Boa Leitura, doces senhoritas!
Capitulo 1
“Os encontros mais importantes já foram combinados pelas almas antes mesmo que os corpos se vejam...” (Paulo Coelho)
Quem sou... Quem somos?
Madu
Aqui estou eu, impotente; meio dormente sentada na sala VIP do Aeroporto Luís Eduardo Magalhães!
Olho a minha volta através dos vidros e vejo tudo normal, quando tudo pra mim tem quatro dias que está totalmente anormal.
As pessoas embarcam, desembarcam... Vêm; vão...
Têm três horas que estou sentada aqui aguardando alguém que não conheço e que tampouco me conhece também!
Estou nervosa, não sei como lidar com o desconhecido!! Nunca soube. Ajeito-me inquieta naquela cadeira; a moça sentada à minha frente me olha curiosa.
Sei que chamo atenção, detesto, mas chamo!
Tenho 1,75 de altura, um corpo forte e com curvas, meus braços são divididos, embora não masculinos! Tenho pernas torneadas e coxas que ficam evidentes nos jeans que habitualmente uso. Minha pele negra combinada com atípicos olhos verdes claros e cabelos longos cacheados tinham o poder de prender a atenção das pessoas. Quando se achegavam perguntando se eram lentes e eu falava ser natural, quase sempre sorriam descrentes.
Bem, eu deixava que pensassem o que quisessem!
Não tinha que explicar que a herança era de um pai branco de olhos claros que apenas desfrutou da negra empregada enquanto esteve de passagem no Brasil e que sumira tão logo fora informado que teria um filho com esta e nunca mais aparecera.
_ Aceita?
Uma voz com leve sotaque estrangeiro interrompeu meus loucos e embaralhados pensamentos.
Foco os olhos na mulher loura à minha frente me oferecendo uma lata de refrigerante. Pego no susto a latinha e a encaro, meio aérea.
_ Posso? – Perguntou sorrindo e tomando assento ao meu lado – Bem, já sentei! Não dá pra negar mais.
_ Ah... Tudo bem! – concordei tomando um gole do “refri” e erguendo a lata em direção à moça – Obrigada!
_ Hum, tudo bem – falou sorrindo mais – Eu estava buscando um motivo pra me aproximar... Achei.
_ Er... – fiquei meio enrolada com sua resposta – Ah...
_ Te desconcertei? – falou a outra cruzando sensualmente as pernas longas sob uma microssaia – Eu causo esse efeito sempre.
_ Não me desconcertou, eu estou um pouco distraída – falei séria desviando os olhos daquelas coxas.
_ Ótimo! Catéia é o meu nome – estendeu a mão em minha direção.
_ Madu – tomei sua elegante mão na minha – Prazer Catéia.
_ Esperando um parente? – perguntou enquanto bebericava sua bebida e me olhava interessada – Eu aguardo meu cunhado.
_ Eu... er... Espero alguém!
_ Hum, reservada! – falou inclinando-se em minha direção – Gosto muito disto.
_ Sim, eu sou reservada! – respondi a olhando – Isso é ruim?
_ Não, absolutamente! Eu gosto – gargalhou e pousou a mão em minha coxa a apertando – Prefiro as reservadas, são sigilosas.
Quando eu ia abrir a boca pra responder, ouvi anunciarem o voo que esperava. Levantei-me nervosa.
_ Catéia, obrigada pela bebida e o papo. – dei um meio sorriso que parece ter encantado mais a moça que o retribuiu meio desgostosa com minha retirada – Tenho que ir, agora.
_ Ah, mas já? Porque as melhores pessoas partem logo? – brincou sedutora – Ao menos pode incluir um beijo nesta despedida?
Hesitei encarando-a.
_ Então? – insistiu a mulher.
_ Eu estava enganada ou aquela beldade estava dando descaradamente em cima de mim?! – ponderei em devaneio.
Voltei deste pensamento com a loura me puxando para baixo e beijando no cantinho dos meus lábios! Depois senti sua mão de leve no meu bolso traseiro e uma leve apertadinha na bunda.
_ Genteeee, que assanhada! – pensei espantada.
_ Agora pode ir! – ela falou com cara de gato que acabou de engolir o canário – E me liga qualquer dia destes que te dou... Digo; lhe pago algo mais forte.
Sorri desconcertada e me dirigi ao desembarque apressada e com o coração apertado.
Parei em frente ao portão dos voos vindos da Europa, tirei da mochila uma faixa com o nome Eloise Girani a erguendo.
Como seria a filha mais velha de Jacques? Meus olhos se encheram de lágrimas ao pensar no meu amigo.
Em um átimo meus pensamentos me transportaram a empresa há quatro dias atrás...
_ Madu! O que você ainda está fazendo aqui mulher? – a voz forte e de acentuado sotaque francês do Jacques me fez largar, de susto, a planta que estava analisando junto à janela do escritório.
– Largue tudo e vamos comemorar; temos que tomar uma carraspana hoje e extravasar depois de dois meses de tensão tentando ganhar esta licitação – ordenou o homem sorrindo.
Ele veio andando com aquele corpanzil roliço e os olhinhos azuis me dando um abraço de urso, rodando-me no meio do escritório.
_ Conseguimos ferinha! – vibrou enquanto se esforçava pra manter meu peso sem cairmos os dois como jacas no chão – Sorria sua sisuda!
_ Como posso sorrir se estou a ponto de vomitar meu lanche e a cair como uma jaca peca, sendo rodada nesses seus velhos e fracos braços – provoquei-o.
_ Como assim, sua ingrata cega? – soltou-me fingindo-se ofendido – Primeiro, deveria ser grata por um homem como eu a pegá-la nos braços e depois, pra sua informação, sou um garotão de bíceps forjado a ferro, olhe aqui e morra de inveja!
Enquanto falava isso, mostrava o muque e fazia poses ridículas de halterofilista me levando a chorar de tanto rir.
Ele era o único que conseguia não só me fazer rir, mas por vezes, gargalhar.
_ Então, agora que provei que estou gatão e fortão, vamos pra gandaia! Vamos àquela boate de meninas gostosas que inaugurou mês passado. – convidou piscando.
_ Ah Jau!!! – reclamei – Eu estou cansada, hoje nós demos duro pra ganhar esta licitação. Tudo que eu quero e preciso é de um banho relaxante, do meu quarto e da minha cama. Fica pra outro dia.
_ Ah Madu, você parece uma velha de 70 anos! – resmungou – Poxa que tem essa idade sou eu! Vamos? O Plínio irá também... Eu vejo como ele te seca.
_ Afffff, agora é que não vou mesmo! – falei irritada – Esse homem pegou fixação por mim! Eu só o tolero porque é um excelente profissional dos números e nossa contabilidade fica em ordem com ele! Senão, como Vice-presidente, já teria mostrado a porta da rua pra ele!
Jacques sentou-se no sofá olhando-me meio pensativo.
Retribui o olhar com carinho, ele era o pai que eu nunca tivera... Apostara em mim quando ninguém mais fizera. Eu o amava muito e nós dois tomávamos conta um do outro há anos, desde quando ele me dera um emprego na sua pequena empreiteira recém-inaugurada na cidade de Salvador, a JG – Jacques Girani Empreiteira Ltda.
_ Filha, ele é um bom homem – falou carinhoso batendo no assento ao lado convidando-me a sentar, o que aceitei – E o melhor, gosta de você...
_ Sem chance! – cortei-o exasperada – Não sei por que, nos últimos tempos, você teimou em me amarrar em alguém. Oxeeee, mania de cupido é essa, menino?
_ Filha, eu não sou mais menino! Posso faltar a qualquer momento... Preocupo-me em te deixar sozinha, sem ninguém.
_ Para Jacques! – levantei preocupada só de pensar em perdê-lo; era tudo que eu tinha – Que foi? Está doente? Vai me contar agora!!!! Eu vivo dizendo a você que tem que se cuidar, diminuir o tempo de trabalho, namorar menos!
Jacques ficou em silêncio olhando-me.
_ Tá muito galinha – tentei amenizar com as brincadeiras, o chamando de namorador, mas ainda esperava sua resposta sobre a sua saúde com desespero velado – E então; O que se passa?
Ele levantou e começou a andar pela sala do nosso escritório, olhando as fotos que colocávamos ali desde o início da empresa e que mostravam nossas lutas e conquistas que levaram a empreiteira ao status de melhor do ano por cinco anos consecutivos.
_ Olha tudo que fizemos... – suspirou melancólico – Foi você, minha filha de coração que me ajudou a levantar esse império!
_ Jacques... – tentei falar, ele me interrompeu.
_ Shiii... É verdade, varou noites trabalhando comigo e com a nossa primeira equipe de 50 homens; foi você que cuidou de mim quando eu caía doente... É você que cuida até hoje! – sorriu esperto – Pensa que não sei que já tem o suficiente pra comprar uma bela casa e ir morar no seu espaço, mas fica no apartamento pequeno em cima da garagem da minha casa pra me olhar?
_ Sei disso não – envergonhada tentei contradizê-lo – Eu gosto é do mole de não pagar aluguel e nem fazer compras gastando meu rico dinheirinho! É por isso que fico lá, pra viver e comer de graça seu bode velho besta!
_ Humpffff – bufou ele triste – Conversa! Sei que cuida de mim... Sou-te grato. Você faz o que minhas filhas e esposa não fazem!
_ Deixa disso, hoje não é dia pra tristezas – falei animando-o.
_ Realmente – sorriu – Hoje é dia de alegriaaaaaaa! E também, a culpa é minha se minhas filhas não estão ao meu redor. Eu nunca fui bom esposo e não fui um bom pai!!! Reconheço... Madu?
_ Sim? – o olhei séria.
_ Eu tive pensando... – respirou constrangido – Será que é tarde para tentar recuperar o amor das minhas filhinhas? Será que elas me aceitariam de volta depois de não dar notícias por tantos anos? Eu me arrependo de ter mergulhado no trabalho após ser traído pela mãe delas e ter me retraído tanto ao ponto de, na minha dor, abandoná-las por uma década. Eu fui pai aos 40 anos e ainda assim era imaturo. Sabe... Se fui traído em parte foi minha culpa! Abandonei Túlia no Rio e vim pra cá trabalhar, erguer a empreiteira... No início ia de cinco em cinco meses, as trazia pra cá, depois... Fui espaçando minhas idas e como forma de economia também não as deixava vir. Até que, após dois anos disto, cheguei sem avisar no Rio e encontrei minha espanhola de sangue quente dormindo nos braços de outro em nossa cama.
_ Jacques deixa isso pra lá... Mas, creio que elas aceitariam te ter de volta – apreensiva tentei incentivar embora tivesse medo por ele... Elas poderiam não querer aproximação e não queria que meu amigo sofresse mais um golpe – Podemos procurar ver isso.
_ Não sei por que estou nostálgico... – sentou na ponta da minha mesa olhando a rua – Talvez porque hoje nós chegamos onde queríamos. Somos vencedores da licitação mais concorrida e desejada da cidade. Ganhamos mais credibilidade aqui e nos outros seis estados que temos filiais, ou seja, posso dizer que tenho tudo! Dinheiro aos tubos, posição elevada na sociedade, sou conceituado como engenheiro e empresário; tenho as mulheres que desejo. Mas, não tenho o mais importante: amor, família...
_ E eu? – fingi indignação pra o tirar daquela tristeza – Não sou nada? Meu amor é nada? Não sou sua família? Sinceramente, estou magoada aqui.
Ele foi deixando um sorriso lhe encher o rosto gordinho e me abraçou.
_ Claro que seu amor me importa e que és minha família! – beijou-me os cabelos – Não teria vivido tanto sem você. Mas não nego que queria ter também desfrutado da companhia das minhas duas meninas... E sou culpado por não tê-las.
_ Ok, acho que tou animada agora! – apanhei a bolsa e fui o empurrando pra fora da sala enquanto apagava as luzes e fechava as portas – Vamos à farraaaaaa!
Chegamos a tão badalada boate que o Jacques amava, nos reunimos com alguns colaboradores que foram convidados também, dentre eles o Plínio que passou metade da noite tentando me beijar.
Altas horas, eu já cansada de me esquivar daquele grude, me despedi de todos; Tentei levar o Jacques que engatava um flerte com uma morena e que me dispensou correndo, piscando maroto.
_ Vou comemorar mais um pouco, mocinha – sorriu matreiro apontando pra garota que na pista bamboleava os quadris e o chamava sensual – Ah, vai com cuidado, chego mais tarde.
_ Tá certo! – o olhei preocupada, ele bebera demais. Enfiei a mão em seu bolso do casaco e peguei suas chaves do carro – Pede um taxi, vou levar teu carro estou muito cansada, quero chegar rápido.
_ Eiiiiiiiiii!!! Devolve minhas chaves mulherrrrr! – de bico ele se retou – É o que me faltava!! Compra um carro pra tu, humpffffff.
_ Tchau mocinho, se cuida. – acenei ignorando seu bico e dei-lhe as costas.
Quando ia saindo, senti-me ser puxada e esmagada naquele abraço de urso que sempre me dava.
_ Amo você ferinha! Nunca duvide disto – falou beijando minha cabeça – Agora vai descansar, porque amanhã começa o corre-corre pra cumprirmos nossos prazos e darmos os conjuntos habitacionais prontos em setembro.
Sorri e fui embora... Ele sempre me chamava de ferinha. Era um jeito carinhoso de me lembrar de quando nos conhecemos. Aquele foi o último abraço, último beijo e última vez que o ouvi me chamar assim...
Às seis horas da manhã fui acordada aos berros pelo Plínio que batia desesperado em meu apartamento, em cima da garagem do Jacques.
Ao abrir a porta, ainda descabelada e usando apenas uma camiseta, pude ver o desespero nos olhos do contabilista.
_ O que aconteceu? Fala Plínio? – gritei em pânico – Cadê o Jau?
_ Er... – a voz dele embargou – E-Ele... Madu, não tem um jeito suave de dizer isto! Aconteceu um acidente com o taxi que ele pegou... Ele...
_ Nãaaaaaaaaaaaaaaaaaoooooooooooooo – gritei chorando – Nãoooooooooooooooooooooo, diz que não é verdade, Plínioooo!
_ Senhorita? – uma voz irritadinha me chamava – Ei Senhoritaaaaaaaaa, acorda!!!!!!!
Voltei ao tempo real saindo bruscamente das dolorosas lembranças, buscando chateada aquela voz que me gritava com arrogância. De imediato deparei-me com um par de olhos azuis deslumbrantes e vagamente conhecidos, me olhando.
Parada à minha frente com os lábios franzidos de exasperação estava uma morena de mais ou menos um metro e meio me encarando aborrecidíssima. Tinha uma valise na mão e batia nela com as luvas, impaciente.
_ Pois não? – perguntei calmamente à rabugenta – Em que posso ajudar?
_ Pode me ajudar, tirando-me desta balburdia de Aeroporto! – falou ríspida – Porque de acordo com esta faixa que carrega em suas lerdas mãos, é por mim que esperava. Acabou sua espera, estou aqui... Diga-se de passagem, estou aqui há quase cinco minutos esperando seu transe passar, você voltar a terra.
_ Hum – a olhei diretamente nos olhos, quando o meu olhar mergulhou no dela parece que levei um choque; senti um aperto no peito! Tentei me controlar e achar a voz – Er... Eloise Girani? Você é Eloise, filha do Jau?
_ Jau? – ela pareceu ter se incomodado com aquela intimidade; com a testa franzida respondeu mais ríspida ainda – Eloise Girani, sim! Filha de Jacques Dupré Girani... E você? A namoradinha dele?
Eu não conseguia entender o que estava sentindo, parecia que meu coração iria saltar do peito. Aquele “taquinho” de mulher estava parado a minha frente me insultando e eu não conseguia cessar de olhá-la inteirinha! Observei a boca em formato de coração, os cabelos negríssimos, lisos e presos numa intrincada trança que lhe batia abaixo dos ombros.
Estava vestida com uma blusa creme que lhe evidenciavam os seios firmes, a saia branca que usava lhe moldavam os quadris perfeitos e deixavam ver ou imaginar as coxas grossas por baixo dela.
Usava saltos altíssimos que a permitiam não ter torcicolo me olhando, já que com eles ficava à altura dos meus seios. Inspecionei-a inteira em fração de segundos e engoli em seco com o calor que me subiu pela espinha.
_ Que merde[1], se passa contigo, senhorita? – tornou a se exasperar a tampinha de sotaque francês – Fumou ou cheirou alguma coisa? Eu vou te avisar que tomarei providências pra sua demissão caso constate que está chapada de entorpecentes! Quem te designou pra me buscar também sofrerá punições!
Algo em mim se rebelou com o que eu estava sentindo por aquela pequena arrogante. Fechei o cenho e sem perder a calma fui incisiva com ela.
_ Primeiro: olhaaa a boca!!! Não admito ninguém xingando junto de mim! Se preciso for, providenciarei desinfetar devidamente esta sua boca suja. Depois, não uso nenhuma droga, senhora.
_ Senhorita, sou senhorit... – a mulher arrogante tentou falar.
_ Pouco me importa seu estado civil ou como gosta de ser tratada! – lhe cortei friamente – Desculpa estar desatenta e ter perdido minutos da sua magnífica e triunfal chegada. Vamos agora, “majestade.”
Fiz uma profunda inclinação, a guisa de reverência, ironizando a pose de rainha dela que, num rompante, deu-me as costas e saiu pisando duro imponentemente.
Fiquei alguns segundos ali a olhando ir... Minúscula, porém grande! Irritante, arrogante, prepotente, elegante...
Zorra! Passei a língua pelos lábios ao acompanhar o bambolear dos seus quadris!! A pestinha era apaixonante...
Balancei bruscamente a cabeça sacudindo este último e ridículo pensamento! Revirando os olhos murmurei uma prece:
_“Que Deus me ajude a passar pela provação que é essa arrogante mulher e no momento em que perdi o homem que tenho como pai... Jacques, vou suportá-la por você!! Só por você, humpfff”.
Apressei meus passos, pois a “madame” me esperava parada a porta da saída do Aeroporto e não tinha uma boa cara.
_ Affffffff, que Deus me ajude! – murmurei contrariada.
[1] merd*
Fim do capítulo
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Beijinhos no core, lindas felinas!!!!
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