Coincidências por Rafa e
Capitulo 41
-- Oi meu anjo, não é nada. – soltou a mão de Alice, empurrando-a. – A prima de Cristina com brincadeiras. – esticou a mão para Lívia que a segurou sem desviar o olhar irritado para mulher ao lado da esposa.
-- Ela é uma criança. – disparou com ironia. Antes de Lívia falar algo, Haidê se adiantou.
-- Amo essa juventude, aguenta o fogo que muita gente fala ter, mas não passa de faíscas. Meu anjo me dá tudo o que eu preciso. – a beijou na cabeça. Lívia olhou para mulher com um ar de vitória, Isadora interrompeu a conversa.
-- Alice, sua prima havia dito para você ficar no anexo, o que faz aqui?
-- Ué, estou na casa da minha prima, tenho a liberdade que quiser sem precisar me explicar.
-- Não é bem assim. – Melissa retornou e estranhou o tumulto no topo da escada. – A casa é tão minha quanto de Isadora, somos casadas e ela quer explicação, está em seu direito.
-- Para de encher Melissa Cristina. – olhou para prima com enfado. – Você não tem nada, tudo é do seu avô e ele me convidou, então tenho passe livre.
-- Desculpe meninas, vocês presenciarem essa discussão, mas tem gente que não aprende seu lugar. – Melissa se desculpou com calma. – Quanto a você Alice, não queira testar minha paciência. Não repetirei, eu pedi que ficasse no anexo, mas, se quiser posso pedir aos rapazes para jogar suas coisas e de seu namorado no outro lado da cerca, assim como vocês dois. – olhou para Isadora e segurou sua mão. – Dê, pode ir para o quarto de sempre, eu vou ficar lá fora com Isa, qualquer coisa só chamar. – beijou a testa da esposa e se abraçou, saíram juntas. Haidê olhou para mulher, ainda sem saber o que fazer e foi irônica.
-- Vem amor, vamos brincar um pouco de pique-esconde antes do jantar. – Lívia sorriu e usou o mesmo tom.
-- Prometo lhe recompensar se você me achar.
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-- Ela me chamou de pirralha. – a loira repetiu para esposa. – Vontade de bater naquele rosto sonso.
-- Olhe por outro ângulo: ela me chamou de velha. – deu de ombros. – Disse que não tenho fogo para aguentar sua lenha. – Lívia parou para pensar e colocou o indicador no queixo, até chegar em uma conclusão e sorrir.
-- Verdade. – o nariz enrugou. – Não sabe ela que seu fogo vai além da minha lenha. – Haidê sorriu. – E que isso não saia daqui senhora Haidê Aqueu. – a morena levantou a mão direita em uma atitude solene.
-- Tudo o que, minha senhora, mandar.
-- Banho? Preciso de uma ajuda para esfregar minhas costas. – Haidê sorriu e a beijou.
-- Não vejo a hora de esfregá-las.
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Como Haidê lembrava-se, a roda de viola e cantoria corria solta durante a noite na fazenda. Os peões se reuniam com suas famílias, algumas vezes, como essa, rolava um churrasco, bebida e muitas brincadeiras.
-- Vamos lá, a dotora gosta desse tal barulho das estrangeiras, mostrem a ela o nosso barulho. – Haidê sorria com as provocações do capataz da fazenda: seu Arimatéia, ou apenas, seu Teia. – Ou dona Cristina, a senhora precisa trazer mais a dotora para nossa roda de viola.
-- Concordo seu Teia! – Melissa concordou enquanto bebia sua cerveja. - Mas Lívia entende das nossas músicas. – a surfista olhou em volta, estava um pouco envergonhada com tanta gente.
-- Mas você não é do mar?
-- E o que tem isso seu Teia? – Haidê perguntou sorrindo.
-- Ele quis dizer que surfistas gostam mais de músicas agitadas e uma boa maresia. – Alice fez um gesto como se fumasse um cigarro.
-- Não quis dizer isso não, menina! – repreendeu. – Só falei que esses jovens do mar devem gostar das mesmas coisas da dotora.
-- Nós entendemos seu Teia, não precisa se preocupar com o veneno da minha prima. – Melissa interrompeu.
-- Além do mais, Lívia ama nossas músicas, e digo mais, bora em Evidências que ela ama. – foi a vez de Isadora se meter. Todos gritaram em alegria, essa música era como um hino para eles e, realmente, Lívia amava.
-- Então toca aí Xavier e a menina nos acompanhe. – Lívia sorriu balançando a cabeça.
“Quando eu digo que deixei de te amar
É porque eu te amo
Quando eu digo que não quero mais você
É porque eu te quero
Eu tenho medo de te dar meu coração
E confessar que eu estou em tuas mãos
Mas não posso imaginar
O que vai ser de mim
Se eu te perder um dia...”
Lívia cantava empolgada com o clima, Haidê passou o braço por sua cintura, trazendo-a para mais perto enquanto a ouvia cantar, fitando-a nos lindos olhos verdes
“E nessa loucura de dizer que não te quero
Vou negando as aparências
Disfarçando as evidências
Mas pra que viver fingindo
Se eu não posso enganar meu coração?
Eu sei que te amo!”
Isadora fez o mesmo com seu pote de mel, a abraçou pela cintura, a morena passou um braço protetor ao seu redor e beijou o topo de sua cabeça. A jornalista sabia que sua esposa amava a fazenda, aquele clima de festa entre os empregados, que eram muito mais do que pessoas em sua folha de pagamento, ali todos eram família.
“Chega de mentiras
De negar o meu desejo
Eu te quero mais que tudo
Eu preciso do seu beijo
Eu entrego a minha vida
Pra você fazer o que quiser de mim
Só quero ouvir você dizer que sim!
Diz que é verdade, que tem saudade
Que ainda você pensa muito em mim
Diz que é verdade, que tem saudade
Que ainda você quer viver pra mim”
-- Para sempre.... – Haidê sussurrou para Lívia e piscou. A loira sorriu ao ouvi-la e beijou seu rosto.
-- Pelo resto da minha vida. – ao mesmo tempo que a música terminava, Isadora falou apenas para Melissa que lhe deu um selinho.
A cantoria ainda demorou por horas, os peões ficaram satisfeitos com o vasto repertório de Lívia, ainda mais quando ela cantou duas músicas do Roupa Nova e outra da antiga banda Yahoo que nem mesmo Haidê conhecia.
-- Como não conhece? – Lívia perguntou surpresa.
-- Não conhecendo. – respondeu sorrindo.
-- Ela morava na Inglaterra nessa época, loira. – Melissa saiu em defesa da amiga.
-- Mas ela passou aquele carnaval na casa do seu avô na cidade. – Alice interrompeu as duas. – Não deve lembrar Cristina, acho que você tinha conhecido Isadora, Haidê ficou com Lucas. – sorriu. – Ele estará aqui amanhã. – avisou a morena. – Ah Lívia, Lucas também é nosso primo, ele era muito apaixonado pela Haidê. Vocês namoraram ao todo uns três anos, não foi? Eles namoravam, Haidê viajava... Quando ela voltava, eles voltavam.
-- Quem bom que estará aqui, assim apresento minha esposa para ele. – apertou o abraço. – Quanto ao tempo... – fez uma expressão pensativa. – Não lembro. As coisas que não me marcaram muito eu esqueci com o acidente, o que foi bom, porque depois de Lívia, eu só lembro do que se refere a nossa vida.
-- Entendo do que você fala minha amiga, depois da Isadora aconteceu o mesmo comigo.
Lívia sussurrou algo e Haidê abaixou a cabeça para ouvi-la, depois concordou e se levantou.
-- Gente, Lívia passou o dia em um carro e isso para uma grávida é terrível. – sorriu olhando para loira que demonstrava o quanto estava envergonhada. – Ainda temos tempo para aproveitar essa roda, então, por hoje basta. Vou colocar minhas crianças para dormir. – provocou Alice e depois desejou boa noite a todos, saiu abraçada a Lívia.
-- Queria ficar mais tempo? – quis saber enquanto se afastavam.
-- Não meu anjo, também estou cansada.
-- O que é aquela mulher? – a surfista a olhou. – Eu não quero esse tal de Lucas perto de você. – Haidê deu um sorriso.
-- Nem lembro mais da cara dele.
-- Haidê... – a repreendeu.
-- Anjo, acha que depois de tudo o que construímos vou me lembrar de alguém do passado? – a puxou para um beijo urgente. Lívia sentiu o corpo levitar com a pegada da esposa. Depois de se afastarem, Haidê teve de praticamente, arrastá-la até o quarto.
-- Uau! Se continuar beijando assim, eu não encontrarei mais o rumo de casa.
-- Encontra sim... – brincou apertando o abraço. – Eu a levo comigo.
As duas semanas passaram voando. A festa na fazenda da amiga havia sido boa, apesar da presença de Alice, que a um determinado momento Melissa pediu para ir embora e, Lucas. O rapaz se encontrou com a advogada, foi galanteador, tentou falar sobre sua vida, mas Haidê o evitou, após deixar claro que estava casada com Lívia e logo seriam mães de dois filhos, sem entrar em mais detalhes sobre sua vida.
Ás vésperas de completar doze semanas e com a rotina de trabalho normal, a surfista aproveitava o tempo que passava na empresa para se livrar dos seguranças, das várias recomendações e preocupações de Haidê. A amava loucamente, mas a morena a enchia de cuidados e carinhos. Ao mesmo tempo que amava aquela atenção, Lívia às vezes se irritava, achava que Haidê a estava envolvendo em uma bolha, vivia cercada, não conseguia mais ter domínio sobre sua própria vida. Foi assim que tiveram sua primeira discussão, naquele dia fatídico.
-- Lis, quando Lívia chegar peça para ela ir à minha sala ou me chame. – antes da esposa de Fernando respondê-lo, a surfista entrou feito furacão na sala.
-- Bom dia! – falou quase aos gritos. O casal trocou olhares e Fernando fez sinal para a esposa acompanhá-la.
-- Depois me chame, preciso falar com ela. – falou baixinho e Lis seguiu até a loira.
-- O que aconteceu? – Lívia se sentou e jogou as pernas sobre uma baqueta a sua frente.
-- Seguranças... Bá a todo momento reclamando que meus filhos farão uma tal iniciação e que isso é coisa de magia. Haidê me envolvendo em uma bolha intocável. Veras a todo momento lembrando o prazo do novo desfile como se não houvesse produção para isso.
-- Você fez doze semanas e olha sua barriga... – Lis disse com calma. – Sua barriga já parece que está no quinto mês... – sorriu. – Quando será o ritual? – Lívia a olhou, havia contado aos padrinhos e a Bá que fariam uma cerimônia na religião de Haidê, como a tradição familiar. Dona Dirce não gostou nada de ter Helena por trás dessa cerimônia, e desde então tem reclamado incansavelmente com Lívia.
-- Hoje a tarde. – suspirou. – Bá está pirando e me levando junto.
-- Mas ela disse por que não queria que você fizesse essa cerimônia?
-- Ela acha que dona Helena vai entregar os meninos para o diabo. Um pacto com o coisa ruim. – tremeu o corpo. – Não gosto de falar sobre as ideias dela.
-- E o que Haidê respondeu?
-- Ela não sabe. Bá falou uma vez e Haidê explicou como seria, mas não deu chances para argumentos. É a religião dela e como já conversamos, não importa o canal, o importante é chegar a Deus.
-- Concordo com ela. Haidê não é nenhuma fanática, além do mais, os filhos são de vocês.
-- Eu não queria magoar a dona Dirce.
-- Mas se ela fosse contra seu casamento, mesmo assim você se casaria com Haidê?
-- Claro. Essa é minha vida, eu que sei com quem me casar ou não. Ela iria ter de se acostumar com um tempo.
-- E qual a diferença? – Lívia ponderou e viu que Lis estava certa. – É tradição para Haidê, talvez eles nem sigam por esse caminho, mas precisam fazer essas bençãos. Quanto a Bá, deve haver um pouco de ciúmes também. – Lis explicou. - Dona Helena é uma mulher mais velha, mas bem mais lúcida e cheia de vida. Ela é um exemplo de vida saudável. Quantos anos ela tem mesmo? – a loira deu uma gargalhada.
-- Eu fiz essa mesma pergunta para Haidê quando começamos a namorar, ela me respondeu que se duvidasse, dona Helena havia sido amiga de turma do Matusalém. – as duas riram. – Vovó ouviu e disse que sua idade havia sido trocada pela de Haidê, ela sim parecia uma velha rabugenta, com seu irritável perfeccionismo. – continuaram rindo.
-- Bem, ela me parece bem jovem e divertida, o que me faz crer na máxima de que a idade mental influencia muito mais nas ações e atitudes na forma de encarar a vida do que a idade cronológica.
-- Verdade.
-- Eu não acreditei no namoro de vocês, eram diferentes em tudo, mas agora... – sorriu. – Vi que me enganei muito. Haidê tem seu número e você ao dela. As duas se completam: você precisava do perfeccionismo e retidão dela para ajudar a organizar sua vida. Ela precisava da sua irresponsabilidade e juventude para tornar a vida dela mais leve e bagunçada.
-- Adoro bagunçar a vida dela. – confessou com um olhar cheio de traquinagens.
-- Acredite, vocês conseguiram bagunçar a vida das duas com dois filhos de uma vez. – levantou-se sorrindo. – Fernando precisa falar com você, vai lá ou quer que o chame?
-- Por favor, deixe-me aproveitar que não tenho ninguém atrás de mim, vou passear pela empresa, mas antes vou passar lá. – pegou o celular e viu a mensagem da esposa. – Só vou retornar essa mensagem de Haidê. – Lis assentiu e saiu. – “Oi gostosa, já com saudades?”
“Muitas.... Anjo, você consegue voar em um helicóptero?”
Lívia olhou para o celular, leu e releu sem entender muito bem a mensagem e resolveu ligar para morena, no segundo toque Haidê atendeu.
-- Amor, não entendi sua pergunta.
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Semanas antes...
Depois que soube sobre a gravidez gem*lar de Lívia, meu coração apertou. Eu precisava a todo custo livrá-la das ameaças de Jacques, Franciele e Jeanine. Não podia deixar que nada acontecesse com meus filhos e esposa.
Talvez vovó estivesse certa, afastar-me assim de quem eu era, das minhas origens tenha tido seu preço, agora eu precisava manter o meu foco e cumprir a promessa que havia feito aos meus pais, meu irmão e meu filho: acabar com aqueles que influenciaram em suas mortes e vinga-los.
Durante meses eu deixei de lado a justiceira que havia me tornado, para proteger minha família, mas, naquele dia em especial, após sair do tribunal e ver o sorriso vitorioso de Augusto em seus lábios, dei-me conta do quanto ainda precisava fazer. Sem que Lívia soubesse, voltei a minha rede de investigação, ligando todos os pontos daquela trama. Com o pendriver que Jacques enviou para mim, havia descoberto detalhes que completavam o quebra-cabeça, mas não finalizava. Não poderia deixar que eles me vencessem em um ataque surpresa, então eu mesma resolvi brincar com cada um dos fantasmas criados por seus medos. Preparei-me para ir de um por um e o primeiro fantasma desenterrado foi o de Franciele.
Naquela noite, aquele ser humano desprezível, não estava preparada para reencontrar as suas falecidas tias. Com ajuda de Melissa, nós entramos na casa de repouso em que ela estava e resolvemos brincar um pouco.
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-- Isadora vai me matar. – Melissa confessou para a amiga.
-- Pensasse nisso quando concordou com minha ideia. – deu de ombros. – Agora ela pode se juntar a Lívia e as duas nos matarem juntas.
-- Aquelas senhoras... – pronunciou a última palavra com sarcasmo. – Usavam calças e preto?
-- Sei lá. Não fiz um resgate da moda da época, podemos nos vestir com vestidos por cima, no escuro tudo será assustador do mesmo jeito.
-- Como mesmo você me convenceu a isso?
-- Quando falei da minha melhor amiga que também é alta, morena como e concidentemente, lembra as duas tias da mãe de Lívia.
-- Essas mulheres deveriam ser velhotas ranzinzas e mal amadas.
-- O que lhe faz pensar isso?
-- Eram solteironas. – deu de ombros. – Isso não é um agravante?
-- Poderiam gostar de mulheres, viviam discretamente para a sociedade da época. – Haidê respondeu com calma enquanto pegava uma faca.
-- Sabe Aqueu, depois de Lívia você tem explicações efetivas para tudo. – Haidê parou e a olhou.
-- Está dizendo que eu era mal amada antes? – Melissa deu de ombros.
-- Um poço de gentileza, com toda certeza, não era. – a imitou. – Entrei na Interpol para fazer a justiça valer.
-- Vai a merd* Melissa Cristina! – Melissa apontou o dedo do meio para a amiga.
-- Não precisa ter pressa, temos o resto do mês sem que as garotas sintam nossa falta. – Haidê a olhou sem paciência.
-- McNamara, agora é com você...
-- Aqueu, pela planta do edifício, vocês estão na sala de recreação. No andar superior fica o quarto da sua sogrinha.
-- Aê Mc, assim você enfraquece nossa relação.
-- E você me deixa assustado falando meu nome.
-- Então... – Melissa perguntou e viu quando a morena respondeu apontando para a árvore próxima a casa. – Não... Definitivamente, sou péssima em trepar. – respondeu.
-- Vamos por dentro, não tem emoção alguma, posso lhe adiantar.
-- Não tem problema, já terei muito emoção quando Isadora me perguntar onde estive. – as duas entraram pela janela, estava tudo escuro, colocaram os óculos especiais com infra para iluminar o caminho. Haidê foi a primeira encontrar o quarto e abri-lo, ela olhou para mulher que dormia tranquilamente, Melissa a olhou e fez um sinal para que olhasse a mesinha próxima a janela. Haidê pegou os papéis e folheou, eram correspondências trocadas com Jacques. Aquela era a prova de que precisavam, o filho da puta estava realmente vivo. A encenação da morte causada por Iris não havia durado muito, quando levaram o corpo ao IML, ele sumiu e com isso todo e qualquer vestígio do moreno.
Melissa encontrou dois HD externos, resolveu pegá-los, e fez sinal para amiga que mandou ela sair. A princípio ela não havia entendido nada, mas Haidê apontou a porta e mandou que ela saísse.
-- O que você vai fazer?
-- Apenas saia, resolverei isso de uma vez por todas. – Melissa engoliu seco, não sabia o que havia feito a amiga mudar de ideia, mas conhecia aquele jeito, mesmo por trás dos óculos especiais, conseguia enxergar o azul gélido dos seus olhos. Ela saiu e seguiu por onde entraram, a esperaria ao lado de fora.
Haidê pegou duas cartas que achou importante e foi em direção a cama, Franciele abriu os olhos quando sentiu alguém se aproximar, mas era tarde demais, ainda tentou lutar, sem sucesso. O peso do travesseiro sobre seu rosto, sufocando-a, impedindo-a de respirar, sua vida não tinha mais salvação, havia sido julgada e condenada pela justiceira. Ela arrumou o quarto, olhou ao redor tudo igual. Ainda ajeitou o corpo da mulher que jazia sobre a cama e pulou a janela. Melissa a aguardava ao lado da árvore, apenas olhou para a amiga.
-- O que lhe fez mudar de ideia?
-- Isso. – mostrou as duas cartas enfiadas em sua calça.
-- O que tem aí?
-- O dia e como pretendem matar Lívia. – Melissa a abraçou quando viu seu rosto sem os óculos, estava assustada.
-- Calma, tudo irá se resolver. – ajeitou o ponto e falou. - Ruivo, tenho dois HD para você.
-- O que uma coroa, em uma casa de repouso sem computador para diversão, faz com dois HD externos?
-- Isso você vai descobrir e nos falar. – Haidê respondeu ao amigo.
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Estavam todas tomando café quando o telefone de Lívia tocou, a loira viu que era um número desconhecido e pediu licença.
-- Okay! Qual das duas vai me falar o que fizeram ontem? Eu sei que disseram a Lívia que jogaram até tarde, mas sei que não fizeram isso. – Melissa engoliu o café que desceu rasgando e olhou para esposa.
-- Isadora... – Haidê a chamou. – Foi culpa minha, pedi que ela fosse comigo conversar com McNamara, ele descobriu algumas coisas e não queria que Lívia soubesse. – a loira assentiu e olhou de uma para outra.
-- Só não me escondam nada, ela está grávida, mas eu não. – olhou para Melissa. – Estamos entendidas, Melissa Cristina?
-- Cla... Claro meu potinho de mel. – Isadora a olhou com os olhos cerrados. Lívia voltou e chamou a esposa, por sua expressão, as duas morenas já sabiam do que se tratava.
-- Licença meninas. – levantou-se e foi até a loira. – O que aconteceu?
-- Franciele morreu essa noite.
-- Como assim? Morreu de que? – Lívia a olhou e sentiu os pelinhos do corpo arrepiarem.
-- Haidê... – a morena a olhou séria.
-- Sim.
-- Você sabia? – Haidê não havia previsto isso, sua transparência diante da esposa.
-- Anjo, apesar de meu irmão me chamar de aprendiz de bruxa, eu nunca coloquei meus dons em prática. – Lívia suspirou.
-- Bem, terei de ir até lá resolver tudo.
-- Lívia, você quer ir?
-- Não, mas tenho... Minha obrigação como ser humano.
-- Eu vou resolver. – foi em direção a amiga. – Cristina, será que você pode me ajudar aqui? – Melissa já tinha tudo em mente, só iria colocar em prática. Levantou-se e foi em direção as duas. – Desculpem garotas, mas Franciele faleceu e não seria legal Lívia ir até lá, será que você pode vir comigo? – perguntou a morena.
-- Claro. – olhou a esposa. – Isa, será que...
-- Sim.
As duas saíram e deixaram as loiras sozinhas.
-- Está tudo bem? – Isadora perguntou. Lívia suspirou e se sentou.
-- O que posso falar, Isa? Parece que recebi a notícia do falecimento de uma desconhecida e vou ajudar com o velório e sepultamento. – olhou a loira. – Louco né? Chega a ser insensível.
-- Não se abale com a sociedade hipócrita, todos sabem que ela nunca foi uma mãe, nem mesmo quando mentiu. – Lívia considerou.
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-- Então... – Melissa perguntou ao saírem da casa funerária.
-- Sepultamento será hoje à tarde.
-- Não estou falando disso, os HD com o ruivo.
-- Ah! Poderíamos ir lá.
-- Isso sim é legal. – entraram no carro e seguiram até a casa em que haviam instalado o agente da Interpol.
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-- Meninas, eu posso arriscar em dizer onde eles estão.
-- Eles?
-- Rosária Provence e Jacques. – Haidê sorriu.
-- Agora posso traçar meu plano como deveria ser, desde o início.
Naquela mesma semana Lívia e Haidê voltaram para casa. Ela deixou a loira em casa, após de se certificar de que estava tudo bem e, depois, com a desculpa de levar o sobrinho em casa, pegou a moto e saiu com o irmão.
-- Augusto pode nos levar até eles.
-- Defunto não ajuda ninguém a nada, só se baixar o espírito. – respondeu de forma zombeteira.
-- Haidê, por que quer tanto isso?
-- Ele riu de tudo, como se nossa vida valesse nada e sei o que estão planejando para Lívia. – Ulisses olhou para irmã, avaliando-a.
-- O que está sabendo? – Haidê contou tudo o que descobriu.
-- Sabia que você tinha algo com essa morte de Franciele. Falaram: como um passarinho, dormindo.
-- Se alguém me pega, quem vai atrás de vingança?
-- Eu, óbvio. – ele suspirou. – Não quer que eu vá atrás dela?
-- Na Bolívia? Ela tem uma rede de gente protegendo-a lá, mas aqui... Ulisses, aqui é o nosso território. – terminou de vestir a roupa preta.
-- Eu vou com você.
-- Não precisa.
-- Ele deve ter seguranças para todos os lados.
-- E desde quando isso é problema?
-- Eu vou junto ou ligo para Lívia e conto tudo. – Haidê o olhou irritada e bufou. Sentou-se, esperou o irmão trocar de roupa.
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-- Ele está no mesmo apartamento e sem ninguém? – Ulisses perguntou surpreso.
-- Câmeras. – apontou com a cabeça, o homem jogou uma granada de fumaça e esperou que o caos se espalhasse. O alarme de incêndio disparou, vários vizinhos saíram, ele jogou outra e quando Augusto abriu a porta do apartamento, Haidê entrou, pegou a faca para cortar sua garganta, mas Ulisses a impediu e deu uma coronhada no homem, ele caiu desmaiado no chão.
-- Sem rastro. – explicou a irmã que parecia furiosa. Ele acendeu algumas velas que estava sobre a mesa, depois pegou uma das almofadas do sofá e o sufocou. – Outro a morrer como passarinho. – Haidê revirou os olhos.
-- A coronhada não vai ser levada em conta?
-- Você sempre foi melhor que eu na questão do crime perfeito. – deu de ombros.
-- E as velas?
-- Uma delas pode ter acionado o alarme. – voltou a dar de ombros e ouviram a sirene.
-- Bombeiros!
-- Área de serviço, vamos. – Ulisses viu que a sacada da área de serviço do apartamento da frente ficava próximo ao telhado do mercado ao lado. Desceram por lá e escaparam das câmeras e dos bombeiros.
-- Um corte chamaria mais atenção de Jeanine. – disse irritada enquanto guardava a moto.
-- Ela vem, confie em mim. Sabe que Lívia vai ser um alvo fácil, não é?
-- Essa semana ela vai para fazenda.
-- Prepare-se para a terceira guerra, Lívia não vai aceitar.
-- Só veja uma agente com o físico de Lívia.
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Dias atuais...
-- Amor, não entendi sua pergunta.
-- Eu quero saber se você tem condições de viajar no helicóptero?
-- Por quê? Haidê, nós não temos um compromisso hoje?
-- Temos, mas não será aqui.
-- Estamos fugindo?
-- Não. – Lívia não estava satisfeita. – Lívia, você tem condições? – o sangue da loira começou a ferver.
-- Eu tenho Haidê. – respondeu irritada.
-- Antes do meio-dia eu vou lhe pegar. – desligou sem tempo para contestações.
-- Urrrr, eu odeio Haidê!
-- Não, você não odeia. – Fernando afirmou ao entrar.
-- É, eu não odeio... - pensou. - Eu amo Haidê, mas ela me irrita. – bufou de novo.
Fim do capítulo
Garotas,
Boa noite! Estão todas bem? Espero que sim. Estamos nos últimos capítulos, desculpem (mais uma vez) a demora no término desta uber. Hoje uma amiga me pediu fotos de Haidê em ação para imaginar melhor as cenas. Vou procurar essas imagens e depois coloco no facebook. Aguardo comentários e vamos aos últimos capítulos.
Beijos e fiquem bem.
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JeeOliveira
Em: 15/12/2021
ai a história tava tão boa pena q parou
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