Oi?
Não era o que parecia!
POV MARIANA
A mágoa de Petra era visível, mas só dela ter aceito voltar pra casa e lutar pelo José ao meu lado já deixava meu coração em festa. Minha filha que estava amuada no sofá passou o resto da tarde pulando de alegria. Hoje ela iria para o restaurante, e quando chegasse eu tentaria conversar sobre o José. Nosso afastamento me entristecia, mas eu decidi lutar, eu fiz burrada, eu vou conseguir concertar isso. Seríamos uma família novamente e com o José ao nosso lado.
Falando em José liguei pra minha mãe na tentativa de pelo menos poder visitá-ló mas ela negou, disse que tinha o levado pra passear e que voltaria apenas no fim da semana. Meu coração doeu e ela nem ao menos disse onde tinha ido.
Preparei uma jantinha leve pra mim e minha filha, que comeu tudo e disse que ia esperar a mamãe Petra no sofá, mas logo o sono a venceu e eu fui colocá-la na cama. Eu também queria esperar por Petra, mas sabia que ela chegaria tarde, e chegaria cansada. Arrumei a cozinha e como ainda estava cedo fui ler uns processos acumulados que estavam em meu apartamento, nem me dei conta de quanto tempo fiquei ali, só sai do transe quando ouvi a campainha.
-Desculpe te acordar, eu não peguei minha chave de volta. -Petra segurava o capacete em um braço e a mochila em outro.
-Eu ainda estava acordada. —Dei um sorriso e abri caminho pra ela passar.
-Está tarde pra estar trabalhando até essa hora. —Ela apontou para os papéis no sofá.
-É eu sei, me distrai com o horário. —Ela acenou com a cabeça e o clima entre nós estava estranho.
-O quarto de hóspedes está desocupado? — Eu jurava que pelo menos dormíramos na mesma cama, mas eu me equivoquei.
-Está. —Respondi sem animo, eu tinha preparado a cama pra nós duas.
-Ok, boa noite. —Ela pegou a mochila e subiu.
Suspirei com minhas expectativas quebradas, de fato Petra estava ali só pelas crianças. Mas não sou alguém que desiste do que quer, principalmente quando se trata de Petra.
Flashback on:
Petra e eu tínhamos nos mudado para o apartamento dela, mesmo depois de Julia não gostar nada da nossa escolha. Era impossível negar nossa felicidade em dividir o mesmo lar. Fazíamos tudo que queríamos, praticamente vivíamos vida de casadas e eu amava viver aquilo, mas eu queria mais, quero viver com Petra todos os dias da minha vida.
-O que você tanto pensa? -Ela estava distraída tomando uma cerveja na varanda.
-Estava pensando na sorte que eu tenho. —Ela sorriu e eu a beijei. —Você é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida.
-Você também é a minha melhor escolha. —Ela sorriu e me abraçou.
-Tem algo pra você no meu bolso de trás. —Olhei curiosa e peguei a caixinha que estava em seu bolso.
Quando abri meu coração quase saltou pela boca, era um anel Tiffanny & Co. Todo cravejado em pequenos diamantes e com certeza era o mesmo preço do meu rim.
-Eu queria fazer algo especial, cheio daqueles frufrus, mas todo momento que estou com você é especial, eu amo você e quero saber se quer passar todos os seus dias sendo a minha esposa? —Meu rosto já estava banhado em lágrimas.
-Eu aceito, é o que eu mais desejo. —Petra me segurou pela cintura e me beijou apaixonadamente.
-Aceita jantar comigo hoje? Ainda farei o pedido cheio de frufrus. —Sorri e concordei com a cabeça.
Flashback off:
Despertei das minhas lembranças quando ouvi o choro de Malu, subi correndo e encontrei minha filha sentada na sua caminha.
-O que foi minha princesa? —A abracei e beijei seus cabelos.
-A mamãe Peta mentiu pra mim. —Olhei confusa e ela continuou a chorar. —Ela não veio dormir com a gente mamãe.
-Ela não mentiu meu amor, ela acabou de chegar. —Malu parou de chorar e me ouvia. —A mamãe não mente pra você, lembra? Ela está no outro quarto.
Malu quis ir ver se era verdade, peguei minha filha no colo e demos duas batidas na porta do quarto de hóspedes, não demorou muito e Petra abriu a porta enxugando os cabelos e vestida apenas uma cueca e camiseta, meus olhos me traíram e eu engoli seco.
-O que houve meu amor? -Ela pegou Malu no colo e beijou a bochechinha dela.
-Achei que você não tinha voltado pra casa mamãe. — Malu ainda tinha voz de choro e eu não conseguia tirar os olhos do corpo de Petra.
-A mamãe vai sempre voltar pra você, minha princesa. —Meu coração derretia quando ela falava essas coisas. —Quer dormir comigo hoje?
Malu confirmou com a cabeça e deitou no ombro da outra mãe, queria ser convidada também, mas eu sei que isso não ia rolar. Dei boa noite as duas e fui para o meu quarto dormir sozinha.
Os dias corriam e a vida parecia parada no tempo, ter Petra em casa era maravilhoso, mas ao mesmo tempo era impossível lidar com a frieza dela, eu tentava de todas as formas me aproximar, mas ela parecia impenetrável e isso me deixava frustrada. Descobri que ela e a professora de Malu estavam cada vez mais próximas e isso foi como um balde de água fria, eu não queria nem imaginar as duas juntas.
O processo de guarda do José estava se encaminhando, Júlia conseguiu marcar uma audiência e nos preparávamos para o grande dia.
-A juíza vai ouvir todo mundo. —Era uma quarta feira e Julia estava em meu escritório. —Isso é ótimo, pois sua irmã veio até você e entregou o menino.
-Tenho medo do que minha mãe guarda na manga. —Suspirei pesado.
-É só seguir o plano, que tudo da certo. —Júlia fez um carinho em minha mão. —Mas agora vamos mudar de assunto, pra onde você vai levar minha noiva ein?
A despedida de solteiro das meninas seria essa sexta, decidimos comemorar bem antes do casamento, pois elas não teriam tempo.
-Não posso falar, mas te garanto muitos dançarinos e dançarinas semi nu dançando pra ela. —Julia ficou quase branca.
-Você não vem com essas gracinhas dona Mariana. —Gargalhei e ela fez cara feia.
-Relaxa, Tito tá cuidando de tudo.
-Piorou, não quero saber se nenhum macho sarrando minha mulher. — Julia era um poço de ciúmes se tratando de Fernanda.
-Não vamos fazer nada demais, apenas tomar um vinho e jogar conversa fora. — Falei tranquilamente. —Depois iremos em uma boate extravasar um pouco.
-Ainda não sei o que sua esposa aprontou pra mim. — Julia disse e eu fiquei desconfortável. — Desculpa Mari, foi sem querer.
-Está tudo bem. —Sorri sem graça.
-Não rolou nem uma recaída entre vocês? — Julia perguntou curiosa.
-Ela nem ao menos olha pra mim. E olha que cada dia é um desfile de lingerie. -Julia sorriu com pesar. —Acho que ela já está em outra, só está lá em casa pelo José.
-Petra é uma grande cabeçuda. —Concordei com minha amiga. —Se a Fernanda inventasse isso, eu lascava um beijão nela e amarrava ela na cama até ela mudar de ideia.
-O problema é que a ideia do divórcio foi minha. —Só de lembrar disso meu peito doía.— Apesar achar tentador ela amarrada em minha cama.
-Seja persistente, o amor dela por você não acabou de um dia para o outro, eu tenho certeza disso.
Agradeci pelo apoio e continuamos ali batendo papo, Júlia era uma ótima amiga e eu confiava nela cegamente, não é atoa que ela quem está à frente do processo do José.
A sexta chegou e as meninas estavam animadas para a despedida de Fernanda. Nos separamos em dois grupos. Gabi, Elis, Bia, Tito e eu íamos cuidar da despedida de Fernanda. Petra, Danilo, Marcela, Melissa uma amiga de Marcela e Felipe iam cuidar da despedida de Julia. Nem um dos dois grupos sabiam dos planos uns dos outros, mesmo Julia querendo saber pra onde levaríamos Fernanda. Tito reservou uma suíte presidencial em um spa e passamos o dia por lá, eu precisava daquilo. Minha filha tinha ficado com a Bisa Heleninha então eu poderia relaxar sem me preocupar.
Depois de muito espumante e massagens Tito teve a brilhante ideia de nos levar em uma boate com dançarinas exóticas, mesmo querendo fazer outra coisa eu topei sem reclamada, afinal era a despedida de Fernanda. Gaby mandou mensagem para o Bruno e ele nos encontrou na porta da boate, os dois eram amigos, e eu não me opus.
A boate era incrível, Tito já tinha colocado nossos nomes na lista então entramos sem
precisar esperar na porta. O lugar era bem inusitado, varias garotas semi nuas e alguns rapazes também. Fernanda estava amando a experiência e tiramos muitas fotos.
-Bia vamos comigo pegar algumas bebidas? -Chamei Beatriz e fomos ao balcão.
-Estou amando essa despedida. -Beatriz estava empolgada e eu ri disso.
-Confesso que eu não estava animada, mas agora eu estou curtindo. -Pegamos alguns drinks e voltamos pra mesa onde duas mulheres dançavam nas meninas.
-Uoou — sorri com a cara de Gabi enquanto a dançarina passava as mãos nos seios.
Seguimos dançando e nos divertindo, o clima estava animado e eu já nem lembrava quantos copos de caipirinha eu havia virado. Bruno vez ou outra puxava papo comigo, e tentava me chamar pra dançar.
-Maria Julia Barroso! —Fernanda se levantou da poltrona atravessando indo em direção a noiva que recebia uma dança no colo.
-Amor? -Júlia empurrou a garota e ficou mais branca que um papel.
-O que você está fazendo aqui? —Fernanda fingia estar brava.
-O mesmo que você! —Ela respondeu com a cara mais lavada e todo mundo sorriu.
-Tivemos a mesma ideia amor. — Tito deu um selinho em Felipe e acabamos nos juntando.
À noite estava agitada, conversávamos sobre tudo, a única que não me dava muita atenção era Petra que não interagia tanto. Eu até tentei puxar assunto, mas foi em vão. Petra estava séria e eu não entendia o motivo, Perguntei Julia se havia acontecido algo, mas ela disse que não sabia.
-Bia vamos dançar? — O álcool estava gritando na minha corrente sanguínea e se eu ficasse ali com Petra me tratando daquela maneira eu iria chorar.
Beatriz topou e fomos pro meio do salão, dançávamos juntas e o álcool era quem dominava meu corpo. Nem vi o momento em que Bia se afastou e Bruno dançava comigo. Ele estava grudado em meu corpo e me conduzia no ritmo da musica, de repente senti meu corpo grudado no dele e no momento que ele iria me beijar alguém me segurou pelo braço.
-Que porr* é essa Mariana? —Petra estava furiosa.
-Hey ela estava dançando comigo. —Bruno disse puxando meu braço de volta e nessa hora nossos amigos se aproximaram. —Solta ela.
-Solta ela você seu idiota. —Petra gritou e empurrou ele que cambaleou pra traz.
-Petra para com isso. —Julia segurava minha ex esposa.
Eu demorei pra entender o que estava acontecendo, só vi a muvuca ao meu redor e gritos alterados.
-Esse babaca sabe que ela está alcoolizada. —Petra foi pra cima de Bruno novamente e eu entrei na frente.
-Chega Petra. —Eu odeio brigas e ela sabia disso, Petra me olhou raivosa e eu tive medo.
-Vai defender ele? —Ela gritou. —Ok Mariana, estou indo embora.
Petra saiu empurrando quem estava em sua frente e Júlia me encarou esperando uma reação minha.
-Vai atrás dela Mariana! —Fernanda disse enérgica e eu corri pra saída.
Quando alcancei a porta da saída vi Petra entrando no táxi, e antes dela bater a porta eu impedi e entrei no carro ao seu lado.
-Mariana volta lá pro seu amiguinho. —Ela disse sem me olhar e deu endereço da vó dela pro taxista.
-Petra para com isso. —Falei pro taxista o endereço do nosso apartamento e ele me olhava sem entender. —Você quer ter essa discussão na frente da nossa filha?
Ela suspirou e pediu o motorista pra seguir o endereço que eu tinha passado. Sorri quando minha ficha caiu, Petra estava com ciúmes e não estava conseguindo controlar. Eu conseguia aquela mulher da unha do pé até o fio de cabelo e sei que ela estava com ciúmes.
O silêncio no carro era ensurdecedor, Petra estava emburrada de braços cruzados e eu pensava em uma forma de acabar com aquela marra. Mas tinha medo de ser rejeitada e ainda ser rejeitada na frente do motorista do táxi. Em poucos minutos ele parou o carro na porta do nosso prédio, subimos sem trocar nenhuma palavra, entramos em casa e Petra já ia subir por quarto, mas eu impedi.
-Quer me explicar o motivo de tanta raiva? —Segurei o seu braço e ela tentava se soltar.
-Eu estou cansada Mariana.— Ela suspirou e passou a mão no rosto.
-Petra eu não estava fazendo nada demais, eu não deixaria Bruno me beijar.
-Não era o que parecia. —Ela disse baixinho. —Mariana, você faz o que quiser da sua vida, você é uma mulher divorciada, só não esqueça que temos um luta no tribunal.
-Não coloque o José no meio do seu ciúme. —Aquela discussão tava ficando acalorada.
-Ciúmes? Eu não estou com ciúmes. — Petra olhava pro chão e eu tomei a coragem.
-Não? Então está tudo bem se eu voltar pra boate e pedir o Bruno desculpas? —Pressionei seu corpo na parede com uma mão de cada lado e eu sentia o corpo dela reagir.
-Faz o que você quiser. —Ela não me encarava e o álcool me dava muita coragem.
-O que eu queria fazer era te levar ao nosso quarto e tirar toda essa sua marra com varios beijos. —Sussurrei no seu ouvido e mordi a pontinha da sua orelha.
-Para Mariana. — A voz dela saiu em um fio.
Petra era maior que eu então com facilidade a saiu do meu contato, ela estava nervosa e eu sorri com a situação.
-Boa noite. —Ela subiu as escadas praticamente correndo.
Eu nem tive tempo de responder, apenas ouvi a porta do quarto de hóspedes bater. Um fio de esperança nasceu em mim, eu reconquistaria ela.
Fim do capítulo
Eitaaaaa, Vai Mariana, amarra essa mule na cama.
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]