Estava eu lendo para minha morena, o médico me falou que era bom conversar com ela , pra estimula-la a reagir. Deixo o livro de lado e seguro sua mão , queria  que minha morena acordasse, queria  ver seus olhos  que me encantavam , não  aguentava mas de saudade de ver seu sorriso lindo.

-por favor meu amor, volta pra mim , não  me deixe de novo - lagrimas molham meu rosto , em meu peito uma dor que parecia  antiga , mal cicatrizada.

-jamais vou te deixar Maria Clara.

A olhei espantada e feliz ao mesmo tempo.

....

Minha angústia era sentida em minhas palavras.

-va  Maria clara. Pelo menos vocês estarão a salvo desse louco -  olhava minha amada com sua filha nos braços, filha essa que passei a amar como se fosse minha.

-não vou deixa-la . Venha conosco.

-va  antes que ele nos alcance.

Tarde demais , ouvi gritos de minha amada e disparos . Meu maior medo era de que algo acontecesse as duas .

-Eu te amo , jamais deixarei vocês.

Foi a últimas palavras que lembro ter dito . Estava tudo muito confuso. Lembro de ainda ter ouvido sons de sirene, choro... muito choro e uma dor latente em minha carne antes da escuridão tomar conta do meu ser.

-Nick,  sou eu meu amor , por favor volte pra mim - aquela voz tão distante, e mesmo assim que fazia meu coração pulsar mas rápido se fez presente em minha mente. Havia tanta dor em suas palavras , como já vira antes. Me forço a abrir os olhos e ver aquele olhar que tanto me trás paz.

-Onde  estou?- sentia meu corpo preso a tantos aparelhos, me sentia fraca como se a dias não fosse alimentada - Ayla?- minha visão nublou com a vontade que estava de chorar, meu peito ainda doia com imagens que se confundiam entre os sonhos e a realidade . Me veio a lembrança de nossa última conversa - preciso falar com você...

-shiii,  não fala nada , depois conversamos.

-mas preciso te falar...

-você não pode se agitar , vou chamar o médico - a detetive aperta um botão proximo ao aparelho ligado a meu corpo e em questão  de segundos uma enfermeira entra.

- aconteceu... vejo que a paciente acordou , vou chamar o médico pra te consultar , vamos ter que fazer alguns exames pra saber seu estado.

Ela sai pra chamar o tal médico,  eu olhava de soslaio pra detetive que somente continuava calada. Queria muito conversar com ela, saber por onde andou os dias que andou sumida e o porque ainda não havia me entregado a polícia,  já que ela tinha a certeza que precisava, pra que pelo menos minha vida virasse de perna pro ar.

Depois que o médico entrou no quarto,  a detetive teve que sair pra que alguns exames fossem feitos e logo em seguida me levaram pra uma sala pra exames mas específicos.

Quando retornei para o quarto, estavam presentes com a detetive Alexia , Duda , Carlos e Jaque que conversava baixinho com minha amada.

-Como ela está doutor?- a ruiva parecia realmente preocupada.

-Os  exames que acabamos de fazer estão normais , em   2  ou 3 dias ela poderá ir pra casa.

-fico muito feliz, Maria está ansiosa por sua volta.

-ela  não pode ainda ser cansar  , prefiro que as visitas sejam pelos menos duas por vez.

-claro doutor , eu mesmo me certificarei que ela irá descansar.

Ayla se aproxima e sua mão  se entrelaça nas minhas me causando um arrepio por meu corpo. Seu cheiro me trás lembranças e a saudade me alcançou.

-deixa que fico com minha irmã - Jaque lhe lança um olhar intimidadador , muito parecido com meu, e aquilo me causou estranheza.

- não precisa Jaque , estou bem.

Ayla olha a mas nova, alguma coisa havia perdido com minha estadia naquele hospital . Um a um de meus amigos saíram  me deixando a sós com a detetive, precisava conversar com ela a respeito do que a fez se afastar e saber o que faria com a informação, e aquele lugar , sem ninguém pra nós interromper era perfeito.

...

Havia avisado em casa que a morena tinha acordado e não demorou muito pra que nossos amigos chegassem ao hospital , até mesmo Carlos , o que me surpreendeu. 

-Como soube ?- pergunto a meu amigo. Estavamos um pouco afastados das outras . Minha cunhada ainda me tratava com estranheza e frieza o que me deixava incomodada pois gostava da mais nova .

-Alexa me avisou , estava quase chegando na delegacia e só fiz mudar o curso. E você como está?

-aliviada meu amigo , não consegui dormir a noite toda preocupada com a Nick.

-ja resolveu o que vai fazer? - eu sabia ao ele se referia , sinceramente ainda não sabia, mas de uma coisa tinha a mas absoluta certeza não iria ficar longe da morena depois de tudo o que aconteceu, ficou claro como água que meu destino e meu amor eram dela - como foi na delegacia com a morte de Renato - mudo de assunto pois nao queria pensar naquilo antes de ter uma conversa sincera com a morena.

-o  delegado Lauro ficou chocado com tudo que o Renato fez, Neto deu o depoimento dele ao nosso favor o que facilitou as coisas, todos sabiam o quanto os dois eram amigos .

Nao demora a morena entra no quarto com seu médico e uma enfermeira que ajuda Nick, a morena estava abatida , mas bem viva graças aos céus, pois acho que teria morrido aos poucos se algo de pior tivesse acontecido.

Depois que os outros saíram ela dorme pois precisava descansar e estava sobre efeito de remédios. Fiquei velando seu sono e admirando sua beleza. Ficava me perguntando o porque daquilo tudo, apesar de minha conversa com Carlos antes de tudo acontecer me fazer ter uma ideia dos motivos.

A morena somente desperta horas depois e logo em seguida, entra a mesma enfermeira no quarto que era muito bonita e seus cuidados com a morena ao meu ver eram exagerados.

-vim pra lhe ajudar no banho , você precisa fazer tudo com cuidado e não pode se esforçar.

Aquelas palavras me causaram um ciúme absurdo ,só de imaginar aquela mulher olhando o corpo que me pertencia.

-eu posso ajudar minha noiva. Vou ser cuidadosa.

Ela me olha desconfiada com que acabou de saber , mas não pois objeção a minha ajuda a morena.

-desculpa,  não sabia que eram noivas - fala sem me encarar . Nick somente prestava atenção na conversa e não abriu a boca pra constetar.

A enfermeira saiu desconfiada e eu me vi morrendo de ciúmes. Sem falar nada vou até o banheiro ajeitar a cadeira de banho que la ficava pra que o paciente não se esforçasse e nem cansasse. Quando retornei para o quarto a morena estava com os olhos fechado , parecia pensar e de alguma forma aquilo me incomodou pois sabia que muitas coisas passavam por sua mente.

-Vamos Nick, vou te ajudar a levanta - ela abre os olhos me olhando intensamente.

-precisamos conversar Ayla, não  quero mas ficar a imaginar que tudo que estas a fazer e por culpa por aquele infeliz.

-nos iremos conversar sim, mas não agora, você precisa descansar e quando estiver melhor conversaremos.

...

P/KAIRA

Aquela empresa estava de pernas para o ar desde que o fático dia do atentado contra minha chefe. Alexa parecia não pensar em mas nada que não fosse a saúde da amiga . Quem estava segurando as pontas ali era Duda e Gustavo que apesar de preocupado sabia que seu apoio às duas era ali, tocando tudo pra frente.

Alguns sócios vinham a mim saber mas sobre a empresária e procurando saber o que de fato aconteceu. Uns realmente tinham preocupação estampado nos rostos , outros somente pra fazer fita e fofocar sobre a saúde da morena.

Estavam eu com meus pensamentos , lembrando de meu amor que estava em casa com nossa pequena, quando vejo Alexa se aproximar.

-boa tarde Kaira, voce sabe me informar da Paula?

- ela está na sala dela providenciando os documentos que você solicitou - falei pois a assessora de Nick havia lhe pedido vários documentos da sala da morena.

-fico feliz em ver que a Nick acertou em promover a Paula a sua assessora, ela é bastante esforçada e está fazendo um serviço extraordinário.

- como  ela está... a Nick?

-esta se recuperando , logo receberá alta.

- nos queríamos ir no hospital visita-la , mas a Jordana depois do ocorrido na casa da Nick passou mal e a médica pediu repouso absoluto.

-deixem pra ir visita-la quando estiver em casa, fica mas confortável pra Jordana e assim vocês podem levar a Maju pra brincar com a Jessica, que parece triste com o afastamento das mães.

-me avise quando receber alta.

Ela confirma e se afasta voltando pra sua sala. Depois do meu horário vou direto pra casa , já estava com saudades dos meus amores. Depois de saber que teríamos gêmeos Jordana e eu havíamos redobrado os cuidados com sua saúde,  ainda não acreditava que logo casariamos e nossa família aumentaria.

Nem bem entro Maju corre se agarrando em minhas pernas, parecia que a dias não me Via. Jordana estava  sentada no chao, com certeza brincando com nossa filha e Me brindava com seu sorriso que me fazia tremer.

-Mama,nenê - nossa pequena apontava para Jordana extasiada, a pego no colo me aproximando do nosso amor- nenê mama.

-tem nene aqui é?- acaricio a barriga imperceptivel ainda de Jordana e minha filha sorri confirmando - pelo visto contou  a ela - ela confirma - e ja estou vendo que a noticia foi bem aceita.

Ficamos ainda brincando com nossa menina até da a hora de jantarmos e coloca-la pra dormir.

-o que acha que vai ser meninos ou meninas - pergunto quando já estávamos acomodadas em nossa cama. Desde que a pedi em casamento que ela mudou para meu quarto.

- espero que seja um casal pra menina fazer companhia para Maju.

- mas aí o menino vai crescer só.

-agora que já sabemos que somos compatível, quem sabe não incomendamos mas um menino depois - ela pisca e sorri. Naquele momento me senti no paraiso , com minha familia em meus braços .

...

Meus dias naquele hospital só não foram mas torturante porque tinha minha amada ao meu lado. Apesar da detetive não querer conversar comigo sobre o que ocorreu...por hora , ficava feliz por ela está ali junto a mim sem nem ao menos questionar , mas percebia que em muitos momentos sua indagação se fazia presente.

Eu sentia que ela me amava, e vi também seu ciúmes da enfermeira no outro dia , mas também tinha consciência o quanto estava sendo difícil pra ela tudo aquilo. Ficar entre o amor e a obrigação. Nos dias que fiquei ali recebi muitas visitas inclusive de minha pequena que chorou muito chamando por mim e o único jeito de faze-la parar foi Jaque e Andréa a levarem para me visitar. Eu  estava com muita saudade  da minha pequena e torcia pra que minha alta saisse e podesse voltar pra junto daqueles que  amava.

No meu primeiro dia em casa , tive a visita de Jordana e Kaira que aproveitaram e trouxeram sua pequena o que foi festa para minha filha. Apesar de estar com o coração agitado , apertado pelo que viria pela frente procurava não demonstrar. Estava descansando em meu quarto enquanto Ayla e Jaque faziam sala pra nossas amigas, pois Alexa também estava ali pra conversar comigo, desconfiava que minha amiga não via a hora de pedir que a baixinha fosse morar com ela, conhecia bem a ruiva e nunca a vi assim...entregue, por ninguém.

Estava desde aquela manhã em casa, mesmo no hospital percebi um certo mal estar entre Ayla e Jaque , desconfiava que minha irmã a culpava pelo seu afastamento e pelo tiro que levei.

-entre - falo assim que escuto batidas na porta do quarto, estava deitada tentando não pensar em tudo que acontecia.

-estava dormindo?- minha irmã se aproxima, percebi em seu olhar uma preocupação grande.

-não ,  estava só descançando. Fico feliz que esteja aqui , precisamos conversar.

Ela me olha desconfiada, mas assente quando peço que se sente na cadeira próxima a cama.

-o que está acontecendo entre você e Ayla?- ela me olha com Certo pesar - não me diga que não é nada que percebi essa desavença desde que me Internei.

-sinceramente Nick , não sei como consegue perdoa-la, ela sumiu...

-Jaque - a interrompi- a Ayla teve os motivos dela, motivos esse muito grave que se fosse ao contrario , não sei se perdoaria ou me aproximasse. Não a culpe porque quem deu o motivo foi eu.

- não consigo entender o que aconteceu de tão grave, pelo que me consta você  não a trairia pois sei o quanto a ama.

-os motivos não veem agora ao caso, mas te peço que não fique com raiva dela, pois ela teve todos os motivos pra se afastar e nunca mas olhar na minha cara.

Minha irmã baixou o olhar e concordou comigo. Ficamos ainda um tempo conversando e em nenhum momento tocou mas no assunto , como se adivinhando que era proibido.

A noite já caia quando minha detetive entrou no quarto , eu estava com os olhos fechado mas senti ela me observando , acho que na dúvida de se aproximar ou voltar para junto dos outros. Antes dela tomar sua decisão abro meus olhos a encarando.

-precisamos conversar- apesar do medo de perde-la precisava encarar os fatos.

Fim do capítulo