Double Date
02 de outubro de 2017
Eu sei que sou famosa. Costumo ser cuidadosa e não me expor muito por conta disso, mas, como não tenho dezenas de papparazzis correndo atrás de mim o tempo todo, tipo a Britney Spears, costumava pensar que ainda tinha certas liberdades. Entretanto, ultimamente, o universo não vem sendo tão gentil comigo, fazendo ser muita burrice da minha parte acreditar que sairia com meu ex-namorado, para um dos restaurantes mais famosos de L.A e ninguém ficaria sabendo. Muita, muita burrice mesmo.
Passei todo o domingo colhendo os frutos podres da minha escolha equivocada. Meu celular vibrou a manhã inteira. Precisei desativar o alerta que tinha no meu nome, pois todas as benditas menções a mim na internet eram relacionadas a minha suposta volta com o bosta do Bradley. O foda é que eu não podia nem me dar o direito de ficar puta por conta disso, já que tudo poderia ser bem pior. Se tivessem nos seguido até minha casa eu estaria muito mais fodida. Se tivessem tirado uma fotinha sequer do que aconteceu naquele carro a minha carreira na Disney estava completamente arruinada.
Liv ficou decepcionada. Assim, decepcionada no nível de ficar puta comigo. Em nossos quinze anos de amizade eu nunca a vi tão indignada com minhas atitudes. Quando ela viu as notícias na internet, nem me disse um oi, só mandou um print da tela com a legenda "vc é muito burra sabrina". Tentei me explicar e dizer que nunca mais aquilo aconteceria, mas ela cagou pras minhas desculpas e só parou de falar comigo. E não era só ela que estava decepcionada. Peyton estava cem por cento me ignorando também. Toda vez que ia falar com ele, ele soltava um "conta pro Bradley" ou "vai ver se o Bradley liga". Me diz quão infantil isso não era. A Megan, nossa maquiadora, pelo visto também não gostou, ficou me jogando indireta atrás de indireta durante a manhã, enquanto me maquiava. Acreditam que até a minha mãe me ligou para brigar comigo? A minha mãe que nunca me deu uma bronca na vida. Pelo visto as pessoas a minha volta são mais traumatizadas com meu término do que eu mesma.
Por sorte era só uma minoria da equipe que sabia o que realmente rolou no meu término para poder ficar puto comigo por ter tido uma "recaída". Tem gente que achou "até maneiro" a gente "se resolvendo", já que "fazíamos um casal legal". E tem gente cofcofcoreycof que não podia ligar menos. Mas pior do que quem estava chateado comigo, era quem tinha achado legalzinho a gente saindo e que estava supermegahiper animada com nossa possível volta porque aí poderíamos fazer coisas que casais de amigos fazem, tipo ir no cinema juntos, ir jantar juntos, ir em festa juntos, viajar juntos e isso seria tão divertido imagina só, Brini??? Já dá pra adivinhar quem era esse alguém, não dá?
Tentei incessantemente demonstrar que eu não estava tão empolgada em tê-lo na minha vida quanto os tabloides faziam parecer, mas ela estava tão euforia em seu mundinho que não consegui estourar sua bolha de mundo perfeito. Decidi esperar até a hora que fosse lhe deixar em casa para decepcioná-la com a notícia de que eu não tinha nenhuma intenção de vê-lo de novo. Decisão que foi mais um de meus estúpidos erros.
Corríamos pelo set na maior velocidade possível. Riley e Maya fugiam de Mathews aquela cena. Precisamos regravá-la mais de uma vez, para que acertássemos os melhores ângulos da camera. Minha pulsação estava intensa e o folego escasso, porém, ao finalmente terminarmos, Rowan e eu trocamos um olhar que só podia significar uma coisa: corrida até o camarim. Minhas pernas curtas podiam até ser uma desvantagem, mas, mesmo assim, meu preparo físico ainda era muito melhor. O que ela esperava? Eu ficava horas ensaiando danças, cantando e me matando de trabalhar em cima de um palco, óbvio que seria mais rápida. Nem imaginei que o cérebro de alguém poderia funcionar enquanto o corpo fazia tamanho esforço, mas a cabecinha de Rowan maquinou uma ideia, como descrito por ela, genial.
- Que tal... nós quatro... sairmos... hoje a noite? - perguntou chegando no camarim segundos após mim. A garota precisou puxar o ar várias vezes em meio a suas palavras, tentando se recuperar do exercício desnecessário,
Ouvir sua pergunta fez com que o enorme sorriso que se encontrava em meu rosto logo desaparecesse e desse lugar a uma expressão de desconforto. Puxei o ar mais algumas vezes antes de respondê-la, dei um jeito de me recompor e sair da posição que estava, onde apoiava todo o peso de meu corpo em seus ombros enquanto ela tinha as costas arqueadas para frente e as mãos apoiadas nos joelhos.
- Eu não acho que seja uma boa ideia, babygirl... - disse desanimada fazendo uma careta e me afastando um pouco dela.
- Por que nãaaaao? - fez manhosa e formou um biquinho nos lábios.
- Por que o encontro anterior foi meio merd*... - comecei a falar já na intenção de contar os detalhes sórdidos da outra noite, porém me interrompi ao perceber que ainda tinham algumas pessoas por perto da porta, já que esse não era bem o tipo de coisa que eu queria sendo jogada no ventilador.
- Não pode ter sido tão ruim assim, bae. Ele te levou no seu restaurante favorito, não foi?
- Foi, mas...
- E você mesma disse que ele foi super gentil.
- Sim, mas é que...
- E você parecia estar se divertindo bastante nas fotos que tiraram.
- E eu estava.
- O que ele possivelmente pode ter feito para você não querer sair com ele só mais uma vezinha?
Respirei fundo, procurando não ver seu olhar pidão e preparando um belo de um não, mas antes que eu pudesse dizê-lo ela completou:
- Por favor? - pediu unindo as mãos como quem implorava algo a deus. - Só dessa vez, ok? Prometo que ser for uma bosta eu nunca mais te faço repetir isso.
- Rowan... - grunhi desgostosa já quase cedendo.
- É só que faz tempo que a gente não sai mais junta, bae - alcançou minha mão e a balançando para frente e para trás enquanto olhava para o chão - e eu meio que combinei de sair com Curran todas as noites dessa semana, antes de ele viajar, mas eu quero muito muuuito mesmo passar um tempo a mais com você também - sua voz estava baixa e parecia triste o suficiente para me convencer a fazer qualquer loucura. - Mas se você for sozinha com nós dois, eu tenho medo que você fique desconfortável, se sinta segurando vela, sabe? E eu acredito se você levar alguém legal como o Bradley ele pode distrair o Curran e aí a gente pode se divertir juntos...
-Ta booom - cedi num gemido de semi-morte, ainda assim a abracei apertado demais devido toda a fofura de sua fala. - Eu vou mandar uma mensagem pra ele, ok? Qualquer coisa te aviso.
Adivinha quem aceitou sair, sem questionar nada, segundos após eu ter mandado uma mensagem? Ele mesmo. Todo tempo que passei me arrumando eu me amaldiçoava por ter me deixado convencer por Rowan. Se tinha uma pessoa que eu não queria ver nunca mais era Bradley, não depois daquela noite. Dessa vez não fiz muito esforço na minha aparência, coloquei um jeans rasgado, uma regata branca, uma jaqueta de couro por cima de tudo e estava ótimo. Fiz questão de passar o batom mais vermelho que tinha, já que eu sabia que ele odiava ficar manchado de batom quando beijava. Só fiquei pronta quando já estava em cima da hora e precisei sair quase correndo para buscar Rowan em sua casa. Daquela vez fui no meu carro, não ia correr risco nenhum de ficar a mercê daquele babaca ou do outro babaca.
Quando parei o carro em frente sua porta ela já me esperava e, Deus, como ela estava linda. Perdi completamente o ar quando a vi, sequer consegui disfarçar que a checava de cima a baixo, mas graças ao vidro fumê acredito que ela não percebeu. Fiquei tão atordoada com tamanha beleza que esqueci de destravar a porta a deixando um tempo tentando abri-la em vão.
- Desculpa - sussurrei fazendo um sorriso forçado quando ela conseguiu abri-la. - É só que você está incrível, babygir. - continui, me embragando em seu perfume quando ela fechou a porta do carro e inundou o lugar com a essência. - Foi difícil não me distrair com sua beleza.
- Paara! - riu e deu um empurrãozinho em meu ombro. - Quem está maravilhosa aqui é você. Olha só isso... - colocou um palma em cada lado de meu rosto, apertando em seguida e fazendo um barulho agudo com a boca. - Me diz se isso não é a perfeição na terra?
- Ha ha ha - o som de minha voz saiu abafado por conta de suas mão ainda estarem em minhas bochechas. - Até parece que estou tudo isso, Rowan. Eu só passei um batom, não tem nem como eu competir com você.
- Só um batom? SÓ UM BATOM?? - questionou chocada e já se preparando para abrir a porta do carro. - Eu não acredito que tudo que você precisou fazer para ficar perfeita desse jeito foi passar um batom. É isso, eu to voltando lá pra dentro agora e só saio de lá quando eu tiver pelo menos chegado aos seus pés! - completou usando toda sua capacidade dramática e abrindo a porta.
Ri de todo seu teatro, porém segurei seu pulso para impedi-la de continuar com a brincadeira.
- Eu estou falando sério, babygirl. - ela virou o rosto para mim assim que ouviu minha voz, que saía de forma sincera e firme. - Você realmente tá maravilhosa. Qualquer um teria sorte de estar te levando para um encontro.
Assim que terminei de falar pude perceber um sorrisinho tímido em seus lábios. Ela fechou a porta de novo e abaixou a cabeça claramente na intenção de esconder o rosto vermelho que parecia estar em chamas.
- Obrigada, bae.
- Sempre que precisar - respondi com um sorriso largo e depois plantei um beijo rápido em sua bochecha. O que deixou mais vermelha ainda.
Me diverti com sua vergonha, mas logo mudei de assunto para deixa-la mais confortável. Assim que comecei a dirigir ela jogou um verde de que mandaria Curran pegar um táxi para nos encontrar, já que "pobrezinho, a moto deu defeito aquela manhã e ficaria sem ela até o dia seguinte". Acabei me oferecendo para buscá-lo, já que meu humor tinha melhorado por completo após nossa curta interação. Ao chegarmos no cinema Bradley nos esperava, o cumprimentei brevemente e logo todos passamos a discutir qual filme ver. Acabamos escolhendo um filme de terror de baixo orçamento que parecia o pior que estava em cartaz.
Àquela não poderia ter sido uma escolha melhor. Rowan ao meu lado com um dos garoto em cada extremidade e por um bom tempo foi como eles nem estivessem ali. Dividimos a pipoca, por vezes colocando uma na boca da outra, comentamos sobre o filme apenas entre nós e até mesmo levantamos o encosto de braço entre nós duas para ficarmos mais perto. O melhor de tudo era que a cada susto que ela levava, mais ela apertava minha mão e sempre que achava que algo assustador demais estava por vir escondia o rosto em meio meus seios para não ver o telão. Eu estava me sentindo tanto no paraíso que foi preciso um litro de cocacola para que finalmente precisasse afastá-la.
Entrei na cabine do banheiro ainda boba com toda a situação. Faltava assobiar de alegria do tanto que aquela noite estava sendo adorável, mas, infelizmente, as coisas nunca ficavam maravilhosa para mim por muito tempo.
- Que porr* é essa, Bradley? - exclamei num susto assim que abri a porta. - Isso aqui é o banheiro feminino, garoto - completei indo em direção às pias para lavar minhas mãos.
- O que eu to fazendo aqui, Sabrina? - ele parecia irritado, tinhas os braços cruzados e um olhar fulminante que quase queimava a parte de trás da minha cabeça.
- Eu também quero saber - falei num tom irônico olhando-o pelo espelho. - Como já disse isso aqui é o banheiro feminino.
- Você sabe muito bem do que eu to falando. Para que você me convidou? Só pra ficar de enfeite e impressionar sua namoradinha?
Dei um riso incrédulo antes de me virar para ele:
- Ela não é minha namoradinha e eu não tenho ideia do que você está falando.
- Não é? - retrucou gesticulando e logo voltando a cruzar os braços. - Porque é isso que parece, sabe? Que vocês duas estão num encontro e nós dois somos só os idiotas que servem de enfeite.
Revirei os olhos em resposta e comecei a fazer o caminho para sair, mas a cada passo que dei ele se movimentou ficando a minha frente e me impedindo de seguir caminho.
- Aqui é o banheiro feminino, Bradley - insisti. - Se você quer conversar comigo a gente pode fazer isso lá fora.
- Foda-se que isso é o banheiro feminino e conversar lá fora porr* nenhuma! - a cada palavra que saía de sua boca, mais ele se alterava e mais eu fazia cara de tédio. - A gente vai conversar aqui e agora! Você acha que eu não sei que assim que sairmos daqui você vai dar um jeito de escapar de mim?
Revirei os olhos mais uma vez e dei de ombros para suas palavras:
- Você quem sabe.
- Não, não sei. Esse é o problema. Não to sabendo de nada do que tá rolando aqui. Por que me chamou? Por que diabos nem me avisou que ela vinha ou que aquele carinha aleatório estaria aqui também? Por que depois do que você disse aquela noite você...
- Espera aí! - o interrompi, tornando aquela minha vez de me alterar. - Como assim depois do que eu disse? Como você tem coragem de falar sobre o que eu disse? Depois do que você fez você tem certeza que qualquer coisa que eu falei seja motivo para você reclamar?
- Claro - ele disse mais baixo e já não aparentando ter tanta confiança quanto antes.
- Claro? Claro mesmo, Bradley? - perguntei de forma ameaçadora querendo ver se ele teria coragem de confirmar suas palavras. - Você realmente acha que qualquer coisa que eu dissesse poderia ser pior do que aquela sua atitude ridícula? Do que o "você não vai me deixar assim"? - imitei de sua voz, fazendo o soar babaca e apontando para minha virilha.
- Me desculpe por aquilo, mas...
- Mas porr* nenhuma! Você acha que só um “me desculpe” por aquilo é suficiente? Quer que eu reencene mais uma vez pra te mostrar o quanto aquilo foi tosco?
- Me desculpa, é sério! - falou parecendo legitimamente perturbado com a lembrança. - Eu tinha bebido e...
- Bebido? Quando? Você pediu uma limonada suíça - falei deixando transparecer o tom de confusão em minha voz.
- Todas as vezes que tive oportunidade. Nas duas vezes que fui ao banheiro, quando saí para atender o telefone por esperar uma ligação importante, quando você ficou de costas ao sair do carro...
- Puta que pariu... - foi o que escapou da minha boca num sussurro quando percebi que foram muitas as vezes que ele teve a oportunidade. - Eu não acredito que você estava bêbado. Eu não acredito que você foi me deixar em casa bêbado! Mas que merd*, Brad!
- Isso não importa.
- Não? Como não? Você podia arruinar nossas carreiras, ok? Você podia ter matado a gente! Não tem essa de não importa.
- Me desculpe, não sei mais quantas vezes terei que pedir! Eu estava nervoso em sair com você de novo, precisei fazer algo pra me acalmar, não pensei direito.
- Ótimo! E pra se acalmar se tornou no babaca que foi no fim da noite. Valeu a pena?
- Não! É claro que não, Brini... No momento que você entrou no seu prédio, fiquei ali sozinho com minha ereç*o e percebi o quão nojento eu fui! Não estou orgulhoso disso. Eu realmente quero que me perdoe, eu merecia um soco na cara por aquilo...
- Podemos resolver isso agora. - falei de modo ameaçador, ainda não conseguindo engolir suas desculpas.
Ele inspirou e expirou lenta e profundamente antes de descruzar os braços e se colocar em uma posição completamente vulnerável a um soco:
- Se isso for te fazer se sentir melhor.
Considerei fazê-lo por um segundo, mas logo me acalmei e deixei a racionalidade tomar lugar. Passei a mão no rosto, para tirar o cabelo que havia caído, enquanto dava alguns passos pelo banheiro.
- Mas a minha babaquice não torna o que você está fazendo hoje nada mais aceitável - falou depois de um curto momento de silêncio, me fazendo virar-me de uma vez para encará-lo. - Me trazer aqui só para agradar sua namoradinha, não é algo ok. Eu não sou seu brinquedo, Brini.
- Ela não é minha namorada.
- Tanto faz! A garota que você tá apaixonada, melhorou?
- Eu não estou apaixonada por ninguém! - gritei fazendo minha voz ecoar.
- Está sim!! - gritou de volta e com ainda mais força. - Sempre esteve! Desde antes da gente terminar você estava.
- A gente terminar? Você tem certeza que foi a gente que terminou? - perguntei mudando de assunto na primeira oportunidade. - Da última vez que chequei quem terminou foi você, sem nem precisar me avisar! Só fiquei sabendo por causa de um post no blog do fucking Perez Hilton!
- Aaah não finja que isso foi uma dor pra você! Vamos ser sinceros aqui, você nem ligou. Você estava há mais de dois meses sem falar comigo e vem me dizer que isso não é estar terminado? - cruzou os braços de novo e usava sua melhor voz acusatória. - E sabe o melhor? É que você estava dois meses sem falar comigo por causa da Rowan! Porque toda vez que eu te chamava para fazer alguma coisa você já tinha marcado algo com a Rowan, ou ela estava triste e precisava de você, ou você ia com ela no dentista?? Se ela falasse que queria ficar pisando em você o dia inteiro você com certeza desmarcaria seus planos comigo para agradá-la! Aí quando eu reclamei você só me disse que eu era patético e parou de falar comigo.
- Não é como se você tivesse falado comigo também - rebati desgrudando os olhos do chão e escolhendo ignorar boa parte do que ele tinha dito.
- Não falei porque eu estava cansado! Cansado de toda vez ter que correr atrás de você, cansado de lidar com seus caprichos, cansado de me desculpar até quando eu estava certo! Não tinha condições continuar sendo pisado por você! Eu sei que eu deveria ter pelo menos mandado uma mensagem te avisando que tinha acabado antes de deixar a internet saber, mas não era como se você ligasse. Faziam meses que você não ligava.
Engoli seco. Não tinha o que dizer. Eu realmente não ligava, eu realmente fui escrota. Apenas mantive evitando olhar em seus olhos para não morrer de vergonha e passei a brincar com a ponta dos meus dedos.
- Eu sei que fui um babaca no sábado e não tenho justificativa. Mas você foi uma babaca durante nossos últimos meses juntos e isso também não tem justificativa. E agora você está sendo babaca mais uma vez me arrastando para isso aqui. Se você quer ficar aos pés da Rowan, tudo bem, sua escolha. Só não me coloca em baixo dos seus pés para isso.
- Foi mal - falei baixo ainda olhando para o chão. - Eu ainda estava com raiva do sábado e não pensei direito sobre isso... E ela estava tão empolgada, queria tanto fazer essas coisas estúpidas que via na tv casais fazendo juntos a outros casais... Eu prometo não te arrastar mais para o meio disso.
- Tudo bem - falou também já baixando a guarda e começando a se dirigir para fora do banheiro. - É melhor nós enterrarmos tudo que já teve entre nós, não acha?
- Acho - sussurrei assistindo o sair.
Quando voltamos para a sala de cinema, o filme já estava quase no fim. Assim que me sentei, Rowan soltou o namorado e se enroscou no meu braço. Sussurrou algo sobre eu e Bradley estarmos fazendo "safadeza" lá fora, mas logo eu a desanimei com um olhar enojado.
Quando fomos embora o 'meu par' se ofereceu a deixar Curran em casa, já que tinha descoberto que moravam no mesmo bairro e, mesmo relutante, depois de muita insistência, o garoto aceitou.
- Boa sorte - meu ex sussurrou em meu ouvido quando me abraçou em despedida.
Assim que entramos no carro juntas a mais nova passou a me encher de perguntas que eu definitivamente não estava muito afim de responder, porém não conhecia jeito de escapar delas.
- E então quando vai ser o próximo encontro? - perguntou empolgada.
- Se Deus quiser, nunca! - soltei num ímpeto sem me importar muito por apagar o brilhinho esperançoso em seus olhos.
- Como nunca? Vocês pareceram se dar tão bem há segundos atrás. E aquela ida ao banheiro, ein? - falou sua última frase de forma sugestiva dando várias piscadelas.
Ri alto de sua imaginação antes de responder:
- Oh, babygirl.. Não foi nada do que você imagina - e com essas palavras introduzi uma história extremamente censurada e meia boca, obviamente omitindo todas as partes que lhe diziam respeito, e ainda aproveitando para contar sobre o fim da noite de sábado.
Como não passamos na casa do namorado dela, o caminho foi bem mais curto que o da ida e antes de eu terminar minha história já estávamos à frente de sua casa.
- Mas agora está tudo bem entre vocês? - ela perguntou sem muita esperança assim que terminei.
- Acho que sim, mas nós nunca daríamos certo de novo. Ele tinha razão, e você sabe, quando a gente terminou eu fiquei irritada por ter saído no site do Perez Hilton e não porque ele me deixou.
Ela balançou a cabeça concordando enquanto ria.
- E de qualquer jeito, agora eu só tenho olhos para você, babygirl - brinquei, apesar de no fundo estar falando sério, me aproximei dela aos poucos, numa brincadeira besta que sempre fazíamos fingindo que íamos beijar, fechando os olhos e fazendo um biquinho quando já estava perto demais.
Assim que me aproximei pude sentir seus lábios tocarem os meus por uns segundos e logo se afastarem acompanhados a um som estalado e várias risadas.
Minhas bochechas queimaram e comecei a rir incontrolavelmente escondendo o rosto com as mãos por uns segundos. Enquanto eu não estava olhando pude ouvi-la sair do carro e bater a porta. Levantei o rosto e a vi do lado de fora gesticulando para que eu abrisse a janela.
- Até amanhã bae - falou com uma voz doce. - Eu te amo - completou com um sorriso antes de sair quase correndo para dentro de sua propriedade.
- Eu também te amo... - respondi baixinho enquanto a assistia se afastar.
Fim do capítulo
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