Gabrielle

Acordo com os braços da Nanda ao meu redor, estamos deitadas de lado em uma deliciosa conchinha, saio lentamente da cama sem a acordar, faço minha higiene matinal e desço para tomar café e a deixo dormindo, antes de sair do quarto tirei uma foto dela, ela está de bruços com os lenções até a cintura e da para ver toda sua tatuagem da fênix, ela está linda.

Chego lá embaixo sorrindo e admirando a foto.

            - O que tem nesse celular que te deixou com esse sorriso bobo no rosto? – pergunta Caio me assustando.

            - Nada, não é nada.

            - Deixa eu ver então? – ele se aproxima e tenta pegar meu celular.

            - Não tem nada pra ver. – falo e continuo andando.

Ele me agarra e pega o meu celular.

            - Para com isso Caio, me devolve agora. – brigo com ele.

            - Vou devolver, só vou dar uma olhada primei... ai merd*, isso doeu Gabrielle. – ele fala quase gritando.

Eu dei um chute bem forte na canela dele e peguei meu celular de volta.

            - Era pra ter doido mesmo, você não pode invadir a minha privacidade assim.

            - Que grito foi esse Caio? – a mãe Paula pergunta.

            - Essa maluca da Gabrielle que quase arranca minha canela com um chute. – ele fala com a mão na canela.

            - Não teria feito se você não tivesse pego meu celular tentado invadir minha privacidade.

            - Eu só queria ver o que tinha nele que te deixou toda boba.

            - E eu disse que não ia te mostrar, agora me deixa. – tento sair dali, mas minha mãe me para.

            - Gabrielle, entendo que você não queria que ele visse, mas não precisava usar de violência, - ela me repreende e ele sai andando rindo, deixando nós duas a sós – agora que estamos sozinhas me fale o que você não queria que ele visse?

            - Não é nada de mais mãe, é só uma foto da Nanda, - falo e mostro a foto pra ela, não tinha nada mesmo na foto.

            - Nossa a tatuagem é mesmo linda, porque você não quis mostrar pro seu irmão? Não tem nada de mais na foto, não da pra ver nada, a foto está muito bonita na verdade.

            - Eu não mostrei porque ele não ia parar de falar disso, e não queria que ele a visse assim, mesmo não dando pra ver nada eu não gosto da ideia dele vendo-a dessa forma. – ela ri de mim.

            - Entendo, e ela ainda está dormindo?

            -Não, estou bem aqui, - ela responde e me abraça – bom dia Paula.

            - Bom dia Fernanda, vamos tomar café, só estava faltando vocês duas – diz e vai em direção a copa.

Nanda me abraça e me da um beijo de tirar o fôlego.

            - Bom dia loirinha.

            - Bom dia amor, vamos.

Sentamos na mesa e tomamos café com todos juntos, depois vamos para a sala e ficamos conversando.

            - Moça, seu nome é Nanda, não é? – Davi pergunta pra ela que sorri pra ele.

            - Oi homenzinho, na verdade é Fernanda. – diz bagunçando os cabelos dele.

            - Mas a prima Gabi te chamou de Nanda, eu ouvi quando ela disse.

            - Ela chamou sim, mas só ela que me chama assim.

            - Porque?

Ela me olha meio que me perguntando o que responder, balanço minha cabeça.

            - É porque ela é minha namorada e só ela pode me chamar assim.

            - Ata, então é só você namorar comigo, aí vou poder te chamar assim. – ele diz e todos nós rimos.

            - Ei, tentando roubar minha namorada Davi? Não pode, a Nanda já é minha, arruma outra pra você. – falo a abraçando.

            - Mas ela é bonita, nós dois podemos namorar ela então.

            - Não, só podemos namorar uma única pessoa e ela já namora comigo, você vai ter que arranjar outra pra namorar.

            - Ta bem, mas quando eu arrumar uma quero que seja bonita igual a sua e que também tenha esses desenhos, eles são legais. – diz apontando para a tatuagem e olha pra Nanda – eu posso ver ele todo? só to vendo um pedaço.

            - Ele todo não da homenzinho, está por baixo da roupa e não tem como mostrar. – ela fala e eu me lembro da foto.

            - Eu posso te mostrar uma foto pode ser? – ele assente e a Nanda me olha confusa. – eu tirei uma foto sua hoje quando você ainda estava dormindo – mostro a foto a ela.

            - E tem alguma outra ou é só essa? – ela me pergunta.

            - Só essa, mas se você quiser eu posso apagar.

            - Não precisa apagar, a foto ficou bonita e não tem nada de mais, eu também tenho fotos suas que tirei quando você estava dormindo, - ela aproxima e fala no meu ouvido – mas as que eu tirei são apenas para eu apreciar, não vou mostrar pra ninguém.

Olho pra ela preocupada, será que ela tirou foto minha nua?

            - Não se preocupe, as fotos não mostram nada de mais, depois você pode ver e se não gostar eu apago.

            - Nossa que legal, é um pássaro grandão – Davi fala ao ver a foto.

            - É uma fênix. – eu falo.

            - Legal, - ele olha pra Nanda e pergunta – você ta pelada na foto?

            - O que? – ela pergunta e vejo a mãe Dani olhando feio pra ela.

            - Você disse que não da pra ver de roupa então pra ver, você tem que estar sem roupa, - ele conclui e olha pra mim – Gabi, você viu ela pelada?

Eu fico vermelha na mesma da hora e a Nanda começa a rir junto com todos os outros menos a mãe Dani, fico sem saber o que responder.

            - Ela não está pelada, só não dá pra ver na foto, mas ela está de roupa sim – falo.

            - Você fica um tesão toda vermelhinha assim, - Nanda sussurra no meu ouvido e eu fico mais vermelha ainda.

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Já tem duas semanas dês do dia do meu aniversário e as coisas estão indo muito bem, faltam algumas semanas para a minha formatura e eu estou muito animada e feliz, no próximo ano eu vou fazer faculdade de direito na UFMG.

Esses últimos dias foram maravilhosos, eu e a Nanda nos vemos todos os dias, a mãe Dani está aceitando melhor o meu namoro, ainda implica um pouco, mas bem menos que antes.

Tem uma semana que estou recebendo várias mensagens de um número desconhecido, a última mensagem estava dizendo que a Nanda não gosta de mim de verdade, que eu mereço coisa melhor e que iria provar, não sei quem as envia, sempre que recebo uma nova eu bloqueio o número, mas não adianta, a pessoa que envia muda de número e envia de outra.

Estou no meu quarto e acabei de receber outra, eu ia apagar sem ler, mas vejo que é uma foto e fico curiosa, abro a mensagem e imediatamente lágrimas começam a escorrer, não posso acreditar no que estou vendo, não pode ser.

Fernanda

Eu finalmente tive um tempo para buscar minha moto que estava no Rio, tenho uma Ducati vermelha, comprei ela de um amigo na faculdade, estava com muita saudade de pilota-la.

O dia hoje na delegacia foi bem cansativo, Rick não foi ao trabalho hoje porque estava doente, e como ele é meu parceiro fiquei boa parte do dia trabalhando sozinha, mas na parte da tarde a delegada designou uma outra detetive para me acompanhar pelo menos até o Rick voltar, passamos a tarde quase toda em uma ocorrência que a delegada pediu que nós investigássemos.

Estou a caminho da casa da minha loirinha, estou na minha moto, Gabi ainda não tinha a visto e hoje pretendo leva-la para dar uma volta, tenho certeza que ela vai gostar.

Estaciono em frente e bato na porta, a Paula abre e me olha preocupada.

            - Que bom que você chegou Fernanda, a Gabi está no quarto dela e está chorando, tentei fazer ela me dizer o que aconteceu, mas ela não quis me falar, vai lá por favor e veja o que aconteceu.

            - Com licença.

Subo direto para o quarto da Gabi, abro a porta e a vejo deitada na cama, está com os olhos muito vermelhos, entro e me sento ao seu lado.

            - Amor, o que aconteceu, por que está chorando? – tento colocar a mão em seu rosto, mas ela se afasta.

            - Não me toca, vai embora – ela diz sem nem olhar pra mim.

            - Porque não quer que eu te toque? Me fala o que aconteceu, você está me deixando preocupada. – tento pegar a sua mão e ela se afasta de novo.

            - Eu não quero que você me toque nunca mais, vai embora, não quero te ver nunca mais, está tudo terminado entre nós, ACABOU – ela grita comigo.

            - Amor como assim acabou? Me diz o que está acontecendo por favor, eu te amo Gabi, você não pode fazer isso, não vou aceitar sem pelo menos um motivo.

            - Eu não quero conversar com você, quero que vá embora, me deixa em paz.

            - Gabi, eu amo você e sei que você me ama, você tem que me dizer o que aconteceu pra você estar assim, não vou sair daqui sem me dizer o que aconteceu. – pego seu rosto que esta todo molhado pelas lágrimas derramadas – amor por favor, não faz isso, me diz o que aconteceu.

            - Já disse que não quero falar, só quero que vá embora agora e não volte mais. – diz chorando

Me levanto e começo a andar de um lado pro outro. Isso não pode estar acontecendo, porque ela está dizendo isso? não estou entendendo nada. Paro de andar e fico em pé na sua frente.

            - Gabrielle, olhe pra mim – ela me olha – você tem que conversar comigo e me dizer o que aconteceu, você está agindo como criança, não se termina um relacionamento assim do nada, sem ao menos uma explicação.

Ela para de chorar, respira fundo e seca o rosto.

            - Não quero conversar Fernanda – ela me chamou pelo nome, ela nunca me chama assim – e eu não sou criança, - ela se levanta e fica frente a frente comigo – acabou, não quero mais namorar com você, agora vai embora.

Ela não tem mais o brilho nos olhos que sempre estavam lá quando me olhava, seus olhos estão vazios, sem emoção.

Meus olhos se enchem de lágrimas, mas eu não as deixo cair.

            - Gabrielle, você está agindo como uma menina imatura em não me dizer o que aconteceu e simplesmente me mandando embora – eu respiro fundo e olho nos olhos dela – eu te amo, mas se você me deixar sair por aquela porta e não me dizer o que aconteceu para estar agindo assim, vai doer, eu sei que vou sofrer, mas eu não vou voltar, se eu sair por aquela porta não tem volta.

Ela começa a chorar de novo e se vira de costas.

            - Acabou Fernanda, vai embora.

Quando escuto isso, acho que meu coração para de bater, paro até de respirar, fico parada por alguns segundos sem ao menos piscar.

            - Tudo bem eu vou, espero que saiba o que está fazendo, porque você está jogando fora um amor que poderia ter sido pra sempre. – falo deixando as lágrimas caírem.

Saio do quarto secando meu rosto, chego no andar de baixo e a Paula vem na minha direção.

            - Fernanda o que aconteceu? Conversou com ela? porque você está chorando? – ela dispara a fazer perguntas.

Eu fico parada olhando pra ela, minha cabeça está a mil, seco minhas lágrimas e respiro fundo.

            - Ela terminou comigo. – sai quase como um sussurro.

            - O que? Por que? – pergunta surpresa.

            - Eu também queria saber, ela não me disse, apenas disse que acabou, que não quer me ver mais e me mandou embora.

Minha voz está embargada e as malditas lágrimas não param de cair, passo por ela e ela segura meu braço.

            - Espera, não vai assim, você está nervosa, não está bem para ir embora sozinha. – diz preocupada.

            - Eu estou bem, não precisa se preocupar, vai lá ficar com ela.

            - Eu vou sim, não sei o que aconteceu com ela, mas espera um pouco e depois vocês conversam com mais calma.

            - Não, não vai ter um depois, ela terminou comigo e nem quis me dizer o porquê, não teve maturidade para ter uma conversa e me explicar, eu amo aquela loirinha, mas não vou me sujeitar a esse tipo de situação, - olho pra ela e vejo que ela esta com olhos cheios d’água – cuida dela está bem?

Falo e saio antes que não tenha forças para fazer isso.

Monto na minha moto e acelero.

Não acredito que ela terminou comigo sem ao menos uma explicação, como ela pode dizer que me ama e fazer uma coisa dessa. Nunca me envolvi com ninguém, não deixei que ninguém se aproximasse em parte porque queria me concentrar na faculdade e na minha carreira, mas também tinha medo de me deixar envolver e me machucar, aí eu conheço essa loirinha linda e pela primeira vez na minha vida eu me apaixono por alguém e é justamente isso que acontece.

Estou pilotando a moto pelas ruas e nem sei pra onde estou indo, quero apenas continuar seguindo em frente, meus olhos estão um pouco embaçados devido as lágrimas e é justamente isso que me impede de ver que o sinal ficou vermelho, tento frear, mas já é tarde demais, sinto meu corpo saindo da moto e sendo jogado pelo ar, e de repente tudo fica preto.

Fim do capítulo