Conexão por ThaisBispo
Desejo
一 Tem certeza? 一 Stephanie perguntou pensativa. 一 Às vezes é só impressão.
一 Exatamente, olhe meu exemplo. 一 Sorri tentando lhe encorajar.
一 Clarinha, não me entenda mal, mas você nunca passou a impressão de que era hétero. Pronto, falei. 一 Ele ergueu as mãos e fechou os olhos.
一 H-Hey! 一 Fechei o semblante, em seguida a fitei na tentativa de que ela entendesse que eu precisava de um apoio moral.
一 Er... É. 一 O sorriso torto dela me convenceu. 一 Eu concordo com ele dessa vez.
一 Ah, pronto! 一 revirei os olhos. 一 Desde quando vocês são aliados agora? 一 Cruzei os braços e fechei a cara ao virar para frente, colocando o cinto novamente e engatando a marcha, sorrindo em forma de desculpas para os vovôs e vovós que ameaçavam bater no carro com suas bengalas.
一 Você o conhece?
一 Não exatamente, só de vista. 一 ele suspirou derrotado. 一 O curso dele fica no outro prédio, então raramente o encontro.
一 Espera um pouco! 一 Eu o encarei pelo retrovisor. 一 Então foi por conta dele que você conseguiu gravar meu acidente aquele dia?
一 Como assim? 一 Stephanie arregalou os olhos.
一 Quando eu vi o que vi na biblioteca, eu mandei uma mensagem para o Samuel, porém... 一 Segurei o riso após me dar conta da logística dos acontecimentos. 一 Nós dois não estudamos no mesmo prédio, ou seja, ele não estava ali por acaso ou porque o avisei quando a Olívia apareceu, mas sim porque foi ver o Theo, acertei?
一 Te odeio... 一 murmurou fazendo um bico enorme e escondendo o rosto entre os braços, fazendo eu e Stephanie gargalhar até perder o ar.
一 Ai, Deus, não sei se dou mais risada ou se agradeço pela existência desse garoto... 一 Enxuguei uma lágrima que caiu antes de trocar a marcha. 一 Eu fiquei me perguntando como que ele chegou ali um minuto depois que eu mandei a mensagem, sendo que do prédio dele até o meu dá uns dez só de caminhada.
一 Será que vocês podem me ajudar a achar uma solução para o meu problema? 一 ele reclamou fazendo uma careta. 一 Como que eu vou descobrir algo desse garoto se eu mal o vejo?!
一 Hmm... Isso é ruim 一 Cocei a cabeça tentando pensar em algo muito mais útil do que isso para falar, mas pelo jeito eu realmente não era muito boa com relacionamentos. 一 Você deveria tentar se aproximar dele, nem que seja aos poucos, mas sem bolar aula! 一 Lancei um olhar intimidador pelo retrovisor e ele engoliu em seco.
一 Ela tem razão, amor platônico não dá certo. 一 Ela sorriu de canto e por pouco não me engasguei. 一 Acho que se eu não tivesse me declarado, essa aqui nem teria tido iniciativa.
一 Ui! Revelações! 一 Samuel me cutucou com um sorriso descarado no rosto. 一 Pode contar mais, sou todo ouvidos!
一 Com certeza!
一 De forma alguma! 一 protestei sentindo minhas bochechas queimarem. 一 Hey!
一 Oh! Então quer dizer que vossa senhoria iria fazer isto? 一 Ela me cutucou, fazendo-me rosnar entre os dentes e dar uma brecada proposital de leve, levando ambos a tomarem um susto.
一 Calem a boca antes que eu jogue os dois na pista!
一 Ok! Ok!
Os dois seguraram o riso e isso me deixou ainda mais pistola, tanto que freei de novo. Finalmente entenderam e pararam de vez.
Depois que chegamos, tiramos no jokenpô para ver quem tomaria banho primeiro, e Samuel foi o sortudo na rodada, sobrando para mim e Stephanie fazermos o almoço, e como a criança ainda tinha que ir trabalhar, teria que ser algo que cozinhasse rápido, proporcionando, assim, um momento que embora nenhuma de nós citasse uma mísera palavra, apenas por estarmos na presença uma da outra, aquilo me deixava em paz. Depois do almoço, Samuel se despediu dizendo que só voltaria às sete da noite, deixando o apartamento livre para nós duas.
Se antes eu e ele já éramos próximos, ultimamente nos tornamos ainda mais, sem contar que por ele ser o único homem na casa, acho que nunca o vi tão à vontade, tanto que muitas vezes ele andava só de samba-canção pelo apartamento, enquanto eu e Stephanie éramos um pouco mais discretas, uma vez que não tínhamos nem essa intimidade entre nós ainda. E tá aí um assunto que me deixava um tanto quanto "nervosa", talvez "apreensiva" seria a palavra correta, mas acredito que seja uma mistura dos dois termos. A verdade era que eu estava descobrindo um lado novo meu, e, bom, isso me deixava um tanto quanto medrosa e insegura, porque apesar de não haver pressão da parte dela, eu queria tentar algo mais íntimo, só não sabia como e isso me deixava com mais receio ainda de magoá-la, ou pior, decepcioná-la por não fazer nada.
Meu Deus, eu odeio o meu subconsciente com todas as minhas forças.
一 Por que está tão tensa?
Sua voz havia me despertado de meus devaneios. Estávamos agora deitadas no sofá assistindo à TV, ela por cima do meu peito e com seu braço por cima de minha barriga, enquanto eu brincava aleatoriamente com alguns fios de seu cabelo.
一 Hm? 一 Olhei-a quando percebi que me observava. 一 Não é nada...
一 Você mente muito mal, Clara. 一 Sorriu enquanto se desvencilhava de mim, apoiando o rosto sobre sua mão e o cotovelo sobre o encosto. 一 O que foi?
一 É que... 一 Suspirei ao me ajeitar melhor no sofá tentando procurar pelas palavras certas. 一 Eu... Eu não sei se estou fazendo as coisas direito, sabe?
一 O que quer dizer? 一 Seu olhar parecia realmente confuso e isso fazia meu estômago embrulhar, eu realmente não era boa com essas coisas. 一 Se você ficar com isso guardado dentro de você, só vai te fazer mal, sabe disso.
一 Eu sei... 一 Desviei meu olhar para o chão. 一 Steh... Você está feliz comigo? 一 Meus ombros caíram, a sensação de impotência era real.
一 Que tipo de pergunta é essa?! Depois de tudo que passamos em tão pouco tempo, você ainda tem dúvidas? 一 Ela se sentou e cruzou as pernas, segurando minha mão, mas eu não a apertei, mesmo que eu quisesse. 一 Qual é o problema?
一 Eu me sinto pressionada, mas não é por você... 一 Meus olhos ainda miravam o chão da sala, minha coragem tinha se esvaído completamente. 一 Sou eu... E às vezes tenho a impressão de que não sei se estou fazendo as coisas direito, se te faço bem, se minha personalidade não está te machucando, se estou te proporcionando o que você quer...
一 Clara, para! 一 Sua mão apertou firmemente a minha, impedindo-me de continuar minha lista de defeitos e inseguranças que eu pretendia enfatizar. 一 Olhe pra mim, amor.
Meu corpo cedeu. Ouvir aquela palavra era tão forte, e forte o bastante para me fazer engolir em seco ao perceber que meus olhos estavam marejados. Mesmo que Stephanie tivesse um passado abusivo nas mãos de Olívia, eu também tenho marcas que hoje atrapalham e interferem diretamente na minha vida, mesmo que de maneira sutil.
一 Ei... 一 Ela tocou meu rosto, enxugando agora uma lágrima teimosa que acabara de cair. 一 Você está indo tão bem...
一 Só não quero te decepcionar... Eu gosto de você. 一 Funguei ao enxugar meu rosto com a manga do moletom. 一 Mas não sei se sou a pessoa certa.
一 Boba! Se não fosse você, quem mais seria? 一 Ela me puxou delicadamente de encontro ao seu corpo e me deu um abraço apertado, acariciando minhas costas. 一 São descobertas, e eu quero que você as descubra no seu tempo.
一 Mas... 一 Minha voz falhou por uns instantes. 一 E se eu acabar fazendo algo de errado quando chegar a hora?
Ouvi ela soltar uma pequena risada antes de me abraçar um pouco mais forte, acariciando meus cabelos.
一 Então é com isso que você está preocupada? 一 sussurrou em meu ouvido com uma voz aconchegante.
Eu afundei meu rosto em seu pescoço, sentia-me completamente constrangida por conversar sobre esse tipo de assunto, não que ele fosse um tabu pra mim, mas sei lá, ela já teve relação com uma mulher antes, e eu não, então acho que tenho algum direito em me sentir desta maneira.
一 Quando chegar a hora, seu coração irá te guiar, ele sempre sabe o que fazer, a gente que tem mania de ignorá-lo. 一 disse dando um beijo em meu ombro. 一 Não encha sua cabeça com coisas assim porque não vale a pena, ok?
Balancei a cabeça positivamente.
一 Me prometa que será sempre transparente... 一 murmurei me afastando e segurando sua mão. 一 Que irá me contar tudo, sendo coisas boas ou ruins, por favor.
一 Claro que sim! 一 respondeu abrindo aquele sorriso maravilhoso que eu adorava. 一 Se fizer o mesmo, senhorita!
一 Af... 一 resmunguei cruzando os braços e fazendo bico ao ver sua cara de brava. 一 Ok, eu irei tentar!
Ela tinha razão, e são em momentos assim que eu acabo me surpreendendo ainda mais com essa mulher. Desde o primeiro momento em que a vi, acabei lhe julgando de uma forma prepotente, achando que ela seria como os outros que aparecem na nossa vida rapidamente e somem como fumaça, mas olha só onde fomos parar, não é mesmo?
一 Você é brilhante, sabia? 一 Beijei o dorso de sua mão.
一 Eu sei, e... 一 Surpreendi-me ao vê-la levantar do sofá, que agora estava em modo cama, e sentar-se em meu colo, entrelaçando seus dedos e enlaçando minha nuca, fazendo meu coração dar um salto. 一 Não é só porque não chegamos lá ainda que não podemos nos conhecer melhor, não acha? 一 Ela inclinou a cabeça levemente de lado e mordeu o lábio, pegando meu cabelo e o jogando para o outro lado, deixando meu pescoço totalmente exposto enquanto ia se aproximando lentamente até eu sentir sua respiração bater contra minha pele, depositando ali um beijo singelo que me fez arrepiar dos pés à cabeça.
Eu ainda vou virar cardíaca um dia por conta dela, sério! Acho que meu coração nunca trabalhou tanto durante toda a minha vida, nem quando eu estava na minha primeira semana de provas quando entrei na faculdade.
一 Stephanie... 一 sussurrei seu nome enquanto fechava os olhos ao sentir o contato de seus lábios que exploravam a região do meu pescoço, e não consegui evitar de apertar suas coxas para conter o arrepio que subiu pela minha barriga. 一 Você está cutucando meu ponto fraco...
Sim, eu sentia muitos arrepios na região do pescoço, e provavelmente o que eu acabara de dizer fez com que surtisse um efeito rebote nela, porque ao invés de ela parar, ela começou a me mordiscar. Sei lá, o modo como ela mexia com o meu ser era diferente.
一 Você se sente confortável comigo? 一 ela sussurrou perto do meu ouvido e eu assenti sentindo meu coração quase querendo sair pela boca. 一 Então feche seus olhos e respire fundo... 一 Sorriu agora de frente pra mim e me fitando, quase colando nossas testas, e eu obedeci.
Confesso que estava sendo difícil fazer a coisa mais simples desse mundo inteiro, porém, concentrei-me em puxar o ar bem fundo e o soltar tranquilamente, tentando relaxar o máximo possível, conforme ela pediu. Senti seus lábios passearem pelo meu rosto, depositando beijos em meus lábios, bochechas, nariz e testa, e em cada um deles, mais eu sentia a chama no meu peito aumentar. Não consegui evitar e abri meus olhos receosa, e rapidamente fui capturada pelas sua íris, deixando-me completamente inerte perante tanto brilho, tão enigmática. Ela acariciou minhas bochechas com os polegares, inclinando aos poucos seu tronco para frente, enquanto seu carinho fazia com que eu me sentisse sob um véu de proteção, fazendo-me fechar os olhos novamente com aquele toque e tombando minha cabeça para o lado para que eu pudesse apreciá-lo ainda mais.
一 Como isso é bom... 一 sussurrei envolvendo sua mão com a minha.
一 Eu quero cuidar de você da mesma forma que cuida de mim, e te proteger... 一 Sua voz ecoou por dentro dos meus ouvidos como uma melodia. 一 Ou você acha que eu vou deixar que alguém machuque a pessoa que eu amo?
Abri meus olhos imediatamente e a encarei surpresa. Stephanie estava com os olhos marejados, mas ainda assim esbanjando um sorriso divino.
一 Você... 一 Tentei formar uma frase coerente em minha cabeça, mas nada saía, eu estava petrificada.
一 Eu amo você, Clara Lopes.
Minha boca abriu e fechou diversas vezes, eu realmente estava em choque, e claramente assustada. Eu não sabia explicar com palavras o que eu estava sentindo naquele momento, mas é como se milhares de pássaros estivessem batendo suas asas dentro de mim.
Eu ergui meu braço e procurei sua outra mão, segurando as duas agora e trazendo-as de encontro ao meu peito. Meu coração batia desesperadamente e com tanta força que com certeza ela poderia sentir.
一 Sente isso? 一 perguntei com um tom de voz baixo, quase inaudível. 一 E-Eu... Eu não sei como me expressar, mas acho que isso pode ser um sinal, não é?
一 Te amar é o suficiente pra mim. 一 Ela sorriu ao inclinar o corpo pra frente para depositar um beijo em nossas mãos agora unidas. 一 Acho que meu coração foi seu desde o primeiro dia que te vi. Como se sua imagem tivesse acendido um fósforo dentro do breu que eu estava, e quando você me salvou aquele dia só fez com que essa chama aumentasse de tamanho...
Stephanie deixou escapar uma lágrima, então desvencilhei minha mão da dela para que eu pudesse enxugá-la.
一 E então eu achei que você iria se afastar de mim depois do que a Olívia fez contra você, que provavelmente nunca mais teríamos contato, mas... 一 Ela olhou para cima por alguns instantes.
一 Mas eu não deixei você ir.
Fechei os olhos e abri um pequeno sorriso lembrando do momento em que decidi lutar por ela, momento no qual caiu a ficha de que mesmo que os meus sentimentos estivessem todos embaralhados, eu não podia negar o fato de que ela me fazia bem e provocava sensações maravilhosas.
一 Sim... 一 Deixou escapar um pequeno riso. 一 Eu fiquei com tanto medo por conta disso. Medo de perder você, medo de seus sentimentos não corresponderem os meus, medo de tudo... Até o momento que você pediu para que eu te beijasse.
Minhas bochechas esquentaram com seu comentário, confesso que tinha esquecido desse meu pequeno grande ato de coragem que nunca, durante minha vida inteira, havia feito algo do tipo.
一 Acredito que mesmo se você terminasse tudo depois, só pelo que me fez sentir em poucos dias daria pra viver por muitos anos, como se fosse um compilado de memórias carregadas de prazer e energia. 一 Suas lágrimas caíam com força.
一 Quem disse que eu quero acabar com algo? 一 perguntei ao me desvencilhar de suas mãos para limpar seu rosto. 一 Você mexeu com o meu mundo de uma forma inexplicável, eu juro que é impossível colocar tudo em palavras, mas... Eu não quero que você pense que eu estou brincando com você ou algo do tipo.
一 Eu nunca pensaria isso! 一 protestou arregalando os olhos surpresa. 一 Como...
一 E é por isso... 一 Eu a interrompi colocando meu dedo indicador sobre seus lábios. 一 Que eu quero que feche os olhos e sente aqui. 一 Bati no sofá ao meu lado e sorri ao vê-la fazer um bico, mas ainda assim arcando com o que pedi.
Olhei novamente para ter certeza de que ela não estava espiando e caminhei lentamente em direção ao quarto, tirando da minha gaveta da escrivaninha uma pequena caixinha, e inspirei tão fundo que meus pulmões poderiam entrar em colapso pelo enorme volume de oxigênio, mas eu não estava nem aí.
一 Não abra! 一 pedi novamente ao voltar pra sala e ver que suas pálpebras pareciam inquietas, e logo as apertou uma contra a outra.
Sentei-me ao seu lado e coloquei a caixinha em cima da minha coxa, tirando de dentro dela um fino bracelete de prata com um pequeno coração no meio.
一 Eu não quero que o que a gente tenha aqui seja apenas uma diversão ou um jogo para tirar curiosidades. 一 disse acariciando sua mão, rindo ao ver que ela claramente me observava com um sorriso encantador. 一 Eu posso não retribuir ainda esse mar de sentimentos, mas sei que é uma questão de tempo, porém, não tenho como descobrir se você não estiver comigo ao meu lado para me guiar.
一 Clara... 一 Ela perdeu a voz, e mais lágrimas escorriam de seus olhos. 一 Ela é linda!
Não pude deixar de sorrir ao ver a felicidade dela quando coloquei o bracelete em seu punho.
一 Que bom que gostou! 一 Suspirei aliviada, observando-a admirar a joia. 一 E que serviu também, estava preocupada com esse detalhe.
一 Quando você...? 一 Ela parecia ainda bem atordoada com tudo, e eu achei isso muito fofo.
一 Quando eu comprei? 一 perguntei e ela assentiu. 一 Não me lembro o dia exato, mas creio que foi umas duas semanas atrás. Eu e Samuel tivemos que ir no Centro comprar algumas folhas para imprimir nossos trabalhos, quando passamos em frente a uma joalheria e ela estava na vitrine, ele disse que eu fiquei encarando a joia por uns cinco minutos. 一 Cocei minha nuca e ela gargalhou.
一 Você é imprevisível, sabia? 一 Ela enlaçou meu pescoço e me abraçou com ternura. 一 Obrigada...
一 Quer dizer então que você vai aceitar sair comigo amanhã? 一 Segurei o riso ao ver que ela se afastou e me lançou um olhar de dúvida. 一 Que foi? Não tivemos nosso primeiro encontro ainda!
一 Que tipo de casal nós viramos, afinal?
一 O tipo que foge do clichê? 一 sugeri pensativa.
一 Eu gosto disso... 一 Stephanie segurou minha mão.
一 Então isso é um sim? 一 Arqueei a sobrancelha com um sorriso brincalhão.
一 É claro! O que você acha? 一 Revirou os olhos antes me dar um beijo na bochecha. 一 Mas eu que vou escolher o destino pra nós!
一 Quer dizer então que você também vai dirigir?
一 Sem dúvidas!
一 E também não vai me contar para onde vamos?
一 Exatamente!
Ela me mostrou a língua e eu avancei para enchê-la de cócegas, até ela ir se deitando e eu fazendo o mesmo por cima dela, depositando vários beijos em seu rosto e fazendo-a rir enquanto tentava me impedir colocando as mãos à frente, quando, de repente, segurei seus punhos e entrelacei nossos dedos até erguê-los acima de sua cabeça.
一 E agora? 一 Aproximei-me do seu rosto e sorri com a cara de brava que ela tentava fazer, quando num impulso ela beijou meu pescoço, fazendo eu me contorcer pelo arrepio que me causara, aproveitando a chance para subir em cima de mim. 一 Isso é trapaça, falou? 一 Fechei a cara ao ver que ela sorria vitoriosa.
Digamos que nosso dia foi bem tranquilo e nos rendeu muitas risadas. Decidimos também que iríamos assistir Stranger Things juntas, o que nos levou a viciar completamente na série e só nos darmos conta do horário quando Samuel chegou em casa, momento em que aproveitamos para dar um tempo e pedir duas pizzas para o jantar.
Quando a comida chegou, tiramos no jokenpô novamente para ver quem iria escolher o gênero do filme. E Samuel ganhou de novo.
一 Que palhaçada! 一 Stephanie protestou cruzando os braços indignada por ter perdido.
一 Só aceita, querida! 一 Ele fez uma careta e ela lhe deu um tapa no braço. 一 Violenta!
一 Qual filme vai ser dessa vez? Se eu não dormir à noite, a culpa vai ser toda sua, Samuel!
一 Ah, me poupe! 一 Revirou os olhos ao clicar em Invocação do mal. 一 Irrá! Agora vai!
Eu e Stephanie trocamos olhares e demos de ombros, não tinha muito o que fazer mesmo, então o jeito era aceitar. Samuel se ajeitou no tapete, que por sinal era tão fofo quanto minha cama, enquanto me sentava no sofá e a observava se aconchegar do meu lado, passando seu braço por debaixo do meu e entrelaçando nossos dedos ao mesmo tempo que apoiava sua cabeça em meu ombro. E assim passamos a nossa noite, comendo e morrendo de medo ao mesmo tempo, sem contar que ele nos fez assistir ao segundo em sequência, o que piorava ainda mais a situação. Quando terminamos de assistir, nos despedimos dele, que precisava acordar cedo, e nos retiramos para o quarto, onde a missão principal agora era tentar dormir sem ter algum tipo de pesadelo.
Depois que saí do banheiro após me trocar, voltei a caminhar em direção ao quarto e percebi que Stephanie estava se apoiando na janela enquanto olhava para o céu. Não pude deixar de contemplar aquela visão que parecia deixar meus olhos hipnotizados, ela era uma pessoa completamente diferente de mim, e normalmente eu sempre fui do tipo que não sabia lidar direito com as diferenças. Dona de uma personalidade enigmática, que fazia você querer conhecê-la melhor, mas a garota era como uma cebola, precisava ter paciência e tirar uma camada por vez, caso contrário daria de cara no muro. Entretanto, a parte boa nessa relação que estávamos construindo era a capacidade de entender o que está acontecendo uma com a outra apenas por uma troca de olhares, e isso realmente me deixava tranquila e aliviada, visto que eu era péssima em tentar me expressar com palavras.
Suspirei fundo e segui em sua direção em meio a passos silenciosos. Enlacei sua cintura e entrelacei minhas mãos por cima de sua barriga, sorrindo ao perceber que ela levou um pequeno susto por não ter notado minha presença.
一 Olhando as estrelas? 一 perguntei apoiando meu queixo em seu ombro.
一 Sim... Elas estão lindas hoje. 一 disse colocando suas mãos por cima das minhas. 一 É difícil aparecerem muitas nessa cidade por conta da poluição, mas até que tem algumas que estão conseguindo se destacar.
一 Isso é verdade... 一 Ergui minha cabeça para dar uma olhada e sorri ao ver que havia poucas, mas ainda assim pequenos pontinhos brilhantes no céu.
一 Quando eu era criança, sempre tive o desejo de acampar para poder ficar a noite toda procurando por elas, deixando que minha imaginação entrasse em outro plano e criasse novas imagens e desenhos na minha cabeça... 一 Ela soltou um pesado suspiro e depois sorriu de canto. 一 Sabia que a gente que tem mania de achar que elas estão grudadas umas nas outras quando, na realidade, estão separadas por anos-luz?
一 Caramba, não fazia ideia sobre isso! 一 confessei admirada. 一 Quer dizer então que elas são sozinhas?
一 Não exatamente, algumas têm uma companheira para poder girar entre elas. 一 Seus olhos vagaram pelo céu e eu a acompanhava. 一 É fascinante.
一 Você é parecida com elas, sabia?
一 Mesmo? Por quê? 一 Seu tom de voz surpreso me deixou escapar uma risada.
一 Estrelas são corpos negros que absorvem toda a radiação existente em volta, mas elas nunca perdem a força do seu brilho. 一 Meu coração passou a acelerar. 一 Estrelas não piscam pela enorme quantidade de energia liberada em forma de luz, por isso dizemos que elas têm luz própria, mas não é como se eu precisasse olhar para o céu para encontrá-las.
一 Como assim? 一 Ela parecia confusa, mas ainda assim admirada.
一 Desde os tempos antigos elas são usadas como bússola para poder guiar as pessoas. 一 Minha mão foi de encontro ao seu rosto quando ela virou de frente pra mim. 一 Então não preciso procurar respostas no céu quando eu estiver perdida, porque posso encontrá-las através das órbitas que brilham através de seus olhos.
Stephanie abriu um sorriso que me tirou o fôlego, acho que eu nunca vou conseguir me acostumar com eles e os seus diversos efeitos sobre meu corpo. Ela enlaçou meu pescoço e eu aproveitei para fazer o mesmo com sua cintura, deixando que a ansiedade me consumisse por ver que ela me olhava de uma forma diferente, profunda, com desejo. E, em instantes, ela me puxou e selou nossos lábios. Um beijo necessitado, cheio de sentimentos envolvidos e anseio. Um beijo que começou gentil, mas que agora eu sentia uma tentação imensurável de intensificá-lo.
Eu puxei seu corpo em direção ao meu com calma, diminuindo qualquer espaço que ainda houvesse entre nós, minhas mãos seguravam sua cintura como se estivessem com medo dela se desvencilhar de mim, enquanto sentia um calafrio subir pela minha espinha quando ela arranhou minha nuca de uma maneira superficial com suas unhas. Eu arfei contra seus lábios, interrompendo o beijo e abrindo os olhos em seguida para então me perder dentro da imensidão daquelas íris castanhas, como se eu pudesse ver as sete maravilhas do mundo através delas, enquanto tentava normalizar as batidas do meu coração que pareciam entrar em curto. Ergui minhas mãos e fechei a janela e em seguida as cortinas, diminuindo a luz dentro do quarto, que antes já estava escuro, sentindo a brisa de uma comum noite de outono, para então segurar suas mãos e entrelaçar nossos dedos, as quais elevei acima de sua cabeça.
Tomei seus lábios novamente em um beijo feroz, e sentia que meu corpo aos poucos estava parando de responder aos meus comandos que diziam para eu me conter. Será que ela tinha razão quando disse que o nosso coração sempre sabe o que fazer em horas assim? Porque eu não conseguia parar, ter ela tão perto me impossibilitava de tentar tomar uma atitude para reconstruir meus sentidos que agora se encontravam completamente perdidos em meio a esse beijo.
Separamos nossos corpos por uns instantes, para poder buscar ar, com ambas as respirações descompassadas e ofegantes, e não pude ter muito tempo para pensar no próximo passo pois ela acabara de tomar meus lábios novamente com fervor, levando-me a soltar seus braços lentamente e deslizar minhas mãos até sua cintura, descendo cautelosamente ao acariciar a região com a ponta dos meus dedos, e sentindo ela reagir ao unir mais nossos corpos, puxando-me pelo meu quadril e se ajeitando entre as minhas pernas.
Continuei a descer minhas mãos procurando a barra de sua camiseta, mas me surpreendi quando senti que ela as segurou, trazendo-me de volta à realidade e consequentemente me levando a afastar-me dela, deixando apenas que nossos lábios se encostassem superficialmente. Na verdade, ela estava me ajudando a tirá-la lentamente enquanto ainda mantínhamos contato visual, revelando em poucos instantes seu sutiã preto com rendas lilás, sua cor favorita. Senti meu rosto esquentar com a visão que estava prestigiando, e logo uma onda de insegurança invadiu meu peito, levando-me a dar um passo atrás e desviar o olhar para o chão, porém ela foi rápida ao segurar minha mão antes que eu abrisse a boca para dizer algo.
一 Não tenha medo! Eu vou com você até onde se sentir à vontade! 一 disse tentando me encorajar com um sorriso encantador.
Engoli em seco e busquei por oxigênio ao mesmo tempo em que ela me puxava para perto, onde parei a poucos centímetros de seu corpo, morrendo de vergonha. Ela procurou minhas mãos e as conduziu até sua cintura, e ao entrar em contato com sua pele quente, esse calor foi transferido para mim, aquecendo todo o meu interior. Suspirei fundo e a abracei, voltando a espremer o espaço que havíamos criado. Confesso que sentir parte do seu corpo, daquela maneira, fazia-me voltar para a largada onde meus sentidos começaram a se perder.
Sorri ao fitar seu pescoço, tirando com meus dedos seu cabelo volumoso com delicadeza e os jogando por cima de seu outro ombro, e ela me ajudava ao inclinar a cabeça, deixando ainda mais exposta aquela região. Depositei diversos beijos começando perto da clavícula, trilhando todo aquele caminho para depois voltar até seu maxilar, queixo e agora boca, mordiscando seu lábio inferior e o puxando com cuidado, voltando a beijá-la em seguida com veemência. Senti suas mãos correrem pelas minhas costas, subindo pelo meu moletom, até ela removê-lo aos poucos, deixando-me apenas com uma camiseta, e confesso que minha sanidade estava indo para o além, pois a cada toque, a cada beijo e troca de olhares, uma nova sensação surgia em mim e em meu íntimo, pedindo por mais, muito mais.
Minhas mãos corriam devagar pelas suas costas torneadas, suavemente, levando seu tronco a arquear contra o meu com o toque. Fiz menção de ir até o fecho, porém sorri astuta e desci rapidamente minhas mãos até seu quadril, erguendo-a do chão, onde automaticamente fui enlaçada por suas pernas em volta de mim, levando-a a conter um gemido contra meu pescoço ao sentir que me movimentei bem na região onde nos dava maior prazer usando a parede como apoio.
Lentamente, comecei a caminhar tranquilamente com ela até a cama, com sua cabeça repousada em meu pescoço, seus dedos entrelaçados em meu cabelo, minhas mãos segurando firmemente suas coxas e nossos corações batendo em um único ritmo. Com cuidado, acomodei-a no colchão, onde fomos até o meio dele, e passei a me ajoelhar por cima de seu quadril, colocando minhas pernas por dentro das suas e minhas mãos agora apoiadas ao lado de seu rosto, não podendo deixar de abrir um sorriso ladino ao ver que ela afastou as pernas e me prensou, puxando-me mais para perto de si. O tempo parou pra mim, nada mais importava naquele momento, nada, além dela.
一 Você é tão linda... 一 Sorri atordoada, completamente hipnotizada pela vista que estava contemplando, e ela riu convencida. 一 O que você fez comigo...? 一 Meus pensamentos estavam a mil, e mesmo sendo todos distintos, eles me levavam unicamente e exclusivamente a ela.
一 Eu despertei em você o que sempre esteve preso aí dentro. 一 Ela apoiou os cotovelos sobre a cama, aproximando nossos rostos e tocando a região onde se encontrava meu coração com o dedo indicador. 一 E eu quero desafogar ele para que você assim você possa ser livre. 一 recitou ao acariciar meu rosto, como se com o olhar quisesse dizer que estava tudo bem.
Livre.
Essa palavra nunca fez tanto sentido na minha vida como agora. Não digo livre no sentido de ter descoberto que eu gostava de uma mulher, mas sim de poder e querer tentar amar e ser amada, de poder sentir o que eu quero sem ter ninguém para me julgar por isso e, desta forma, permitir que todos estes sentimentos preenchessem meu coração.
一 Obrigada... 一 Eu abaixei a cabeça e abri um grande sorriso, voltando a alçar seu olhar segundos depois antes de tomar seus lábios novamente.
Nossos corpos estavam mantendo uma pequena distância, afinal, eu não queria debruçar todo meu peso sobre ela, temia machucá-la. Logo um arrepio percorreu por todas as minhas extremidades quando percebi que suas mãos corriam até a barra da minha camiseta, fazendo com que seus dedos entrassem em contato com minha pele. Minha barriga contraiu com o gesto e pude perceber que ela soltou uma risada em meio ao beijo, por ter descoberto mais um ponto fraco meu, e em poucos instantes, arrancou minha camisa, jogando-a na ponta da cama, fazendo meu rosto esquentar bruscamente quando a vi morder o lábio ao percorrer seus olhos pelo meu tronco, voltando a me fitar instantes depois. Respirei fundo antes de começar a descer meus lábios, começando pelo pescoço, passando pelo seu colo, e por todo o meio de seu corpo até seu ventre, deixando, mesmo que por cima de seu short de seda, um beijo mais demorado.
一 Você está fazendo com que eu me descontrole... 一 sussurrou arqueando o quadril para cima e jogando a cabeça para trás entre os travesseiros.
一 A intenção é essa... 一 Voltei delicadamente todo o trajeto que fiz e selei nossos lábios em um selinho. 一 Mas irei parar por aqui. 一 Beijei-a novamente.
一 Meu corpo negou seu pedido! 一 Ela sorriu travessa e rapidamente inverteu nossas posições, o que me deixou absurdamente surpresa. 一 Ou você acha que só eu vou delirar aqui? 一 Segurou seus cabelos e os ajeitou para o lado, ofegante.
一 H-Hey! 一 tentei protestar erguendo minhas mãos em sinal de rendição, mas ela aproveitou para entrelaçar nossos dedos. 一 Steh... 一 chamei-a com um semblante inseguro, e ao ver que eu estava receosa, dirigiu-me o melhor dos seus sorrisos.
一 Você confia em mim? 一 perguntou debruçando seu corpo sobre o meu delicadamente, chegando a centímetros de colar nossos lábios.
Assenti ao mesmo tempo em que experienciava seu corpo sob o meu de uma forma inédita, fazendo-a sorrir de uma maneira tão angelical que fez meu coração palpitar, antes de roubar-me um beijo curto com direito a dois selinhos no final. Stephanie parecia analisar cada centímetro do meu corpo e, mesmo que eu não estivesse nua, era como eu me sentia de tão exposta. Ela encostou nossos lábios iniciando um beijo tímido e eu permiti ser guiada por ela, até o momento em que o beijo se intensificou, deixando meu corpo eriçado. Nesse meio tempo, pude sentir que uma de suas mãos passeava pela minha região abdominal, causando-me infinitos arrepios e cócegas, o que, é claro, ela estava fazendo de propósito, pois não parava de rir.
Sua boca se distanciou da minha e eu então abri os olhos, sendo capturada pelos dela, tão intensos e brilhantes como a joia que lhe dera. Ela colocou os joelhos para trás e inclinou a cabeça para beijar meu pescoço, e a mão que antes estava em minha barriga, foi agora parar na minha coxa, ou seja, à medida que seus beijos desciam, mais sua mão subia, até o momento que ela chegou no limite, e não bastando isso, essa mulher ainda fez o favor de apertar a região da minha virilha.
一 Céus! 一 Foi a única coisa que consegui murmurar após sentir minhas pernas fraquejarem e eu agarrar o lençol com força.
Suas mãos agora foram ao encontro das minhas, erigindo-as lentamente em um movimento circular, como se desenhasse asas de anjos na neve, até chegar na altura da minha cabeça, porém o que eu menos esperava que acontecesse, aconteceu, e infelizmente não pude deixar de fazer uma careta por conta disso.
一 Ai, meu Deus! 一 Stephanie, com cautela, puxou meu braço para baixo novamente. 一 Me desculpe! Eu me esqueci completamente, me perdoe!
Bom, para quem não lembra, estou com um braço recém reconstruído, então sim, ele ainda está dolorido, mas confesso que mal lembrava desse detalhe, até agora.
一 Tudo bem! Não se preocupe! 一 Pisquei tentando tranquilizá-la ao levar minha mão até onde senti o choque.
Stephanie saiu de cima de mim e se sentou, ajudando-me a fazer o mesmo.
一 Ainda dói, não é? 一 Seu semblante era de extrema preocupação. 一 Não acha melhor tomar algum remédio?
一 Eu vou, mas não posso ir assim na cozinha, não é? Temos um homem na casa! 一 comentei e ambas caímos na risada.
一 Eu pego pra você. 一 Ela desceu da cama e vestiu a blusa rapidamente, e mesmo fazendo algo tão simples, não impedia minhas bochechas de ruborizar. 一 Já venho!
Saiu em passos silenciosos, brecha que aproveitei para vestir minha camiseta, e vendo-a voltar um minuto depois com um comprimido em mãos e um copo d'água. Mesmo que minha dor não seja lá tão intensa como no dia em que ele foi quebrado, não quer dizer que não me incomodava ainda, tudo nessa vida leva tempo, inclusive as dores após uma fratura.
一 Desculpe... 一 lamentei colocando o copo na cômoda ao lado da cama. 一 Eu cortei o clima...
Ela começou a rir e eu fui obrigada a fazer um bico.
一 Você é uma criança peculiar, Clara! 一 Ela tombou sua cabeça e me direcionou um lindo sorriso. 一 Não se preocupe com isso.
Abracei meus joelhos e afoguei meu rosto entre eles, estava morrendo de vergonha.
一 Mas se me permite dizer... 一 Ouvi sua voz se aproximando do meu ouvido. 一 Você quase me fez perder o controle. 一 sussurrou.
一 Você não está ajudando!!! 一 protestei afundando ainda mais a cabeça, daqui a pouco eu rasgava meu colchão e pagava de avestruz, faltava pouco.
一 Clara! 一 chamou-me e no mesmo instante voltei ao normal, apoiando meu queixo sobre os joelhos. 一 Por que você tá tão vermelha? 一 Ela caiu na gargalhada e eu quis sumir.
一 Eu... 一 Cruzei minhas pernas e cocei minha nuca. 一 Eu quase não me reconheci por um momento.
一 E isso é ruim? 一 Sua voz transparecia curiosidade.
一 Me diz você... 一 Suspirei desviando o olhar para o chão. 一 Eu fiz...
一 Você não fez nada de errado! 一 cortou-me e eu voltei a encará-la, surpresa. 一 Pelo contrário! Por poucos instantes eu senti como é estar no céu.
As palavras fugiram de mim rapidamente, porém, um alívio muito grande preencheu meu peito ao ouvir aquilo.
一 Aos poucos você vai entender que quando a gente ama... 一 Stephanie buscou minha mão e a envolveu nas suas. 一 As inseguranças e os medos ficam em segundo plano, porque ele é mais forte que tudo.
一 Seria ótimo, assim você não me vê vermelha sempre... 一 Minha frase fez com que ela caísse no riso novamente. 一 Para de rir, que coisa! 一 Franzi a testa.
一 Sabia que aquele papo de antes era furada!
Eu a fitei confusa por alguns segundos até me lembrar do ponto específico a que ela se referia, onde não deixei de fazer uma careta, essa garota estava passando muito tempo com o Samuel para não me levar a sério.
一 Eu falei a verdade, ok? 一 Joguei-me na cama e tampei o rosto com as mãos.
一 Boba... 一 disse antes de deitar ao meu lado, apoiando o cotovelo no colchão e o queixo em sua mão. 一 Pare de se cobrar tanto!
Busquei-a olhando entre meus dedos, fazendo-a rir novamente até finalmente me dar por vencida e parar com a paranoia. Acho que no fim das contas eu também precisava de tratamento psicológico ou pelo menos aprender a meditar, senão com certeza eu iria enlouquecer em curto período de tempo.
Fim do capítulo
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