CAPÍTULO 06 ROMÂNTICA
CAPITULO 06
ROMANTICA
Temos: frango grelhado com cebola e repolho, peixe ao molho, peixe frito no azeite. Todo tipo de picanha, todas as carnes no molho, porco grelhado. Carneiro grelhado.
— E agora, já pode escolher?
— Sim, vou querer picanha. O resto eu deixo para você escolher, confio no seu bom gosto.
— Me traga uma porção de arroz à grega e uma garrafa do seu melhor vinho e 500 gramas de picanha gratinada no alho, por favor.
— Você vai beber? Está dirigindo, não pode. — falei preocupada.
— O vinho é para você comemorar sua liberdade, eu vou tomar só uma taça para brindar os vinte e dois anos de espera, merecemos esse mimo. – Deu uma piscada de olho e em pouco tempo de espera o garçom trouxe os pratos. Um balde de gelo uma garrafa de vinho mergulhada até o gargalo no líquido gelado e um pequeno fogão com chapa em cima uma peça de carne grelhada gratinada com alho.
Luíza dispensou o garçom e fez questão dela mesma me servir. Eu parecia uma criança quando vê um enorme sorvete com cobertura.
— Vem muito aqui? Parece conhecer todos é como se estivesse no quintal da sua casa.
— Nessa casa em especial é a primeira vez, mas eu sabia da existência dela porque eles sempre têm uma filial nas grandes cidades do Brasil, e como sou carnívora, sempre descubro locais assim.__ explicou pacientemente.
— Pensei que tivesse trazido outras mulheres aqui. — Bebi um gole do vinho, enquanto apreciava, Luíza comer com gosto para por instantes, limpando a boca com o guardanapo depositando sobre a coxa novamente, e me respondeu num tom sério.
— Você é primeira mulher que trago ao SAL E BRASA que é na verdade o nome desse local. Na ponte metálica também foi a primeira. No beijo você também foi a primeira antes de beijar você e te apavorar no passado eu nunca tinha beijado minguem. E mesmo que não fosse a primeira vez, se for com você, para mim, será como a primeira, porque é com você. Se for ao seu lado tudo tem mais cores e cheiros, consegue entender o que eu digo? Fiquei olhando para ver se ela entendia a imensidão do meu amor
— Sim. É que, como é novidade para mim, eu queria que fosse especial também para você. — Acabei confessando
— Tudo com você é especial para mim, nunca duvide disso. Você se importa de ficar sozinha um segundo, enquanto vou ao banheiro? Se preferir e não quiser ficar só pode vir comigo.
— Não pode ir, enquanto isso eu bebo outra taça desse vinho geladinho, só venha logo fico constrangida num ambiente com pessoas desconhecidas.
__ Pois não deveria ficar, você e de longe a mulher mais linda que aqui dentro e lá fora. __ abri os braços mostrando todo o local. Ela sorriu.
__ Ande vá logo nesse bendito banheiro “casa nova” antes que eu desista do vinho e carregue você para bem longe. __ seu olho brilhava, enviei um beijo na ponta dos dedos em dirigi ao local onde um rapaz tocava piano, queria fazer uma surpresa para Fabiana.
. Fiquei por trás de uma pilastra, queria ter certeza que de onde ela estava não daria para ver o que eu estava fazendo. E pedi a próxima música e entreguei um papel com o nome da pessoa a ser oferecida a música.
Luíza se afastou e voltou minutos mais tarde, ocupando seu lugar à minha frente. Ficamos conversando e ela pediu um café com água tônica.
Quando as caixas de som espalhada em todo o restaurante chamou atenção dos clientes:
— Sejam todos bem vindos a nossa casa. Hoje, como em todos os outros é um dia especial porque vocês estão aqui, é para vocês que nos esforçamos para oferecer um serviço de qualidade. Essa música que vou cantar agora é um poema do Tom Jobim, que dirá mais. Ou menos assim:
“De todo meu amor serei atento.
Antes, e com tal zelo e sempre face do maior encanto.
Dele se encante mais meu pensamento”
Descansei a taça na mesa e fiquei presa na voz do cantor que estava no piano declamando uma poesia linda. A cada nota que ecoava quando a tecla era empurrada lentamente para baixo pelas mãos do pianista reverberava em minha corrente sanguínea. Eu não respirava, minhas mãos deslizaram silenciosamente e encontraram as outras do outro lado da mesa e nós olhamos, não precisávamos palavras, nossas almas estavam se conectavam se completando. Ali bem perto o rapaz continuava...
“E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte angústia de quem vive.
Quem sabe a solidão fim de quem ama.
Eu possa me dizer do amor
Que não seja imortal, posto que é chama.
Mas que seja infinito enquanto dure”
— Esse soneto foi oferecido a jovem senhora Fabiana.
Todos no ambiente ficaram olhando para os lados, a minha procura, mas quando o cantor se aproximou de nossa mesa todos se viraram para nós.
O rapaz depositou uma rosa-vermelha na mesa, e o gesto foi seguido por uma salva de palmas dos outros clientes o que me fez ficar com mais vergonha ainda, o rapaz voltou para o piano cantando:
“Eu sei que vou te amar por toda minha vida eu vou te amar...”
— Você é louca? Quer me matar de vergonha? Sei nem o que dizer. — Confessei.
— Vergonha por que veio de uma mulher ou por que é um local cheio de pessoas? — perguntei com uma pontada de medo em minha voz — Fiquei com medo de ter me precipitado afinal ela não tinha uma vida social agitada.
— Por você ser mulher, nunca, mas por nunca ter recebido nada parecido. Por me sentir querida, por me sentir invejada por essas mulheres que queriam estar no meu lugar com essa loira linda olhando para elas como olha para mim. Por ter vontade de sentar-me no seu colo e beijar você para todos verem e por não saber o que eu faço primeiro. — Não tirei um instante os olhos de Luíza enquanto respondia.
Luíza por sua vez deu uma gargalhada tão sonora que muita gente olhou para ela que levantou a taça e brindou a todos que responderam de imediato.
— E agora minha balinha de café, para onde vamos? — indagou curiosa.
— Casa, vou organizar um jantar em família para contar a todos de uma vez só. Do divórcio, sobre a compra da outra loja. Quero você e os meninos juntos lá, quero que eles se acostumem com você em almoços, jantares, ficando para dormir, acordarem e verem você no café da manhã, essas coisas.
— Então não vai dizer com palavras o que está acontecendo entre a gente. É isso? — Luíza riu da forma como eu queria levar a relação.
— Isso mesmo não acho necessário entrar em detalhes, eles já são grandes vão saber e os pequenos quando chegar a hora e se perguntarem vou dizer a verdade.
— As pessoas vão estranhar o fato de as meninas namorarem e verem nós o tempo todo juntas.
— Eu estou é cagando para os vizinhos, passei vinte anos para me libertar de uma decisão errada e agora não vou mais ligar para o que dizem de mim. — Retruquei seria.
— Bom... Lá em casa as meninas são mais caras de pau, elas que vão rasgar na minha cara a verdade, mas vão respeitar sua vontade.
Nesse momento meu celular tocou, mas não dei muita importância, mas ele tocou outra vez e mais outra, então fui obrigada a atender.
— Alô... Diga minha flor — falei atendendo Marina.
— Mamãe, você não pode vir para cá agora. Fique por aí, passe para Luiza. — pediu decidida.
— O que é que tá acontecendo, Marina? Por que eu não posso voltar para casa? — estou começando a ficar nervosa, o que não passou despercebido por Luíza.
— O que está acontecendo, Fabiana?
— Não sei. A Marina está muito nervosa, pedindo para eu não ir para casa. Espera que vou ver se ela fala. — expliquei para a loira e voltei para minha filha. — Pronto minha filha, o que está acontecendo?
— Meu ex-pai está lá na portaria 1 de plantão esperando a senhora chegar. Já gritou para a cidade inteira ouvir que só sai quando a senhora devolver o dinheiro dele.
— Não saia daí, fique no condomínio, ele não pode entrar. Avise seus irmãos caso eles voltem mais cedo para ter cuidado, para não o deixar entrar junto.
— A senhora vai ficar por aí né? — perguntou nervosa.
— Não, minha filha, estou indo para casa, chega de me esconder ou ter medo do que Alberto possa fazer, não devo nada a ele e perante a lei eu sou uma mulher divorciada, portanto, solteira. Nada devo a ele. Daqui a pouco eu chego.
— A Senhora a recebeu o papel do divórcio assinado? O juiz assinou, mamãe? Aí que coisa boa... Boa não, maravilhosa! — Marina ria e pulava na frente de uma Bia sorridente.
— Sim, já sou uma mulher livre e desimpedida, solteirinha da silva. Mas não diga nada para ninguém aí de casa, eu mesmo quero dar a notícia. Vou dar um jantar para a família e avisar das novidades. — falei carinhosamente com minha filha.
— Tem mais uma novidade que seus filhos devem saber dona Fabiana? — perguntou querendo me forçar a falar o que está acontecendo entre mim e Luíza.
— Na hora você também vai ficar sabendo, sua curiosa. Agora vai... Cuide para que ninguém sai e avise na portaria que quando o transporte escolar chegar, não permitir ele entrar junto nem deixar os meninos descerem para falar com ele.
Fim do capítulo
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