SAVANNAH POV 

-Eu vou matar vocês! – acenou com a cabeça para sua comparsa.

 Ela prontamente disparou contra Carmen!

- Não!!!!! – gritei tentando chegar próximo dela, mas fui contida por ela que colocou a pistola na minha cabeça.

- Desgraçada!! – eu falava em lágrimas. – Você vai pagar por isso. – encerrei as lágrimas para agora dar vida ao ódio.

Parti para cima dela, logo um capanga veio em minha direção e ouvi um novo disparo. Acertou em cheio o peito do capanga. Olho para cima era DJ. 

Simon e Marie correram para se esconder entre as pilastras e logo empreenderam fuga.

Minha vontade era abraçar Carmen, ficar ali com ela. Mas se eu ficasse, sua morte teria sido em vão.

- DJ eu vou atrás de Marie, você pega o Simon. – olhei para Carmen, não queria deixá-la, mas precisava.

Enquanto ela ia atrás de Simon, com a arma em punho eu buscava a assassina. O local era grande, com algumas máquinas. Ela poderia estar em qualquer lugar.

De repente um tiro contra mim, me abaixei rapidamente. Atirei de volta, mas não a acertei.

- Savannah meu amor! Você não vai me matar! Logo outros capangas virão. – ouvia sua voz a certa distância.

- Tenho tempo até lá. – buscava me aproximar sem ser vista.

Ela disparou novamente. Tentei atirar, mas minha arma travou.

- Seu fim será o mesmo que o de sua namoradinha. – gargalhou.

- Ela era tão boa quanto eu na cama Savannah? – eu procurava algo para usar como arma.

- Cala a boca! Você nunca chegou aos pés dela.  – não resisti, mas quando falei ela descobriu minha localização.

- Está desarmada amor! – falou com cinismo a fala.

Eu poderia fugir, mas se o fizesse, estaria traindo Carmen.

Senti ela se aproximando lentamente. Um belo final para mim e Carmen. Se ela não ficou viva, eu também não poderia ficar.

Marie para de frente para mim.

- Eu te disse que você não ia me matar Savannah! – engatilhou a pistola. Fechei os olhos e pensei que pelo menos minha irmã, estava livre. Estava acabado.

O tiro veio sem aviso.

Lucy foi ao chão com um tiro certeiro no ombro.

- Carmen! -levei as mãos à boca. – Como?

Ela abriu a camisa e mostrou onde o tiro pegou em seu colete.

- Da próxima vez atira na cabeça idiota! – se dirigiu já em vias de algemá-la.

Não resisti e a abracei.

- Graças à Deus você está viva!

- Já te falei para você não se meter em encrenca Savannah! Não sei se conseguirei te salvar sempre. – riu fazendo cara de dor.

- Carmen eu! – tentei falar, mas ela me interrompeu.

- Agora não é hora. Cadê Joane?

- Foi atrás de Simon.

CARMEN POV

Eu havia tomado um tiro no peito. A dor ainda era grande. Se não fosse o colete, teria sido meu fim. – eu e Savannah caminhávamos lado a lado levando a morena algemada.

DJ volta. Ela abraça Savannah, noto a cumplicidade das duas.

- Ele fugiu? – perguntei já pegando meu telefone.

-Infelizmente sim! –

Pego meu celular e ligo para Sheila.

- Parabéns pela operação. E não precisa mais vir. Volte para o DP e emita um mandado de prisão para Simon. Mande uma ambulância e outra equipe para cá para finalizar.

- Cam! Seu estou ouvindo sua voz, quer dizer que deu tudo certo?

- Sim! – olhei para Savannah que conversava com sua parceira. Meu sentimento por ela ainda forte.

Agora que a emoção havia passado, eu sentia meu coração bater ao ver aquela bela morena de olhos verdes, que me encantaram desde que a conheci.

Os paramédicos chegam e colocam a prisioneira lá dentro.

- Carmen se Simon fugiu, ainda corremos perigo. – Joane falava, mas quem não tirava os olhos de mim era Savannah.

- Ah! Esqueci de uma coisa. – retirei meu brinco.

- O que é isso? – Savannah segurou o pequeno objeto.

- Capitão? O senhor gravou tudo?

-  Sim detetive. Agora já pode tirar suas férias no México. – ele gargalhou.

- Era isso que fui fazer no DP antes de vir para cá. -  Com essa declaração, ele não terá sossego. Imagino que a última das preocupações dele será vocês. E também terão sua vida de volta. Ou pelo menos poderão provar quem são.  – ela me abraçou. Savannah parecia vidrada em mim. Eu também não tirava os olhos dela.

- Bom vou esperar lá fora. – a morena saiu.

- Eu não tenho como agradecer o que você fez Carmen! – segurou minha mão. Respirei fundo.

- Eu fiz o que era certo! – ri desviando o olhar do dela.

- Será que um dia você vai me perdoar? – fez um pequeno carinho em meu rosto.

- Não tem o que perdoar. Você fez o que tinha de fazer. – eu não estava brava com ela de verdade.

Sem nem perceber, ela colou seus lábios nos meus.  Um beijo apaixonado surgiu, carregado de saudade de ambas as partes. Era delicioso estar nos braços daquela mulher novamente. Mas por um instante eu cortei aquele beijo.

- Só queria que você tivesse confiado em mim.  E..  – fiz uma pequena pausa. – Você me fez pensar que estava morta. Isso me magoou demais.

- Sinto muito! Sei que foi cruel, mas eu não queria arriscar. – tapei sua boca com as mãos.

- Eu sei! De verdade eu entendo. Só preciso processar isso. – nossos olhos se encheram de lágrimas. Nos abraçamos e demos um selo demorado.  O tempo iria curar nossas feridas.

- Detetive! – o policial nos interrompeu. – As reféns já estão no DP.

- Vamos Savannah, vocês devem estar ansiosas pelo reencontro.

SAVANNAH POV

Acho que era a primeira vez em anos que eu não me sentia tão leve. Tudo acabou de forma diferente do que eu tinha pensado. Mas foi para melhor. E tudo por conta de Carmen. Todo o sufoco de tempos infiltradas com traficantes, fazendo meu trabalho, valeram a pena. Só me arrependo de não ter confiado que ela poderia ajudar.

Todo o caminho para o DP foi de ansiedade, finalmente iria rever Taylor e Vero. Encostei a cabeça no encosto do carro, respirava aliviada.

Chegamos e assim que nos encontramos a emoção tomou conta de todos nós.

- Tay!  -corri para abraçar minha irmã mais nova. DJ foi abraçando Veronica.

- Savannah! Você voltou! – ela tocava em mim como se não acreditasse no que estava vendo.

- Voltei! Não vou sumir de novo. Te amo pequena. – beijava todo seu rosto.

-  Iglesias! – a puxei para perto. – Obrigada por se arriscar por ela.

-  Vocês são como irmãs para mim. Faria tudo de novo. – me afastou um pouco. – Quer dizer! Não tão cedo. Preciso me recuperar dessa. – fez todos rirem. Essa era Veronica Iglesias, sempre fazendo piada com coisa séria.

Logo o abraço foi coletivo e ficamos nós quatro curtindo aquele momento família.

Busquei Carmen com os olhos, ela observava tudo junto com sua fiel escudeira.

- Veronica quero lhes apresentar Carmen. Foi ela quem me ajudou. Não só hoje, mas.. – sorri olhando fixo para ela.

- Oi meninas! É um prazer conhecê-las. – estendeu a mão para cumprimentá-las.

- Meu Deus Savannah que mulher bonita! Não vou deixar de tirar uma casquinha. -Vero a puxou para um forte abraço, fazendo todos rirem.

- Zayin? Como ele está? – Joane lembrou de nosso informante.

- Ele passou por cirurgia, vai ficar bem. – Sheila respondeu com um belo sorriso no rosto.

- Carmen sei que você já fez muito por nós, mas Zayin trabalhava para Simon e decidiu nos ajudar para sair do grupo. Tem como negociar algo para ele? - eu me preocupava com ele, sem ele não teríamos conseguido nada.

- Ele é de Los Angeles e faremos tudo para ajudá-lo. Podem ficar tranquilas. – trocamos um olhar carinhoso.

Carmen pediu licença e foi para sua sala com sua amiga logo atrás.

- Savannah você tem algo a me contar? – Vero olhava desconfiada para nós.

- Muita coisa! – ri sem tirar os olhos de Carmen. – Mas agora precisamos ir para sala de interrogação. Eu já conhecia o protocolo.

CARMEN POV

Entro em minha sala, sento e me sinto aliviada. Finalmente acabou. Fiquei feliz por Savannah. Ela merecia. Me confortava saber que ela era exatamente como eu pensei. Isso acalentou meu coração.

- Cam? – olhei para minha amiga que estava com os dois cotovelos na mesa, apoiando seu rosto com a mão.

- Está querendo me perguntar algo Bruster? – soltei um breve sorriso.

- Ainda brava comigo? – parecia se vangloriar de uma forma divertida.

- Estou! Eu levei um tiro no peito e se eu tivesse morrido, viria e buscar. – rimos juntas. Por fim o clima estava mais ameno.

- E vocês como ficam?

- Ah! Eu ainda estou magoada. E ela tem muitas coisas a resolver.

(...)

Haviam se passado dois dias desde o salvamento. Tinha tirado esses dias para relaxar. Esperava ansiosa para que o capitão me desse férias. Mas tive de voltar para os tramites finais do caso. Simon era declaradamente fugitivo, Marie concordou em nos ajudar, desde que fosse enviada para uma prisão em Miami.  Sentada em minha cadeira, com os olhos vidrados no notebook, me senti observada. Olhei rapidamente e meus olhos cruzaram com os verdes de Savannah. Ela sorria mordendo os lábios.

- O.. Oi! – gaguejei. Aquela visão fez meu coração bater mais rápido por um instante. Ela vestia um terninho azul, junto com um camisete branco, cabelos presos num rabo bem feito e óculos escuros. Parecia mais linda do que eu me lembrava.

- Entra. – fiz menção para que se sentasse. Eu me punia, mas ainda amava essa mulher.

-  Vim me despedir. – mordi a boca ao ouvir aquilo. Novamente ela estava se despedindo de mim.

- Vai voltar para Miami? – não consegui desgrudar meus olhos dos dela. Nossos olhares estavam dizendo tudo o que não havíamos dito.

- Nova Iorque. Eu e DJ vamos para a sede central do FBI. Vamos levar as informações sobre Simon e retomar nossa vida.

- Tenho certeza que vai realizar seu sonho agora. Parabéns! Você merece. – engoli seco, mas eu sabia que ela precisava fazer aquilo.

- Não poderia ir embora sem me despedir de você. – suspirou e sorrimos fraco uma para outra. – Obrigada Cam! Devo minha vida à você– falou de forma carinhosa.  – Você me salvou de várias formas.

- Não deve nada! Só toma cuidado lá porque não vou estar por perto para te salvar. – ri baixando o olhar, não conseguia mais encará-la.

- Você foi a melhor coisa que me aconteceu! Posso te dar um abraço?

- Claro Savannah! – me levantei.

Nosso abraço foi carinhoso e demorado. Colou sua testa na minha. Suspiramos fundo.

- Cam.Eu.. – deslizou seu polegar sobre meus lábios.

- Eu sei Savannah! Eu também. – nos encaramos. Sim nosso olhar dizia o que palavras não iriam expressar naquele momento.

A puxei para um último e derradeiro beijo. A abracei pelo pescoço e depositei em seus lábios todo sentimento contido naqueles dias. Nossa boca se encaixava tão perfeito que era impossível crer que não aquilo não iria se repetir.

Nos despedimos com lágrimas nos olhos. Com a certeza que nossos caminhos se cruzariam novamente.

Fim do capítulo