Capitulo 53
A Última Rosa -- Capítulo 53
Jessica olhou nos olhos de Maicon. Sentia ódio e um desejo incontrolável de vingança.
-- E então, seu fedorento? Agora você virou uma mulherzinha?!
Maicon fechou os olhos.
-- Não me mate, por favor! -- ele ouviu um click e encolheu-se.
Naquele momento Jessica sentiu um perfume gostoso, suave, que a fez aspirar o ar com prazer.
Alguém segurou sua mão, e ela não conseguia ver quem era, mas a delicadeza do toque a deixou imensamente feliz.
-- Jessica.
-- Quem é você? -- mesmo não conhecendo o homem, Jessica sentiu o peito explodir de alegria e paz.
-- Eu me chamo Samuel Felipe Vaz -- seu semblante era triste e sua voz suave -- O que está fazendo, Jéssica? O ódio está apagando a sua luz e quem fica no escuro atrai só coisas ruins.
-- Mas como não odiar uma pessoa que fez tanto mal às pessoas? Olhe para ele. Ele trouxe a infelicidade a Michelle, à tia Inês e à Marcela. Eu queria que todos fossem felizes.
-- Você não sabe o que vai dentro da alma das pessoas. Não deve querer fazer o papel de Deus, só a ele cabe julgar. A única coisa que pode fazer é envolver as pessoas com luz, pensamentos de paz.
-- Isso vai ajudar as pessoas que estão infelizes?
-- Sim, mas antes você precisa mandar o ódio embora, serenar sua alma, sentir a certeza de que Deus está cuidando de tudo. Só quando sentir que está bem, poderá ajudar as outras pessoas.
-- Se Deus está cuidando de tudo, porque a minha vida está um inferno?
-- Os desafios sempre estão presentes em nossa vida e aparecem de acordo com nossas necessidades. Você vai ter que resolver os seus problemas. É a vida, minha filha. Matar esse homem não vai melhorar em nada a sua vida, muito pelo contrário, vai encher o seu coração de arrependimento e remorso por ter cometido um mal.
-- Entendi.
-- Agora tenho que ir. Pense no que eu lhe disse. Aconteça o que acontecer resolva seus problemas com amor em vez do ódio. Não tenha medo, confie em Deus.
-- Por favor, me diga quem é você.
-- Desde o nascimento até o desencarne e, muitas vezes, na vida espírita, prolongando- se através de muitas existências, o Espírito protetor se dedica a uma criatura para guiá-la no caminho do bem. Eu sou o seu guia, você não ouviu os meus conselhos, então me afastei, mas não a abandonei completamente, permaneci atento para auxiliá-la quando voltasse a me ouvir. Você pode me chamar de Espírito protetor, anjo da guarda ou bom gênio, o que quiser. Eu tenho por missão acompanhá-la na vida e ajudá-la a progredir.
-- Você estará sempre comigo, Samuel?
-- Desde que você se disponha ao trabalho edificante, ao estudo ou à prática do bem, sempre terá a minha ajuda, pois o Senhor auxilia aos homens através dos Espíritos cumpridores dos seus desígnios.
Depois de depositar um beijo na testa de Jessica, ele desapareceu.
-- Não me mate, eu imploro.
A voz de Maicon trouxe Jessica à realidade. Sentia-se leve, alegre, feliz! A certeza de que Deus seguia à sua frente cuidando de tudo, a deixou radiante.
-- Não vou te matar, Maicon. Não vou usar o ódio como arma, não sou como você. Vou te colocar nas mãos das autoridades e deixar que eles façam o seu trabalho.
Jessica sentou-se em uma pedra, sentindo-se em paz e feliz. O ódio, a angústia e a descrença haviam desaparecido. Samuel estava certo, ela havia se deixado dominar pelo sentimento de vingança e ódio. Como é que poderia resolver seus problemas estando cega e obcecada?
-- Quem é Fábio?
Maicon arregalou os olhos.
-- Não faço a mínima ideia.
-- Sério? Então porque chamou aquele homem por esse nome?
-- Não sei do que você está falando -- ele respondeu, sem olhar para ela.
-- Não deveria encobrir um cara que o deixou para trás no momento da fuga. Ele não está nem aí para você.
-- Que se dane -- ele respondeu, irritado.
Então, os rapazes cercaram Maicon, impedindo qualquer possibilidade de fuga.
-- Pensei que fosse matá-lo -- comentou Pablo.
Jessica abriu a boca, e um sorriso tomou conta de seus lábios.
-- Eu falei muita besteira, o ódio que eu sentia, me fez confundir justiça com vingança. O meu sofrimento me fez desacreditar no amor.
-- Que bom que percebeu isso à tempo.
-- Graças ao Samuel.
-- Este tal de Samuel esteve aqui? -- Pablo perguntou, verdadeiramente admirado.
-- O Samuel está aqui, Pablo -- Jessica tocou-lhe no ombro -- Ele sempre esteve ao meu lado, eu que nunca percebi.
Pablo não entendeu nem metade das palavras de Jessica, mas percebeu que era algo bem pessoal, então, não comentou mais nada.
-- A polícia já chegou, está lá na casa recolhendo os bandidos.
-- Ótimo trabalho rapazes. Alguém morto ou ferido?
-- Apenas um ferido. Os demais se entregaram.
-- Parabéns! -- Jessica olhou para Maicon por um momento, balançou a cabeça e apontou um dedo acusador para ele -- Você vai pagar por tudo o que fez. Desde o desvio do dinheiro dos clientes do banco ao assassinato da Marcela e da Augusta.
-- É o que veremos! -- respondeu Maicon, com os olhos faiscando.
-- Estou indo -- avisou Jessica, jogando a pistola para Capone -- Espero vocês no carro.
O espírito de Marcela tentava desesperadamente se aproximar de Jéssica, mas uma barreira poderosa a impedia.
-- Você não vai mais conseguir se aproximar dela -- disse Samuel -- Jessica voltou ao caminho do amor.
Marcela se desesperou e gritou:
-- De onde você saiu? Eu não desistirei dela.
-- Espirito ruim, como sofre, quer fazer os outros sofrerem também; sente prazer em atormentar as pessoas. Você age por ódio e inveja do bem; é por isso que atormenta as pessoas bondosas. Vá embora, espírito invejoso, deixe a Jessica em paz.
Ele estendeu as mãos emitindo raios cor de fogo que atingiram Marcela. Ela berrou de dor e fugiu apavorada.
Samuel olhou para a loirinha e sorriu.
-- Confie em mim, que nada de mal lhe acontecerá.
Em seguida, desapareceu.
Indiferente ao que acontecia em volta, Jessica retornou ao carro.
Assim que se encontram, Michelle abraçou-a o mais forte que conseguiu. Lágrimas escorriam pelo rosto dela. Jessica passou a mão pelos cabelos ruivos, confortando-a.
-- Está tudo bem agora, amor.
-- Fiquei com tanto medo -- o rosto de Michelle estava pálido, os lábios brancos.
-- Maicon não vai mais nos perturbar, ele foi preso.
-- Tem certeza?
-- Absoluta. Agora está lá, chorando como um bebê.
Michelle sorriu entre lágrimas. Ela examinou Jessica com mais atenção, estava com a camiseta suja de sangue.
-- Oh, Senhor! Você está machucada? Está sentindo dor?
Jessica sorriu.
-- Eu estou bem. Uma bala ricocheteou em uma pedra e me atingiu de raspão. Está doendo um pouco, mas nada demais.
-- Mesmo assim vamos ao hospital.
-- Primeiro eu quero falar com o delegado e o detetive.
-- Não, Jess, deixe isso para amanhã -- os olhos cor de mel imploravam para que ela concordasse -- Por favor, amor.
Jessica abraçou-a forte, sussurrando.
-- Tudo bem, meu anjo. Você é o meu amor, e eu vou cuidar de você. Vou ligar para o delegado Nilson, ele vai entender.
Michelle fechou os olhos, saboreando a segurança do lar.
-- Meu Deus, como é bom estar em casa novamente.
Valquíria acabou de arrumar a mesa e sentou-se ao lado da amiga.
-- Aquele bandido merecia morrer. Porque você deixou ele vivo, Jessica? Devia ter mandado aquele maldito para o além.
Jessica tomou um grande gole do café preto e forte, recostou-se na cadeira e fez uma careta.
-- Tia Inês tem razão quando diz que todo o mal que você fizer a outro, vai te perseguir nesta e em todas as vidas futuras. Se tudo que você faz hoje, amanhã retorna, prefiro que seja o amor e o perdão.
Os amigos se entreolharam com um ar surpreso.
-- Eu hem -- Pepe fez cara de desdém -- Para quem queria estourar os miolos do carcará, a mudança foi bem grande. Viu a luz do céu?
-- Não virei santa, não. Apenas decidi ouvir o meu espírito protetor, Samuel Felipe Vaz.
-- Que lindo, amor! Quem foi Samuel Felipe Vaz?
-- Ainda não sei, mas vou pesquisar.
-- Eu tenho medo dessas coisas -- disse Valquíria -- Me passa o pão, Pepe.
-- No começo até senti medo, mas depois, foi uma sensação maravilhosa de paz interna e alegria. Esse doce de banana está delicioso, Valquíria.
-- Eu fiz hoje de manhã, sempre que fico nervosa tenho que preparar alguma coisa. Me acalma os nervos.
-- Me serve um pedaço de bolo de fubá, Jess?
-- Claro amor.
-- Quem vai buscar a tia Inês no hospital? -- perguntou Pepe.
-- Eu vou -- respondeu Jessica -- O detetive está me aguardando às oito, depois passo no hospital para pegar a tia.
-- Você está melhor Jessica? -- perguntou Valquíria.
-- Sim, o médico prescreveu uma injeção de diclofenaco e analgésico. Estou muito bem.
-- E você, Mi?
-- Toda dolorida, mas também fui medicada. Vai levar alguns dias até eu ficar cem por cento, é normal.
-- Aquele hospital me traz doces lembranças sensual.
-- Que coisa Pepe, não tem um lugar melhor para ter lembranças sensual?
-- Qualquer lugar é lugar para se ter lembranças sensual, Jéssica. Uma vez no banheiro da escola...
-- Chega Pepe, essa lembrança não me interessa. Me conta do hospital. Agora fiquei curiosa.
-- Eu também -- Michelle mordiscou um pedaço de bolo.
-- No último dia que eu fiquei com você no hospital, conheci um cara lindo.
-- Hum -- Jessica fez a maior cara de paisagem -- E se apaixonaram perdidamente.
-- Sim, mas ele ainda não sabe. Quando ele souber, virá correndo atrás de mim -- ele golpeou suavemente as unhas contra a mesa -- Não quer saber quem é o cara gostosão? -- perguntou ele, olhando diretamente para o rosto de Jessica.
Jessica sacudiu os ombros.
--Tanto faz.
-- Ele é um Parker.
Jessica se interessou imediatamente.
-- Um Parker?
-- Sim, um Parker -- ele respondeu, tomando lentamente um pouco de refrigerante.
Jessica se inclinou para frente.
-- Como ele se chama?
.
Fim do capítulo
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NovaAqui
Em: 05/08/2021
Um Parker no caminho... Jéssica não tem paz
Agora é buscar tia Inês, contar sobre o Samuel e esperar tia Inês esclarecer quem é/foi ele
Que bom que Jéssica ouviu seu mentor
Abraços fraternos procês aí!
Resposta do autor:
OLÁ NOVAAQUI
Chegou o momento das revelações. Muita emoção pela frente.
Beijos. Até.
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Mille
Em: 05/08/2021
Oi Vandinha
Será que a cada cai para o Fábio???
Ele não gostou de saber que a Jéssica irá ser a herdeira.
Samuel salvou a Jéssica e não só ela, a todos que estão na vida da Jéssica.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá Mille.
Pois é Mille. Será que Jessica ainda passará por mais essa decepção.
Será que Jessica vai conseguir descobrir quem foi Samuel?
Beijos. Até.
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