Desculpem a demora em postar, tive alguns contratempos. Espero que gostem.
Capitulo 2 - O castigoa
Estava tão cansada, que quando escutei Felipa me chamar, avisando que o relógio havia despertado, a vontade que tive foi de esganá-la.
- Me deixa dormir caramba - Coloquei o travesseiro em cima da minha cabeça e continuei de olhos fechados.
- Eu até deixaria, mas você perderia mais um dia de aula.
- E daí? Odeio essa merd* de internato mesmo.
- Você quem sabe Dafne. Depois não reclame que a Jordana está pagando no seu pé outra vez.
Bufando, me levantei quase arrastando meu corpo e fui até o banheiro. Precisava tomar um banho rápido e colocar meu uniforme. Não poderia irritar ainda mais a bruxa da Jordana. Sai enrolada no roupão, com os cabelos molhados. Precisava ser rápida, ou realmente me atrasaria pra aula. Mas quando abri a porta do banheiro, dou de cara com Jordana encostada na porta do quarto, de braços cruzados.
- Eu tinha dito que queria falar com você antes das aulas.
Fechei os olhos e respirei fundo antes de respondê-la. Eu odiava essa mulher mais que tudo na minha vida, mas tinha de admitir, ela era linda. Coloquei meu melhor sorriso debochado no rosto e também cruzei meus braços.
- Não está vendo que acordei atrasada?
- Você sabia que antes de assistir suas aulas, deveria ir até minha sala, Dafne.
- Jordana, eu estou atrasada! - repeti - Hoje eu ainda tenho duas provas. Entre ver você e estudar, eu escolho estudar. - apontei pra porta - Agora, se você me der licença.
Ela sorriu e bateu palmas.
- Nossa, que atuação, parabéns. Por um segundo eu quase cheguei a acreditar que você é uma aluna aplicada. Mas aí me lembrei que você é a Dafne Amorim, a garota que mais me dá trabalho nesse Colégio e a que mais mata aulas também.
Sorri ainda mais pra ela e me aproximei devagar.
- Vou me trocar - coloquei as mãos no roupão e desatei o nó. Ela desceu os olhos pelo meu corpo e a percebi engolir com dificuldade.
- Se não fechar os olhos, vai me ver nua. - retirei o roupão do meu corpo e imediatamente ela se virou e colocou a mão na maçaneta da porta. Ainda de costas pra mim, disse:
- Te dou dez minutos pra estar na minha sala. Não me faça vir atrás de você outra vez. - e saiu, deixando pra trás seu perfume.
****
- Vejo que realmente obedeceu uma das minhas ordens.
- Sem enrolação Jordana, por favor. - me sentei na cadeira em frente a sua mesa - Fala logo qual é esse castigo.
- Ok - ela se recostou em sua cadeira e retirou os óculos que usava pra leitura, o que a deixava com um ar ainda mais superior.
- E aí, já pensou em como vai me ferrar dessa vez?
- Eu não dormir mais depois do que houve essa madrugada - suspirou.
- Sério? Eu dormi feito um anjo - sorri.
- Imagino que sim. Afinal, você está bastante acostumada a quebrar regras. Mas dessa vez você foi longe demais Dafne, longe demais.
- Que exagero - dei de ombros- Eu apenas queria o gabarito da prova, já disse.
- Isso não te dá o direito de invadir minha sala. - seu tom de voz era sério agora.
- O que eu fiz não foi nada de mais Jordana. Tenho certeza que não fui a primeira e nem serei a última aluna a invadir a sala do diretor. Não sei pra que tanto drama.
- Você será punida.
- Já estou acostumada - novamente, dei de ombros - O que eu terei que fazer agora? Aulas extras de matemática? Ajudar no refeitório outra vez? Não, espera, já sei, agora vai me colocar pra ajudar na lavanderia, acertei?
- Não. Pensei bastante e cheguei a conclusão que eu mesma devo ficar de olho em você.
- Como assim? - franzi o cenho.
- Todos os dias depois das aulas, você vai vir pra minha sala e me ajudar no que for preciso. Vai ser bom receber uma massagem de vez em quando ou um cafezinho quente no fim da tarde. - sorriu sem mostrar os dentes.
- O quê?
- Isso mesmo que ouviu. A partir de hoje, você vai ser minha faz tudo. O que eu mandar você fazer, você fará!
- Quer me transformar numa escrava?
- Escrava é uma palavra muito forte, Dafne.
- Nem morta. Prefiro lavar a cozinha com minha língua do que ser sua criada, Jordana.
- Você não tem escolha.
- Você não pode me obrigar - cruzei os braços, irritada.
- Mas caso prefira resolver isso de um outro jeito, eu posso chamar a polícia e eles decidem o que fazer com você.
- Polícia? Fala sério. Vai me acusar de quê?
- Acho que somente o fato de você ter copiado dados do meu computador já configura crime. Ainda mais você tendo dezoito anos.
Me recostei na cadeira e arregalei os olhos.
- O quê? Quer saber como eu sei? Tenho meus meios. - se debruçou levemente sobre a mesa - Acha mesmo que pode me enganar garota? - fiquei em silêncio. - O que foi, ficou muda?
- Eu ainda vou provar que você o matou - apertava tanto meus dentes um no outro, que tinha a sensação que os quebraria a qualquer momento.
- Eu já te disse mais de mil vezes que eu não matei seu pai - bateu as mãos na mesa - Que droga, o que eu preciso fazer pra que você entenda isso?
- Eu li os e-mails que trocaram, as coisas que diziam - eu respirava com dificuldade, segurando a vontade de chorar. - Pouco tempo depois ele apareceu morto e tudo que ele tinha foi transferido pra Suíça, em nome de uma mulher que ninguém sabe dizer quem seja. Tá na cara que essa mulher é você - agora quem bateu na mesa, fui eu.
- Já parou pra pensar que talvez seu pai não tenha sido a vítima dessa história?
- Não ouse falar mal dele.
Ela deu a volta na mesa e caminhou até onde eu estava, parando bem perto de mim.
- Você não sabe de nada garota. Eu realmente conheci seu pai, mas não o matei.
- Você estava o ameaçando!
- Eu não ameaço ninguém, Dafne. Eu apenas queria que ele devolvesse uma coisa que tinha pego e não era dele. E se quer saber, ele nunca foi santo.
- Ainda tem coragem de me dizer isso? Confessa logo que o matou.
- Não, eu não o matei. Tive vontade, mas não fiz.
- Sua... - senti lágrimas escorrendo por meu rosto. Sem me conter, levantei a mão pra acertar um tapa em seu rosto, mas ela foi mais rápida e me impediu, segurando meu pulso.
- Não ouse. Você não é tão louca assim. - ela me encarava seria, talvez até mesmo com ódio no olhar.
- Talvez você não tenha disparado os tiros, mas ainda assim está envolvida de algum jeito. E um dia vou conseguir provar.
Ela estava muito perto de mim. Tão perto, que eu conseguia sentir sua respiração quente tocar em meu rosto. Ela estava nervosa, irritada. Isso era nítido.
- Vai pra sua sala. Quando o sinal bater eu quero você aqui e não me faça esperar - se virou de costas pra mim. Eu ainda a encarei por alguns segundos antes de sair dali e bater a porta com força.
Eu odeio a Jordana Albuquerque com todas as minhas forças. E a faria pagar muito caro por ter matado meu pai.
Fim do capítulo
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