Capitulo 42
Parte 42
Helen Alves
Já estive em relacionamentos onde tive dúvidas se a pessoa realmente gostava de mim, todavia, naquele momento, estando com Lívia, eu não tive nenhuma, pois notava que tudo o que eu sentia era recíproco. Lívia me amava na mesma intensidade que eu a ela.
— Preciso ir para casa, mas amanhã nos veremos de novo, não tem motivos para sentir saudade — comentei enquanto acariciava a face de Lívia com a ponta de meus dedos.
Lívia sorriu deixando o meu coração ainda mais aquecido. Ela era uma mulher encantadora. Tudo em Lívia era perfeito... o olhar... o sorriso meigo... exatamente tudo.
— Bom, mas mesmo assim, eu sentirei saudade de você. — Ela se afastou e segurou uma de minhas mãos.
Ficamos em silêncio nos encarando. Mesmo sabendo que precisava ir, a vontade de partir era nula. Eu queria ficar com ela. Deitar agarradinha e ouvir Lívia falar sobre sua vida... sobre o passado, presente e futuro. Eu queria tudo com aquela mulher.
— Também sentirei a sua — sussurrei e beijei a mão que estava segura a minha.
Lívia passou a me olhar com atenção.
Após ficarmos mais um tempo em frente à casa de Lívia, eu fui para casa como se estivesse deixando um pedaço para trás. Já estava com saudade... muita saudade de Lívia.
Não demorei muito para chegar em casa.
Encontrei a minha mãe sentada em um dos sofás da sala, fazendo crochê.
— Ainda está trabalhando, dona Adelaide? — perguntei ao me sentar ao seu lado. Minha mãe costumava fazer crochê para vender. Era algo que ela gostava muito. Dizia que fazia bem para a cabeça.
— Você acha que sua namorada irá gostar? — Ela me mostrou a bolsa que estava fazendo e isso me deixou toda boba com a iniciativa de minha mãe. Acho que minha mãe estava gostando da ideia de conhecer Lívia.
— Vai sim. A senhora é muito boa no que faz — respondi e senti a minha mão sendo envolvida pela de minha mãe.
— Você está muito feliz, né, minha filha?
— Estou, mãe. É até difícil dizer a senhora o quanto estou feliz por tê-la em minha vida. Lívia é uma pessoa especial. A senhora vai gostar de conhecê-la. — Acariciei as costas da mão dela. — Amanhã, eu não vou dormir em casa. Os pais dela me convidaram para um jantar. Vão comemorar os 25 anos de casados.
— Ah! Que coisa maravilhosa. Isso me faz lembrar do tempo que me casei com seu pai. Foi difícil o início de nosso relacionamento. Nunca imaginei, naquele tempo, que estaríamos bem como agora. E isso tudo é graças a você que não desistiu de seus sonhos, mesmo tendo sua própria família duvidando. Preciso me desculpar por isso, minha filha. — Minha mãe ficou com um olhar triste.
Forcei um sorriso e entrelacei os dedos de minha mãe aos meus.
— Isso não me dói, mãe, pois no fundo, eu te entendo. As oportunidades sempre foram poucas para nós. A senhora não tinha como imaginar que, comigo, as coisas seriam diferentes — disse já emocionada. — Mas que bom que consegui. Vocês, agora, têm uma vida tranquila. E meu irmão pode estudar também.
— Sim! Mas... me diga, como é sua namorada? — perguntou e eu sorri.
— Ela é maravilhosa, mãe.
— Ah! Minha filha, você já disse isso milhares de vezes, eu quero saber mais. Fale como ela é fisicamente... Alta, baixa...
Começamos a rir e depois falei a ela como Lívia era fisicamente.
Minha mãe achava graça de como os meus olhos brilhavam ao falar sobre cada detalhe. Contei que Lívia tinha vitiligo, minha mãe agiu normalmente. Não fez nenhuma pergunta sobre. Ela, diferente de muitas pessoas, sabia que Lívia era uma pessoa normal, que não tinha porquê me fazer questionamentos.
— Então ela mora com os pais?
— Mora sim, mãe!
— Eles virão para o almoço, né? Será que jogam dominó? É que seu pai e eu estamos cansados de ganhar de vocês — Minha mãe falou e eu achei graça. Sempre que convidávamos alguém para ir em casa, ela perguntava se a pessoa sabia jogar dominó.
— Bom, vou chamá-los amanhã. E ainda não sei se eles sabem jogar dominó. — Ri do jeito de minha mãe. — Acho que é melhor irmos dormir. Está tarde!
— Não irá jantar?
— Não, comi na casa de minha namorada. Estou satisfeita — comentei.
— A família dela parece gostar de você. Isso é bom! Não foram contra a relação de vocês.
— Ah... mãe, os pais de Lívia são pessoas maravilhosas e o que mais querem é a felicidade da filha — falei o que havia notado quando a família de minha namorada estava reunida.
— Isso é muito bom, pois a gente vê tantos casos de famílias que expulsam seus filhos por eles serem eles mesmos ou até mesmo mantêm em casa, mas tratam com desprezo. — Minha mãe começou a ficar tensa, pois mesmo os meus pais sendo conservadores, eles sabiam que eu não havia escolhido ser lésbica, que sempre fui assim. Na minha família, a minha sexu*l*idade nunca foi um problema, algo a ser discutido como se tivesse como reverter. Eu me considero sortuda por isso, pois há muitas pessoas que têm que viver se escondendo por medo do que a família possa pensar e por temer uma reação violenta.
— Obrigada por ser uma mãe maravilhosa.
Fim do capítulo
Olá,
Vou postar mais partes hoje.
Beijinhos^^
Van^^
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