Oi pessoas
Filha?
POV PETRA
Não estava afim de ir almoçar com meu pai, ainda mais para conhecer alguém, mas faria isso, como Marina disse: ele pelo menos está tentando se reaproximar. Depois da minha esposa tentar desfazer meu bico, nós partimos para o hotel que meu pai estava hospedado. Malu estava empolgada com o presente que ele a prometeu.
-Desfaz essa cara amarrada, amor. - Mariana tinha a mão entrelaçada na minha. - É só um almoço.
-Só não estou animada. - Minha relação com meu pai era algo complicado.
-Vamos fazer assim, almoçamos com ele e depois podemos ir ao cinema. - Ela me deu um beijo e se aproximou do meu ouvido. - E depois eu posso fazer o que você quiser.
-O que eu quiser? - Dei um sorriso malicioso e ela mordeu o lábio e balançou a cabeça em confirmação.
Demos um beijo rápido e fomos ao guichê do hotel, o recepcionista nos informou que meu pai já nos aguardava. O rapaz nos acompanhou até o restaurante do hotel e meu pai acenou para nos aproximarmos.
-Filha! Que bom que vocês vieram. - Meu pai se levantou e abraçou nós três. - Olha o que o vovô trouxe pra você!
Ele pegou um embrulho grande e entregou à minha filha que rapidamente rasgou a embalagem e um sorriso enorme quando viu do que se tratava o presente.
-É uma boneca mamãe. - Filha foi rasgando a caixa e nós três sorrimos com a empolgação dela. - Eu amei vovô, “obigada”
-Que bom que gostou. - Meu pai estava feliz e eu estranhava essa interação toda. -Bom, chamei vocês aqui para apresentar uma pessoa.
Uma mulher se aproximou da nossa mesa e meu pai se levantou ficando ao lado dela. A mulher sorriu de forma simpática e logo Mariana se levantou para cumprimentá-la.
-Essa é a Clarisse, minha namorada. - Isso explicava muita coisa.
-Amor, essa é a minha filha Petra e minha nora Mariana. - A mulher nos deu dois beijinhos. - E essa lindinha, é minha neta Malu.
-Oi Malu, tudo bem? - Minha filha brincava com a boneca e nem deu muita atenção para a mulher.
-Vamos comer? - Meu pai estava agindo igual bobo, e isso me deixava intrigada.
Na verdade eu acho que estava um pouco enciumada, não queria outra pessoa no lugar da minha mãe, eu iria preservar a memória dela, mesmo sem conhecê-la. Clarisse era um poço de simpatia e minha mulher logo entrou com ela e meu pai se mantinha ao lado todo empolgado.
-E você, Petra? Está tão calada. - Clarisse chamou minha atenção enquanto eu brincava com Malu. - Seu Pai me disse que você é chef de cozinha.
-Sim! - Respondi sem ânimo e Mariana me cutucou.
-Ela é a melhor chef que o creme brülee poderia ter. - Meu pai disse orgulhoso, o velho realmente estava tentando se aproximar.
-Na verdade eu não trabalho mais lá. - Meu pai me encarou curioso. - Em breve terei o meu próprio restaurante.
-Poxa filha, e você nem me disse nada. - Meu pai pareceu chateado. - Só queria saber mais sobre você.
-Agora? - Falei com certa mágoa e meu pai suspirou.
-Petra, para com isso. - Mariana me repreendeu e eu me levantei irritada.
Meu pai quase nunca foi participativo em minha vida, eu sempre me virei sozinha com a ajuda da minha avó, e agora aparece me cobrando as coisas, como se nada tivesse acontecido? Pra que? Para impressionar a namoradinha nova?
-Filha? - Estava na varanda do hotel quando meu pai se aproximou. - Podemos conversar?
Não respondi e ele se juntou a mim olhando para o horizonte, eu não tinha muita afinidade com ele, mas eu o amava de qualquer forma.
-Petra, eu fui falho com você. - Ele quebrou o silêncio. - Sempre trabalhei muito e deixei você de lado, eu não soube cuidar de você depois que sua mãe se foi. Me ocupei de trabalho, pois a falta que sua mãe me fazia era insuportável, ela ainda me faz falta. E todas as vezes que eu olhava para você eu só enxergava ela, eu não sabia lidar com isso e deixei que sua avó me ajudasse,
-Pai… - Tentei interromper
-Eu achava que com bens materiais eu estava suprindo minha falta, mas isso era uma perfeita ilusão. - Ele desabafa com mágoa de si próprio. - Você cresceu, se tornou mulher, esposa, mãe e eu não estava lá presente, e não é justo eu chegar aqui cobrando as coisas . Nós dois não podemos recuperar o tempo perdido, mas podemos recomeçar. Você me dá uma segunda chance?
Não respondi com palavras, apenas abracei meu pai apertado. Ficamos ali naquele abraço e só soltamos quando as meninas se aproximaram.
-Tem um espacinho pra nós? - Mariana perguntou sorrindo.
-Claro, sempre tem minha filha. - Meu pai abraçou Mariana e eu ao mesmo tempo.
Eu acho que era isso que eu queria, ter meu pai presente na minha vida, poder fazer coisas de pai e filha, coisas bobas como ir ao shopping em um domingo à tarde. Passamos o resto do dia curtindo nosso momento família, meu pai estava feliz com a nova namorada e eu ficaria feliz por ele.
-Quero conhecer meu outro neto. - Estávamos conversando sobre o José.
-Não vemos a hora de ter ele de volta, Pai. -- Mari fez um carinho em minha mão.
-Nós vamos traze-lo de volta, eu estou aqui para ajudar. - Meu pai disse nos passando segurança. - E a Clarisse também.
-No que depender de mim, vamos reunir essa familia o mais breve possivel. - Clarisse era desembargadora nos Estados Unidos, e sei que ela poderia ter alguma influência boa para nós ajudar.
No fim da tarde nos despedimos do meu pai e Clarisse, combinamos de nos encontrar amanhã e estudar uma estratégia. Estávamos saindo do hotel do meu pai, Malu dormia tranquila no meu ombro e Mariana estava de mãos dadas comigo, mais a frente vi duas pessoas conhecidas e quando nos aproximamos, pude ver Bruno e o pai de Mariana conversando com um outro homem. Encarei Mariana e ela tinha uma expressão confusa, ela queria ir até eles, mas eu a impedi.
Nós nos mantemos mais afastadas e observamos os dois, o pai de Mariana recebeu um envelope pardo e Bruno observava ressabiado. Aquela situação era bem estranha e muito suspeita.
-Amor, eu vou até lá. - Segurei sua mão e não deixei.
-Mari, pode ser perigoso. - Puxei sua mão para voltarmos para o hotel. - Não sabemos quem é aquele outro homem.
-Eu preciso descobrir o que o meu pai e Bruno tanto fazem junto.
Fim do capítulo
Eitaaa
me desculpem a demora, eu estava sem inspiração.
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