E Rafaella começa a ficar entendiada em seus dias trancafiadas...ao mesmo tempo que a doença de Cris fica mais evidente...
Capítulo curto, mas, importante...
Capitulo 14 - Por quem os sinos dobram...
Capítulo 14- Por quem os sinos dobram
Rafaella acordou, prendeu os cabelos ruivos e cacheados, seguindo em direção sala, deixou que o seu corpo afundasse no gostoso chaise chamando Rosa e Begônia, duas Yorkshires, para sentarem ao seu lado, começava a ficar entediada, e estava decidida, ia conversar com a namorada, precisava sair um pouco, dar uma volta, conhecer novas pessoas, não é porque era uma pessoa desmemoriada que precisava ser uma freira enclausurada, não é mesmo?, então, se não pudesse sair para longe, queria que ao menos que Karina trouxesse algum dos seus amigos da polícia, depois estava já cansada do sítio, queria morar em Curitiba, pois esquecera das pessoas e não da cidade, quem sabe os bandidos que a perseguiam não esqueceram de tudo após esses meses todos?.
Respirou alto, depois sentiu uma delicada lambida de Begônia em seu braço, sorriu para em seguida falar "é Bê, nada é tão fácil quanto parece", depois cruzou os braços pensando em como falaria com Karina, não queria magoa-la, mas, no seu íntimo tinha certeza que isso infelizmente acabaria acontecendo, pois nem de longe sentia o mesmo amor devotado pela a policial, no momento estava pensando em outras coisas, queria encontrar sua família, seus amigos, quem seriam eles?, só sabia que ali se sentia uma peça fora do tabuleiro, não se reconhecia como Angelina, nem mesmo como Angel como as vezes era chamada, só queria mesmo era descobrir a ponta do fio da sua história, pois tinha certeza que logo todos os nós seriam desatados.
Levantou exatamente quando as cachorrinhas passaram a correr uma atrás da outra, depois suspirou alto parando em frente a grossa estante de madeira cheia de livros, entre eles pegou um que já lera umas três vezes "Rafaela", a história e o nome do livro eram recorrentes em sua cabeça.
- Rafaela...é um nome bonito...
Guardou o livro e foi preparar o café da manhã, separou algumas frutas, fez uma vitamina, um pão na chapa e teve uma ideia, ia escrever um livro, sim, como não pensou nisso antes?. Após comer e lavar a louça, sentou em frente ao notebook falando consigo mesmo.
- Humm, preciso começar com uma personagem, um nome para protagonista, gosto de Sophia, agora preciso do nome de uma antagonista...qual seria?, humm...que tal Cris?.
Espreguiçou e sem saber o porquê uma suave música de carnaval veio a sua cabeça...
.
Hoje eu não quero sofrer
Hoje eu não quero chorar
Deixei a tristeza lá fora
Mandei a saudade esperar, lá, iá, lá, iá
Hoje eu não quero sofrer
Quem quiser que sofra em meu lugar
Quero me afogar em serpentinas
Quando ouvir
O primeiro clarim tocar
Quero ver milhões de colombinas
A cantar
Lá, iá, lá... lá, iá, lá
Quero me perder de mão em mão
Quero ser ninguém na multidão
.
Rafaella não entendeu a motivação de ter lembrado da música, mas, gostou e escreveu o título no Word: "O primeiro clarim". Aos poucos as primeiras imagens dos personagens vieram com certa facilidade, a protagonista se chamava Sophia, uma delicada professora que estava reconstruindo o coração após um término desastroso quando conheceu a médica Cristina em um baile de carnaval, após passarem a noite juntas iniciaram um relacionamento, no entanto, a felicidade inicial deu passagem a um relacionamento abusivo. A ruiva sorriu largamente ao imaginar Sophia, com seus expressivos olhos azuis e longa cabeceira negra, depois veio Cristina, loira, de olhos negros gélidos como a sua alma.
- É estou achando que escrever vai me dar um up...
O primeiro capítulo flui rápido, estava iniciando o segundo quando Karina entrou na sala.
- Oi meu amor, o que está fazendo?.
- Escrevendo um livro...
- Olha, estamos inspiradas...posso ler?.
- Ainda não Ka, espera um pouco estou elaborando as ideias, vai almoçar comigo hoje?.
- Sim, já preparou um dos seus pratos maravilhosos?.
- Não, hoje quero almoçar em um restaurante!.
- Ih, amor, já te falei que é perigoso, não quero te expor.
- Sabe o que acho as vezes?, que é casada com outra mulher e que me esconde aqui para não ninguém descobrir.
- Claro que não minha linda, de onde tirou essa ideia?. Hahahahah...só tenho e quero você.
- Sei que não gosta de falar disso, mas, no dia que me encontrou, não tinha nada, uma bolsa?, uma mochila com documentos?, nada?, e nunca viu nenhum cartaz de ninguém me procurando?, e porque ainda não colocou minha imagem no banco de dados de desaparecidos na Polícia?, nada foi encontrado?.
- Ai amor, já te respondi todas essas questões ontem mesmo, faz o seguinte, troca de roupa, vou te levar para almoçar em um lugar bem especial, acho que vai gostar.
Rafaella fechou o computador, escolheu um vestido floral com uma rasteirinha no pé.
- Está bom assim?.
- Está linda Angel.
- Amor, eu não me identifico com esse nome, sabia?, sei que escolheu em homenagem a Angelina Jolie, mas, não gosto desse nome, nem de Angel para dizer a verdade.
- E como gostaria de ser chamada?.
- Eu gosto de Rafaella!.
- Rafaella?, porque Rafaella?, é um nome tão comum. - Falou tossindo, tentando engolir o engasgo.
- Não sei, me identifico, desde que li aquele livro em sua estante com esse nome achei que queria ser chamada dessa forma.
- Agora vamos?.
O restaurante parecia não chegar nunca, Rafaella olhava a estrada se afastar de onde moravam e nada entendia.
- Karina, onde vamos?, esse restaurante não chega nunca?.
- Vou te levar a um pequeno paraíso, é longe, mas, vale a pena, estamos a caminho de uma cidade linda chamada de Vale das Rosas, divisa com Santa Catarina, você vai amar.
- Humm... - Rafaella respondeu desanimada voltando a atenção aos animais e a paisagem da estrada.
- Está tudo bem meu amor?.
- Não sei....está?.
O resto do caminho seguiram no silêncio mais do que absoluto.
♥
POV - Cris
.
Os dias estão passando lentamente e as vezes preciso lutar contra as constantes crises de esquecimento que tenho, a médica que me atende disse que é uma condição absolutamente normal no Alzheimer, também tem alguns fragmentos da minha história que só sei porque me contam, por exemplo, segundo Judy fui médica, imagine, eu médica?, nem posso ver sangue, semana passada Judy caiu na quadra e cortou o supercílio e simplesmente desmaiei ao ver o líquido vermelho escorrendo em sua testa. Mas isso ainda não é o pior de tudo, segundo Maria Preta, estou aqui por que matei diversas mulheres e da pior forma possível, estrangulando ou com canivete, como eu pude ser tão cruel?, mas, isso não para por ai, fiquei sem acreditar quando soube que matei apenas para homenagear uma tal de Helena, uma médica assassina que cometeu uns crimes e ficou conhecida como Pierrô, nossa que loucura, eu queria muito que isso não tivesse acontecido, mas, tem coisas que não se apagam, não é verdade?. Eu tento lembrar desses fatos, mas, não consigo, todos os dias quando acordo tento buscar um rosto, uma história dessas mortes, mas, tudo o que vem é um grande branco, então resolvi deixar para lá, vivo um dia de cada vez.
Estava buscando essas memórias enquanto desenhava coisas aleatórias em um caderno, hábito que adquiri há alguns meses como forma de me manter conectada à vida, foi quando subi os olhos e vi Judy chegar de mansinho.
- Oi amor, vamos até a copa, vem comemorar meu aniversário comigo, minha irmã trouxe um bolo, salgadinhos e refrigerantes e queria ter você juntinho nessa ocasião.
Revisei os olhos entediada, há dias me sentia mal-humorada ou retraída, especialmente em situações sociais, e não tive a menor preocupação em ser empática, por isso respondi deixando a minha irritação visível transparecer, estava cansada de fingir que amava Judy, disso eu lembrava muito bem, e esse teatro vinha estendendo há meses, era hora de dar o ponto final.
- Me deixa em paz Judith, não estou nem um pouco a fim de me juntar em uma festinha suburbana, ai vocês são tão desagradáveis, é inexplicável...vocês saem da periferia, mas, parece que a periferia nunca larga de vocês.
- Mas Cris, hoje é meu aniversário, o que aconteceu meu amor?, estávamos tão bem.
- Não me chame de amor. Olha senta ai Judy, eu agradeço tudo o que você fez por mim, mas, eu não te amo, nunca te amei, vamos parar por aqui, se quiser ser minha amiga, tudo bem, mas, nada além disso.
- Não faz isso Cris, eu te amo tanto...você tem certeza que é isso mesmo o que quer meu amor?.
- Absoluta, agora me dá licença que preciso voltar aos meus desenhos.
Ela se foi chorando, com as palmas das mãos enxugando as lágrimas que deviam descer incessante, balancei os ombros fortemente, não me importei, estava cansada e entediada com essa farsa há muito tempo, estava me aproximando das presidiárias neutras, não queria mais me meter em briga, foi quando vi de longe Maria Preta chegando sozinha com um ar de poucos amigos, ela não disse nada, apenas me puxou da mesa pela gola da blusa, depois senti uma pancada forte no queixo escorrendo um filete de sangue, não sei porque, mas, senti que ela não usou todo o seu potencial de força.
- Escuta aqui sua loira azeda, eu te avisei para não fazer Judy chorar, agora não tem arte marcial que te defenda do meu ódio.
- Arte marcial?, que arte marcial?. - Falei coçando o queijo ao mesmo tempo que tentava limpar o sangue.
- Esqueceu que luta?, vem pra dentro branquela.
- Não lembro...luta?, que luta que você se refere?.
Maria Preta parou uns instantes, depois se aproximou me puxando pelo pescoço, senti seu hálito forte de creme dental barato, e isso me embrulhou o estômago, depois veio um forte aperto nas têmporas que me fez sentar completamente zonza.
- Só não te arrebento mais porque está doente, mas, escuta, não se aproxime nunca mais de Judy...nunca mais, e nem de nenhuma de nós, acabou para você, está expulsa do grupo.
Balancei os ombros e segurei meu pescoço em uma crise de tosse, depois sentei e voltei a desenhar.
Fim do capítulo
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Rain
Em: 17/01/2021
Rafa tá dando uma da Sabrina kkkkk apa aparece as idéias do nada e já joga no papel todinha Sabrina isso. Mas, rapaz como é que uma pessoa desmamoriada vai namorar a uma pessoa assim do nada? Se fosse eu até desmemoriada dúvida de tudo dessa pessoa até do fio de cabelo. Kkkk mas, será que a Rafa vai mudar a Karina? ???”???” hummm vamos ver....
Ok, eu sei que Alzheimer não é algo que se deva brincar até porque é uma doença muito seria, mas sinceramente eu não consigo sentir pena da Cris, é ruim eu sei...mas, ela fez mal para tanta gente, vidas perdidas e vidas sofrendo com perdas.... Eu ainda não esqueci da menina que ela cortou em pedacinhos frio papel... Não meu, eu não sinto pena acho que merece mais. Não desejo o mal para ninguém, mas ela tá merecendo.
Humm... Essa Maria perta tá me deixando suspeita. Ou é impressão minha ???”???”
Até qualquer dia! Bye!
Resposta do autor: Rafa estava entediada, pense...a toa, num sítio sem fazer nada, e pá resolveu escrever, está na verdade anotando as suas lembranças, percebeu?, só que ela ainda não sabe, né?. Ninguém sabe se o que a psico disse, mas, ela pensa em terminar vc percebeu?. Não ponha fé na pisco, isso não muda amiga .. Cris está doente, mas continua muito metida, viu?..um abuso igual kkkkkk Maria Preta é só traficante mesmo rsrsrsd Até bj
florakferraro
Em: 15/01/2021
Sabrina, você é maravilhosa, todos os seus personagens me fazem sonhar, eu só quero saber se vai lançar o livro físico em Curitiba e em quem se inspirou para criar a Nadine, preciso de um spin off dessa delegada, na minha opinião é tua melhor e mais interessante personagem.
dúvidas: porque a maioria das suas histórias de passam em Curitiba?.
Quando vier não deixe de me avisar, faço questão de ter meu livro autografado.
ah, e você faz tudo isso que as personagens faz?. Cuidado vamos querer descobrir na prática.
bjussss
Resposta do autor:
Oi Flora,
Obrigada por suas palavras e que bom que elas te fazem sonhar, quando houver um livro físico com certeza ele será lançado em Curitiba se a história passar naquela cidade, a personagem Nadine é a mistura de várias policiais que conheci ao longo dos anos. Então, muitas histórias de passam em Curitiba porque amo aquela cidade, e pode deixar que aviso sim...
Não acredite tanto nas minhas crianções rsrsrs
bjs
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florakferraro
Em: 15/01/2021
Amiga,
Já quero saber quem está te deixando improdutiva...kakakaka que capítulo curto foi esse?, amiga amei tudo, adorei a cena de Rafa, mas, me diz o que está acontecendo que está escrevendo pouco, sei lá, isso me cheia a paixão, a amor roxo. Não abandone seu talento.
bjussssss
Resposta do autor:
Flora, é que viver está superando a escrita...rsrsrs então tenha um pouquinho de paciência que vou desenvolver sim, mas, "viver é melhor que sonhar" disse a grande Elis Regina. Meu talento é alimentado de diferentes formas, não se preocupe.
bjs
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Gabi2020
Em: 15/01/2021
Oi Sá!
Pra onde a doida tá levando a Rafa? Dá até medo...
Não consigo ter pena da Cris, apesar da doença e tal... E quer saber? Acho é pouco! kkkkk...
Beijos
Resposta do autor:
Ih vamos descobrir juntas para onde elas vão...rsrsrs
Cris está doente, mas, continua podre, olha o jeito que tratou a Judy tadinha...
bjsss
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