Após passar a noite inteira fazendo amor, me perdendo nos braços da Nicole, não lembrando a hora que fomos dormir, foi mágico. Fizemos amor de todas as formas possíveis, g*zei intensamente até a exaustão. A noite foi perfeita, o pedido foi mais perfeito ainda e me surpreendeu, jogando por terra todos os nossos medos, as nossas duvidas, se é que ainda existia alguma.

Dormia preguiçosamente praticamente em cima da Aline, quando senti que ela estava tentando sair da cama.

_Vai abandonar sua noiva na cama Dra. Aline? _falei de olhos fechados

_Bom dia, minha noiva linda e manhosa _falou beijando eu rosto.

_Bom dia amor! _peguei o celular pra olhar a hora.

_Eu iria descer para preparar o nosso café.

_Por que não me acordou mais cedo, vamos chegar atrasadas.

_Estava pensando em passarmos o dia em casa.

_Amor, hoje eu tenho que finalizar o projeto para fazer o treinamento com o pessoal.

_Eu queria comemorar o nosso noivado, estou tão feliz...

_E essa carinha de chantagem?_ gargalhei, achando lindo a forma como Aline falava.

_Para amor, só quero curtir você só mais um pouquinho.

_Vamos fazer o seguinte: ficamos em casa, almoçamos e a tarde vamos trabalhar.

_Adorei a ideia, eu estava pensando em juntarmos o pessoal para contar a novidade e comemorarmos juntos.

_Sim, com certeza, precisamos compartilhar nossa felicidade com as pessoas que amamos.

_Já que iremos ficar em casa...

Aline não concluiu a frase, me olhou de forma intensa e apaixonante. Passou as unhas nas minhas costas, provocando em mim arrepios, um frio na barriga. Fiquei totalmente de frente pra ela e beijei a sua testa. Acho que nunca perderia a mania de fazer isso em Aline, perdi as contas de quantas vezes acordei no meio da noite, dei um beijo na testa dela e voltei a dormir. A sensação de acordar, passar a mão pela cama e sentir o calor do corpo dela era única. Tinha a sensação que acordar do lado dela tornava o meu dia melhor, me fazia sorrir largamente durante o dia.

_Amor, preciso ir até a minha casa, faz quase duas semanas que não apareço por lá, preciso pegar as contas para pagar, fazer uma faxina, ver o pessoal.

_A Flávinha pode trazer suas contas para o hospital e arranjar uma pessoa pra manter a casa limpa, e quanto ao pessoal, iremos ver todos em breve.

_É impressão minha ou a minha noiva, está buscando saídas para não morrer de saudades.

_Digamos que sim.

_Prometo que fico apenas o final de semana e volto na segunda.

_Podemos falar sobre isso depois, agora preciso de ajuda no banho.

_Nada de banheira mocinha, precisamos descer e contar a novidade para a lu.

Depois de muito controle, tentando segurar as mãos da Aline o tempo todo, o que pra mim era um sacrifício enorme, resistir à vontade de ficar a manhã inteira fazendo amor.

Descemos as escadas de mãos dadas, conversando amenidades e quando a entramos na cozinha, a Lu estava fazendo o café.

_Bom dia meninas! Resolveram ficar em casa hoje e eu concordo plenamente, eu não sei qual das duas trabalha mais, deveriam tirar umas férias.

_Bom dia meu amor! _Aline abraçou a Lu e beijou a bochecha dela várias vezes.

_Bom dia Lu, essa moça me convenceu a ficar em casa na parte da manhã, vamos para o hospital a tarde.

_Por mim, hoje ficaria o dia inteiro em casa, mas...

A Lu colocou o café na mesa e voltou para seus afazeres, estava tão distraída que não percebeu que havia algo diferente.

_Para um pouco, vem tomar café conosco, raramente fazemos isso juntas.

Quando Aline falou, ela parou o que estava fazendo e sentou na cabeceira da mesa, e somente nesse momento ela percebeu as alianças em nossas mãos.

_Meu Deus, não acredito, vocês estão usando aliança!

_Por esse motivo estamos em casa, queríamos que você fosse a primeira, a saber, que estamos noivas. Você é minha segunda mãe, cuidou e cuida de mim, nunca saiu do meu lado, sou muito grata a Deus por ter você na minha vida.

A essas alturas, nós três estávamos muito emocionadas. A lu segurou a minha mão e a da Aline, beijou e deixou que as lágrimas caíssem.

_Seus pais estariam radiantes pela escolha que você fez.

_Eu sei Lu, eles seriam apaixonados pela Nicole, mas não escolhi a Nicole, a vida me deu ela de presente e Deus nos abençoou.

_Já marcaram a data, eu quero crianças correndo pela casa...

_Calma Lu, ficamos noivas ontem, quero planejar com calma, ver onde vamos morar planejar filhos. _Nicole ria da empolgação da Lu.

_Como assim amor, onde vamos morar? Essa casa é enorme, podemos perfeitamente morar aqui, tem espaço e conforto.

_Podemos falar sobre isso depois? _ Falei beijando a mão da Aline.

Pela fisionomia da Aline, vi que seria praticamente impossível fazer com que ela mudasse de ideia, mas deixaria pra ter essa conversa em outra ocasião, não queria que nada estragasse aquele momento.

Passamos a manha inteira largadas, nos curtindo e aproveitando a companhia da Lu. Está que desde que contamos a novidade estava radiante. Não falava em outra coisa, e enchia os olhos de lágrimas quando falávamos de filhos. Que decidiu fazer, segundo ela, um almoço mais caprichado.

À tarde, quando chegamos ao hospital, a nossa felicidade parecia que era palpável, os nossos sorrisos pareciam ser ainda mais espontâneos, o que não passou despercebido pelas pessoas que encontramos nos corredores.

_Bom dia Flavinha!

_Bom dia meninas!

_Alguma coisa pra mim? _Falei tentando agir naturalmente.

_A reunião para amanha foi confirmada por todos.

_Ótimo...me acompanha amor, preciso falar com você.

_Vou só falar com a Flávia e já te encontro.

Mal Aline fechou a porta da sala dela, Flavinha já me encheu de perguntas.

_Aconteceu alguma coisa?  A Aline está radiante.

_A noite deve ter sido boa.

_Por que está com as mãos para trás?

_Já vi que não tem jeito, mas só vou contar se prometer guardar segredo.

_Até parece que sou fofoqueira...se fosse a Karina eu não diria nada...

Ergui a mão na frente dela mostrando a aliança.

_Mentira! Meu Deus, vocês estão noivas, estou muito feliz por vocês _Flávia me abraçou tão emocionada quanto eu.

_Eu sei, imagine como eu estou, a Aline é a mulher da minha vida.

_A Karina vai adorar a novidade.

_Não conta pra ela agora, vamos marcar um jantar e contar pra todo mundo. Só quem sabe é você e a Lu.

_Pode deixar, vai ser difícil, mas vou guardar segredo.

_Ok então, vou dar um beijo na minha noiva, tenho uma porção de coisas pra resolver agora a tarde.

O restante da semana apesar de exaustivo, foi muito tranquilo, sem grandes problemas no hospital. Desisti de ir para casa no final de semana porque resolvemos fazer o jantar para contar a novidade para os nossos amigos. Mas antes precisava fazer algo de extrema importância, e teria que ser antes desse jantar.

No sábado logo cedo fomos providenciar algumas coisas, resolver algumas pendencias, e como decidimos contratar uma equipe para fazer o jantar, só voltaríamos para casa no final da tarde, para descansarmos antes de começar a receber o pessoal.

Muito a contragosto a Lu aproveitaria a noite conosco, quando na verdade, a vontade dela era fazer tudo, desde cozinhar até arrumar a bagunça.

_Amor, quer descansar um pouco antes do jantar? _ Perguntei a Aline, que havia acabado de sair do banho.

_Na verdade, eu queria mesmo era amar você, estou cheia de tesão, mas...preciso ir na casa da Fernanda, pode vir comigo?

_Claro, estou com saudades deles.

Eu já havia falado com a Fernanda, avisei a ela que iria passar lá, precisava conversar com ela e com as crianças, apesar da pouca idade dos meus sobrinhos, eu queria compartilhar com eles o grande passo que daria na minha, era um assunto delicado, mas eu precisava mostrar o quanto estava feliz e que a partir de agora ao invés de uma tia eles teriam duas.

_E esse silêncio nessa casa?

_Tia nina! _Vitória desceu a escada correndo e pulou no meu colo.

_Oi meu amor que saudades de você _ Enchia ela de beijos a fazendo gargalhar.

_Minha mãe falou que você veio contar um segredo.

_Não é um segredo meu amor, é uma novidade, a titia precisa conversar com você e com o Gabriel.

_Oi tia Nick! _ Vitória desceu do meu colo e Nicole abaixou para dar um abraço nela.

_Oi princesa!

_Vem, minha mãe está no meu quarto.

Subimos a escada, com Vitória segurando a mão da Nicole. Era incrível a sintonia que elas tiveram desde a primeira vez, o que me deixava mais tranquila, e me dava a certeza que ela seria muito bem aceita pelos meus sobrinhos.

O ambiente era propicio para uma conversa leve com as crianças, sentamos todos em um enorme tapete, e enquanto as crianças se distraiam com jogos e pinturas, pedi a atenção das crianças e iniciei uma conversa.

_Crianças, a titia precisa ter uma conversa com vocês. A algum tempo atrás, eu conheci uma pessoa muito legal, que cuida de mim, que me faz sorrir todos os dias, e  eu descobri que amava essa pessoa e comecei a namorar. Esse namoro é um pouco diferente, e talvez vocês algum dia vocês irão ouvir brincadeiras chatas, e sempre que isso acontecer eu ou a mãe de vocês precisa saber.

_Tia, a gente sabe que a tia Nick é a sua namorada, relaxa_ Gabriel surpreendentemente solta essa.

_Meu amor como você sabe?_ Eu arregalei os olhos e Fernanda abriu um sorriso largo.

_Aline, eu tomei a liberdade de conversar com as crianças, mas não resisti, tinha que ver essa sua cara de assustada.

_Tia um amigo meu da escola tem duas mães, ele disse que é legal, deve ser a mesma coisa ter duas tias.

Se antes eu já estava sensível, depois da fala do Gabriel, enchi os olhos de lágrima. Saber que o meu namoro era aceito pelo que restou da minha família me deixou muito emocionada.

A Vitória nos observava o tempo todo, e surpreendentemente sentou no colo da Nicole e falou.

_Tia Nick, você vai morar na casa da tia nina? _ Então vai poder vir me ver todo dia.

_Princesa, eu e a sua tia ainda não decidimos onde vamos morar, mas eu prometo que mesmo que seja em outro lugar, vamos vir te ver sempre.

_Posso ser a daminha?

_Claro meu amor, mas quem te falou sobre isso?

_Minha mãe falou que quando as pessoas estão felizes, elas ficam juntas, e ela mostrou como é um... como é mesmo mãe, o nome daquela festa?

_Casamento, meu amor.

Nossa conversa fluiu muito bem, a alegria da Vitória era contagiante, enquanto o Gabriel ficava apenas ouvindo, ela tagarelava o tempo inteiro.

Depois de um tempo nos despedimos de todos e fomos para casa. A minha felicidade era nítida, o fato das crianças terem entendido, ou pelo menos estarem tranquilas em relação ao meu relacionamento com a Nicole, me deixou muito feliz. A pequena Vitória por ser mais nova, talvez não entendesse de fato o que estava acontecendo, mas só o fato dela gostar da Nicole tornava tudo mais fácil.

Estava acionando o portão de acesso a minha casa, quando escuto a voz do Gabriel.

_Tia, espera!

_Oi meu amor.

_Eu não podia falar perto da Vitória porque ela ainda é um bebê, posso falar com você agora._

_Claro que pode! _ Nem de longe conseguia imaginar o que o meu sobrinho queria falar.

_Eu já sabia que a tia Nick era sua namorada, e o meu pai falou que isso é uma doença, mas eu amo você e sei que está feliz, você nunca vai deixar de ser minha tia. Eu acho que o meu pai é que está doente, ele está estranho.

As palavras do Gabriel ligaram um alerta na minha mente, mesmo o preconceito do Igor não sendo novidade, ele tentar usar o meu sobrinho pra me atingir era um pouco demais.

_Meu amor, a única diferença é que eu amo uma garota, mas isso não é uma doença, algumas pessoas não entendem e eu fico feliz que você é um rapazinho muito esperto. E não importa o que aconteça, eu nunca vou deixar de amar vocês.

Gabriel beijou o meu rosto e saiu correndo, e minha única reação foi chorar abraçada a Nicole. Fiquei imaginando até onde iria a loucura do Igor.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo