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Amor em pauta por Cristiane Schwinden

Ver comentários: 8

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Palavras: 1797
Acessos: 1462   |  Postado em: 11/07/2021

Capitulo 4

 

— Eu vou tomar banho primeiro. — Disse Tailine já remexendo em sua bolsa de viagem, procurando roupas.

— Não, os mais velhos primeiros. — Informou Ana Paula passando por ela com seu roupão branco e uma necessaire em mãos.

— Eu estou imunda! Eu rolei naquele chão imundo para proteger nossas vidas!

— Você é tão dramática. — Ana disse já dentro do banheiro, fechando a porta. — Prometo não demorar.

Tailine sacou o notebook e começou a enviar mensagens para os editores do canal, repassando as informações daquele dia, escrevia com um sorrisinho radiante, haviam conseguido um grande furo!

Ana Paula saiu do banho também pensando nisso, e foi logo comentando, enquanto enxugava o cabelo.

— Precisamos gravar amanhã para finalizar a matéria com essa revelação, Jorge vai ficar faceiro com nossas descobertas, que furo de reportagem, hein?

— Estava falando com ele e com Edneia, ficaram surpresos mesmo. — Rebateu Tailine, fechando o notebook.

— Ah é? Que rápida, você. É para ficar com o mérito sozinha?

— Por que você sempre pensa o pior de mim? — Rebateu ofendida Tailine.

— E posso esperar o que?

— Salvei sua vida hoje, que tal?

— Ok, agradeço seu gesto. Se importa com o barulho do secador?

— Vai fundo. — Respondeu e entrou no banho.

Já deitadas e com a noite avançada nas horas, as duas jornalistas permaneciam de barriga para cima observando o teto, as mentes cheias.

— O que Jorge respondeu? — Perguntou Ana Paula.

— Disse que fizemos um bom trabalho e que superamos as expectativas.

— No mínimo ele esperava uma briga generalizada na cidade, iniciada por nós.

— Acho que ele esperava que pedíssemos demissão.

— É, talvez. Que ridículo, somos duas repórteres competentes, vamos mostrar nosso potencial finalizando amanhã a matéria, vai ficar ótima.

— Vai sim, fomos bem. — Sorriu Tailine.

— Eu vi você tomando vários remédios, para que são? Desculpe se eu estiver sendo invasiva.

— Para desacelerar. Tenho ansiedade severa, síndrome do pânico também, nos últimos meses piorou, muito estresse, tive uma crise feia.

— Foi por isso que você faltou por uma semana no início do ano?

— Foi sim.

— Você tem hobbies?

— Não tenho tempo, sou casada com o jornalismo e...

— Namora com a verdade, eu sei, você sempre fala isso nos bastidores. Nosso meio é terrível mesmo, estressante demais, correria, ofensas, portas batendo na nossa cara, sem uma válvula de escape é complicado permanecer nesse ritmo por muito tempo.

Tailine ficou pensativa por um instante.

— Preciso de um hobbie, se as coisas continuarem como estão, não aguentarei, eu sou obcecada em correr atrás dos fatos. Você parece tranquila, o que você faz?

— As coisas ficaram mais tranquilas depois que tirei a profissão do topo das minhas prioridades. Já fui como você, não vale a pena.  Sabe o que me distrai? Brincar coma minha filha, ela tem onze anos, e o melhor momento do dia é estar com ela, longe do celular, longe do notebook... A gente adora montar quebra cabeças juntas, quando estou em casa com a Yasmin eu esqueço que tenho uma profissão, é extremamente desgastante ser repórter de rua.

— Me empresta a Yasmin? — Disse Tailine, ambas riram. — Por que você continua lá?

— Porque preciso, o pai da Yasmin paga uma merreca de pensão, são muitos gastos...

— Seria melhor para você trabalho interno?

— Com certeza.

— A TV Central suga nossas almas...

— Já pensou em se dedicar a fotografia? — Perguntou Ana Paula. — Vi umas fotos lindas no seu Instagram, pode ser um bom hobbie.

— Eu gosto de fotografar... Mas não sou boa nisso.

— Não precisa ser uma fotógrafa excelente para praticar, e eu acho que você é boa sim.

— Posso fazer um curso, desses que sai um grupo fotografando a cidade e tal... Vou procurar cursos.

— Seria ótimo.

Tailine suspirou e disse:

— Vamos dormir, já é tarde.

— Vamos sim, boa noite.

— Boa noite. E tente roncar menos essa noite.

— Eu ronco porque você quebrou meu nariz.

— Sério?

— Sério.

— Me desculpe... — Pediu Tailine sem jeito.

— Ok.

— Eu não deveria ter feito aquilo, foi ridículo, você me perdoa?

— Isso é importante para você?

— É sim.

— Já perdoei.

— Obrigada. Queria que soubesse que eu não odeio você.

— Só não gosta de mim.

— Eu gosto, e te admiro, você é uma mulher incrível. — Disse Tailine com a voz baixa.

— Você está fazendo alguma piada que eu não entendi?

— Não, eu gosto sim.

Ana Paula não respondeu, num gesto discreto correu a mão para o lado e segurou a mão de Tailine sobre a cama. Não disseram nada, mas em suas mentes imaginavam que soltar as mãos seria a pior catástrofe que poderia acontecer naquele momento.

— Eu gostei quando você segurou minha mão lá na casa. – Disse Tailine.

— Eu também.

Silêncio.

— Ana, você é hetero?

— Essa é sua melhor cantada?

— Não.

Tailine virou-se e ficou por cima de sua colega, a encarou por dois segundos e disse:

— Tenho uma melhor.

E a beijou.

O beijo foi muito bem aceito pela outra parte, que custava a acreditar que aquilo estava acontecendo, mas estava adorando cada segundo.

Ana Paula virou para cima da colega, ergueu-se e tirou a parte de cima do baby-doll.

— Você achava mesmo que eu era hetero? Você é repórter investigativa.

Tailine gaguejou e finalmente respondeu.

— Você é uma péssima fonte.

— Tailine, você me flagrou olhando seus peitos hoje.

— Você estava olhando mesmo, não estava?

— Estava sim, do mesmo jeito que você está olhando os meus agora. — Riu.

Tailine subiu uma mão pelo abdome de Ana e passou a acariciar um dos seios.

— Eu estou um tanto enferrujada nisso, tudo bem?

— Está na hora de você pedir divórcio do jornalismo e tratá-lo apenas como bom amigo.

— Já pedi. — Tailine disse e inclinou-se para frente, a beijando enquanto Ana estava sentada em suas pernas.

A deitou delicadamente, tirou o que restava do baby-doll de Ana e subiu suas pernas com beijos, fazendo seus poros arrepiarem imediatamente.

Aquele dia repleto de emoções não poderia terminar diferente, com uma noite cheia de amor.

Ao acordarem com o despertador do celular de Ana, Tailine virou-se sonolenta para o interior da cama, Ana percebeu que ela a fitava, e virou-se na sua direção também.

— Aconteceu mesmo, não aconteceu? — Perguntou Tailine.

— Não notou que estamos sem roupas? — Percebendo o tom não amigável, Ana Paula tentou consertar. — Aconteceu sim, e eu gostei.

Tailine acariciou seu rosto com um semblante contente, sem dizer uma palavra. Ana chegou mais perto e a beijou.

— Esse é o verdadeiro furo de reportagem. — Tailine disse e riram. — Vamos, temos um grande dia pela frente.

— Quero que você fique com os créditos. — Ana comunicou.

— Não, a matéria é nossa, nós duas descobrimos.

— Graças a sua persistência e coragem. Sei que meu nome também estará creditado, mas quando perguntarem, vou dizer que o mérito foi todo seu, é merecido.

— Vamos fazer isso juntas.

Durante o dia, gravaram mais imagens na casa e voltaram a cidade para gravar na delegacia e com alguns moradores. A matéria foi ao ar naquela noite e foi um grande burburinho em todo o estado, o assunto esteve entre os mais comentados nas redes socias.

Todos os quatro funcionários voltaram para a capital no final da tarde, chegando de madrugada em suas casas. Na manhã seguinte, Jorge chamou novamente as duas em sua sala.

— Esperava nada menos que sangue e suor de vocês, mas não dessa forma, parabéns pela matéria, ficou excelente, trouxeram alguns patrocinadores de volta. — Ele disse.

— Colocamos nossas vidas em risco para investigar esse caso, Tailine quase levou um tiro, o reconhecimento agora é mais que válido, é merecido. —Disse com firmeza Ana Paula.

— Como vocês sabem, Ana Beatriz está de férias e Ferreti assumiu a apresentação do JMD, porém ele já disse que não quer continuar, portanto preciso escolher alguém para apresentar até o final do mês.

— Ana Paula é a melhor opção, Jorge. —Disse Tailine sem pestanejar, atraindo um olhar surpreso da colega ao lado.

— Que milagre é esse? – Riu Jorge.

— Quero aproveitar a ocasião para pedir que me coloque como repórter de rua.

— Por que?

— Eu me dei conta que gosto de estar onde a vida acontece, não dentro do estúdio, gosto de seguir a trilha da notícia, me sinto melhor na rua.

— Você que sabe, mas gostaria de ter sido uma mosquinha para saber o que aconteceu nesses dias em São Pedro do Passa Quatro, vocês voltaram tão mudadas.

— Apenas coisas improváveis aconteceram. — Encerrou Ana Paula, com um sorrisinho.

 

Três meses depois.

 

— Parece que Ana Beatriz pediu para sair do jornal. — Disse Ana Paula dentro da sala de edição, que estava vazia naquela manhã. — Talvez eu assuma.

— Seria ótimo! — Vibrou Tailine com um copo de café na mão. — O salário é bem maior, seria muito bom para você, tenho certeza que Jorge vai te chamar, você se saiu bem cobrindo as férias dela.

— Com o aumento eu poderia colocar Yasmin numa escola melhor.

— Já deu certo. — Tailine largou o copo e se aproximou de Ana, colando seu corpo no dela e dando um beijo. — Você merece.

— Yasmin perguntou se você vai lá em casa hoje à noite.

— Só Yasmin quer que eu vá? — Disse com um sorrisinho bobo.

— Não, estou contanto os minutos para ficar a sós com você de novo, dormir com você...

— Então eu vou, passo na minha casa e apareço na sua casa no horário de sempre.

— Nada de ficar trabalhando até tarde.

— Perdi esse hábito depois que me divorciei do jornalismo. — Riu. — Tenho uma pretendente muito mais atraente agora.

— Espero que esteja falando de mim.

Tailine a beijou.

— Te vejo mais tarde, pretendente.

No meio da tarde, Ana Paula se preparava para sair com a equipe de cinegrafia, seus dois colegas já estavam ao seu lado aguardando.

— Vamos? — Disse Tailine entrando com uma câmera fotográfica pendurada no pescoço.

— Onde você vai com essa câmera?

— Jorge autorizou que eu saísse com as equipes para fazer fotos, estou aprendendo a ser fotojornalista.

— Sério?

— Por que não unir as duas coisas? O jornalismo é meu bom amigo.

As duas saíram aos risos em mais um dia de trabalho, a pauta de hoje? O amor.

 

Fim

Fim do capítulo

Notas finais:

Obrigada pelas leituras e comentários! Faz muito tempo que não escrevo nada, então foi um grande desafio!

Em breve juntarei as 4 partes em uma só.


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Comentários para 4 - Capitulo 4:
Rita Santos
Rita Santos

Em: 04/12/2023

Para variar, o amor sevestindo de indiferença.

Maravilha!

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Mansur
Mansur

Em: 15/05/2022

Fiquei com o gostinho de "quero mais".

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patty-321
patty-321

Em: 03/05/2022

Amei. 

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Zaha
Zaha

Em: 13/07/2021

Oieee, darling!!!(Carol kkk)
Amei,amei, amei!!
Foi rápido o lance delas, mas o conto pedia isso. Tai n brinca em serviço!! Partiu logo pro beijoo..direta! E Paula me surpreendeu com Yasmin, mt lindinho!!!
Nunca pensei que Tai tivesse tanto estresse, que bom que encontrou seu lugar no mundo e um amor!!!
Até um novo contooo!!!! Volte com tudo quando puder!!
Beijoooo

Responder

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rhina
rhina

Em: 11/08/2021

 

Muito bom.

E que pauta interessante.

Rhina

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Lea
Lea

Em: 20/07/2021

Ficou com gostinho de quero mais! Gostei dessas duas!!

Responder

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Zaha
Zaha

Em: 13/07/2021

Oieee, darling!!!(Carol kkk)
Amei,amei, amei!!
Foi rápido o lance delas, mas o conto pedia isso. Tai n brinca em serviço!! Partiu logo pro beijoo..direta! E Paula me surpreendeu com Yasmin, mt lindinho!!!
Nunca pensei que Tai tivesse tanto estresse, que bom que encontrou seu lugar no mundo e um amor!!!
Até um novo contooo!!!! Volte com tudo quando puder!!
Beijoooo

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Gio
Gio

Em: 12/07/2021

Gostei!

Eu não consigo me lembrar de foi 2121 que me levou para "A aposta", ou se foi a partir dele que cheguei em 2121 *inserir aqui uma expressão pensativa*

 

Enfim, esse raciocínio era para dizer que embora a gente fique pedindo por sagas completas, de preferência trilogias com distopia, fantasia, intrigas, mistérios ou pelo menos alguns elementos de Sci-fi, nem sempre a gente precisa. (Mas né, gostamos).

 

Então, fique à vontade para escrever contos curtos também, em um desses pode surgir inspiração para uma nova saga e mesmo que não apareça, sempre é legal te ler *wink* (embora na vida real eu não seja capaz disso kkkk)

 

 

 

 

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