Capitulo 2 - Cheiro de Pingado
Algumas semanas depois...
Os olhos de Isabella despertaram devagar, piscou três vezes antes de esticar braços e pernas percebendo que o pequeno espaço entre o sofá, a parede e o rack da televisão não eram o suficientes para ela. O som de vozes entrava por seus ouvidos martelando o cérebro cansado pelas noites mal dormidas.
Sentiu cheiro de café e sentou-se mau humorada dando de cara com os pés de Micaela que confortavelmente assistia uma série na TV, num volume desnecessário. Comia um pão e bebericava um pingado como se nada mais existisse no mundo. Isabella puxou para o lado o fino edredom que lhe cobria e antes que pudesse levantar ouviu a voz da mãe próxima à elas.
— Filha, olha sua carinha... Tem certeza que não quer colocar o colchão no nosso quarto? — Silvia estava visivelmente preocupada com o estado da filha e Fábio corroborou chegando logo em seguida.
— Bella, a gente não se importa, filha! Pode dormir com a gente, tem bastante espaço do lado da janela e é bem fresquinho.
Ante a mudez da menina, Micaela se aproveitou:
— Ou pode dormir no quintal que é mais fresco ainda!
— Micaela! — O pai interviu olhando feio para filha. — Já conversamos sobre isso, você prometeu...
— Tô de “zuera”, papai! Isabella sabe que é bem vinda no meu quarto! — Olhou diretamente nos olhos azuis, com uma expressão cínica. A caipira apenas cerrou os olhos com pequenas olheiras e ar cansado.
— Prefiro ficar aqui tio, não se preocupe... Me acostumo logo. Não quero estragar a lua de mel de vocês. — E sorriu travessa para o casal.
Micaela fez um gesto como se estivesse prestes a vomitar e revirou os olhos quando o pai abraçou Silvia e roubou-lhe vários beijos no pescoço. Os dois sumiram para cozinha entre risadas e beijos, deixando novamente as meninas a sós.
— Você está horrível, caipirinha... — Cutucou-a com o pé que Isabella logo repeliu com um safanão.
— E você está “maravilhosa” com essa roupa ridícula!
— O que tem minha roupa? — A morena parecia realmente surpresa e curiosa em saber a resposta.
Isabella levantou-se do chão esticando a coluna que estalou com o alongamento. Gem*u de dor e respondeu de mau humor.
— Você se veste como um moleque... — Ela ponderou por uns instantes. — Até que combina com você mesmo, afinal sempre age como um!
Micaela levantou as sobrancelhas espantada com o ataque tão pontual sobre sua vestimenta. Sim, ela preferia cuecas à calcinhas e bermudas à saias, mas não se considerava masculina, no máximo uma garota com gostos peculiares. Afinal, quem em sã consciência havia inventado o sutiã, blusas apertadas e calcinhas que possuíam imãs para partes íntimas? Odiava o fato de que as roupas masculinas eram bem mais confortáveis e sempre era julgada por escolher o conforto ao invés de aparência. Até o cabelo curto era mais fácil de cuidar, gastava menos shampoo e ela adorava o fato de que levava menos tempo para se arrumar. Com a mão jogou a franja para trás, em um gesto automático, como em defesa do próprio estilo e soltou com uma risada maldosa:
— Ridículo é esse seu pijaminha caipira que mostra muito mais do que deveria... — E olhou diretamente para os mamilos da garota que despontavam através do tecido fino e claro.
A vermelhidão preencheu quase todas as partes do corpo da caipira que agiu sem pensar duas vezes, e o travesseiro acertou em cheio Micaela que acabou por derramar o restante de pingado em sua roupa. O “round” começara!
— Aaahhhhhhhhhhh SUAAAA...
A morena voou sobre ela que quase se arrependera de jogar o travesseiro, mas a raiva e vergonha que aquela garota insuportável era capaz de lhe fazer, falava mais alto que qualquer voz da razão. Em uma fração de segundo o instinto de sobrevivência impulsionou o corpo de Isabella que pulou o segundo sofá como uma verdadeira atleta, passou pelo batente de entrada e fugiu para o quintal repetindo sem parar.
— SAIII!!! Sai daqui!
— Você me paga caipira, eu amava essa blusa!!!
A ira nos olhos da morena eram tão reais que Isabella não viu outra saída a não ser estender as mãos para cima em sinal de trégua. Era isso ou sair pelo portão e deixar que a vizinhança também vislumbrasse seu pijama “caipira”.
— Ok, ok!!! Desculpa! Tá? Me desculpa, eu exagerei e compro outra camiseta para você se a mancha não sair, mas por favor não me bata, tá?! — Ela pediu suplicante, estava verdadeiramente assustada e nem sinal da mãe e do padrasto para socorreram ela daquele monstro de olhos negros e expressão vingativa.
Micaela pareceu confusa por um instante até assimilar e soltar jocosamente:
— Achou que eu bateria em você?! — Uma risada gostosa saiu do fundo da sua garganta deixando Isabella desconfortavelmente atraída pelo primeiro sorriso verdadeiro que via na morena. — Meu Deus, Caipira! Quem são seus amigos na escola? Cuidado, melhor filtrar essas amizades aí... Gosto de tortura, mas jamais bateria em outra mulher, ainda mais por um leite derramado.
Com as mãos na cintura Micaela achava graça da situação.
— Não aprova violência, mas gosta de tortura? Que coisa mais contraditória é essa? Você é perversa e faz terror psicológico comigo desde que nos vimos! Você não me engana. — Ela ainda mantinha as mãos para cima num gesto de defesa. As costas coladas ao portão, os pés quase em ponta, pois se pudesse voaria para fugir daquela situação.
— Que ingênua... — E Micaela deu um passo em direção à ela.
Isabella apenas fechou os olhos e levantou uma das pernas com as mãos espalmadas para frente e gritando alto.
— Manhêêê!!!
Micaela puxou ela em direção ao pequeno jardim do quintal e numa rasteira fez com que ela caísse sobre a grama e algumas plantas do pai. Sentou-se sobre suas pernas que se debatiam e facilmente segurou suas duas mãos para cima, tinham uma diferença de cinco centímetros de altura e isso lhe garantia certa vantagem. A menina chamava pela mãe e pelo padrasto com voz estridente. Micaela com a outra mão passou a procurar um ponto específico em sua barriga e costela, como num exame médico e sorriu diabólica quando encontrou.
— AAHH, POR FAVOR NÃO! — Os olhos de Isabella se arregalaram e ela entendeu enfim ao qual tipo de tortura Micaela se referia. Ela não suportava cócegas, seria um escândalo homérico e eles não estavam preparados para isso.
— Agora fica bem quietinha que eu vou tocar uma música nessa sua barriga, Caipirinha audaciosa! Jogar um travesseiro em mim não foi uma decisão inteligente!
A voz era séria e a expressão assustadora, Isabella ofegava ao mesmo tempo apavorada e excitada e essa contradição de emoções lhe deixava ainda mais atordoada.
— Mica... Micaela, por favor! — Suplicou em um sopro ao sentir os dedos ágeis dedilhando quase numa carícia sua costela esquerda, próximo à cintura. Mais alguns milímetros para o lado e ela não suportaria segurar.
— Gosta de rock? — E dedilhou com vontade criando espasmos e gargalhadas estridentes na garota embaixo de si. — Quieta, Caipira!!! É meu solo agora! — Uma explosão de gargalhadas se fez ouvir há quase dois quarteirões, naquela manhã de sábado talvez nenhum vizinho se importasse, mesmo assim mandou — Não grite!!! Vai acordar toda vizinhança, garota!
Isabella sentia-se humilhada, espremida naquela grama que molhava e sujava seu pijama favorito, além de ter o corpo daquela garota maluca, prepotente, inconsequente, sádica e que tinha os olhos mais negros que ela já vira na vida que faziam seu rosto enrubescer ao ponto dela achar que estivesse febril. O quadril de Micaela pressionava suas pernas em uma intimidade desconcertante. Será que ela não percebe o quanto isso é absurdo?! Eu consigo sentir o cheiro da sua pele, misturado ao pingado que derrubei em sua blusa...
— Ok, meninas, agora chega! — Os pais de ambas assistiam pela janela ao caos que se tornara o jardim, mas não se zangavam, pelo contrário, estavam felizes por elas estarem interagindo depois de dias sem ao menos se cumprimentarem. Chegavam da escola e cada uma em seu canto, tornando um suplício para eles verem as filhas em um sofrimento desnecessário. Agora eram irmãs e nada os deixaria mais felizes do que ver as meninas se dando bem e cuidando uma da outra.
Micaela cessou sua tortura e após deixar bem claro quem mandava ali levantou-se limpando as mãos contra a bermuda. Isabella estava ofegante, os olhos lacrimejavam e em seu olhar mais fulminante ela jurou que ela se arrependeria de ter feito aquilo.
A morena abriu a boca para responder a altura e foi interrompida pelo barulho do portão se abrindo e um garoto aparentemente da mesma idade que elas entrou.
— Fer!
Micaela pulou nos braços do garoto que possuía os mesmos traços que ela, mesmo cabelo e apenas os olhos se diferenciavam, pois eram castanhos claro. Eles se soltaram e fizeram algo com as mãos que Isabella presumiu ser algum aperto de mão bobo, daqueles combinados. Ele acenou timidamente para ela, ao qual ela respondeu sem entusiasmo. Uma Micaela já era incômodo, mais uma cópia dela e Isabella prometia a si mesma que faria uma chantagem emocional com a mãe, queria voltar para casa, para seu quarto, suas coisas, sua vida... Era só o que ela queria.
***
— Mica... cê tinha que ver os cara, tudo de boca aberta, a lan house lotaaaaaadassa!!!
— Que da hora, queria ter visto. — Micaela achava graça no entusiasmo do primo ao ouvir o relato de como ele venceu o jogo de futebol de computador. E pela décima vez correu os olhos pela casa do primo procurando alguém, mais precisamente uma caipira bocuda e atrevida que havia simplesmente evaporado desde que chegaram ali.
Após a chegada de Fernando informando que a tia esperavam eles para o churrasco, todos se arrumaram e desceram para casa da irmã de Fábio, que ficava no mesmo bairro. Eles estavam na parte de trás da casa, onde tinha uma piscina de tamanho médio, mas que era um oásis nas tardes de calor escaldante que Ribeirão Preto compelia aos moradores. Micaela jamais se acostumaria com aquela cidade, o calor abafado... As pessoas de nariz empinado que comiam repolho e arrotavam caviar no jantar. Como o pai podia trocar a capital por aquilo e ainda se dizer um homem feliz, era o que ela não cansava de se perguntar. Se levantou para dar um mergulho, foi até a beirada e agachou-se para molhar a mão e testar a temperatura da água e assim que se levantou sentiu alguém atrás de si. Mal teve tempo de se virar e uma mão decidida empurrou-a pela lateral do corpo, mas o que a pessoa não esperava era que Micaela havia convivido com nada mais nada menos que... Fernando. Um ogro de um metro e setenta e sete que não sentia remorsos pela prima ser menor e mais magra, quando brincavam de lutar... Era para valer!
Isabella já sentia o gostinho saboroso de vingança concluída com sucesso, ela quase sorria em câmera lenta com o olhar surpreso de Micaela e... Estava caindo junto! Mãos habilidosas e ágeis agarraram em sua cintura e a garota foi puxada pelo peso do corpo da morena enquanto caía. A água gelada abraçou-as em um único mergulho. Ambas prenderam a respiração e automaticamente as mãos se buscaram, sustentando e pedindo sustento. A piscina não era tão funda, mas para elas era o suficiente para cobri-las até os ombros. Emergiram quase juntas e tão próximas que os cabelos castanhos da caipira quase circundavam o pescoço da morena. Uma tossiu um pouco, a outra desviou o olhar sem jeito. Assim que se soltaram, Micaela lançou sua farpa:
— Tá acostumada com suas amiguinhas Patricinhas né, caipira? Bota uma coisa nessa sua cabecinha, você não vai conseguir me pegar!
A risada do garoto do lado de fora da piscina quebrou a tensão de ambas, mas não o olhar que trocavam, um misto de ódio e divertimento, de excitação e medo.
— Tá bem, não vou.
— Hã? — Micaela franziu levemente o cenho com a expressão tranquila da garota. Ela passara de possessa à um anjo em segundos. — Desistiu?
— Aham, desisto. Pode ficar com seu trono de “fodona”. Você venceu.
— Não vai tentar me tacar nada? — Micaela estava adorando aquilo, sua estadia naquela cidade entediante nunca havia sido tão instigante.
— Não.
— Nem me jogar na piscina, me matar dormindo, envenenar minha bebida...
— Estou dando minha palavra. Para mim, acabou.
Micaela não pode deixar de engolir em seco com a fala séria da garota. Ela realmente falava sério. O que não entendia era o por quê se importava. De repente o poder que pensava ter em suas mãos parecia escorrer pelos dedos, isso irritou-a.
— Ótimo! Então espero não vê-la tão cedo!
Saiu da piscina espirrando água para todos os lados, propositalmente. Isabella deixou que ela se fosse, reparando com certo desconforto o corpo feminino por baixo da camiseta e bermuda molhados e colados na pele. Viu ela livrar-se do tecido encharcado que cobria seu torso, exibindo o corpo molhado e magro. Usava um top preto e de costas não percebia o olhar avaliador de Isabella. Torceu a camiseta com certa impaciência e rumou para dentro da casa sem olhar para trás. Isabella umedeceu os lábios, mesmo estando dentro de um lugar cheio de água, a boca estava seca. Ao virar o rosto deu de cara com um Fernando intrigado. Disfarçou mergulhando para ajeitar as madeixas e também saiu da piscina sem nada dizer. Os pensamentos confusos, o desconforto por estar em um lugar que não conhecia...
Topou com a tia de Micaela no corredor e pediu desculpas por ter molhado o chão e um pouco da roupa da mulher.
— Guria, relaxa! — Elisa era uma mulher muito simpática, ela cumprimentara Isabella na mesma efusividade que cumprimentara a sobrinha quando chegaram, e não parava de oferecer comida a todos, toda vez que os viam sem nada na mão. — Você almoçou? Quer sorvete?
— Obrigada... Dona Elisa, mas é que estou um pouco sem fome hoje.
— Pelos Deuses menina, Dona de quem? Tia Elisa, por favor, tá? — E abraçou a menina sem se importar em estar molhando a própria roupa.
Isabella refletia com suas dezesseis primaveras de sabedoria... Aquela família era realmente muito legal. Ela se sentia acolhida e querida, era quase uma união perfeita, se não fosse... Micaela.
***
Na semana seguinte começariam as provas que fechariam o semestre e Isabella se esforçava para não pegar nenhuma recuperação, apesar de nunca ter pego, esse ano estava sendo um caos, com trabalhos atrasados e notas no limite do aceitável, temia que pela primeira vez ela estaria assistindo aulas enquanto a maioria saía de férias. Uma amiga viria em casa naquela tarde, para ajudá-la com alguns exercícios de Física. Bárbara era uma de suas amigas mais próximas, com quem havia compartilhado a primeira “paixonite” e também servira de vigia de seu primeiro beijo, atrás do pátio da escola, com Danilo. Não havia sido nada do que imaginara e toda a animação que estivera se foi assim que o garoto terminou o beijo com a pergunta: Posso pegar no seu peito?
Não aceitou um segundo encontrinho e despistou o garoto até que ele desistisse e fosse atrás de outra com peitos. Bárbara se acabara de rir quando ela lhe contara e depois ainda arranjou mais dois carinhas que Isabella aceitou beijar por pura insistência da amiga. Ambos haviam sido normais. Nada de mais. Um beijava seco demais o outro molhado demais.
— Amiga, você que é muito seletiva, o Gustavinho é perfeitooooo, como você não gostou? Devia eu ter beijado ele, você é estranha às vezes sabia?
Isabella deu de ombros, mas a constatação da amiga não abandonou seus pensamentos. Ela era mesmo estranha e não era a primeira vez que lhe diziam isso. Talvez ela fosse o tipo de garota que não tivesse paciência para jovens, talvez preferisse caras mais velhos... Isabella gastava bons tempos no chuveiro, e muita água para desespero da natureza, pensando e refletindo sobre amores e sentimentos que ela sabia que existia por que lia, via, presenciava com a mãe e o padrasto... Mas nunca sentira.
Ficou mais alguns segundos divagando com o lápis entre os dedos e os pés balançando por baixo da mesa quando ouviu seu nome.
— Bella, telefone! — A mãe gritou da sala e a menina correu para atender.
— Alô! Oi Babi... Não, estou esperando... Ahh, jura? Não, não se preocupe. Claro, sim sim... Eu vou fazer os exercícios e depois repassamos juntas! Divirta-se com sua mãe, beijos... até amanhã!
— Ela não vem? — Sua mãe ajeitava a bolsa no ombro, acabara o horário de almoço e já corria de volta ao trabalho.
— Não... — Suspirou desanimada, se jogando no sofá.
— Pede ajuda para Micaela, ela já deve ter estudado essa matéria.
— NÃO! Digo, não mãe... Vou reler o capítulo e até a noite vou tirar de letra, ou não me chamo Isabella. — Se levantou determinada indo em direção à cozinha e Silvia torceu os lábios antes de tomar uma decisão.
Micaela ouviu batidas leves na porta e gritou um “pode entrar” sem tirar os olhos do livro que lia.
— Posso entrar? — Silvia entrou ante o assentimento da garota e aproximou-se sentando na beirada da cama. — Preciso de um favor seu...
— Se for para ficar de babá da caipira, esquece!
— Você sabe que eu te adoro, além dessa carapaça que você insiste em se colocar, não é?
A morena torceu os lábios olhando de soslaio para a mulher à sua frente. Ela não conseguia disfarçar, também gostava muito de Silvia, desde a primeira vez em que o pai apresentara em uma das suas vindas rápidas para Ribeirão. Era recíproco, elas se deram bem de cara, mas não podia acreditar que o pai jamais se reconciliaria com a mãe, nutria aquele fundo de esperança, era inevitável... Assim como também não conseguiu evitar de ajudá-la.
Duas horas depois e Isabella choramingava baixinho riscando estrelas aleatoriamente no livro de física. Relera o capítulo tantas vezes e ainda assim não conseguira resolver alguns exercícios mais complexos.
— Falando sozinha?
Endireitou-se na cadeira pigarreando. Micaela passou por ela pegando um copo no armário. Encheu com água do filtro e recostou-se na pia observando atentamente Isabella. Bebericava a água como se saboreasse um néctar. Pausadamente.
— Não tem mais o que fazer? — Os olhos azuis estavam frios e frustrados.
— Na verdade não... — Puxou uma cadeira sentado-se ao lado de Isabella. Pegou o livro de física que ela lia e passou rapidamente os olhos pelo capítulo. — Termodinâmica! Interessante essa sua dificuldade...
— Quem disse que estou com dificuldade?! Estava só distraída!— Puxou o livro de volta com impaciência.
— Você seguiu corretamente o raciocínio... Se perdeu aqui, tá vendo? — Aproximou-se ainda mais apontando um exercício no caderno bem cuidado da patricinha. — Esse expoente fica negativo... É comum esse erro e por ser matemática básica, às vezes deixamos passar. — Totalmente a vontade a morena buscou o lápis de sua mão sem tirar os olhos do exercício. Reformulou ao lado seguindo o que havia explicado e sem esforço chegou ao resultado esperado. — Viu? Não é tão difícil... Sua cabeça cansada te prega peça às vezes... Então nessas horas o melhor é dar uma pausa e...
A voz de Micaela, profunda... Baixa, com uma leve rouquidão que atingia Isabella com uma força surreal. Suas mãos traçavam o exercício explicando de forma prática e didática, não havia deboche, não tinha uma só gota do veneno que ela fazia questão de destilar quando podia. Seus olhos eram inquietos, iam e voltavam como se pudesse ler muito mais do que os números eram capazes de expressar, era lindo vê-la ensinar e Isabella admitiu para si mesma, pela primeira vez, o quanto Micaela era linda. Os cabelos negros, assim como seus olhos, caíam em desalinho sobre a fronte, a nuca quase raspada, possuía redemoinhos que a fizeram segurar as mãos por baixo da mesa, com receio de contorná-los sem pensar... Seus olhos passearam pelo maxilar que desenhava o perfil enigmático e peculiar. Os lábios se abriam dizendo letras e números, numa sequência musical, que hipnotizava. A recuperação não era mais um problema. Não se importava em ter aulas de reforço, se delas pudesse ter momentos para apreciar aquela criatura enigmática, que era Micaela.
— Deu para entender, parece mais complicado do que realmente é... Toma, faz esse daqui. — Entregou o lápis apontando o próximo exercício e Isabella piscou diversas vezes tentando entender a dimensão que mergulhara de cabeça, sem equipamentos de oxigênio.
— Tá... — Gaguejou e pegou o lápis pacificamente forçando a concentração no papel.
Depois daquele dia, aulas com Micaela se tornaram o dia mais esperado por ela... Ter provas passou a ser algo mais do que interessante, pois sabia que poderia ter mais tardes como àquela. Já o motivo disso, ela preferia não refletir, não pensava sobre, apenas deixava acontecer, como quando a questão é tão difícil, que a deixamos por último, fazemos as mais fáceis primeiro. Isabella seguia então essa linha de raciocínio, se não compreendia o quê e o porquê daquele sentimento, apenas deixava-o seguramente guardado.
***
Fim do capítulo
Esqueci de comentar no capítulo anterior...
Para quem acompanhava Meu Passado Com Você há 10 anos lá no abcles, a história é completamente diferente rsrs mesmas personagens, mas outra dimensão s2
é isso, bjos!
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mtereza
Em: 01/05/2023
A paixão já está no ar rsrsr amando a história.
Resposta do autor:
rsrs Entre razões e emoções... Fico feliz que esteja gostando s2 Obrigada!!
Resposta do autor:
rsrs Entre razões e emoções... Fico feliz que esteja gostando s2 Obrigada!!
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rsrs Entre razões e emoções... Fico feliz que esteja gostando s2 Obrigada!!
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rsrs Entre razões e emoções... Fico feliz que esteja gostando s2 Obrigada!!
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antoniacampos
Em: 06/05/2021
Entendi por isso fiquei confusa, lembrava de outra forma. Ansiosa pelos próximos capítulos para ver o quanto mudou
Resposta do autor:
s2 s2 s2
Espero muito que gostem desse tb ^_^
Resposta do autor:
s2 s2 s2
Espero muito que gostem desse tb ^_^
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Bibiset Em: 05/05/2023 Autora da história
Oi thays, obaa que bom que está gostando s2 obrigada pelo comentário!