- Olá, você deve ser a Helena, certo? - Falou sorrindo em minha direção com a mão estendida.

Que sorriso essa mulher tem, coisa mais linda.

- Oi, sim. Sou eu mesma. - Falei depois do que pareceu uma eternidade olhando-a e estendendo minha mão para lhe cumprimentar.

Só espero que não tenha feito papel de idiota e não tenha feito ela esperar muito tempo com a mão estendida.

- É um prazer te conhecer. Sou Melissa Castro Garcia, a diretora da escola. Pode sentar-se, por favor. - Disse ainda sorrindo e apontando para a cadeira que tinha em frente a mesa para quem a visitasse pudesse sentar.

Melissa é um nome que definitivamente combina com sua beleza.

- O prazer é todo meu. Obrigada. - Falei sorridente até demais e sentando onde me foi indicado.

- Você trouxe o seu currículo? - Perguntou-me olhando em minha direção.

- Claro, trouxe sim. - Falei um pouco nervosa enquanto tentava tirar a folha de dentro da pasta.

Do jeito que eu estava nervosa com sua presença e embasbacada com a beleza dessa mulher provavelmente não conseguiria a vaga.

- Obrigada. - Falou concentrada em avaliar meu currículo após eu entregar em sua mão fazendo que nos tocássemos novamente.

Confesso que não sabia muito bem como agir nessa entrevista porque de certa forma sua presença me era intimidadora e eu sequer conseguia pensar em o que falar e talvez me destacar de alguma forma.

- Confesso que seu currículo é muito bom embora você não tenha tido nenhuma experiência como professora que não seja a dos estágios. Você se formou a pouco tempo, não é mesmo? - Questionou com uma postura séria que me deixou completamente hipnotizada.

- Durante a faculdade eu sempre busquei fazer alguns cursinhos para me aperfeiçoar ainda mais e sim, embora não tenha tido nenhuma experiência além dos estágios lhe garanto que sou completamente capaz de lecionar e fazer um excelente trabalho com os alunos. Faz cerca de dois meses que me formei, de fato. - Falei séria, mas tranquila.

- Não estou duvidando da sua capacidade, até porque uma amiga minha falou muito bem de você, parece que foi ela que esteve em um dos seus estágios e gostou muito da sua dinâmica em sala de aula. - Disse sorrindo em minha direção, tirando o óculos e olhando diretamente em meus olhos.

- E eu poderia saber quem é a sua amiga? - Perguntei sorrindo pelo elogio que recebi.

- A professora Cláudia. - Falou sorrindo.

Pelo amor de Deus, essa mulher fica linda sorrindo, séria e de qualquer jeito.

- Oh, a Cláudia é um amor. Fiz os dois últimos estágios com ela e foi incrível. - Falei sorridente.

Cláudia é realmente uma mulher incrível e sua didática em sala de aula nunca é a mesma, ela vive fazendo trabalhos diferentes e usando metodologias diferenciadas para que os alunos tenham pelo menos um pouco de diversão ao aprender a matéria porque convenhamos, para quem não gosta português e literatura consegue ser tão ruim ou até pior que as matérias de exatas são para mim.  

- Ela com certeza vai gostar de saber disso. - Disse dando risada.

Que som gostoso de ouvir.

- Pois eu já lhe falei isso diversas vezes, mas acho que ela pensou que queria puxar o saco.

- Falei dando uma gargalhada contida ouvindo novamente a risada da Melissa.

- Pode ser que sim, ela odeia pessoas que puxam saco dela. - Disse rindo novamente.

- Deve ser extremamente chato. - Falei em compreensão.

- E de fato é, falo por experiência própria. - Falou sorrindo. - Mas enfim, gostei muito do seu currículo e na verdade já estava com a ideia de que iria te contratar e após termos essa conversa apenas tive mais certeza.

- Espera, então quer dizer que estou contratada? - Falei com os olhos levemente arregalado e um sorriso que parecia ser maior do que o normal.

- Sim, senhorita Helena. Você está contratadíssima. - Disse rindo, provavelmente estava com cara de idiota.

- Nossa, não sei nem o que falar. Muito obrigada por me dar essa chance, prometo que não irei decepcioná-la. - Falei sincera olhando diretamente em seus olhos e segurando a vontade de morder meus lábios e pensar no quanto os seus são convidativos.

A quem eu estava querendo enganar, essa mulher é perfeita, arrisco dizer até que é areia demais para o meu caminhãozinho e possivelmente já seja comprometida, infelizmente.

- Bom, estou depositando minha confiança em você a partir de hoje. Aqui estão os papéis que você precisa assinar, pode lê-los com calma e em seguida preciso da sua assinatura em todas as folhas onde consta assinalado na parte de baixo. - Falou enquanto demonstrava rapidamente o que falava.

Eu estava extremamente alegre e embora quisesse me controlar e não demonstrar alegria excessiva em sua frente, estava sendo quase impossível. Aproveitei que havia cerca de dez folhas para que eu lesse e assinasse para tentar me distrair e evitar ficar parecendo uma criança quando ganha um presente.

Conforme o contrato eu daria aulas de segunda a sexta, manhã e tarde, com alguns períodos livres, tendo dias que poderia ir mais cedo para casa e outros que poderia chegar mais tarde na escola e que lecionaria tanto português quanto literatura. Informava sobre as regras da escola, sobre as feiras culturais que ocorrem e em quais épocas do ano além de informações como uniforme dos alunos e algumas outras descrições.

Após ler tudo, voltei as folhas assinando sempre que havia a marcação ao final de cada folha e entreguei tudo devidamente assinado para a diretora que na mesma hora conferiu se estava tudo certo e me deu uma cópia para que eu guardasse.

- Bom, acredito que está tudo certo. Vou buscar as informações sobre a grade curricular e os conteúdos que precisam estar presentes nas aulas obrigatoriamente. Como hoje é quinta, você começará a partir de segunda. Se quiser pode vir aqui amanhã que lhe mostro todas as salas, te apresento aos professores para que segunda você já esteja familiarizada com o ambiente. Só não faço isso hoje porque os alunos foram liberados mais cedo bem como os professores. - Falou tudo em um fôlego só, praticamente.

- Relaxa, não tem problema. Amanhã estarei aqui. Qual horário fica melhor para você? - Perguntei para ela sorrindo. Eu realmente estava muito feliz.

- Pode ser em torno das dez horas da manhã? É um pouco antes do recreio e desta forma consigo te apresentar todos os professores e após te mostro a escola. - Falou após pensar um pouco.

- Perfeito pra mim. Às 10h estarei aqui conforme marcado com você. - Informei sorrindo.

- Fechado então. Aliás, deixa eu te perguntar, você realmente tem somente 23 anos? - Perguntou demonstrando curiosidade.

- Sim. Pareço mais velha né? Acho isso um saco. Imagina quando eu estiver perto dos cinquenta, vão achar que tenho uns vinte anos a mais. - Falei rindo porque realmente era uma pergunta normal que sempre me faziam.

- Capaz, eu pensei que você tinha menos quando lhe vi entrar na sala, confesso. - Falou rindo.

- Nossa, é a primeira vez que alguém fala que pareço mais nova. Acho que por conta da minha expressão quase sempre séria acabo passando uma ideia diferente para as pessoas, não sei. - Falei sincera.

- Bom, já está na minha hora. Se importa de me aguardar enquanto guardo esses papéis antes de irmos? Desta forma consigo te acompanhar até lá embaixo. - Falou já ajeitando os papéis que tinha em cima de sua mesa.

- De maneira nenhuma, lhe aguardo, fique à vontade. - Falei observando-a.

Só espero que toda essa coisa que eu estou sentindo seja somente encantamento porque não posso de maneira nenhuma me apaixonar de novo por ninguém e muito menos alguém que trabalhe comigo. Não faz muito tempo que saí de um casamento e não quero me envolver com ninguém tão cedo. Fiquei olhando-a e prestando atenção em cada detalhe seu sem que ela perceba que sequer notei quando ela estava pegando sua bolsa de cor preta e alças curtas próprias para carregar na mão e me encarava.

- Oi, perdão? - Falei após ter percebido que ela tinha falado algo que eu sequer tinha prestado atenção.

- Eu disse que estou pronta, podemos ir. - Falou dando um sorriso gentil em minha direção.

- Pois então vamos. - Falei sorridente abrindo a porta e esperando-a do lado de fora.

Descemos as escadas conversando amenidades e após informar que já estava indo para a moça da recepção que descobri se chamar Aline, fomos em direção ao estacionamento. Para minha surpresa ela tem um Volvo XC40 azul, simplesmente lindo. Provavelmente fiquei de boca aberta olhando-a abrir a porta do veículo porque só saí do transe ao ouvir sua risada alta. Imediatamente senti meu rosto queimar de vergonha.

- Essa é a reação de todos que veem que eu tenho o Volvo. - Disse ainda rindo.

- Desculpa, não queria ser indelicada, mas esse carro é lindo e até que combina muito com você. - Falei sem pensar e senti como se meu rosto queimasse ainda mais de vergonha.

- Obrigada, sou apaixonada nele principalmente porque ganhei de presente do meu pai quando concluí o doutorado. - Falou sorridente.

- Nossa, parabéns. É de fato um feito extraordinário. - Falei impressionada e pensativa.

Para ela ter concluído o doutorado não deve ter menos de trinta anos, mas confesso que ela parece incrivelmente nova e que não daria mais do que uns 25 anos para ela tamanha sua beleza e jovialidade.

- Obrigada, foi de fato um momento de muita realização. - Disse sorrindo em minha direção enquanto segurava a porta do veículo aberta.

- Bom, então amanhã estarei aqui às 10h conforme combinamos. Tenha um bom fim de dia e uma boa noite, diretora. - Falei sorridente lhe olhando enquanto acionava o alarme do meu HB20 preto que estava coincidentemente ao lado do seu veículo e eu sequer havia reparado antes, provavelmente pelo nervosismo.

- Aguardarei ansiosamente para que estejas aqui. Que você também tenha um bom fim de dia e uma boa noite. - Falou enquanto entrava no carro.

Fiz o mesmo e entrei no meu carro ligando o mesmo e colocando uma música para ouvir enquanto aguardava que ela saísse para que eu a seguisse e fosse para casa.

Enquanto ia pra casa fiquei pensativa quanto a última frase dita por Melissa.

O que ela quis dizer sobre aguardar ansiosamente para que eu esteja lá? 

Fim do capítulo