Olá meninias,
Vamos continuar no passado e ver se dona Aranha aprontou mais alguma coisa?
Capitulo 5
Capítulo 06
10 anos atrás
Assim que Lara saiu da sala, fico pensando e resolvo não só aceitar o convite, para a palestra, como resolvo fazer a inscrição no vestibular. Liguei para Cris, e a convidei para almoçar, ela estranhou, pois era raro almoçarmos juntas.
Escolhi um restaurante perto da galeria onde ela trabalha e após os pedidos feitos, contei sobre a palestra e apesar de não gostar muito, ela não reclamou, disse que se é importante para o meu trabalho tudo bem e perguntou quando e onde seria.
- É na quinta, no hotel Transamérica.
- Então é um evento chique, precisamos comprar um vestido e sapatos. Comentou empolgada.
- Precisamos?
- Sim Duda, você para seu evento e eu porque na sexta vai ter a festa de aniversário do dono da galeria e preciso estar bem.
Fiquei feliz com a empolgação da Cris, aliviada por não ter reclamado da palestra, agora vem a parte mais difícil.
- Tem mais uma coisa.
Cris percebe que estou insegura, me olha de forma interrogativa.
- Fiz a inscrição na Fuvest, vou cursar direito no próximo ano.
Cris fechou a cara na hora, seu descontentamento é visível.
- Qual a necessidade Duda?
- Na minha área é sempre bom ter mais conhecimento e você sabe que tenho vontade de lecionar.
- Entendi, além da graduação vem pós e mestrado.
- Isso!
- Você sabe o que penso, não tem necessidade, você trabalha com perícia, não pensa em advogar.
- Amor, olha, eu quero muito! Fica feliz por mim, por favor. Pedi carinhosamente.
- Tudo bem, depois conversaremos sobre isso, mas preciso te dizer uma coisa.
É a vez dela ficar desconfortável, apertando o guardanapo nas mãos, após respira fundo e diz:
- O dono da galeria é ultra conservador, não sei se comentei mas ele demitiu um dos funcionários porque o rapaz é gay...
Fico paralisada com a informação, como em pleno século vinte e um, as pessoas tem esse tipo de atitude, no que interfere a vida pessoal no trabalho?
- Isso quer dizer, que não vou poder encostar em você durante a festa? Perguntei brincando.
- Significa que você não vai. - A resposta saiu seca.
Por essa eu não esperava, juro que fiquei alguns segundos tentando digerir a situação.
- Como assim eu não vou? Sou sua esposa esqueceu? Sempre te acompanho em todos os eventos.
- Fala baixo!. – Pede entre dentes – Ninguém da galeria sabe que somos casadas, eles acham que você é minha sobrinha.
- O que? – Por essa eu não esperava – Nas vernissages que nós vamos...
- Acham que você é minha sobrinha, mas não me chama de tia.
Sabe quando tudo parece em câmera lenta? Foi assim que me senti, tudo acontecendo de forma lenta, via Cris mexendo os lábios, mas não ouvia nada.
- Duda...Maria Eduarda...Tudo bem? - Perguntou preocupada.
Não respondi, levantei magoada e saí do restaurante sem nem tocar na comida. Entrei no primeiro táxi que vi e fui até a clínica onde a Flavinha trabalhava, entrei aos prantos.
- O que houve Duda?
- A Cris...
Não conseguia terminar, era raiva, tristeza, decepção.
Flavinha saiu da sala e voltou com um copo de água, bebi num gole só.
- Agora me conta, o que foi dessa vez? Perguntou cruzando os braços.
Contei sobre a inscrição no vestibular, a reação da Cris e sobre o tal aniversário, conforme ia contanto, Flavinha ia ficando cada vez mais vermelha e irritada.
- Duda eu sei que você gosta muito da Cristina, mas você acha que está valendo a pena?
- Como assim?
- Vocês estão juntas há um ano, e não tem um dia que vocês não discutem...
- Que exagero!
- Praticamente todos os dias, a Cris não te apoia em nada, não ajuda, nem o condomínio ela paga!
- Ela tem muitas despesas, está ajudando a Carol montar o consultório...
- Duda presta atenção!. A Cris é mais velha que você, experiente...Mas parece o contrário, é você que resolve tudo, que paga as contas, está pagando o apartamento, a prestação do carro novo dela...Não acha que é muita coisa?. Você é muito nova!
- Também não é bem assim... Ela ajuda nas compras...
- Lá vem você justificando as atitudes dela!. Você sabe o quanto não a suporto, sempre de nariz em pé, arzinho arrogante, cheia de pose…Mas em respeito à você eu a trato com toda educação do mundo...
- A verdade é que você a tolera, isso sim.
Flavinha dá uma risada e volta à carga.
- Que seja, eu a tolero, mas faço isso por você, e você merece alguém que ame e principalmente a respeite.
Fico em silêncio, pensando em tudo o que acabara de ouvir.
- O que ela fez no casamento da Silvinha foi demais!
- Ela pediu desculpas!
- Ela te largou de novo sozinha e fez um escândalo quando a Lorena veio te cumprimentar.
Lorena é a irmã mais nova da Silvia e durante a festa veio animada conversar e contar do novo namorado americano, a Cris não só se chateou, como ofendeu a Lorena chamando-a de perua nojenta e piriguete. Logo depois ela saiu e foi embora me largando com cara de boba e deixando a Lorena extremamente ofendida.
- Só não foi pior porque a Silvinha não viu.
- Ela errou e pediu desculpas.
- porr*aaa Duda! Acorda meu! Esse relacionamento não é saudável, ela te trata mal...
Levantei exasperada e resolvi voltar ao trabalho.
- Preciso ir, obrigada pela água.
Flavinha me segura pelo braço delicadamente e diz:
- Só falo essas coisas porque te amo, você é minha irmã, a família que não tenho.
Abracei minha amiga longamente e voltei ao trabalho, durante o trajeto fui pensando nas palavras de Flávia.
Conheci a Flavinha logo que cheguei a São Paulo, nos esbarramos durante o trote na universidade e a conexão foi imediata, começamos ali uma amizade que se fortalecia a cada dia. Flavinha foi expulsa de casa aos dezesseis anos, pois a família não aceitou o relacionamento dela com a prima, ainda viveu por uns tempos na casa da tia com a prima, mas o namoro terminou depois de quase dois anos e Flavinha se viu na rua novamente, no entanto, com a ajuda dessa tia alugou uma kitnet no centro de São Paulo e saiu à procura de emprego, até encontrar uma lanchonete, durante o dia trabalhava e a noite estudava. Nesse mesmo ano prestou vestibular para medicina veterinária e passou entre os primeiros colocados, optou por estudar de manhã e trabalhar a tarde. Quando nos conhecemos, apesar de seu olhar triste, o bom humor e simpatia me conquistaram, assim como sua disponibilidade em ajudar não só a mim, mas todos que precisavam de alguma apoio, seja com uma conversa despreocupada ao final das aulas, seja para um aconselhamento mais sério, pois apesar de toda sua pose de palhaça, Flavinha era ótima ouvinte e conselheira.
Quando cheguei a São Paulo caipira de tudo, foi ela que me levou a todos os lugares que julgava interessante, me ensinou a andar de metrô e de ônibus, me apresentou Paula minha primeira namorada paulistana e foi no colo dela que chorei após quatro meses de namoro após Paula me dispensar. Moramos juntas por seis meses e foram os seis meses mais divertidos desde que cheguei a São Paulo, foi através dela que conheci Silvinha sua amiga de longa de data e logo nos tornamos o trio inseparável.
Assim que cheguei ao trabalho, corri pro banheiro, retoquei a maquiagem, na volta vi Lara conversando com meu chefe, fiz sinal e ela veio, perguntou se estava tudo bem, pois meus olhos estavam vermelhos, disse que era alergia, ela não acreditou muito e insinuou que a Cris tinha a ver com essa “alergia”, disfarcei e aproveitei para confirmar a ida na palestra, Lara ficou tão feliz, que acabou me dando um abraço no meio do corredor que dava acesso as salas do departamento.
Ao longo da tarde Cris ligou duas vezes, mas não atendi, me concentrei em alguns relatórios, não queria conversa, estava chateada com a situação.
Cheguei em casa e Cris estava se arrumando para sair, disse que tinha uma reunião de trabalho e não tinha hora para voltar, não falei nada e fui para meu quarto, estava com a cabeça a mil. Após o banho, fiz uma refeição leve, conversei com a Flavinha, que me convidou para comer pizza na sexta e conhecer o novo namorado, aceitei de pronto e depois de muitas risadas, resolvi dormir.
Acordei de madrugada com um barulho na sala, me assustei e olhando para o relógio, vi que era pouco mais de três horas, percebi que a cama estava vazia, foi quando ouvi um resmungo:
- Droga!.
Levantei correndo e encontrei Cris, deitada no sofá, de longe senti o cheiro de álcool, balancei a cabeça e fui até ela, com muita dificuldade a levei no banheiro e a deixei debaixo do chuveiro frio e reclamando, enquanto fui preparar um café forte.
- Que droga Duda!. Essa água está gelada!
Não respondi, a tirei do chuveiro e enquanto secava seus cabelos a obriguei tomar o café, logo em seguida ela simplesmente apagou, olhei para aquela cena deprimente, que infelizmente estava se tornando frequente, toda vez que ela saía, voltava embriagada. Fui até o banheiro e ao pegar suas roupas, senti um leve cheiro de perfume amadeirado, bem diferente do que ela usava, sacudi a cabeça e tentei não pensar no assunto.
No dia seguinte, Cris acordou de ressaca e com uma baita dor de cabeça, não falei nada, dei uma aspirina e continuei meu café em silêncio.
- Quando seu carro fica pronto?
A pergunta saiu de forma carinhosa, parecia até outra pessoa.
- Hoje à tarde, vou buscar na hora do almoço.
- Posso ir com você e depois podemos comer na cantina do Gigio.
- Não precisa, hoje vou fazer um treinamento e almoço por lá mesmo.
Minhas respostas secas a surpreendem, ela pegou em minha mão, fez uma carícia e perguntou em voz baixa:
- Ficou chateada?
- Óbvio que fiquei, toda vez que você sai à noite, volta tarde e na maioria das vezes bêbada...
- Não estava bêbada, só exagerei no vinho e estava trabalhando, quando você vai entender Duda?
Minha vontade era perguntar sobre o perfume impregnado nas roupas, mas deixei pra lá, não falei nada, ela tem mania de sempre se colocar como vítima e sinceramente não estava fim de iniciar logo cedo uma briga, terminei de me arrumar e segui para o trabalho.
O dia transcorreu bem, peguei meu carro, fui ao shopping e comprei um vestido para a palestra do dia seguinte e combinei de buscar Lara, pois era caminho.
Quando cheguei em casa, Cris já tinha chegado, a mesa estava posta e um cheiro delicioso vinha da cozinha.
- Chegou meu amor, como foi seu dia? - Seu beijo doce e carinhoso, me deixou confusa.
- Foi bem e o seu?
- Tudo bem também, venha preparei seu banho. Cris me arrastou até o banheiro, me despiu e me sentou na banheira, depois deu um beijo em meus cabelos, voltando para a cozinha.
Fiquei um tempo na banheira, Cris estava carinhosa como no começo do namoro, fiquei pensando um monte de besteiras, ela devia ter uma amante e estava tentando disfarçar ou ela queria terminar tudo e estava preparando o terreno ou até mesmo ela estava arrependia e era a forma de pedir desculpas.
Cheguei na cozinha e fui recebida com uma taça de vinho, o jantar foi tranquilo, falamos sobre as próximas férias que pretendíamos passar fora do país, a conversa foi leve e após o jantar ficamos namorando na sala até tarde.
No dia seguinte voltei mais cedo do trabalho e me arrumei para palestra, Cris chegou e ficou me olhando de canto de olhos, parecia que queria dizer algo.
- Tudo bem?
- Você está linda Duda!. Respondeu admirada.
De fato estava bonita, o tubinho preto ficou bem ajustado, coloquei um conjunto de pérolas e uma sandália creme, fiz uma maquiagem leve, apenas para realçar meus olhos verdes, os cabelos estavam soltos e escovados. Cris me acompanhou até a porta, pediu que eu tivesse juízo e me deu um beijo na testa.
Lara estava me esperando na porta do prédio e fiquei embasbacada com a visão, ela usava um macacão de seda azul marinho, que deixava seus braços à mostra, um sapato de salto altíssimo a deixa alguns centímetros mais alta que eu, a maquiagem leve destacava aqueles olhos maravilhosos.
- Oi Dudinha!. Você está linda!
Fiquei sem graça e retribuí seu abraço, chegamos mais cedo e ficamos circulando pelo local, alguns homens lançavam olhares de cobiça em direção a Lara, que parecia indiferente a tudo.
A palestra foi incrível, aprendi muita coisa e ao final fui sorteada e ganhei um livro autografado da Ana Alencar, após algumas fotos, Lara me chamou para jantar e prontamente aceitei, estava morrendo de fome. Mal sabia que o plano da Lara era que eu fosse a sobremesa.
Fim do capítulo
É isso e aí será que a Duda virou a sobremesa da Lara?
Beijos
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Jujuba2020
Em: 27/02/2021
Laraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Larinhaaaaaaaaaaa pega a Dudinha uhuuuuuu torcendo demaisssssssss
Resposta do autor:
Eita que torcidaaaaa.... Vai que é tuda Larinha!!
Beijos
brinamiranda
Em: 25/02/2021
Nanda, na verdade os olhos verdes da Sky foi uma licença poética rsrsrs meus olhos na verdade são cor de mel, tem dia mais claros, outros ficam mais escuros, depende na verdade. Ai, a "Cris" na real não bebe rsrsrs mas, porque não colocar um deifeitinho a mais? hahahaha.
Resposta do autor:
São tantos defeitos da dona Aranha, que esse nem faz tanta diferença! Kkkkk...
Beijos
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fernandail79
Em: 25/02/2021
Quer dizer que a Skybrina tem olhos verdes? Digo mais nada. Adorei o "perua nojenta e piriguete"! :D Mas essa Cris, hein? Além de chata e folgada, é bebum. Aguardando pra saber se a Skybrina vai cair na lábia da Lara. Acredito que sim, pois a Cris cansa qualquer uma. Adorei o capítulo, autora!
Resposta do autor:
Olá!
Duda tem zóio verde sim!
Cris é chata demais e ainda bebe e fuma... Pacote completo, ecaaaa!
Será que a lábia da Lara vai fucionar? Kkkkkkkk....
Beijos
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Gabriella Herculano
Em: 25/02/2021
se fosse a Duda eu deixava rolar, uma gata como a Lara não dá para dispensar e Dona Aranha sendo foda como sempre. Gostei do capítudo, parabéns Gabi. bjs
Resposta do autor:
Lara é demais, sou fã dela!
Cris é um porreeeeeee
Beijos
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