O corpo estava jogado sobre a cama, brancos lençóis o cobriam, cabelos loiros estavam espalhados sobre o travesseiro. Uma brisa suave passou pelas janelas, fazendo a figura se mexer. 
O leve movimento fez Catherine  despertar, mas não foi o despertar que ela esperava. Sua cabeça parecia pesar duas toneladas, afundou o rosto no travesseiro. A luz que vinha do lado de fora machucava seus olhos, uma sequência de reclamações escapou de sua boca. Aos poucos afastou o rosto do travesseiro, deitou de barriga para cima, passou a mão pelos cabelos, mas algo chamou sua atenção. Em seu dedo anelar algo brilhava, piscou várias vezes até sua visão ficar de fato nítida. Cerrou bem os olhos, e lá estava uma aliança, uma brilhante aliança em volta do seu dedo. Sua cabeça deu uma forte pontada. Ela se viu saindo da igreja, mas sem Harry. Então como poderia ter uma aliança na mão esquerda? 
Sentou-se, tudo girou, seu estômago revirou violentamente. 
Observou o ambiente, estava em um quarto amplo e luxuoso. Sua mente parceria um grande buraco negro. Olhou novamente para a aliança. Será que ela havia sonhado? Será que Suzanne não passou de uma alucinação? 
— Harry? — Chamou. — Harry? — Passos foram ouvidos, vinham do banheiro. 
Mas não foi Harry quem passou pela porta.

 Dentro de um roupão incrivelmente branco surgiu uma mulher, cabelos castanhos e olhos verdes. Ela encarou Catherine e sorriu. 
— Bom dia, querida. 
A voz grave trouxe lembranças da noite anterior, era a mesma mulher com quem bebeu. Catherine ficou de pé, nem notou que o lençol que cobria seu corpo havia caído, também não notou que estava completamente nua. 
— O que está fazendo aqui? 
— Esse é nosso quarto, onde mais eu estaria? — Disse passeando os olhos pelo corpo da loira, só então Catherine  notou seu estado de nudez. Vermelha da cabeça aos pés, puxou o lençol o mais rápido que pôde, dando as costas para a mulher. — Belo traseiro. — Novamente puxou o lençol até não ter mais nada a mostra. 
— O que quer dizer com nosso quarto? 
— Isso significa que é seu e meu. — A mulher se dirigiu até a sacada. Catherine  a seguiu ainda sentindo pontadas no estômago. 
— Eu sei o significado de "nosso". Quero saber por que estou aqui com você? 
— Levante sua mão esquerda. — Catherine obedeceu, a mulher então imitou seu gesto. 
Na mão esquerda de ambas alianças cintilavam, alianças iguais. Mas aquilo ainda não fazia sentido. 
— Sente-se! — Apontou para cadeira. — Acho que um pouco de café lhe fará bem. — Catherine sentou olhando Megan com desconfiança. 
— Não lembro de ter uma aliança. 
— E recente, depois da noite de ontem é natural que não se lembre de muitas coisas. 
— O que eu fiz? — Se debruçou levemente sobre a mesa. 
— Coisas. 
— Que coisas? — Falou como se temesse a resposta. — Bem, você apostou, dançou, gritou, tropeçou algumas vezes e.... se casou. 
As palavras eram processadas com lentidão, mas uma chegou com clareza ao cérebro confuso. 
—ME CASEI? 
— Sim. 
— Com Harry? 
— Quem é Harry? 
— Eu estava noiva de Harry, estávamos na igreja e uma mulher apareceu... Depois disso você apareceu, então tudo ficou confuso, hoje acordei e você estava no meu quarto... 
—Nosso quarto. 
— Não importa. Eu quero saber porque estou usando uma aliança!
— Levante sua mão novamente, Catherine . — mais uma vez a loira obedeceu. — Você tem uma aliança, igual a minha — Megan posicionou a mão ao lado da sua. — Sabe o que isso significa? 
— Que você também é casada? — Indagou a loira. 
—Exato. 
— E onde está seu marido? 
— Eu não tenho uma marido! Tenho uma esposa. 
Mesmo com o raciocínio danificado pelo álcool, Catherine  finalmente conseguiu entender o que estava acontecendo. 
— Eu me casei com você? 
— Sim. Nos casamos ao som de 
I Wanna Kiss You All Over, e I Kissed a Girl. 
— Certo... — Catherine  começou a rir, na verdade ela gargalhava. — Onde estão as câmeras? Ok, pessoal. Não vou cair nessa pegadinha. 
— Não é uma pegadinha. Nós realmente nos casamos. 
— Primeiro. Eu certamente me lembraria do meu próprio casamento, e segundo eu não me casaria com uma mulher. Nada contra as mulheres que casam com mulheres, mas... eu não me casaria com você. 
— Não é isso que nossa certidão de casamento diz. 
— Nós não temos uma certidão de casamento! 
— Querida... 
— Não me chame assim! Não sou sua esposa, eu nem mesmo sei seu nome. 
— Megan Stevens, mas agora acho que devo usar seu sobrenome também e você o meu. Chapman Stevens, veja só! Ficou bem. 
Catherine  estava incrédula, o cinismo no rosto da mulher a sua frente era de enlouquecer. Se levantou em um rompante. 
— Você é louca! 
Voltou para o quarto a procura de uma roupa, mas tudo que encontrou foi um roupão. Vestiu amarrando um nó bem firme na cintura. 
— Onde vai? 
— Eu vou embora! Vou encontrar Kate, esgana-la e levar o que sobrar para casa comigo. 
—Ela está no quarto ao lado.
— Como sabe disso? 
— Eu fiz as reservas. Poderemos passar nossa lua de mel aqui. 
— Olha, eu não sei o que você quer. Também não entendo porque inventou essa mentira, mas agora chega! Eu não sou sua esposa, e acho que você deve ter algum problema psicológico. 
Megan suspirou, atravessou o quarto, e pegou alguns papéis sobre a mesa. 
— Veja você mesma. — Entregou uma das folhas para a loira. 
No documento continha a prova inegável, aquilo que estava vivendo não era um delírio. Ela estava casada, casada com Megan Stevens. 
— Não, não... Isso não é verdade. Eu não me lembro de ter casado. 
— Você me disse que queria fazer uma loucura, a maior loucura da sua vida, então perguntei se você aceitava casar comigo, e você aceitou. 
— Eu estava bêbada, e você se aproveitou disso... — A ficha então começou a cair. — Sua golpista! Tudo isso é um golpe, você quer dinheiro. 
— Todo mundo quer dinheiro, Catherine . 
— Você não vai ganhar nada! Falarei com meu advogado e provarei que esse casamento foi uma armação sua. 
— Nosso casamento é completamente legal. A não ser que você consiga provar que não foi consumado. — As bochechas de Catherine ficaram escarlates. 
— Consumado? 
— Tirei suas roupas, dei banho em você, nós até nos beijamos.... 
— Isso é mentira!
— Não chegamos as vias de fato, mas... Podemos resolver isso. — A aproximação deixou Catherine nervosa. 
— Fique longe de mim! 
— Tudo bem.— afastou-se. 
— Me diga quanto você quer?  
— Por hora eu só quero ficar perto da minha querida esposa. 
— Não, não mesmo! 
— Querida... 
— Pare de falar isso! 
Catherine  gritou, mas mais alto que sua voz soaram as batidas na porta. 
— Catherine ? Você está bem? 
—Kate! — Catherine se apressou em abrir a porta. 
A amiga estava descabelada e com a maquiagem em frangalhos. 
— O que aconteceu com você? — Catherine indagou. 
— Stevens? 
Uma terceira mulher surgiu, era baixa e seu cabelo tinha um corte bem curto. Ela parou ao lado de Megan observando a cena. 
— Kate, vamos embora daqui!
Catherine  procurava seus pertences, mas tudo que era seu estava com Kate.
— Você. — Apontou para Megan. — Não vai conseguir arrancar dinheiro de mim, todo esse seu plano ridículo não vai adiantar nada. 
Segurou Kate pelo braço e a arrastou porta a fora. Sua cabeça doía imensamente. 
— Catherine , você está de roupão. 
— E daí? 
— Não pode sair assim.

—Aqui é Las Vegas, Kate. Vestido de noiva, roupão não importa. Nós vamos voltar para casa, e eu nunca mais darei ouvidos a você. — Mas... 
— Mas o que? 
Kate timidamente levantou a mão esquerda, assim como ela Kate havia se casado.
— Você também... 
— Quando eu acordei esse negócio já estava em meu dedo. 
— Me diga que ainda temos dinheiro para voltar pra casa. 
— Sim, mas teremos que pegar outro táxi. 

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Longas horas depois Catherine desceu do táxi, havia passado no apartamento de Kate, tomou um banho rápido e vestiu roupas mais decentes. A amiga insistiu para que ela ficasse, mas ela decidiu voltar para casa, estava cansada, queria apenas deitar em sua própria cama e dormir por vários dias seguidos. 
Abriu a porta, e para seu total alívio não havia ninguém para recebe-la. Passou diretamente para as escadas, mas um som a fez parar. 
Vozes e gargalhadas eram ouvidas. Ela seguiu sem fazer barulho até a sala. Viu primeiramente seu irmão, ele estava com as mãos nos bolsos olhando para frente, resolveu se aproximar mais um pouco, ele parecia assistir algo. 

— Vamos garotas, podem se beijar. — Alguém disse. 

Catherine então resolveu ver o que de fato estava acontecendo. Seu coração quase parou. Duas mulheres se aproximaram lentamente, até suas bocas se tocarem, foi um leve roçar de lábios acompanhado por dois largos sorrisos. 
Megan e ela, estavam rindo. O vídeo mostrava a aproximação das duas, elas trocaram mais um beijo rápido. 
Automaticamente levou a mão aos próprios lábios, sentiu um leve formigar neles. 
—I kissed a girl and I liked it  
Ela se viu cantando, sua voz saiu arrastada e confusa, mas ela cantava a plenos pulmões. 
—I kissed a girl and I liked it . 
Megan ria, e a abraçava. 
— Escolha uma canção e dedique a sua esposa, Megan. — Catherine   reconheceu a voz da mulher de cabelos revoltos e mais ao fundo uma gargalhada de Kate. 
—I Wanna Kiss You All Over. — Ela disse. 
O canção começou com uma batida suave, mas logo a voz rouca do intérprete deu tons mais animadas. Megan enlaçou a cintura da loira que sorria. 
—"Quando eu chegar em casa, vou acender seu fogo
 Todos os dias eu estive pensando em você, querida Você é o meu único desejo
 Vou abraçar você 
Segurar você perto de mim. "
Os corpos seguiam o ritmo, a letra fazia a cabeça da loira doer, como se quisesse lembrar das sensações e não conseguisse. 
—"Toda vez que estou com você, baby 
Eu não acredito que é verdade Quando você está deitada em meus braços 
E você faz as coisas que só você faz"
Catherine  via a cena sem conseguir acreditar. Estava paralisada. 
—"Eu quero te beijar toda 
E mais uma vez
 Eu quero te beijar toda 
Até a noite se aproximar. "

 — Chega!  

A voz exaltada de Carol fez Catherine analisar o que acontecia ao seu redor. Ficou tão presa com as cenas que eram mostradas que nem notou a presença de seus pais, mas essa não foi a sua maior surpresa. Diante dos seus olhos surgiu Megan, ela estava em sua casa, sentada em seu sofá. 
A morena sorriu para ela. 
— Catherine  me diga o que significa isso? — Carol estava irada. 
— Essa mulher apareceu aqui dizendo que tinha algo sobre você. Então nos mostrou esse... esse. Vídeo, que é uma verdadeira atrocidade. 
Catherine  não havia comido nada o dia inteiro, tudo que ganhou foram toneladas de problemas. Seu corpo então sentiu o baque. 
— Eu quero uma explicação agora! — Exigiu Carol. 
Ela então sentiu o estômago revirar. 
— Agora não, mamãe. 
— Catherine ! 
 Carol puxou o braço de Catherine fazendo o corpo da filha girar, a manobra deixou a loira enjoada. O que se viu a seguir foi uma Catherine desnorteada vomitar sobre os caros saltos da mãe. 
— Aí meu Deus! — Carol disse horrorizada. 
— Enjoo é o primeiro sintoma de gravidez. — Brincou, Tom. 
— Leve sua irmã para cima. — Bill disse autoritário. 
— Eu cuido disso. 
Megan segurou Catherine , a loira não resistiu dessa vez, talvez por ela ser a única pessoa que não queria matá-la no momento. 

Fim do capítulo