XXIV. Estarrecedor
XXIV. Estarrecedor
- Meninas, vou para casa, tomar um banho e pegar umas coisas, a noite eu volto.
- Bruno, não queremos te atrapalhar.
- Não tenho nenhum compromisso para este final de semana, só preciso buscar roupas.
- Sendo assim, vai ser ótimo continuar contando com teu apoio. Vou preparar um jantar gostoso para nós, então até mais tarde (disse Ohana se despedindo).
O restante do sábado seguiu sem novidades, o casal preparou o jantar juntas, procurando se ocupar, ao invés de se preocupar, apesar de ser inevitável e tudo tão complexo.
Os três amigos voltaram a jantar juntos e para distrair a mente assistiram um filme do universo cinematográfico da Marvel, com a realidade implacável, se faz necessário o entretenimento e a fantasia os auxiliou a espairecer.
A noite deles foi melhor que a anterior, conseguiram dormir mais cedo e com auxílio do medicamento Ohana não teve pesadelo. Já a manhã de domingo começou agitada, elas tinham acabado de acordar, quando Aisha foi avisada sobre uma denúncia anônima, informando que um dos fugitivos tinha sido visto próximo da ferrovia desativada.
- Linda, não posso ficar de fora da operação, o dever me chama.
- Vida, tenha cuidado, volte logo e bem (afirmou abraçando a namorada).
Bruno acordou no meio da manhã, não viu nenhuma movimentação na cozinha e seguiu para o escritório.
- Bom dia!
- Bom dia! Dormiu bem?
- Sim e você parece inquieta logo cedo. O que foi?
- Preocupada com a Aisha, tem uma hora e meia que ela saiu e ainda não me mandou nenhuma mensagem.
- Onde ela foi desta vez?
- A polícia recebeu uma ligação, sobre um dos foragidos.
- Não mencionaram qual deles?
- Pior que não e a apreensão só aumenta.
- Você já comeu alguma coisa?
- Ainda não.
- Então vamos tomar café, logo ela volta e vai ficar tudo bem.
- Deus te ouça.
No distrito policial, todos aguardavam por Aisha, por ela ser a comandante da operação. Inicialmente, ela fez questão de planejar cada detalhe da ação, visando evitar falhas, com sua habitual presteza ela delegou tudo, deixando todos cientes de cada passo a ser tomado e com tudo preparado seguiram para o local indicado.
Na prática fiscalizar, garantir o cumprimento da lei e investigar crimes, é uma tarefa muito árdua, já que é péssimo lidar com criminosos inescrupulosos.
- Agente, essa patrulha vai nos atrapalhar (reclamou antes de descer do carro).
- Inspetora, é devido a quantidade de usuários de drogas nesta localidade.
- Sei que é uma área problemática e que eles estão trabalhando, mas, justo agora, isso acaba alarmando e nos deixando ainda mais distante do nosso alvo, que já deve estar escondido.
- A denúncia não foi nada clara, todavia para senhora não parece ser nenhuma surpresa.
- Pergunte ou não vou ter tempo de te responder, logo começa a correria.
- Como chegou nessa conclusão? (Perguntou com curiosidade).
- Ele é o único que não faz projeções mirabolantes e o que será capturado mais rápido. Chega de conversa e vamos para a nossa especialidade, temos que nos infiltrar agora!
Ela não errou, toda a vigilância da polícia militar, direcionada para o tráfico, fez com que todos ficassem atentos, não foi possível pegar ninguém desprevenido, com isso, precisaram trabalhar a manhã toda, percorrendo terreno baldio e inspecionando cada parte. Pleno domingo e tudo que aqueles profissionais mais queriam era terminar logo e retornar em segurança para as suas casas.
- Senhora (chamou um morador de rua).
Os seus subordinados ficaram apreensivos quando notaram que Aisha deu atenção para o mesmo, imaginando que fosse algum viciado importunando. Porém, seu faro investigativo, foi muito útil, já que ela viu nele um potencial contribuinte e novamente ela não errou, ele deu pistas e apontou de forma certeira o esconderijo.
- Esse buraco deve ser algum tipo de esgoto, melhor nem perder tempo, que lugarzinho ruim, tomado pela marginalidade (disse com descaso).
- Fonseca, primeiro que tua opinião não foi solicitada, já vasculhamos toda a área e sem sucesso. É a única dica que temos, já estamos cansados e não queremos sair daqui sem êxito. Vamos concluir nosso trabalho, entendido?
- Claro inspetora, desculpe, falei sem pensar, não vai se repetir.
- Atenção, a informação é que o nosso alvo está morto, mas, tenhamos cautela, vamos retirar essa madeira com...
Não deu tempo de concluir, ouviram um estrondo, todos foram atingidos por lama, ficaram com temor de que fosse uma cilada, mas, tratava-se de uma brincadeira de muito mal gosto, montaram uma espécie de arapuca, com terra úmida, devido ao tempo de prática, os policiais reunidos analisaram rapidamente a situação, o homem morto que estava naquele buraco, era um crápula, logo chegaram a conclusão que o comandante do tráfico mandou realizar o extermínio e deveria ter seus motivos, mas, não entregaria de bandeja para os ‘meganhas', sem zombar dos mesmos. Aisha soltou um palavrão bem feio e todos os outros também resmungaram raivosos, não era momento para piadas, todavia, é a eterna rixa, entre pessoas que estão em lados opostos da lei.
- Quem estiver menos sujo trate de colher o depoimento daquele homem que foi o informante. Alvo encontrado, vamos nos limpar!
A fúria de Aisha piorou quando ela entrou na viatura e em seu banco tinha um envelope.
Leu: A/C Lacerda e abriu rapidamente, tinham três fotos da intimidade dela e da namorada. Furiosa ela olhou em volta, tentando ver quem tinha deixado, não localizou e envergonhada não quis comentar com seus colegas de trabalho, foi direto para casa.
Ohana estava andando de um lado para o outro aguardando por notícias, estranhou quando viu a investigadora com a roupa toda suja, não teve nem mesmo tempo de questionar se ela estava bem.
- Qual a sua explicação? (Falou quase gritando esticando as fotos na direção da morena).
A jornalista pegou as mesmas tremando e caiu jogada no sofá, ficou estarrecida com as imagens. Perplexa, ficou sem acreditar no que estava vendo.
- Isso pode manchar a minha imagem na corporação, depois de uma operação difícil, que encontramos um dos fugitivos morto, o que foi responsável pela morte do casal no parque, receber isso foi revoltante, com que autorização você nos fotografou nuas?
- Como? (Perguntou em desespero).
- Qual é o seu problema? Você tinha fotos da nossa intimidade no seu apartamento? (A loira questionou com tom de julgamento).
- Você acha mesmo que eu seria capaz disso? Eu te respeito e é o mínimo que espero de você, nunca te mandei nudes e nunca te pedi isso, não tenho coragem, sou tímida para essas coisas, não sei tirar nem foto sensual, sem roupa piorou. Jamais faria algo para te prejudicar no seu trabalho, sempre te falei isso. Me machuca esse tipo de acusação.
Bruno pensou em "sair à francesa", para não se met*r na discussão do casal, mas, não teve coragem, ele não suporta injustiças, apanhou do chão o envelope que tinha caído e logo reconheceu a grafia.
- Ei, vocês duas...
- Melhor você ir embora (disse a dona da casa).
- Pode me xingar, gritar, até espernear e se ainda assim quiser cometer abuso de poder, manda me prender, mas, vai me ouvir. Você está nervosa, toda essa situação é um caos, porém, para e pensa! Você é uma ótima profissional, não pode misturar as coisas e descontar tua raiva na pessoa errada, você está magoando quem te ama muito e vai se arrepender depois. Olha bem para essa grafia, com o sangue quente e atordoada, não prestou atenção nisso, é a tua especialidade investigar, nós vimos aqueles diários horrendos, isso é mais uma do Gaspar (ele falou tudo de uma vez).
Os três ficaram em silêncio por alguns minutos, refletindo sobre tudo que tinha sido dito.
- Amor, me perdoa! (Pediu voltando a si e quase começando a chorar).
- Vá tomar banho (foi tudo que a morena, muito entristecida conseguiu dizer abaixando a cabeça).
Ela obedeceu, era o melhor a ser feito naquele momento e embaixo do chuveiro chorou copiosamente.
- Amigo, por favor, não vá embora, se você for vou querer ir contigo.
- Aqui é mais seguro para você, tem viatura aqui em frente, só vou embora se tua tola e esquentada namorada me expulsar. É aquilo em briga de casal, devemos sim met*r a colher, ainda mais se for para ajudar.
- Bruno, o que eu fiz para merecer tudo isso? Agora mais essa.
- Prefiro nem ver essas fotos, melhor queimar.
- Vou guardar neste envelope e depois a dona Lacerda decidi o que fazer.
- Não podemos ser tão duros com ela, a coitada está se desdobrando para conseguir lidar com tudo isso.
- Bruno, você tem razão, mas, fiquei triste. Poxa, ela desconfiar desta forma.
- Te entendo, é chato e percebo que você ficou sentida.
- As pessoas erram, ninguém é perfeito.
- Agora vamos mudar de assunto, que tal mesmo não sendo mais a minha chefinha, me auxiliar numa reportagem, tenho tudo escrito, mas, falta lapidar e quero entregar ela redonda, como um especial, entende?
- Me mostra.
Os dois ficaram por quase uma hora debatendo sobre o projeto e nem perceberam que depois do banho, Aisha começou a preparar o almoço, fez algo simples, um arroz no forno temperado, frango frito e mousse de chocolate, que Ohana adora.
- Desculpe por tudo e o almoço está pronto (avisou procurando pelo olhar da morena).
Os três comeram em silêncio, somente trocando alguns olhares.
- Tudo ficou muito bom (Bruno disse para quebrar o gelo).
Mas o clima entre elas não estava dos melhores.
- Podem deixar que lavo a louça, vão conversar, neste momento o que vocês mais precisam é procurar ficar bem uma com a outra e unidas (aconselhou).
Fim do capítulo
Bom final de semana! Beijos e abraços May.
Comentar este capítulo:
Vanderly
Em: 29/11/2021
Boa tarde!
Eita que a Aisha pegou pesado desconfiando assim da morena. Tomara que logo se acertem.
Espero que esse Gaspar não consiga mais aprontar pra cima das duas.
Não demore em postar novo capítulo.
Beijos e ótima semana.
Vanderly
Resposta do autor:
Vanderly, muito obrigada por acompanhar e comentar. Concordo contigo, ela pegou pesado mesmo, vamos ver como vão lidar com isso. Pode deixar, quero voltar o quanto antes. Feliz semana! Beijinhos, May.
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Marta Andrade dos Santos
Em: 27/11/2021
Nossa perrengue.
Resposta do autor:
Marta, te agradeço por acompanhar e comentar. Verdade, perrengue e dos grandes. Boa semana! Beijos
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Mille
Em: 27/11/2021
Bem que o Gaspar poderia tb ser morto pelos traficantes.
A investigadora acusando a namorada.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Mille, muito obrigada por acompanhar e comentar. Seria bem mais fácil né, elas se livrarem dele assim rs
Tenha uma linda semana. Beijos e abraços, May.
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