Um ano passou sem que ninguém se desse conta, depois veio outro trazendo muitas mudanças, Léo estava cada vez mais envolvida com o tráfico, e com o dinheiro correndo com muita tranquilidade comprou todos os pequenos luxos que desejava sem se importar com o amanhã, os pais não desconfiavam de nada e estavam bem felizes com os presentes recebidos, acreditando que a filha estava mesmo trabalhando e ganhando bem, Vanessa por sua vez tentava aconselhar a todo instante, e ajudava no que podia com orações e conversas, mas, de nada adiantava, a irmã sempre dava um jeito de enrolar, dizendo que não era tão simples sair dessa "sociedade". Então, em junho, cansada das conversas da irmã e disposta a encher seus dias de festinhas comprou uma mansão luxuosa no Batel, com isolamento acústico para aproveitar os fins de semana em farras que começavam cedo, mas, nunca tinham hora de acabar.

       Em pouco tempo Léo fez o seu nome, e logo foi considerada uma das principais traficantes de cocaína e de drogas sintéticas do Brasil, tornando-se a principal fornecedora da elite pela qualidade de sua droga, sua fama corria por toda parte e no auge de sua história no tráfico recebeu 150.000 dólares em uma única trans*ção de cocaína para o leste europeu. Leonarda estava encantada, não apenas com tudo que o dinheiro podia ofertar, mas, com a quantidade de mulheres e de novos amigos que a rodeavam querendo uma réstia de atenção, o que lhe rendeu o apelido de "Princesinha do tráfico", era dona da situação e considerava que sua sorte nunca mudaria pois nunca foi pega em nenhuma trans*ção, no entanto sua felicidade teve fim quando foi denunciada por uma gerente que achava que recebia pouco para o imenso trabalho que realizava na organização criminosa, assim, em outubro,  Léo foi presa em sua casa com sete quilos de cocaína, sendo condenada a quatro anos de reclusão.

       Vanessa foi a primeira a visitar a irmã, assim que foram liberadas as visitas, no dia marcado ela estava lá levando uma mochila com tudo que Léo precisava, além de alguns alimentos tinham artigos de higiene pessoal e alguns livros. Mal entrou na sala de visitas e já correu para abraçar Léo com lágrimas nos olhos.

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- Minha irmã, como você está?.

- Como deve perceber já tive dias melhores, o que você quer Vanessa?, vai dizer o insuportável eu te disse?.

- Claro que não, se jamais faria isso com nenhum ser humano, imagine com minha irmã?, pisar na ferida dos outros não é do meu feitio Léo, quero é saber como você está, isso que me interessa.

- Você é tão boa que me sinto um verme ao seu lado...

- Para com isso mana, tenho certeza que algo ainda vai causar o seu despertar, quem sabe um amor?, sinto que ainda vai ter alguém no teu caminho que vai te fazer mudar, sabia?.

- Não viaja Vanessa, eu sou jaguara raiz, pego uma aqui e outra ali, essa história de amor não é pra mim, e você, continua pegando minha ex?.

- Em falar nisso irmã, me diga sinceramente, você ama a Liz?, se amar, mesmo estando tudo bem no meu namoro, eu prometo que termino...

- Você faria isso por mim?.

- Claro Léo, você é minha irmã, jamais faria algo se soubesse que te faria sofrer.

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       Léo coçou a cabeça, ainda pensou em se vingar da situação causada, mas, achou melhor esquecer e deixar pra lá, tinha tantas mulheres na sua cola mesmo presa, que não fazia diferença, então, apenas deu de ombros e falou.

- Esquece, ela é tua, pode ficar com ela, não me importo que continuem namorando.

Vanessa sorriu, encostando a mão no ombro para dizer calmamente embora com muita convicção.

- Léo, a Liz não é um objeto, mas, tua resposta já me deixou satisfeita...

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       Ainda não tinham encerrado o assunto quando a policial avisou que estava na hora de se despedir pois o horário de visita já havia acabado, as irmãs trocaram um abraço afetuoso e Vanessa saiu em direção ao carro, precisava ficar um pouco sozinha para pensar na vida e colocar o pensamento no lugar.

       Vanessa dirigiu sem ter um rumo certo, apenas no meio do caminho resolveu seguir para Santa Felicidade, de longe avistou uma hamburgueria escondidinha que já tinha ouvido falar, mas, ainda não tinha conhecido, estacionou próximo ao local, encantando-se com tanto verde ao redor do lugar que mais parecia uma floresta, olhou rapidamente a placa de madeira de lei onde leu "A Toca" e entrou, sentando-se em uma mesa que julgou mais aconchegante, logo um garçonete sorridente de cabelos curtos e azuis como os seus olhos chegou com um cardápio.

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- Boa tarde, sou Emma, bem vinda "A Toca", este é o cardápio principal com os nossos sanduiches variados, todos com nomes de árvores, feitos para paladares diversificados, espero que algum te agrade.

- Querida, eu estou totalmente abertas a sugestões.

- Olha moça, eu gosto muito do Pau Brasil, este é um sanduiche feito no pão árabe com trufas brancas, fatias de presunto ibérico, um hamburguer de picanha, três tipos de queijo que são o gorgonzola, cottage e gouda, além de filetes de cebola cristalizada e vinagre balsâmico, é o que mais gosto, vem acompanhado de batatas fritas e molho especial.

- Gostei muito da sua sugestão, queria saber se podia substituir o presunto e a picanha por algum vegetal, peixe, ou mariscos, não como carne vermelha de nenhum tipo.

- Ah, nesse sanduiche específico eu indico substituir a carne por iscas de peixe empanadas, pode ser?.

- Claro...obrigada.

- Só que ai vira outro sanduiche, o Ipê Roxo...Hahahahah.

- Pena, eu gostei do nome do primeiro. - Respondeu Vanessa sorrindo.

- Bom vou passar o seu pedido, fique à vontade, se quiser pedir algo para beber.

- Gostaria de um suco de morango com uvas verdes, obrigada...

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       Mal terminou a frase e Vanessa cruzou o olhar com uma moça de penetrantes olhos negros, tão escuros como os cabelos lisos que caiam até a metade das costas, contrastando com a pele branca, e ao lhe fitar-lhes os olhos se sentiu exposta, como se toda sua vida fosse captada pelo par de íris escuras que lhe desnudava não apenas o corpo, mas, a alma.

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- Olá, sou Inês...a dona desse lugar.

- Como, como....você...chegou aqui tão rápido?.

-O tempo é uma das nossas grandes ilusões Vanessa. - Falou a moça vestida elegantemente com uma bata preta toda bordada com borboletas azuis que caia até os joelhos.

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       Inês sorriu ao abrir a boca e mostrar os dentes brancos e alinhados que apontaram e ao perceber o encanto de Vanessa, encostou as palmas das mãos em cima da mesa, esperando que a outra falasse qualquer coisa.

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- A gente se conhece Inês?, seu rosto...sua voz...pareço que te conheço de algum lugar.

- Dizem que não podemos beber duas vezes a água do mesmo rio...mas, quem sabe?.

- Também é filósofa?.

- Apenas uma...curiosa.

- Dizem que a curiosidade mata o gato...

- Também dizem que os gatos tem sete vidas...o que é uma grande mentira, aliás, você também só tem uma, então tenha cuidado, use seus dons e tente ver além das aparências, você é tão boa que é ingênua Vanessa.

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       Inês já ia sair, quando Vanessa encosta a mão na sua sentindo um calafrio percorrer o corpo todo.

- Você está gelada...

- Acontece as vezes...

- Mas, o que você quis dizer com...

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       Vanessa não teve tempo de completar a frase, a moça já tinha desaparecido, e em cima da mesa uma borboleta azul bateu a asa três vezes antes de voar. Estava completamente absorta quando sentiu o celular vibrar, olhou no cursor, viu que era Liz e atendeu sorrindo, tentando esquecer Inês.

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- Oi Liz...

- Oi amor, tudo bem?.

- Tudo ótimo meu bem, estou aqui em uma lanchonete, desculpa nem te liguei, fui visitar Léo e fiquei desnorteada, vem aqui lanchar comigo, estou em Santa Felicidade, em uma lanchonete chamada "A Toca".

- Ai Van, já sei onde é, estou tão cansada, até vou, mas, depois você dorme comigo?, estou tão sozinha em casa...e sei que amanhã você vai fazer a trilha e não vou poder ir, meu tornozelo ainda dói com aquela queda chata que levei na praia.

- Liz, esse teu tornozelo não vai melhorar nunca  se não cuidar meu amor, acho que vou cancelar a trilha, sabe?.

- Não precisa Van, eu sei que você adora essa trilha noturna, então você vai...bom, me espera que chego já ai, pede o meu de picanha e queijo defumado que já chego.

Não demorou muito e Liz estacionou a moto ao lado do carro de Vanessa, chegando com o capacete na mesa da namorada e soltou os longos cabelos balançando de um lado para o outro.

- Você está linda Van...

- Obrigada meu bem, já avisei em casa que dormiria contigo, após o lanche podemos ir...

Fim do capítulo