Capitulo 7
Maria Luiza
Acordei, como todos os dias, com Olivia pulando em minha cama, o relógio biológico dessa menina é mais pontual que qualquer relógio suíço.
- Bom dia mamãe.
- Bom dia filhinha.
- Mamãe, vamos a gente não pode atrasar, a tia Gabi está esperando nós
- A gente.
- Isso mamãe, depressa.
- Minha filha, o certo é dizer a gente ou nos esperando.
- Tá bom, a gente já pode ir?
- Hoje, você vai para a escola.
- Queria ir trabalhar.
- Você vai, depois da escola.
- Tia Gabi vai me buscar também?
- Vou perguntar se ela pode, mas caso ela não possa, você encontra com ela no escritório, tá bom?
- Tá bom, mas diz pra ela que eu quero muito, muito, muito, que ela vai.
Depois de uma manhã agitada, consegui que deixar minha filha na escola no horário certo e segui para a editora, não poderia julgar Olivia por estar tão ansiosa por ver Gabriela, eu só não tinha a desculpa de ter seis anos de idade, quando cheguei ao saguão, e vi aquela talzinha, descaradamente, dando em cima de Gabi, que estava deslumbrante. Eu deveria ter me contido, precisa ter me contido, mas não consegui. Parecia que ela tinha se vestido especialmente para mim, pelo menos era nisso que eu queria acreditar, a levei para minha sala e a observei por alguns instantes. Aqueles olhos negros, os cabelos soltos com os cachos caindo sobre os ombros, sem conseguir me conter me aproximei bem devagar, dando a ela todas as oportunidades de me impedir, passei os dedos pelo seu rosto, fiz o contorno dos seus olhos, do nariz e da boca, vi quando ela fechou os olhos, apreciando o carinho que eu fazia.
- Eu amo seu olhar, abre os olhos pra mim...
- EU amo seus olhos, olhos de ressaca... de cigana obliqua e dissimulada
Gabriele disse rindo largamente.
- Essa é a primeira vez que usam Machado para me elogiar.
- Sério? Você não encontrou pessoas muito espertas.
Ela disse também acariciando meu rosto.
- Gabriela, quero te beijar agora.
- O que a está impedindo?
Era tudo que eu precisa ouvir, encostei meus lábios no dela, ela abriu a boca recebendo a minha, nossas línguas se tocaram a puxei pela cintura colando nossos corpos, as mãos dela envolveram meu pescoço, minha mão ganhando vida própria, começou a acariciar seu corpo, subindo e descendo pelas suas costas. Até meus dedos se perderem em seus cabelos, ouvi quando ela gem*u baixo, aproveitei e mordi de leve seus lábios, dando início a um novo beijo. Poderia ficar durante todo o dia descobrindo seu corpo, mas fomos despertar com o toque do telefone interno, Gabriela se afastou rápido, arrumando suas roupas, seu rosto estava vermelho, sua respiração ofegante, eu não estava tão diferente, depois de respirar fundo algumas vezes e arrumar os cabelos, ela saiu da minha sala.
Gabriela
Que beijo foi esse, ela me tirou de orbita, assim que cheguei em minha mesa o telefone voltou a tocar, Maria Luiza estava sendo chamada no setor de design, ela saiu da sala dela dizendo que assim que retornasse iríamos conversar e eu estava ansiosa. Bianca entrou menos de 30 segundo depois que minha chefe saiu.
- Eu sabia que ia dar certo.
- Tá maluca mulher, o que iria dar certo?
- Sério, você acha que essa cara engana quem? D. Maria Luiza saiu daqui rindo mais que pobre em dia de pagamento, você está mais vermelha que gaúcho em praia do Rio de Janeiro.
- De onde tira essas coisas? Ela me beijou, nossa que beijo, acho que ninguém nunca me beijou desse jeito, estou com as pernas tremendo até agora, meu coração parecendo uma escola de samba. Se o telefone não tivesse tocado...
- Vocês teriam trans*do na mesa? Ela tem pegada?
- Não, claro que não. E não vou ficar te passando todos os detalhes.
- Que ingratidão, mas não tem problema, meu coração continua aberto pra você. Vou trabalhar, ganhar a vida, se precisar de alguém pra ficar de olho na sua mesa enquanto você não faz sex* na mesa da chefe, pode contar comigo.
- Eu não vou trans*r na mesa dela.
- Foi exatamente isso que eu disse.
Fiquei esperando Maria Luiza voltar para conversarmos, mas ela demorou tanto que a primeira candidata chegou, marquei as entrevistas com diferença de 15 minutos, se todas chegassem na hora, as entrevistas terminariam ás 11 horas, tem suficiente para buscar Liv na escola sem atrasos, é horrível ser a última criança na escola, minha princesa não precisa passar por isso. Entramos na sala com a primeira candidata, já não gostei dela de cara, parecia muito séria, rígida. Acenei discreta e negativamente para Maria Luiza que entendeu e a dispensou dizendo que entraria em contato com a resposta, por fim não gostei de nenhuma delas.
- Então não gostou de nenhuma mesmo?
- Não, e você, afinal a palavra final precisa ser sua?
- Da terceira, ela sabe primeiros socorros, tem experiência com crianças que sofrem de asma como a Olivia, não gostou mesmo dela?
- Foi a que eu menos desgostei.
- Sabe o que eu acho, Gabi?
- O que, Malu?
- Gostei, mas acho que você não gostou de nenhuma, porque sabe que quando eu encontrar alguém, ela virá menos para cá.
Ela disse se sentando na beira da mesa, me puxando pela mão me abraçando, deitei minha cabeça em seu ombro, sentindo sua mão nas minhas costas.
- Acho que pode ser isso mesmo, sei que pode ser egoísmo da minha parte, ela deve ficar cansada, mas gosto tanto de ter ela por aqui, rindo e perguntando o tempo todo o que estou fazendo.
Malu me afastou, olhando dentro dos meus olhos, com aqueles olhos dela de ressaca.
- Você vai continuar vendo a Liv, pode não ser aqui no escritório, mas pode ser todos os dias se quiser.
Me afastei de Malu, para ter essa conversa eu não poderia tê-la me tocando...
- Só me dei conta ontem que estava interessada em você, não sou e nunca fui mulher de fugir, sempre abracei meus sentimentos e desejos, foi assim quando me vi aos 17 anos apaixonada por uma amiga de escola. E não iria fugir agora, a única coisa que faço questão de garantir é que Olivia não vai sofrer, nós somos adultas, podemos lidar com o que vir, mas ela é só uma menina.
- Você é incrível por pensar na minha filha dessa forma, ela é e sempre foi minha prioridade, isso é uma coisa que nunca mudará, tenho certeza que ficará encantada em saber de nós duas, mas isso será com o tempo.
- Você está passando por um processo de separação, não quero que acelere as coisas, que faça o que não está pronta para fazer, não quero que se sinta pressionada, muito pelo contrário, vamos levar as coisas de forma leve e aos poucos, pode ser?
- Claro que pode, quanto ao meu divorcio eu já dei entrada no processo, surgiram algumas complicações, meu ex quer metade da editora, e isso não dou, meu avó começou essa editora quando veio para o Brasil, meu pai conseguiu realizar o sonho dele e a transformou em tudo isso, eu cresci nesses corredores, aprendi a amar os livros, Liv também está aprendendo. Mas ele está se valendo do contrato pré-nupcial, ele tem direito a tudo que é meu, isento em casos de traição.
- Mas ele te traiu.
- Isabela, a babá, aparentemente não estava grávida ou o filho não é dele, parece que fez uma vasectomia dois anos depois que Liv nasceu, nem eu sabia disso. Ele nega o caso com ela e com minha antiga secretária, preciso de provas.
-Nossa, que situação, como pretende provar isso?
- Vou contratar um detetive, alguém que encontre Soraya e tentar convence-la a se declarar como amante dele, saber se ela fotos, vídeos ou mensagens de texto. Ofereci a casa que morávamos, já me mudei com Olivia para um apartamento, o carro, dinheiro, mas ele quer aquilo que vai em doer mais.
- E Liv, o que ele exigiu no que diz respeito a ela?
- Nada, pode acreditar? Desde que eu não exija o pagamento de pensão, ele não brigará pela guarda compartilhada, nem pelo direito a visitas.
- Como ele pode não fazer questão de manter contato com ela? Mas por outro lado, ela só precisa de pessoas na vida dela que a amem.
- Sim, minha querida, pessoas que fazem questão da presença dela, assim como você, o que me lembra. Ela pediu que você fosse comigo busca-la na escola, podemos almoçar depois e voltamos mais tarde para o escritório, aceita?
- Claro que aceito...
Fim do capítulo
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Marta Andrade dos Santos
Em: 20/11/2021
Escroto trai e ainda quer levar vantagem.
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