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Barefoot por biasnow

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Palavras: 9822
Acessos: 539   |  Postado em: 21/06/2021

Capitulo 6

 

- Posso te perguntar uma coisa, Pol?

- Claro que sim, amor. - Polly passou a mão no cabelo, sorriu e esperou que Piper prosseguisse.

Piper parecia afobada, prestes a desistir.

- Pergunte...

- É... - Ela abriu a boca como alguém sem fôlego, torcendo o tecido da blusa de seda florida que usava. - Eu já me esqueci.

- O almoço será servido neste instante, meninas, estão prontas? - Da soleira da porta, o pai de Polly, Kane, indagou.

- Sim, papai. - Polly o sorriu - Piper está querendo me dizer alguma coisa. Estaremos lá fora em um minuto, okay?

- Não demorem.

Ele saiu.

Polly se aproximou de Piper, pegando-a pelo braço engessado.

- Não precisa se acanhar... Pergunte-me.

- Eu não sei dessas coisas. - Ela balançou a cabeça - Vamos ali ao cantinho.

As duas se espremeram perto dos armários da dispensa.

- Fale... O que é que há, quais são as suas dúvidas? - Pol cruzou os braços. Piper tentou imitá-la, mas foi em vão.

- Eu sonhei que beijava uma pessoa. Significa que gosto dela?

Polly sorriu com todos os seus dentes. Então era aquilo? Pegando a mão da amiga, ela regressou até a cozinha.

- Pode ser que sim, amor, eu não sei bem o significado de alguns sonhos, mas eu sei que se você pensa muito em alguma coisa, ou em alguém, acaba sonhando com algo referente a ela. Me diz você...

Conforme as duas iam saindo da casa, elas passavam por algumas pessoas. Kane Heart completava mais um ano de vida, e com isso haviam preparado um grande almoço em sua homenagem.

- Fico ambígua com alguns sentimentos. - Envergonhada, Piper curvou a cabeça e seguiu os passos da veterinária.

- Sentimentos? - Polly sorriu - Vamos fazer um prato para nós, e depois você me conta, de verdade, o que está se passando em sua cabecinha.

 

- Que prato pesadíssimo. Qual é mesmo o nome?

- Feijoada, Piper. Gostou?

Ela fez um sinal de mais ou menos.

- Eu estou sentindo o meu estômago pesar.

- Isso porque você só provou o feijão, querida. Ainda separou um por um... - Polly pausou as garfadas, rindo do rosto rubro da amiga - Meu pai adora feijoada.

- Me desculpe, mas eu não gostei muito. - Piper encarava a sobra em seu prato, enjoada.

- Posso ficar com...

- Georg! - Polly repreendeu o garoto.

- O que há? Ela não vai comer mesmo. É melhor do que ir parar no lixo!

- Aqui está... - Piper empurrou o prato até o garoto sorridente - Pode comer.

- Eu adorei o almoço brasileiro. - Ele comemorou antes de se sentar ao lado das duas.

- Demorei, mas cheguei... - Uma senhora de cabelos cobertos por um lenço, sorriu. Ela parecia ser a menor pessoa que Piper já tinha visto até então. - Vocês irão querer farofa?

Polly e Georgino assentiram.

- Piper... - Polly aproximou a mão até o braço dela - Esta é Rosa, a cozinheira responsável por este almoço.

Chapman sorriu a ela, apertou-a na mão e amoldou os cabelos.

- Meu nome é Piper, e eu sou...

- Namorada de Larry! - Georg a interrompeu. Ele sabia o que ela iria dizer.

- Ouvi o meu nome ser dito... - O próprio chegou. Ele cumprimentou a todos com um gesto simples, na vez de Piper, Larry a beijou na testa, cordial.

- Você não vai provar do prato principal? - Piper questionou-o, ainda sentada, sorrindo ansiosamente.

- Oh, eu passo. - Ele explicava - Já almocei antes de vir para cá, querida.

- Pelo visto você já está de saída... - Polly esparramou um pouco de farofa por cima de seu feijão, animando, de certa forma, os olhos de Piper.

- Essa coisa amarela, como chama?

- Farofa! - Rosa respondeu por Polly - Você quer provar?

- Eu vou andando. - Larry disse - Meu pai precisa de mim no banco. - Ele riu para a careta de Polly - Piper... - Deu outro beijo na testa dela - Eu a vejo mais tarde.

- Mas... - Ela fez um beicinho - Você acabou de chegar, Larry.

- Mais tarde, querida, mais tarde nós nos falamos. Eu a levarei para passear. - Era uma promessa vaga, mas não importava muito.

- Passear? - Ela sorria abertamente, se virando e o mirando nos olhos - Eu ficarei esperando.

Com isto, Larry se foi apressado. Rosa refez a pergunta, e Piper acabou aceitando provar a tal farofa.

- Veja se você consegue falar alguma frase com a boca cheia de farofa, Piper. - Georgino incentivava - Vou te mostrar um exemplo... - Ele encheu a boca com a farinha, se ajustou e levantou do assento. Piper mesmo sem entender muita coisa, se dispôs a rir. - Love me tender, love me sweet, never let me go... - A farofa pipocava de sua boca, fazendo os demais sorrirem.

- Pare de idiotices, Georg! - Polly limpava os resquícios de farinha que voaram até seu antebraço.

- Eu quero tentar! - Piper caminhou até o recipiente.

- Não acho que seja legal brincar com comida, menina. - Rosa disse. Piper alisou o próprio gesso, sem contestar. A mais velha voltou atrás...  - Que seja!

- Posso?

- Rosa... - Polly rolou os olhos - Não concorde com essa idiotice.

Piper gargalhou e preencheu a boca. Ela quase engasgou pelo tanto de farinha que havia estocado na boca. Suas bochechas ficaram avantajadas... Cena grotesca!

- Hum... - Tentou mover os lábios, a língua... Impossível. Ela sorriu e pressionou os lábios, impedindo que a farofa disparasse no rosto da cozinheira baixinha.

- Vocês são três malucos! - A veterinária não se privava de sorrir. Piper estava se divertindo. - Vai, tenta dizer alguma coisa...

Ela sorria com as bochechas inchadas.

- Não consegue? - Georg abraçou-a, olhando-a de soslaio. Piper negou, mas continuou com a expressão sorridente até demais.

- Cuspa isso para fora de sua boca, anda... - Polly estirou um guardanapo em frente ao rosto da loira. Ela se negou, dando a entender que iria conseguir.

- E-u... - Uma grande porcentagem de farinha fugiu dos lábios dela, levando-a a risada eterna. Piper adorou aquele tipo de desafio. Ela jamais teria experimentado tal divertimento assim se Carol estivesse viva.

- Ainda bem que estão separados das demais mesas. - Alex quem dissera. Ela aproximou-se devagar, observando a diversão que envolvia os demais. Logo descobriu do que se tratava: Piper com a boca repleta de alguma coisa amarela, até então, indecifrável para ela.

Todos ficaram tensos, exceto Piper que até tentou pronunciar o nome dela.

- Ooooi, Alex!

Alex teve o rosto pipocado pela farinha fujona que rompera da boca de Piper. Seus cabelos, blusa e óculos estavam cheios de detalhes amarelos.

De boca vazia, Piper arregalou os olhos e sacudiu as mãos. Polly se levantou no mesmo instante pronta para tomar a frente, caso Alex revidasse a travessura com brutalidade.

- Me desculpe Alex, eu não consegui...

- Você acha divertido? - Alex, tranquila, ia se limpando - Acha divertido me cuspir farinha de milho?

Piper fez um movimento ansioso, negando e distendendo a mão até os seios da morena. Alex usava roupas alegres, coturnos e óculos de sol. Antes que a loira a pudesse tocar, ela segurou firmemente em sua mão.

- Não me toque. - Sua voz não carregava alteração. Ela soltou a mão de Piper, suspirou e retirou os óculos.

- Eu não consegui engolir. Eu tentei... Era muita farinha. - Ela olhou zangadamente para Georg. O garoto deu meio sorriso. Piper limpou o rosto usando o gesso, tornando a olhar Alex.

- Interessante... - Alex se inclinou para frente, apanhou uma colher e encheu a boca de farinha. Polly arqueou a sobrancelha... Rosa a copiou. Piper era a única a sorrir e esperar o próximo passo.

Silêncio...

Alex deu um passo à frente, invadindo o espaço pessoal de Piper. A loira a olhou nos olhos, nariz... Lábios. Vause engordou as bochechas em um sorriso mútuo.

- Vai ter troco? - Piper quem perguntou.

- Aposto... Que... Sim.

Alex estava tão cismada com a aproximação que acabou engasgando, e ainda assim cuspindo a farinha para todos os lados.

- Dios mios! - Lorenza estava perplexa. Ela jogou a bolsa no colo de Victor, correu até Alex e deu dois tapinhas em suas costas. - O que se passa?

- Alex cuspiu farinha em mim... - Piper se explicava toda cheia de sorriso... E satisfação - Eu a cuspi primeiro, então...

- Ai! Cale-se! - Lorenza não estava interessada em escutá-la.

Piper ficou sentida e olhou para os sapatos. Aos poucos, Alex foi respirando devagar.

- Vamos parar com essa guerrinha estúpida de farinha. - Polly ordenou, parecendo ser a mais ajuizada dali. Alex e Piper se olhavam com um sorriso tímido. Polly foi percebendo algo ali que não se encaixava muito bem, ou que não iria se encaixar.

- Bem, crianças, eu acho melhor levar a farinha de volta à cozinha. - Rosa se retirou e levou a munição amarela consigo.

Enquanto Lorenza enchia Alex de cuidados, oferecendo água, guardanapos, Polly levou Piper até o final da varanda.

- Você está bem?

- Polly! Eu adorei a brincadeirinha com a farinha. Você viu? Alex não ficou zangada comigo.

- Percebi muitas coisas... Nossa, tem resquícios de farinha até nos teus cílios.

- Obrigada... Ai. Já deve ter saído.

- Enfiei o dedo no seu olho. - As duas riram.

- Eu sei... Não me machucou.

- E aí, qual é a da Lorenza?

- Você jura que a conhece? - Piper segurou no ombro dela.

- É... Não é algo que me dê orgulho, mas... Acontece. - retrucou - A égua espanhola foi rude com você.

- Tenho certeza de que ela não gosta de mim. Não sei o que andei fazendo para ela... - Cruzou os braços até onde pôde - Já sei! Que tal eu me desculpar?

- Se desculpar? Você não fez nada de errado, amor. Aquela... Cadela é quem lhe deve desculpas. Foi rude, te empurrou na piscina... Ah se eu pego ela.

- Foi tudo um acidente, Pol. Você jurou que não iria brigar...

- Não se preocupe amor, eu não irei fazer nada disso.

Piper deu um beijo no rosto dela. Ao fundo, Chapman notou quando Alex iria se aproximar, porém, o seu gesto a fez perder o interesse e dar meia volta.

- Alex vinha vindo...

Polly olhou para trás.

- É mesmo? Que pena...

- Pol... - deixou-se suspirar - Eu fico bastante contente na presença de Alex. - Ela usou o sotaque pesado.

A veterinária sorriu de nervoso... Pobre Piper. Estaria ela apaixonada pela pessoa mais problemática do mundo?

- Quer se explicar?

- Não sei me expressar muito bem. - Ela desabafou e sentou no cercado - Nunca gostei de outra pessoa em minha vida a não ser a minha mãe. Mas eu não gosto de Alex como se eu fosse filha dela.

Polly gargalhou e segurou nos joelhos dela.

- Talvez você esteja gostando dela de modo lírico...

- Como em livros e filmes?

- É, querida, e só tende a piorar.

- Eu acho que sim! - Piper sorriu com toda a inocência do mundo - Eu acho que ela não gosta de mim...

- Não sou capaz de concordar. Ela a levou para colocar outro gesso, lhe fez outro desenho de Shelby... - as duas iam olhando os detalhes ditos - Talvez ela goste de você de um jeito amistoso, minha querida, assim como eu, Georg.

- Georg me escreveu poemas e uma cartinha de amor.

- Eu pego aquele gorducho!

As duas riram.

- Atrapalho?

Polly se virou e deu de frente com Samantha Nichols, prima de Nicky. Ambas se tornaram amigas assim que Samantha passou a tomar aulas de montaria no rancho.

- Ah, que bom, que ótimo que você compareceu! - Polly deu nela um abraço apertado.

- Sim, eu disse que viria. Encontrei o tio Kane, e já o parabenizei. - Samantha afastou-se e cumprimentou Piper. - Olá...

- Piper Chapman! - Polly fez as apresentações - Ela é...

- A namorada de Larry. - Outro sorriso - Minha prima me falou a respeito dela. - Sam olhou para Piper - É um imenso prazer, Piper, finalmente eu estou diante de você.

- É... Eu não... - Piper estava carregada de vergonha. Samantha era linda... Da cabeça aos pés. Ela tinha longos cabelos ruivos, cílios carregados e vultosos, olhos azuis, ou verdes, e o rosto tomado por lindas sardas. Era alta e bem magrinha.

- Tudo bem... - Samantha massageou os dedos dela - Eu devo imaginar a bagunça que está a sua cabeça. Polly não lhe deu um minuto de paz, não é?

- Polly sim, os demais que não.

- A propósito, me chamo Samantha Nichols, mas pode me chamar de Sam.

- Você é muito linda... E cheira bem. - Piper ficou de pé e passou a aspirar ao cheirinho que vinha da ruiva.

- Ela é um doce assim mesmo. - Polly explicou, devido ao olhar animado e curioso de Samantha.

As três imergiram em uma conversa acalorada. Piper mostrava-se confusa diante do olhar avaliativo de Samantha, entretanto, as duas se deram muito bem. Piper era um ser precioso, sem maldade, sem pré-julgamentos, ela era o lado bom em um mundo mau. Sam a contou que era professora de Ballet, e Piper ficou um pouco eufórica ao saber da sua profissão. Polly sorriu assim que percebeu que Piper havia ganhado outra amiga.

 

Alex havia felicitado Kane, e depois voltou para casa acompanhada de Victor e Lorenza. Nicky, ao lado de Piper, investigava os desenhos que a amiga fizera no gesso da namorada de Larry.

- Você não quer mesmo um pedaço de bolo? Está uma delícia...

- Agradeço Sam, mas eu não gosto de bolos de festa. - Piper contou.

- Você dá pra dar a mão à Nicky.

A tenista sorriu.

- Você não gosta de bolos, Nicky? - Piper virou-se para ela.

- Não sou chegada. - Nicky brincou de olhá-la nos olhos. Piper avermelhou.

- Ah... - Ela desceu a mão pelos cabelos, deixando o assunto morrer. Polly e Samantha conversavam um pouco, enquanto Nicky e Piper ficaram apenas contemplando.

- Alex saiu daqui e levou o urubu junto com ela. Vocês viram?

- Urubu? - Piper inquiriu - Ela possui um?

As mulheres riram.

- O que eu quis dizer, Piper, é que Lorenza é um pé no saco, entendeu? - Samantha sorriu - Ela é uma graça, meninas - se referia à inocência da loirinha.

- Lorenza não gosta muito de mim.

- Ela não gosta nem da própria sombra... - Analisou Diane, ao se juntar às moças, um pouco sorridente.

Samantha pareceu mastigar a própria língua. Ela não se dava muito bem com a mãe de Alex.

- Você está linda com este vestido curto, Diane.

- Obrigada, Piper. Você também está ótima, querida. - Ela apertou as mãos - Eu odeio ser formal em algumas festas...

- Você quer se esbaldar? - Nicky perguntou.

- Eu queria não ter que dar explicações aos demais... - Ela parecia frustrada - Já sou bem crescidinha.

- Você aceita uma bebida? - Polly esperou uma resposta positiva, entretanto, Diane recusou e sentou em um banco de madeira.

- Estou tentando reduzir com a bebida, querida, não se preocupe... Estou bem.

Polly deu por vencida.

- Eu aceito no lugar dela, Polly.

- Mais alguém quer alguma bebida, além de Samantha?

- Não. Eu comi demais... - Piper alisou a barriga.

- Eu estou bem. - Nicky disse em tom de despedida - Preciso ir.

- Todo mundo resolveu fugir da festa?

- Saiba que a família do seu namorado é completamente discreta, Piper, ainda mais em festas de conhecidos. - A mãe de Alex soltou. Piper coçou o ombro - Gostamos de nos esbaldar, como disse Nicky, em lugares desconhecidos, a tal liberdade não mora aqui.

- Eu nunca fui a uma festa...

Nicky achou interessante o momento "eu confesso" que Piper estava tendo.

- Não? - Samantha e Diane fizeram a mesma pergunta. Elas se entreolharam. A mãe de Alex sustentou o olhar, a ruiva preferiu ignorar.

- Eu-

- Piper contou a mim que era do tipo "caseira". - Polly sentou no lugar de Nicky e abraçou a loira, rindo.

- Sim! Eu estou até com saudade de casa. Eu adorava limpar, passar, fazer muitas coisas.

- Ela adora falar pelos cotovelos. - Polly forçou um sorriso, desejando que Piper calasse a boca.

- Eu as vejo por aí. - Nicky retirou-se.

- A calmaria assusta a minha prima. - Samantha fez um charme com uma jogada de cabelo, risonha. Ela preferiu por ficar em pé - Ela adora festas mais agitadas.

- Alex também. - Diane acendeu um cigarro e depois largou o isqueiro em cima do maço. As duas iam se ignorando conforme a conversa pertencia entre ambas. Uma respondia, a outra completava algo... nunca diretamente... Era como se falassem sozinhas. Piper, curiosa, estranhou.

- Vocês não se falam?

- Eu vou buscar as bebidas. - Polly saiu.

Diane liberou uma corrente de fumaça.

- É claro que nos falamos. - Samantha disse.

- Vocês duas não se olham enquanto falam. Eu pensei que fossem brigadas... Ei, não devia fumar.

- Fumar é uma terapia, Piper, pelo menos para mim.

- Mas você não tem medo? Minha mãe dizia que fumar não era algo bom de se fazer. Você é nova.

Samantha sorriu irônica. Diane volveu os olhos.

- Está certa... Você está certa, Piper. - Diane deu a última tragada e jogou a bituca longe.

- Pretende me queimar? - A ruiva havia se esquivado do cigarro, caso contrário, teria queimado o seu braço. Ela o pisoteou com um pouco de força.

- Eu não vou muito com a sua cara, criança, mas, queimar você, seria a última coisa que eu iria pretender.

- Mania horrorosa que você tem em chamar os outros de criança. Eu tenho a mesma idade de sua filha... Só para refrescar a tua memória.

- Vocês já estão se estranhando? - Polly entregou o copo de Samantha.

- Eu estou de saída. - Diane disse e sorriu para Piper - Tenho um jantar, e preciso me organizar. - Ela abraçou Chapman - Eu a vejo depois querida, fique bem.

- Você também. - Piper mexeu nos cabelos.

- Polly, Samantha... - Ela foi caminhando sem olhar para trás.

- É uma perua, arrogante!

- Quem?

Samantha forçou uma risada. Piper tentou sorrir, mas não conseguiu, e então ela respondeu:

- Ninguém, Piper. Vamos conversar?

- Sim!

Polly revirou os olhos.

Piper se viu cansada de tanto conversar. Embora fosse uma situação irônica, ela queria levantar e ir fazer algo de útil, qualquer coisa que não envolvesse conversa. Com a desculpa de que iria ao banheiro, ela conseguiu escapar de Polly, Samantha e Georgino. A tarde estava morrendo aos poucos, dando espaço aos primeiros sinais de que a noite se aproximava. Depois de perambular por uma grande parte do rancho, Piper conseguiu uma maçã verde na cozinha, lavou-a e, depois de alguns minutos, saiu. Ela deu algumas mordidas enquanto fazia o caminho de volta. Sem resistir ao passar pela cocheira, ela a adentrou. Tinha algo de muito especial naquela cocheira. As portas estavam abertas, o vento ia e vinha, o cheiro da noite... Ela deu um longo suspiro, feliz e sorridente. Por ali não havia ninguém, mas as luzes estavam acesas e os cavalos estavam acordados. Ela se esquivou de alguns, bateu o dedo no pescoço de outros... Na vez de Iara, ela acenou e esperou por um estímulo da égua. Iara chicoteou o rabo, moveu a ponta da orelha, nada demais. Olhando ao redor, Piper mordeu o lábio.

- Não sei se é verdade... - Se pendurou na barreira - Dizem que, cavalos, gostam de maçãs. Você gosta? - A égua correu até a barreira como se fosse arrebentar com o corpo de Piper. Embora assustada, Piper se jogou para trás, arregalou os olhos e respirou fundo. Os olhos do animal estavam brilhando de fúria. Num átimo, ela levantou e limpou as vestes.

- Que susto! Eu só vim te oferecer uma maçã... E... - Ela procurava pelo fruto - A perdi... A... Achei! - Ela se abaixou e apanhou a maçã - Quer um pedaço?

Iara bufou e fez os cabelos de Piper balançarem. Ela deu uma risada contida e depois deu uma mordida na maçã, colocou um pedaço na palma da mão e se aproximou, novamente, de Iara.

- Estou rezando para que você não morda a minha mão. - Ela tomou um pouco de coragem - Está vendo esse gesso? Você me atropelou. Doeu... Estou bem. Obrigada por perguntar... Ei... - Ela encolheu a mão. Iara foi com o intuito de cheirar a fruta oferecida. As duas se encararam. Piper deu outra risada.

- Não coma os meus dedos, não coma a minha mão... - Ela ia repetindo o mantra de olhos fechados, dando passos até a barreira de proteção. Nada de ruim aconteceu. Iara fez pressão em sua mão, comeu a maçã e fez um ruído semelhante aos demais cavalos. Os olhos de Piper se abriram e ela se assustou ao ver Alex, parada ao lado, olhando-lhe.

- Hum...

- Você tem a memória fresca? - Alex perguntou. Estava com o semblante leve.

Piper não respondeu. Sabia que havia feito bobagem... Alex a proibiu de adentrar o recinto.

- O gato comeu a sua língua?

- Não... - Piper moveu a língua dentro da boca. Ela, na certa, não havia entendido a expressão. - Vai brigar comigo?

- Não... - Vause fez um sinal com a mão, e Iara se afastou - Só estou desapontada. Você me prometeu algo e não cumpriu.

- Você contará aos demais?

- Os demais não são o problema, Piper, o problema sou eu, a dona desse lugar, a dona da égua que a machucou.

- Oh... Eu devo estar encrencada. - Piper deu um sorriso infantil - Mas, Alex... Eu... Ih, você está me olhando de cantinho.

Vause sorriu. Ela havia fumado, bebido e passado um tempo com Lorenza, por isso estava tão zen.

- Por favor, eu peço... Por favor, não entre aqui sozinha, Piper. Não mais, ok?

- Acompanhada sim?

- Talvez... O que você perdeu aqui?

- Eu acho que nada, era a maçã, mas... Eu a perdi de novo. - E voltou a procurar até encontra-la próxima aos pés de Alex - Achei!

- Deus... - Alex a pegou pelo braço - Vamos sair daqui. Os cavalos gostam de silêncio.

- Você está querendo me levar e depois me bater?

- Não... - ela deu uma risada cheia de dentes - Por que você pensa essas coisas?

- Não sei. - Elas andaram até a arena - Pessoas zangadas perdem a cabeça.

- É, tem razão, mas saiba que, ainda, não estou brava com você.

- Fico feliz. Ai... - Ela começou a ser perseguida pelos insetos noturnos - Estão me comendo...

- Alguém aqui está com sorte. - Alex cruzou um braço por cima do outro, pensando alto e longe ao mesmo tempo.

- Hã? - Piper se coçava e a olhava.

- Vamos indo? Eu a levo para casa.

- Preciso me despedir de Polly. Ela é minha amiga.

- Sério? - ironizou - Eu não havia notado.

- Mesmo? Ela é a minha melhor amiga. Nós nos conhecemos bem aqui, no rancho, Georg...

- Vá se despedir... - Alex a interrompeu - Estarei esperando por você no meu carro. Eu precisei voltar até aqui, e enfim...

- Por quê?

- Porque eu precisava. - Ela não quis dar outras informações.

Piper deu um sorriso travesso, batendo o cotovelo no braço da morena.

- Veio atrás da Samantha?

- O quê? - Vause se surpreendeu - De onde você tirou isso?

- Ela não é bonita? Eu a achei tãããão bonita.

- Samantha não faz o meu tipo. - Alex suspirou - Ela é interessada em outra pessoa.

- Como assim?

- Apenas vá, Piper. Não demore muito. - Sinalizou o caminho que ela tinha que percorrer.

 

- Piper, tome cuidado, huh? Alex é um lobo em pele de cordeiro.

Piper arregalou os olhos, preocupando Samantha. Ela iria dizer que era uma brincadeira, mas o celular dela havia tocado. Ela se despediu com meias palavras, e se afastou até o cantinho.

- Eu vejo você amanhã, tudo bem?

- Eu estou com medo.

- Medo de quê, Piper?

- De Alex...

Polly coçou a cabeça.

- Ela não vai te prejudicar. Desde que você não abra a boca e diga a ela a sua verdadeira identidade.

Piper se benzeu.

- Não contarei. Onde está Georg? - Ela o procurou com o olhar.

- Por aí... Comendo. Viu só o tamanho dele?

- Ah, deixe disso. Eu preciso ir. Promete que irá até a mansão me visitar?

- Amanhã.

- Eu vou ficar bem bonita para você...

- Podemos ir?

Alex odiava esperar. E, assim sendo, ela decidiu ir à procura de Piper, mas logo se arrependera. A ideia que tinha era que todos queriam arrancar uma casquinha da loira, e ela parecia dar tal liberdade à Polly. Completamente fatigada, Vause bagunçou os cabelos usando a mão direita. Piper ficou observadora, olhando-lhe nos olhos.

- Ei, Alex Vause.

Alex deu meio sorriso à Samantha.

- Fugiu da festa?

- Eu odeio festas. - Ela ajeitou os óculos e ergueu uma sobrancelha - A de hoje estava bem sem graça, por sinal...

- Lá vem ela... - Polly respirou fundo.

- O pai de Polly sempre foi conhecido por oferecer as festas mais depressivas de Nova Orleans. - Sam deu uma risada provocativa.

- Parem!

Alex e Samantha trocaram uma risada cúmplice.

- Voltou só para buscar Piper? Que avanço... Pelo menos ela não ficará esperando até o fim da noite...

- Tanto tempo se passou e você ainda fica remoendo o passado? - Alex sorriu de lado olhando o jeito solto de Samantha.

- Pode apostar. Você me deixou plantada, esperando por você naquele maldito cinema.

- Quer compensar? Eu a levo para assistir um filme no meu cinema pessoal.

Samantha gargalhou. Polly e Piper estavam fazendo cara de paisagem; Chapman mais ainda.

- Obrigada, riquinha mimada, eu passo. - Bateu a mão no braço dela - Polly, você me acompanha até o carro? Nicky mandou alguém para me buscar.

- Sim... E, tchau, amor. - Polly brincou de beijar o pescoço de Piper - Amanhã, certo? Vejo você.

- Leve Samantha. - Ela a convidou - Pedirei permissão ao Larry.

- Está convidada, Samantha. - Alex disse.

- Não prometo comparecer, Piper, entretanto obrigada pelo convite. - Ela deu um beijo na testa da loira - Até mais. Ah... Adorei conhecer você.

- Eu também! - Ela respondeu - Ei... Nós somos amigas?

- Não tenha dúvidas, querida. Beijos para você... - Ela jogou alguns, enquanto era empurrada por Polly.

- Podemos ir?

- Vamos... Eu posso ir sentada na frente?

- Sim. - Alex caminhava encarando os pés.

- Você sabe dirigir bem?

- Ninguém nunca reclamou...

- Ah... - Ela saltitava e andava ao mesmo tempo.

 

Alex, no ponto de vista de Piper, era uma ótima motorista. Ela era focada e silenciosa.

- Por que veio de carro?

- Está de noite, Piper. Estamos trabalhando em construir um atalho direto entre a mansão e o rancho, sem desvios.

- Eu pensei que fosse por conta do escuro, e dos bichos. - Ela brincava com o botão, abrindo e fechando o vidro; Alex deu um jeito e o travou, deixando-a encabulada - Existe lobisomem?

- Por aqui?

- Sim... Existe?

Alex sorriu.

- Pode ser que sim.

- Samantha disse que você era um.

- Estou mais para besta, querida. Lobisomem seria ofensa.

Piper ficou com os olhos redondos de medo, se apertando entre o banco e a porta. O coração acelerado... Ela estava com muito medo.

- É por isso que você é toda...

- Veja lá o que irá dizer, ouviu? - Alex estava adorando colocar um pouco de medo em cima da outra, chegando até a reduzir a velocidade do veículo. Estavam perto da enorme casa.

- Você é um pouco sombria. Vai me bater?

- Eu não bato em ninguém. - Ela relaxou.

- Não? Então eu acho que você irá virar um lobisomem igual ao Michael Jackson no clipe de Thriller.

Alex deu risada.

- Bem, eu acho que seria assustador até para mim.

- Eu seria a garota, sabe?

- Faço ideia. Nós estaríamos em um encontro? Posso supor isso?

- Não. - ela já se sentia melhor para poder dialogar - Ei, nós chegamos!

 

- Eu acho que alguém estava com saudades. - Alex, paciente, esperava Shelby cumprimentar Piper. Ele ia e vinha todo eufórico, pulando nas pernas dela. E ela... O abraçava e dizia coisas carinhosas.

- Ele ficará triste quando eu precisar ir embora.

- Você não irá embora... Não por enquanto. - Vause se sentou em uma cadeira na varanda principal.

- Larry disse que precisamos voltar.

- Larry o quê?

Piper deixou de fazer carinho no cachorro. Alex havia levantado.

- Eu... É... Nós vamos ficar só um pouquinho. Você poderá nos visitar. - Ela só queria dar um jeito na situação. Sentia todas as vibrações negativas de Alex.

- Eu não posso perder o meu tempo indo visitar vocês dois.

- Você vai ficar muito brava e virar um lobisomem?

- Virarei um zumbi! - Alex esbravejou - E comerei o teu cérebro, talvez assim eu descubra a sua real identidade.

Piper negou, como se estivesse com tontura, passando mal. Que péssima imagem Alex a deu!

- Quer saber? Que se dane. Amanhã mesmo tia Amy irá reiniciar os preparativos para o casamento, e vocês, digo você e Larry, estarão livres para viverem o crime de vocês.

- Quem comete imprudências é gente criminosa?

Alex tentou ficar sentada, no mais, ela afirmou e procurou por uma distração. A cabeça ficava confusa com alguns -possíveis- sentimentos. Ela encontrou um frango de borracha e o atirou longe. Shelby correu até o brinquedo.

- Eu não sou isso. - Piper fez um beicinho - Alex... Eu estou com fome.

- Entre e peça para algum empregado a servi-la de algo.

Alex tornou a jogar o brinquedo do cachorro, dessa vez mais longe ainda.

- Antes: Você é um zumbi?

- Zumbis não existem, Piper.

Ela sorriu aliviada.

- Mas você ainda é ameaçadora.

Alex sorriu através de uma respirada funda.

- E bonita... E bem legal comigo.

- Vá se alimentar e me encontre no terraço. Irei mostrar a você uma coisa.

- Eu não sei como chegar até lá. - Ela comentou, se ajoelhou e tirou os sapatos, optando por ficar descalça.

- Deixarei ordenado para que a acompanhem até lá.

 

Alex permitiu que Shelby acompanhasse Piper até a cozinha principal, mas, ao adentrar a mesma, ela teve um desentendimento por parte de Lorenza. A sobrinha de Amy ordenou que o cãozinho fosse retirado do cômodo. Piper, sem escolhas, assentiu.

Notava-se que Amy e Howard não estavam presentes, tampouco os demais.

- Você não estava naquela festa horrorosa? - Lorenza inquiriu - Por que raios você ainda está com fome?

- Lorenza... - Victor chamou-a, lembrando-a de que não estavam tão sozinhos assim. Os empregados eram atentos... Com suas orelhas do tamanho do mundo, mesmo através das paredes, eles poderiam escutar o que quer que fosse. Lorenza sorriu despretensiosamente.

- No estoy hablando nada demasiado, Victor!

- No? Mira la pobrecita...

Piper apertou o sanduíche entre os dedos da mão livre do gesso. Ela não compreendia nada de espanhol. Era uma língua rápida e enrolada. Ela não era de ter apatia pelas pessoas, mas Lorenza... Ela lhe despertava uma falta de segurança, algo ruim de sentir por outro alguém.

- Bem, coma. - Ela se encostou à borda do armário, bebericando um pouco de vinho, avaliativa.

- Quer um pouco de suco, mocinha?

Os olhos azuis encararam o rosto de Victor. Ele lhe pareceu sincero e atencioso. Era tão alto... Sem cabelos. Magro... Ela sorriu.

- Vai ajudar a descer? - Soergueu o lanche enrolado em um guardanapo fino.

O homem sorriu.

- Eu tenho a plena certeza de que sim, Piper.

- Sabe o meu nome?

- Você parece ser famosa por aqui, querida. - ele disse e olhou diretamente para Lorenza. Ela parecia determinada a lhe encher de tapas. Victor não via maldade em Piper, e muito menos o interesse dela em Alex, o amor platônico de sua melhor amiga.

- Victor, vamos indo? Leônidas está a nossa espera no heliporto.

- Vão passear? De helicóptero? - Piper se moveu até uma cadeira.

- Não é da sua conta! - A outra a respondeu - Não deve se intrometer em conversas alheias.

Piper ficou sem jeito.

- É... Eu acho melhor irmos, Lore. - Victor retirou a taça de vinho das mãos dela. Virando-se à Piper, sorriu. - Pedirei uma taça de suco para você.

- Querido, desde quando você faz favores sem cobrar nada em troca? - Lorenza sorriu friamente - Ou melhor, desde quando você virou o empregado dessa daí?

- É apenas uma gentileza, ciumentinha. - Ele brincou com o queixo dela - Você precisa relaxar. Vamos lá.

Antes de sair da cozinha, Lorenza deu a última olhada em Piper. Ela não era nada amigável... Pensou a loira.

- Eu acho que ela não gosta muito de mim.

- Lore é uma pessoa difícil. Não se preocupe com ela. Coma o seu sanduíche. Pedirei um suco para você! - Ele ganhou um aperto de mão.

- Obrigada, Victor.

- De nada... E buenas noches. Boa noite a você, Piper.

Ela esperou um pouco e depois correu para fora da cozinha, chamando por Shelby. O cachorro estabanado chegou todo eufórico. Ele carregava uma almofada entre os dentes, mas a soltou assim que notou o sanduíche na mão de Piper. Ele choramingou.

- Não deixe que Alex a pegue dando essas porcarias ao cachorro.

- Red! - Ela se assustou - Pregou-me um susto.

- O suco! - Red ria do jeito único dela.

- Victor quem lhe pediu?

- Corretamente. Ele se foi e levou... - Olhou para os lados - a megera latina.

Piper experimentou um suco de melancia.

- Onde está todo mundo?

- Por aí. Geralmente eu sou a última á saber dos compromissos dos proprietários. São todos ocupados... E, com os preparativos do casamento, agravou. Eu irei me retirar até os meus aposentos. Você ficará bem?

- Sim. Ummmm... Red. - Ela deu a última mordida no sanduíche. - Como chego até o terraço?

- É melhor que não suba lá, querida. Pode não gostar do que verá...

- Alex está a minha espera.

Red estranhou.

- A senhorita Vause?

- Uhum. Ela ficou de me mostrar algo.

- Estranho. - Red ainda não entendia muito bem o que se passava.

- Me leva até lá? Por favor!

- Piper?

- Oh, Alex, querida. - Red a olhou. Vause vestia um robe escuro. Os cabelos estavam presos no topo de sua cabeça. Ela parecia suspeita - Você a levará até o terraço?

- Por que está a me olhar como se eu fosse cometer algum crime? - Ela sorriu da desconfiança da governanta. - Está tudo sob controle, então não se preocupe. Você está liberada.

- Engraçadinha. Tome cuidado com a menina.

Piper franziu as sobrancelhas.

- Boa noite!

- Boa noite, Red.

- Por que ela te disse aquelas coisas?

- Red é a pessoa mais desconfiada do mundo. - Alex sorriu - Vamos?

- Por que você está sem os óculos, sem a roupa de antes e sem sapatos?

- Porr*! - Exclamou - Você pergunta demais, Piper.

- Sim... É porque eu gosto de saber das coisas. - suspirou - Eu posso deixar o copo em cima da mesa?

- Deixe e me acompanhe, por favor.

 

As duas pegaram o elevador até o terraço e, saindo dele, Piper abriu a boca e arregalou os olhos. O lugar parecia uma enorme sala, toda iluminada, com poltronas e espreguiçadeiras diversas espalhadas por todos os cantos. Mas, infelizmente, esse não era o grande ápice que os seus olhos enxergavam.

Uma piscina oponente se destacava. Ela tinha uma iluminação bonita, bem penetrante... O medo travou as pernas da loira. Alex tentou convencê-la a andar... E nada.

- Está tudo bem.

- Não... Não... Eu quero sair daqui! - Ela pensou em fugir, entretanto Alex a pegou no colo, e a levou até a parte segura.

- Eu tenho medo, Alex. Não faça isso.

- Eu sei, eu sei. - Alex a sentou em um divã de couro marrom. Piper estava com tanto medo no olhar, chegando a dilatar as pupilas. - A piscina é um pouco rasa... E quente. - adicionou como se fosse fazer a diferença à Piper - Eu estou aqui.

- Eu não gosto daqui. Posso ir embora? Quero descer e brincar com o cachorrinho.

- Eu a trouxe até aqui para que perca o medo, querida.

- Não! Eu não quero perder o medo. Eu detesto piscinas. Elas são assustadoras.

- Quer ver uma coisa?

- Quero. - Ela disse um pouco amuada.

Alex se desfez do robe e apresentou ao olhar de Piper um maiô verde musgo, apertado e discreto.

- A tatuagem em sua coxa... - Ela iria tocar. Alex soltou os cabelos e correu até a piscina, dando um pulo. A cena foi muito curiosa. Piper ficou um pouco empolgada. A água da piscina se agitou, e Alex emergiu risonha.

- Viu? Por que não tenta?

- Não! Eu disse que não, Alex... Ah, dá outro pulo? Eu gostei de ver.

Alex rolou os olhos, tomou fôlego e afundou, desesperando a loirinha.

- Alex? - Piper engatinhou até as cadeiras próximas à piscina - Alex... Não tem graça.

Alex ressurgiu e cuspiu um jato de água na direção de Piper. Ela se surpreendeu ao vê-la deitada de barriga para baixo, agarrando os pés das cadeiras.

- Deixei uma roupa de banho separada para você. - Ela nadou até a borda - Vá se vestir. Levanta do chão, Piper. - Gargalhou.

- Eu estou com o braço engessado.

- Nós podemos remover. - Alex torceu os cabelos e saiu da piscina - Vem...

- Não! - Piper bateu na mão dela - Eu vou engatinhando.

- Você quem sabe. - Ela caminhou até o bar, acionou um botão e as luzes se acenderam, revelando um painel com inúmeras garrafas de bebidas - Nós só iremos descer assim que você perder o medo e entrar comigo na piscina.

- Chame mais pessoas. Eu terei menos medo.

- Saíram todos. E eu não posso convidar os empregados. Aceita um pouco de champanhe?

- Não! - Piper sentou na banquetinha mais alta e apoiou os braços no mármore - Eu quero ir embora.

- Você não confia em mim?

- Confio... Eu só tenho medo, Alex. Aqui é tão grande. Parece uma academia, agora... Através das janelas é possível ver o lado sul da casa. É muito lindo. Tirando a piscina.

Alex riu dela e se aproximou, sentando ao lado.

- Gostou?

- Sim! Adorei mesmo.

- Fico feliz. Eu que projetei tudo isso.

- Sua prima... Ela não gosta muito de mim. - Mudou de assunto.

- Lorenza?

- É.

- Ela não é minha prima. É prima do seu namorado.

Piper fez um ar frenético.

- Ela me destratou.

- Quando? - Vause soltou o copo no balcão.

- Ainda há pouco.

Silêncio. Alex não tinha muita paciência com os surtos de ciúmes de Lorenza.

- Conversarei com ela.

- Ela vai ficar brava comigo. Não é preciso contar a ela. Eu só queria desabafar. Estou triste. Fiz algo de errado?

- Você está chorando?

- Eu estou...

Alex deu um passo à frente e apertou a maçã do rosto de Piper.

- Você é muito sensível. Lorenza é amargurada. Não ligue para o que ela diz. Está bem?

Ela secou as lágrimas, afirmando.

- Chega de conversa. Vá vestir o seu maiô.

- Por quê?

- O quê? - Alex a viu saltar do banco.

- Você insiste nisso.

- É importante perder o medo. E eu estarei aqui com você. - ela a acompanhou até as roupas - Piscina também pode ser diversão, Piper.

- A lá de baixo quase me matou. - Ela procurou pelas roupas. Alex lhe indicou. Havia um maiô rosa, duas toalhas e um roupão.

- Eu sinto muito. - deu meio sorriso - Você pode se trocar ali atrás. Há um vestiário.

- E se for escuro?

- Está tudo aceso. - A levou até a entrada - Quer que eu entre com você?

- Me verá nua?

- Basicamente sim.

- Não quero. Obrigada. - Ela fungou - E quanto ao meu gesso?

- Eu acho que já passou da hora de você tirá-lo. Seu braço está ótimo e você não precisará passar por uma cirurgia. Lembra?

- Lembro! - Ela deu risada - Eu já volto.

 

Dez minutos depois Piper apareceu pronta para o seu primeiro mergulho. Alex precisou tomar doses contínuas de champanhe, e pediu aos céus para que não ficasse embriagada e deixasse à loira se afogar. Piper tinha o corpo proporcional, nada de excessos. Seios grandes, bunda empinada, nada disso... Ela era adequada. Da cabeça aos pés. Alex riu assim que ela tentou esconder a nudez das pernas dentro do robe.

- Vem aqui... Posso prender para você. - Vause viu a dificuldade que ela tinha em prender os cabelos. Ela se aproximou e ficou de costas. Alex sentiu uma necessidade incomum de beijá-la na nuca. Reprimiu-se e não o fez. Os pelinhos daquela região eram loirinhos, finos.

- Preciso de boias.

- Está falando sério? - As duas se olharam e Alex se afastou um pouco.

- Eu estou! Pensa que eu não vi você enchendo a cara? Vai me deixar morrer.

Alex riu e abraçou-a. Piper retribuiu inocentemente. O corpo de Alex estava frio.

- Não temos boias aqui em cima, e eu não irei descer para apanhá-las. - Soltou-a - Confia em mim?

- Eu não quero entrar.

- Quer dar um pulo? Eu te seguro. - Alex não priorizava os receios dela, fingindo que não escutava suas recusas. - Aliás... - Tomou o robe das mãos dela, jogando-o em uma cadeira - Eu te levo no colo.

- Não... Alex... Ai. Me sol...ta. - ela escapou e correu para de trás do bar - Espera eu criar coragem.

- Então vem cá. Não irei agarrá-la.

- Promete?

- Sim... Vem.

Piper foi. Alex entrou na piscina e a esperou, paciente.

- Aí é fundo?

- Não. A parte funda está lá na ponta, perto das portas de vidro. Quer ir até lá?

- Não. - Choramingou.

- A água bate em seus ombros, e não passa disso, querida. Não é tão fundo quanto à piscina principal; a qual você caiu.

- Não quero mais falar disso. - Ela se sentou no piso e foi se arrastando devagar até os braços de Alex - Eu estou morrendo de medo. Me pega.

Vause o fez. Ela segurou na cintura fina de Piper, e a colocou em pé. A loira lhe proibiu de se afastar. Ela a segurava pelos ombros, olhando todos os cantos da piscina.

- Pode me soltar. Se entrarem aqui, irão pensar que você está me agarrando.

- Eu estou agarrando você. - Ela disse o óbvio, mas não olhava no rosto de Alex. Ele estava tão perto - A água é quentinha. Sai até fumacinha.

- Ok... Agora eu vou soltar-

- Não! - Ela abraçou Alex e olhou por cima do ombro dela - Você tem um saleiro tatuado?

Alex aproveitou a oportunidade e afundou o nariz no pescoço dela. Piper não percebia muita coisa, só o calor que parecia aumentar naquela região em que Alex esfregava o nariz.

- Eu tenho.

- Por quê? - Ela desenhava por cima.

- Outra hora eu te conto... - Alex se arrumou e distanciou o nariz da pele dela - Seu gesso... Está ai... Incomodando o meu ombro.

- Se você me soltar, eu afundo?

Alex a soltou.

- Aqui é raso. - Ela foi se distanciando - Aqui... Nem tanto. Consegue chegar até aqui?

- Eu não sua doida. - Ela disse e sorriu.

- Se eu apertar um botão, a parte em que você está fica funda. - Inventou.

Piper na mesma hora saltou para fora da piscina.

- Qual é... Estou brincando Piper.

- Eu já cansei de nadar.

- Mas você não nadou. - Alex saiu da piscina, repetiu o processo de torcer o cabelo, sorriu e caminhou até Piper - Me abraça.

- Mas-

A morena não esperou muito e a abraçou, pulando no meio da piscina. As duas mergulharam fundo, e Piper a segurou. Ao emergirem, Alex notou que estavam na parte profunda, ainda assim ela tinha o controle da situação.

- Aqui é fundo. - Piper ficou realmente desesperada - Me tira daqui.

- Estou segurando você, não estou?

- Eu tenho medo.

Alex a soltou e ela afundou rapidamente.

- Peguei você.

- Alex... Por favor, não faça isso.

Ela tornou a fazer e, dessa vez, foi junto. Piper estava com os olhos abertos, arregalados de medo, ela fazia inúmeras bolhas de água com o nariz e boca. Alex sorriu e apontou para cima, levando-a consigo.

- Você quer me bater? Eu estou segurando você.

- Não me importo. Estou ficando muito brava. - Ela piscava e tirava a água dos olhos - Fala a verdade, está me punindo pela farofa que eu cuspi em você?

- Não seja boba. - Alex acompanhou o movimentar de lábios que ela deu - Eu a soltarei... E você tenta mover as pernas.

Ela a largou. Piper afundou e foi recuperada.

- Para com isso. - Ela choramingou feito uma criança. Alex a beijou na bochecha e situou-se, pedindo desculpas e a levando até a parte rasa.

- Eu nunca mais entro aí! - Chapman escapou e buscou refúgio em uma espreguiçadeira.

- Uh... Acho que traumatizei você. - Deu outra risada - Gosto de nadar, sabia? - Ela começou a dar braçadas na água, e Piper acompanhava o desempenho dela. Alguns minutos se passaram e Alex pareceu cansada de tanto nadar de um lado para o outro; regressou até a borda e piscou um olho para uma Piper admirada.

- Você faz isso ficar fácil.

- Nadar?

- Nadar... Isso.

Alex sorriu e deu de ombros.

- Quer me contar a sua história de vida?

Piper acompanhava a água que escorria do gesso, negando.

- Quem sabe eu não posso ajudá-la?

- Eu não preciso de ajuda. - Ela respondeu calorosamente.

Vause deu meio minuto e depois perguntou:

- Você ama o Larry?

Piper respondeu que sim. Vause não sentiu muito entusiasmo na confissão.

- Como amigo! - Ela completou - Ele adora roupas xadrez, tem um penteado que é feio demais, mas... É muito adorável comigo.

- Declaração nada apaixonante, Piper. Posso me sentar ao seu lado? Obrigada.

- Você tem medo de alguma coisa?

Alex repensou inúmeras vezes a questão dela, secando o cabelo e olhando-a nos olhos.

- Sim... Tenho medo de perder as pessoas que eu amo.

- É um medo implantado em nossa alma.

Alex ficou admirada.

- Você tem razão... Parece-me triste.

Ela ficou quietinha.

- É normal sentir tanta vontade em querer te abraçar?

- Eu gosto de abraços. - Piper a abraçou, de repente, a fazendo suspirar - Você está me paquerando?

- É claro que não. - Alex interrompeu o abraço dando risada. Ela sorria e ria muito fácil na presença de Piper.

- Eu li um artigo sobre paqueras em uma revista. Você paquerou Samantha.

- Estou sendo apontada como uma paqueradora nata? Eu já estive melhor. - zombou - Vou ajudá-la a retirar o gesso.

 

- Obrigada, Alex. Sinto-me melhor sem o gesso.

Alex fez um sinal espaçoso.

- Você carrega um sotaque bem bonito.

- Sou filha de mãe holandesa.

- Por isso tanta beleza. - Alex a tocou nos dedos - Não me olhe assim, não estou paquerando você. - Piper deu meio sorriso - Acho magnífico o seu jeito de ser.

- É um elogio... Não uma paquera. - Ela adivinhou e olhou, de pertinho, o rosto de Alex - Você é tão real. Tem o semblante forte, se parece com uma pantera. Sabe? O animalzinho.

- Sei... O animalzinho. - Outro sorriso - Devo agradecê-la?

- Eu acho que não.

- Sendo assim... - Vause saltou para dentro da piscina - Entra aqui.

- Eu não. Estou correndo de você! - Piper levantou de pressa, juntou as coisas e saiu às gargalhadas. Ela podia escutar Alex correndo atrás de si. No corredor ligado ao seu quarto, ela esbarrou em uma camareira, pediu desculpas e entrou no aposento. Não demorou muito e Alex apareceu, respingando água, rindo e buscando fôlego.

- Você é uma molenga. Ei... Eu devo ter esquecido as minhas roupas lá em cima.

- Alguém trará para você. - Alex foi até o banheiro e se envolveu em um novo roupão, voltando em seguida.

- Gostei de correr. Nós poderíamos brincar.

- Não sei se você percebeu, mas eu não tenho mais idade para certas brincadeiras.

- Você não é divertida. Aposto que Nicky toparia brincar comigo.

- Gosta dela?

- De Nicky? Eu gosto.

Alex não disse nada.

- Você está molhando o carpete.

- Percebi. - Ela olhou a poça de água que se formava sob os pés. - Tomarei um banho.

- Podemos assistir a um filme?

- Claro. Eu a vejo daqui a pouco, Piper. - Ela se retirou do quarto da loira, e encontrou Amy no corredor.

- Ouvi relatos de que você e Piper estavam correndo pelos corredores.

- Fofoqueiros. - As duas riram - Está de saída?

- Oh, não, não, querida. Eu acabo de retornar de um jantar de negócios, chato, a qual o seu tio me submeteu. Preciso dormir. Amanhã será um dia cheio.

- Degustação de champanhes, caviar... Entre muitas iguarias que só Daya e John oferecerão em seu casamento. - revirou os olhos. Amy sorriu e a beijou.

- Boa noite, querida. Tome um banho. Está muito gelada.

 

- Que cheiro bom! - Piper tietava os cabelos de Alex. Elas estavam deitadas no tapete, cercadas de almofadas e guloseimas - Qual shampoo você usa?

- Quer falar a respeito no meio do filme?

- Ah, eu já assisti a fantástica fábrica de chocolate. - Ela mordeu a ponta de um caramelo.

- Por que não me disse? Eu teria escolhido outro filme.

- Eu adoro assistir repetidas vezes, Alex, é tão mágico. Você sabia que eu consigo sentir o gosto de cada doce exibido no filme? Principalmente o lago de chocolate... Hummm... - Ela fechou os olhos e arrebitou o nariz para cima. Alex que acompanhava o gesto, sorriu, tendo ideia de como era ser sortuda por se deparar com uma pessoa tão genuína.

- Não sei qual shampoo uso. Pode ser qualquer um.

- Nah. Tem cheirinho de laranja...

- Seu sotaque chega a ser confundido com alemão.

Piper largou a ponta do cabelo dela, e se jogou em cima de uma almofada, pensativa.

- Ficou estranha... Eu te incomodei?

Ela negou.

- Eu prefiro não falar de mim. - Ela balançou as pernas - Alex...

- Sim, estou te ouvindo.

- Eu gostei de ter nadado com você. Perdi um pouco de medo. Pode ser segredo?

- Se assim você deseja, será segredo. Estou feliz em saber disso. Quando quiser, estarei à disposição.

- Okay... Tenho outra pergunta.

- Espere... - Alex arrumou uma almofada perto à de Piper.

- Somos vizinhas de almofadas.

- Somos... E você é muito meiga... E curiosa. - Vause esperou ela parar de sorrir - Pergunte...

- Samantha gosta da sua mãe? Elas estavam se estranhando.

- Hum... Digamos que... Samantha

- Hã... - Ela agarrou a mão da morena, balançando-a.

- Ela sempre foi apaixonada por minha mãe.

- Nossa, que incrível. Sua mãe sabe?

- Minha mãe sempre foi a MILF da garotada, querida. Então é claro que ela sabe.

- O que isso significa?

Alex deu um sorriso sujo.

- Mothers I'd like to fuck, traduzindo: Mães com quem eu gostaria de trepar... De fazer sex*.

Piper esquentou as bochechas.

- Você deve saber como é... Já fez sex*.

- Eu entendi. Para de falar besteiras para mim.

- Eu só estou esclarecendo as suas dúvidas. - Alex entrelaçou os dedos aos dela - Me responde uma coisa...

Chapman começou a ficar tensa. Ela odiava responder questões pessoais.

- Quantos anos você tem?

- Farei 27. E você?

- Trinta e pouco.

- Trinta e dois?

- Trinta e pouco. - Repetiu.

- Não vale!

- Trinta e dois... Você acertou.

- E sua mãe?

- 45... Não diga a ela que eu contei a você.

- Ela é muito nova.

- Ela engravidou de mim aos 13 anos.  Ela era durona... Apaixonada pelo meu pai.

- Você a julga por isso? - Piper deitou de lado. Estava com sono.

- Eu sou a melhor coisa que ela já fez na vida dela. Não a julgo.

Piper gargalhou lindamente.

- Alex...

- Piper? - Timidamente, Alex arrumou a franja dela, acompanhando o piscar de seus olhos sonolentos.

- Polly virá me visitar.

- Estou lembrada. Você gosta muito dela, não?

- Ela é minha amiga.

- Eu não sou?

- Sim, você é. - Ela bocejou.

- Vai dormir na cama.

- Não estou com sono. - Ela fechou os olhos - Só estou descansando a vista.

- Shelby...

Ele saltou da cama após escutar o chamado de Alex.

- Puxe os pés de Piper... Isso, muito bem. Vamos fazer com que ela desperte.

- Au... Ai... Ei, vai rasgar a minha meia. - Ela morria de cócegas - Shelby... Ai... Eu já me sentei.

- Stop! - Alex disse - Chega, chega.

O cachorro queria mais, olhava para as duas mulheres todo empolgado.

- Ele sabe fazer muitas coisas. Você quem o ensinou?

- Não, não. - Alex levantou - Shelby dormirá aqui com você. Eu não poderei ficar.

- Por quê?

- Larry pode não gostar. Eu gosto de mulheres... Dormir com você-

- Eu sei! - ela ia juntando as coisas - Mas você não está me paquerando. Somos amigas, não somos?

- Ah... Que vida difícil. - Alex suspirou - Deixe essas coisas aí. - Retirou tudo das mãos dela - Deite na cama.

- Fique aqui. Larry não achará ruim... Ele nem está aqui. Vive saindo.

- Não sente ciúmes dessas saideiras dele?

- Eu acho que não, não sei. Deita aqui Shelby, e Alex, deita aqui do meu lado.

- Tudo bem, eu deito... Mas... - Alex Vause se preparou para se deitar - Eu quero um beijo de boa noite.

- Na boca?

- Não que eu queira, sabe... Mas...

- Eu não sei beijar ninguém na boca. E você comeu doce, não escovou os dentes. Eu também não...

- Vamos escovar os dentes? - Alex retirou os óculos e encarou Piper.

- Só para nos beijarmos?

- Meu Deus, Piper... - Ela ria muito - Vamos escovar os dentes.

As duas demoraram quase vinte minutos escovando os dentes, e depois voltaram à cama.

- Então quer dizer que você nunca beijou ninguém?

Silêncio. Piper fazia carinho no focinho do cachorro usando os pés, distraída.

- Larry se conformou apenas com beijos nas mãos... Ou...

- Pare de falar essas coisas. Você sabia que eu não gosto?

- Você é muito surpreendente. - Alex apagou a luz do abajur - Não irei beijá-la na boca. Você não faz o meu tipo.

- Não sou bonita?

Vause aguentou firme e não sorriu.

- Bonita você é, só não faz o meu tipo.

- Boa noite. - Ela bocejou - Segura...

Alex agarrou a mão dela. Tão quente.

- Quem faz o teu tipo? - Piper perguntou.

- Halle Berry, Charlize Theron, mmmm... - bocejou - Tyra Banks.

- Não sei quem são. Eu não faço?

- Você quer fazer? - Alex a fez olhar em seus olhos.

- Não.

- Então porque você fica me questionando?

- Eu gosto de te perguntar as coisas.

- É eu tenho notado. - Apontou o rosto - Um beijo de boa noite?

Piper deu um beijo demorado na bochecha dela. Era grande e muito macia. Aproveitou e deu mais alguns deles ali.

- Viu só o tanto de beijos que eu dei em você?

- Vi, senti e gostei. - sorriu - Aceita um?

Piper a olhou, desconfiada.

- É um... - beijou-a na testa - beijinho simples.

A loira deitou de barriga para cima.

- Você beija garotas?

- Aí vamos nós... - Vause cantou - Por que não deixa de perguntas íntimas?

Ela concordou, contudo, Vause voltou atrás.

- Eu beijo quem eu quero e sinto vontade.

- Você aprendeu com quem?

- Com ninguém... Com o tempo você só vai aperfeiçoando. Por que a curiosidade?

- Alex, você acha que eu saberei beijar alguém? E se rirem de mim?

- Larry nunca a beijou?

- Sim. Beijinhos curtos.

- Assim...? - Alex encostou os lábios aos dela. Morta de vergonha, Piper ruborizou - Você está toda vermelha. - Riu - Me desculpe, foi apenas uma demonstração.

- É... E isso não é beijo de verdade, não? - Ela tapou a boca com o edredom, caso Alex avançasse em seus lábios. Gostou de dar-lhe um pequeno beijo, realmente o fez. Uma expectativa começou a nascer dentro de si, e ela teve medo de não saber manusear os lábios da outra, caso ela a beijasse de novo.

- Depende do seu ponto de vista. - Alex apertou a mão dela - Durma bem, Piper.

- Você também, Alex.

Piper havia perdido o sono. Ela ficou parada observando o jeito bonito de Alex dormir. Ela era a mulher mais linda já vista por si. Piper notou que adorava o nariz dela... Ele era afinado e pontudo. Ela se viu o beijando na pontinha, mas se deteve ao dar de cara com os lábios rosados. Eles eram tão convidativos... Próximos. Roçou-os junto aos seus, devagar. Alex se mexeu e ela deitou rapidamente, fingindo dormir. Precisava conversar com Polly, ela saberia lhe explicar aquelas coisas estranhas que vinha sentindo pela prima de Larry, embora não demonstrasse muito...

 

Fim do capítulo


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Comentários para 6 - Capitulo 6:
Jaqueline Nayora
Jaqueline Nayora

Em: 25/06/2021

Bora ver como essa criança num corpo de mulher, vai se sair c questionamentos q nem especialistas conseguem resolver sem dar uns surtos.

????????????????????

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