra que tudo desse certo.

No domingo, acordei muito cedo, não dormi bem e ao me virar na cama, vi que Aline dormia em uma posição que não era comum, ela estava deitada de lado e uma das mãos estava apoiada na barriga, como se estivesse protegendo uma vida, ali eu tive a certeza que ela carregava o nosso bebê no ventre.

Fiquei por muito tempo vendo aquela cena, ela respirava calmamente e somente quando ela começou a despertar, é que eu saí do meu estado de torpor. Lentamente ela abriu os olhos e eu ganhei de presente aquele sorriso que deixava o meu dia perfeito.

_Bom dia, minha vida! _ Estava vigiando o meu sono.

_Sim, estava admirando e cuidando do sono da mãe do meu filho ou filha.

_Amor, sabe que não podemos criar expectativa, a inseminação só tem uma semana...

_Não me pergunte o porquê, eu sei que deu certo, logo vamos ter um bebê enchendo nossas vidas de felicidade.

_Não duvido que tenha dado certo de primeira, mas vamos esperar um pouco, daqui a algumas semanas eu faço o teste e os três primeiros meses serão decisivos.

_Me abraça..._ Minha certeza era tanta que eu só queria ter eles em meus braços.

Fim do capítulo