Olá meninas, tudo bem com vocês?
Hoje chego atrasada pois estava num curso (ainda estou). Mas não esqueci de vocês e cá estou eu pra postar mais um capítulo.
Responderei os comentários do capítulo anterior e os desse amanhã.
Espero que gostem do capítulo.
Beijos e excelente leitura!!!
Capítulo 4 – Casos de Família.
Ainda não estava acreditando que nos deixaram plantados. Douglas minimizou o fato e acabou entrando no carro. Ele realmente se desinteressou pelo moreno, já que ele não tolera este tipo de atitude. Eu fui de carro e seguimos viagem. Dali até o haras, fomos no mais absoluto silêncio. Douglas estava concentrado no tablet olhando as redes sociais e eu dirigia no automático, com a cabeça em outro lugar, em outra pessoa.
-----//-----
Quando dei por mim, estava estacionando em frente à minha casa no final do haras. Nós descemos do carro, pegamos nossas malas e entramos e eu já estranhei não ter ninguém em casa.
A casa era o padrão para o estilo de vida do meu pai. Ele nunca foi de luxos e riquezas. Só queria que o haras crescesse. A casa ficou em segundo plano. Tem dois quartos, sala, cozinha, banheiro social e suíte nos quartos. Claro que eu odeio o padrão desta casa desde menina já que eu sempre dividi o quarto com a Bárbara.
E vocês devem se perguntar: quem é Barbara?
Pois bem. Papai adotou uma menina loira de olhos castanhos esverdeados e sorriso travesso quando ela fora abandonada em frente à porta da casa da Matilde. Meu pai se apaixonou logo de cara e eu odiei logo de cara. Tudo bem que meu pai teve aquele instinto paterno crescente dentro dele, até porque, não fazia muito tempo que ele e eu fomos abandonados por minha mãe.
Babi e eu crescemos e nos dávamos bem,até o dia em que cheguei em casa com uma amiga. Ela surtou, deu show e falou várias coisas que não vem ao caso relatar agora e eu fui obrigada a revelar a minha homossexualidade e falar que a "amiga", na verdade, era namorada.
Meu pai demorou a entender e ficou um bom tempo sem falar comigo. Bárbara, nem preciso dizer que ficou sem falar comigo. Depois de um tempo era só o trivial e, hoje em dia, adora me alfinetar. Definitivamente, não gosto dela.
E o bom era que, dessa vez, por conta de um curso que ela estava fazendo no Rio de Janeiro, eu dividiria o quarto com Douglas.
-----//-----
Depois de instalados, resolvemos fazer um lanche. Estávamos na cozinha quando escutamos vozes vindo da sala.
-- Pai, eu falei que não era pra se precipitar. Ela deve estar no banho agora.
-- Não estou no banho. - Falei ao chegar à sala e me deparar com minha "irmãzinha" querida.
Meu pai correu para os meus braços e me abraçou forte. Depois cumprimentou Douglas com um aperto de mão e iniciou o interrogatório:
-- O que aconteceu? Onde estavam? Por que demoraram?
-- Calma, pai. Uma pergunta de cada vez. - Falei pra ele ir se acalmando, mas não resolveu.
--Tenho certeza que estava andando por aí e não quis nos avisar, deixando-nos aflitos aqui.
-- "Deixando-nos" quem, Bárbara? - Perguntei sarcasticamente.
-- Didi, querida. A Babi e eu realmente ficamos preocupados.
-- Tá, pai. Acontece que estourou o pneu do carro na estrada aqui que liga Anchieta á Rio das Águas.
-- Ah! Conta outra. - falou Bárbara olhando desafiadoramente.
-- Esta é a verdade, Bárbara. - Falou Douglas, com o mesmo tom de voz usado por ela.
-- E não me ligaram por quê?
-- Meu celular ficou sem bateria e o do Doug sem sinal. Ficamos aguardando até que um casal nos ajudou.
-- Mentira! Fale aí o nome desse casal. - Gritou Bárbara.
-- Não sabemos! Não quiseram nos dizer. - Douglas gritou de volta.
-- Pai, isso é caô. Pela primeira vez, deixe de superproteger a Diana e encare os fatos.
-- Filha, a Babi está certa. Não tem porque mentir pra mim.
-- O senhor está insinuando que eu esteja mentindo?
-- Histórico você já tem. Lembra quando trazia aquela menina aqui em casa com o pretexto de estudarem e ficavam de sem-vergonhice por aí? - Babi já estava transtornada.
Douglas, que só ouvia a discussão, foi em direção ao quarto e voltou com a chave do fusca. Ele passava por mim, indo para a porta, quando o impedi.
-- Não, Douglas.
-- Mas, bem. Eu vou provar que eles estão enganados.
-- Não! - Gritei exasperada. - Se meu pai não acredita em mim, não tenho porque ficar provando nada.
Saí irritadíssima da sala, indo para o quarto. Aproveitei que as malas não estavam 100% desfeitas e peguei-as, começando a arrumar tudo de volta. Voltei para a sala e meu pai arregalou os olhos quando me viu.
-- Aonde você vai, filha?
-- Pra qualquer lugar onde não desconfiem de mim
-- Ah! Para que o drama? Fica aí logo.
-- Bárbara, chega! - gritei mais uma vez.
Ela me olhava seriamente e meu pai ameaçou vir á minha direção, mas o parei com o olhar:
-- Bárbara, você conseguiu o que queria. Pronto, acabou! Agora eu vou procurar um hotel até eu alugar uma casa.
-- Quê isso, filha? Essa casa é sua.
-- Não. Essa casa é sua e eu não estou disposta a ficar aqui.
Puxei Douglas e as malas e entramos no carro. Ainda olhei mais uma vez para meu pai e vi que ele ficou magoado, mas não mais do que eu. Disso eu tenho certeza.
Saí do haras pisando fundo no acelerador e me segurando pra não chorar. Doug me consolava da melhor maneira possível. Cheguei no centro da cidade e parei em frente a um pequeno hotel, pedi a Douglas que fizesse as reservas enquanto eu ia ao estacionamento. Nos encontramos na recepção e ele havia solicitado um quarto com duas camas de solteiro.
-----//-----
Depois de um bom banho e devidamente instalada, Doug, que entrou no banho depois de mim, deu piti:
-- Ah! Não, mona! Primeiro dia na cidade e você já está dando uma de idosa?
-- Douglas, eu passei quase o dia inteiro dirigindo, perdi completamente o clima depois de ver o meu pai desconfiar de mim e eu ainda não esqueci as traições da Mônica.
-- Aff! Pensei que ela já estava deletada da sua vida.
-- Eu passei três anos ao lado dela.
-- Não, querida. Você perdeu três anos de sua vida com ela que não estava nem aí pra você. Anda, coloca uma roupa e vamos dar uma volta.
-- Tá, Douglas. Quando você quer, consegue ser chato.
Resolvi colocar um shorts jeans surrado, uma regata preta e chinelo havaianas nos pés. Meus cabelos estavam soltos, mas levei uma xuxinha para prendê-los ocasionalmente. Douglas estava com uma baby look branca e bermuda preta e estava com havaianas nos pés.
-----//-----
Saímos do hotel e nos dirigimos a uma sorveteria que ficava em frente a praça central. Entramos no estabelecimento e escolhemos nosso sorvete. Douglas pegou o de pistache e eu o de flocos. Quando me virei para sair da sorveteria, esbarrei em alguém e me surpreendi quando percebi quem era.
-- Não olha por onde anda? - Aquela voz.
-- O-Oi, me desculpa. - Eu a olhava encantada.
De repente, os nossos olhares ficaram presos e eu juro que não conseguia desviar os meus. Até Douglas me socorrer.
-- Ora, ora! Se não é a ruiva sem nome.
-- Sim, sou eu mesma. E vocês, os turistas que estavam com o pneu furado na estrada.
-- Isso mesmo. - Ele respondeu.
-- E aí, como anda a estadia na cidade?
-- Não muito boa. Enfrentamos alguns problemas, mas passa.
Nisso, o moreno que a acompanhava horas antes, apareceu.
-- Aretha! Que demora... -"então este é o seu nome..." - Pensei e sorri em seguida.
-- Desculpa Marvin, esbarrei nos turistas de hoje mais cedo.
-- Que susto! Você sabe que eu fico preocupado contigo desde aquele episódio.
-- Eu me cuido, estou bem mais atenta.
-- Só para deixar claro, só o meu amigo é turista. Eu... - Tentei explicar, mas...
-- Bom, desculpem meninos, é que eu me preocupei com a demora da minha irmã. Como vocês estão? - Perguntou o rapaz.
-- Estamos bem. Decidimos tomar um sorvete pra refrescar. - Disse Douglas, claramente jogando charme pro moreno.
-- Ah! Mas vocês precisam conhecer o melhor sorvete da região.
-- O sorvete caseiro da dona Gertrudes em Rio das Águas. - Eu falei.
-- Como sabe? - Aretha perguntou.
-- Como eu estava tentando dizer, não sou turista, apenas o Douglas. Eu nasci e cresci aqui. Saí da cidade quando ingressei na faculdade e agora voltei, depois de alguns anos.
Aretha e Marvin estavam perplexos com o que eu disse, realmente acreditaram que éramos turistas. Acho que acabei entendendo o porquê dos dois não dizerem nomes quando nos ajudaram mais cedo.
-- Bom, peço desculpas por nosso comportamento. Temos motivos de sobra para não gostarmos de turistas, apesar de termos parado para ajudá-los. Meio que um ato de humanidade. - falou Aretha.
-- Detestamos certos turistas que aparecem por aqui apenas para fazerem baderna dentre outras coisas. Isso é revoltante. - Emendou Marvin.
-- Relaxa, gata. Apesar de eu ser turista, desde que conheço a Didi, praticamente me sinto um Anchietense. - falou Douglas.
-- E nós nem nos apresentamos. - Falou Marvin. - Prazer, sou o Marvin e esta é minha irmã gêmea, Aretha.
-- Sou o Douglas e esta é Diana, minha melhor amiga. Praticamente a minha irmã. - Meu amigo fez as honras.
O olhar dela percorreu o meu corpo e eu senti um estremecimento que há muito tempo não sentia. Eu fiquei extremamente nervosa, mas retribuía o olhar sobre o corpo dela, que era belíssimo por sinal.
Nos cumprimentamos com beijos no rosto e me arrepiei ao tocar a pele dela. Tentei disfarçar, mas acho que acabei dando bandeira demais. Fiquei tão nervosa, que só me acalmei porque meu carma havia chegado a praça.
-- E aí, maninha? Conseguiu se instalar?
-- Sim, Bárbara. Agora você me dá licença que eu vou voltar para o hotel- O meu nervosismo por estar tão perto de Aretha deu lugar à irritação que Bárbara provoca em mim.
-- Não vai me apresentar seus amigos? - Percebi que ela olhou para mim e, em seguida, olhou desafiadoramente para Aretha e eu não entendi nada.
-- Ótimo! Foram eles que nos ajudaram mais cedo com o pneu furado, querida. - Douglas jogou na cara dela tal informação.
Bárbara ficou muito sem graça, olhou para mim com um semblante estranho e saiu correndo. Claro que me perguntei sobre essa atitude sem noção dela, mas deixei pra lá. Eu só queria ir embora. E foi o que eu fiz, simplesmente deixei todos para trás e fui em direção ao hotel.
-----//-----
Estava quase pegando no sono, quando Doug entra no quarto fazendo um escândalo.
-- Seu pai não te deu educação? Onde já se viu sair daquele jeito? Você não pensou em como o Marvin e a Aretha se sentiram?
-- Douglas! Eu não estou nem aí pra eles.
-- Nossa! Desculpa então.
-- Tudo bem, eu que peço desculpas. Eu fiquei irritada por causa da Bárbara.
-- Pois é, menina estranha. Não entendi nada aquele olhar pra cima da Aretha.
-- Você também percebeu?
-- Claro! Muito estranho. Mas eu vou prestar mais atenção da próxima vez.
-- Não perde tempo não, Doug.
-- Ah! Bicha! Minha curiosidade grita pra saber o porquê daquele olhar pra cima da minha mais nova amiga Aretha. Será que ela é lésbica?
-- Quem? A Aretha ou a Bárbara?
-- A Bárbara, claro!
-- O olhar dela pra cima da Aretha não era ao estilo conquistadora. - "e se fosse nesse sentido, confesso que me incomodaria" - Pensei.
-- Pode ser pra disfarçar, sei lá. Mas eu vou descobrir. Ah! Se vou.
-- Só por curiosidade?
-- Não. É porque não vou com a cara dela mesmo. Aí seria bom saber algum podre dela.
-- Ai, Douglas. Só você mesmo.
-- Claro! Ainda mais depois do que aconteceu hoje.
Acabei ficando chateada de imediato, lembrando-me do ocorrido lá em casa. Melhor dizendo, na casa do meu pai.
-----//-----
O dia amanheceu e eu acordei bem, feliz e reparei que Douglas não estava no quarto. Troquei de roupa, fiz a minha higiene pessoal e desci para o restaurante do hotel. Para a minha surpresa, Aretha estava sentada com Douglas no maior bate-papo. Os dois riam muito e Doug gesticulava daquele jeito peculiar dele. Eu não tive reação e aí, meu amigo olhou em minha direção e fez um escândalo:
-- Bi! Olha só quem eu encontrei aqui na porta do hotel.
Minhas pernas fraquejaram quando Aretha lançou aquele olhar profundo em minha direção. Aí eu resolvi tomar uma atitude e andei até eles, antes que eu caísse ali feito fruta madura. Sentei á mesa de forma tão brusca que meu amigo estranhou e já se manifestou:
-- Tá tudo bem contigo, amiga?
-- Tá sim. Acho que foi só uma pequena vertigem.
-- Toma, bebe um pouco de água. - Aretha ofereceu o copo com água para mim.
E ela começou a me abanar com as mãos mesmo, de um jeito que eu achei uma graça. E, para piorar a minha situação, nossas mãos se encostaram quando ela apoiou à mesa e eu também. Fiquei tão ou mais nervosa do que já estava e só consegui dar uma despertada quando Doug comentou sobre o que conversavam:
-- A Aretha estava nos convidando para irmos a um pub em Rio das Águas no sábado. Vamos?
-- Eu não estou no clima pra sair.
-- Eu não falei, Aretha? A minha amiga aqui é nova, mas com uma alma idosa. Minto, idosa não, ela tem uma alma caquética mesmo.
-- Douglas, meu amor. Você sabe dos problemas que ando enfrentando e não tenho vontade de fazer nada por enquanto.
-- Algo que eu possa ajudar? - Perguntou Aretha.
-- Não. São coisas de família e...
-- Será que podemos conversar, filha?
Eu olhei para o lado e vi meu pai com um semblante cansado e, ao lado dele, Bárbara. Também não estava com uma cara boa e só piorou quando o olhar dela cruzou com o de Aretha.
-- Outra hora nós conversamos. Estou tomando café com meus amigos, depois apareço no haras. - Falei olhando para meu pai e desviei o olhar em seguida para Aretha e percebi que ela ficou meio pálida.
-- Filha.. Você vai me crucificar até quando?
-- O único que crucifica aqui é o senhor. Não lembra do que me disse antes?
-- Olha! Não sei os motivos pelo qual vocês brigaram, mas é melhor você conversar com o teu pai. Não é legal ficar brigado com pessoas da família. - Falou Aretha, olhando para meu pai e abaixando a cabeça, em seguida.
Pensei no que ela me disse e, ainda mais em suas atitudes desde que ele e Bárbara chegaram. Parece que já se conhecem de algum lugar. Acho até que tem a ver com a atitude de Bárbara ontem.
Depois desse pequeno devaneio, aceitei conversar com meu pai e Bárbara naquele momento. Douglas e Aretha saíram da mesa, dando passagem a meu pai e minha irmã. Quando se sentaram, Bárbara iniciou a conversa:
-- É difícil ter que admitir que eu agi mal ontem. Deveria ter lhe dado um voto de confiança, mas ao mesmo tempo, fiquei chateada. Se fosse eu, todo mundo cairia em cima de mim e eu sabia que o pai ficaria do seu lado.
-- E aí você resolveu botar as manguinhas de fora e dar aquele show?
-- Me desculpa, Diana. - Bárbara fez aquela cara de cachorro que caiu da mudança.
- Bárbara, me deixa sozinha com papai. Depois conversamos.
Ela se levantou da mesa, indo para fora do hotel, deixando papai e eu sozinhos. Olhei para ele desafiadoramente.
-- Pronto, estamos sozinhos. Pode falar o que lhe trouxe aqui.
Fim do capítulo
Como quem já me conhece, sabe que eu adoro um barraco.
E não seria história minha se não tivesse um barraquinho de leve.
E aí?
O que acharam dos novos personagens da história?
Comentar este capítulo:
Marta Andrade dos Santos
Em: 21/10/2021
Kkkkk quem não gosta de barraco.
Resposta do autor:
Eu amoooooo!!!
[Faça o login para poder comentar]
NovaAqui
Em: 21/10/2021
Que irmã chatinha
Descobriu o nome da ruiva: Aretha
Acho que tem algum problema acontecendo
Será que Bárbara e Marvin se relacionam com a família de Diana? Eles devem se conhecer
Mistérios
Resposta do autor:
Olha, eu prefiro não opinar sobre a Babi. Só leia que ela pode surpreender...
A ruiva tem nome e é lindo!!!
Será que tem algum problema acontecendo?
Só lendo pra saber mesmo pq não sou de dar spoilers (mentira, eu cometo altas gafes com isso hahahahahahahaha).
Olha, essa sua pergunta sobre Barbara e Marvin foi interessante, mas posso dizer que Barbara e Marvin não possuem vínculos (tá vendo? Spoiler).
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]