Capitulo 1
Alguma vez você já parou pra pensar que talvez sua vida pudesse dar um bom livro? Bom, eu sim. Só não sei ao certo se seria um romance, uma aventura, terror, suspense ou superação. Talvez, quem sabe, não fosse um pouco de tudo isso.
Me casei cedo, tinha acabado de completar 18 anos. Não demorou muito e os filhos
começaram a chegar. Primeiro a Ester e depois a Melinda. Hoje, olhando pra trás, não consigo entender como pude me deixar ser manipulada tão facilmente por alguém. Marcelo, meu marido naquela época, fazia o que bem queria de mim. Controlava minhas amizades a ponto de se tornarem inexistentes, monitorava de perto meu contato com familiares e eu mal podia
sair de casa.
De início eu achava que era amor, excesso de cuidado, carinho... mas depois os boatos de que ele me traía começaram a chegar até mim, e foi questão de tempo para o meu castelo de areia começar a ruir.
Foram nove anos vivendo com ele, que no final já havia se tornado bastante agressivo e mentiroso. Tentava a todo custo manipular minha mente, mas já era tarde. Meu amor por ele havia acabado.
Lembro que logo após a separação me senti perdida. Me vi sozinha com duas filhas pequenas pra criar e nenhum dinheiro extra. Demorou, mas enfim consegui encontrar um trabalho. Devagarinho as coisas começaram a se ajeitar e não demorou muito, eu já era independente e havia me acostumado bem com a vida de ser mãe solo. Não era fácil, tudo caía nas minhas costas. Todas as responsabilidades eram minhas e talvez por isso passei a sentir que algo faltava em mim.
Decidi então procurar uma igreja, mas não queria apenas brincar de ser uma boa samaritana. Eu queria me entregar mesmo, de corpo e alma e servir a Deus em primeiro lugar em minha vida.
Três anos depois, já batizada, conheci o Pedro, um homem de fé, bonito, inteligente e carinhoso. Começamos com uma bela amizade e quando vi já estávamos namorando. Eu já não era mais uma menina, então, um ano depois decidimos nos casar. Se eu dissesse que tenho algo a reclamar dele, estarei mentindo. Pedro sempre tratou minhas filhas como se fossem suas. Me ajudava a fortalecer minha fé e eu sentia que tínhamos a família perfeita.
Trabalhávamos, nos divertíamos também às vezes, saíamos ou em família ou com alguns amigos... e eu estava cada vez mais apaixonada por ele. Cada dia que se passava eu me sentia como se vivesse um conto de fadas. O sex* era perfeito, nossa conexão incrível, eu realmente não tinha o que reclamar.
É claro que as vezes brigávamos como todo casal, mas sempre nos entendíamos antes de
dormir. No geral tudo era perfeito. Como todo ano, iríamos fazer uma grande festa com os amigos para comemorar nossos quatro anos de casamento. Alugamos um rancho incrível com piscina e decidimos que iríamos passar o final de semana nos divertindo.
Eu trabalhava como enfermeira em um pronto socorro de urgência e emergência na minha cidade, por isso convidei algumas amigas minha de trabalho pra festa.
- Que máximo Eliza, é claro que eu vou.
- Ficarei muito feliz se vocês forem. São como irmãs pra mim - eu estava conversando com Vanessa e Rosana, duas amigas muito especiais que eu tinha e que também trabalhavam comigo.
- Eu adoraria ir Liz, mas...
- Mas o que? - perguntei.
- Tenho uma amiga que veio de longe me visitar. Está lá em casa...
- Amiga? - novamente perguntei, pois ela não havia comentado nada comigo.
- Sim, na verdade ela é madrinha do meu filho. Raramente nos vemos porque ela se mudou de cidade, se você não se importar, posso levar ela pra sua festa?
- Claro que não irei me importar. Amiga de amiga minha, também é minha amiga. - sorri
acariciando suas mãos.
- Ótimo - disse - Agora me conta os detalhes dessa festança.
{...}
Enfim o tão esperado final de semana havia chegado. Eu estava estressada com tanta coisa que tive que organizar nos últimos dias. Pedro havia me ajudado bastante, assim como alguns irmãos da igreja e minha cunhada Priscila. Já no rancho, suspirei cansada e por um instante me apoiei na bancada ao lado da churrasqueira. Eu havia acabado de colocar nos armários os pratos e os copos. Estava exausta.
Não demorou muito e senti dedos macios massageando meus ombros. Eu gemi e virei a cabeça, dando de cara com o amor da minha vida. Pedro era bem mais alto que eu, que sempre fui baixinha. Usava óculos, o que o deixava ainda mais bonito. Seus cabelos escuros e lisos estavam sempre bem cortados. Seu corpo era atlético. Pedro sempre conseguia um tempo pra correr, seja no começo da manhã antes do trabalho ou já no final da tarde, depois dele.
Me virei de frente pra ele e selei nossos lábios num beijo calmo e carinhoso.
- Feliz quatro anos - sussurrou ainda com seus lábios colados aos meus.
Eu sorri
- Sua esposa deve ser mesmo uma moça de sorte. - brinquei
- Você acha?
- Claro que sim. Ser casada com um homem que se parece o super man não é pra qualquer uma.
Ele gargalhou. Ah como eu amava sua risada.
- Amo você - disse
- Eu também amo você - novamente ele me beijou. Quando começamos a aprofundar nossos toques, quando senti sua língua tocar a minha, ouvi a voz de Melinda ao fundo.
- Maaãe...
- Amo nossa família também - ele disse sorrindo e se afastando lentamente de mim e ajeitando os óculos, antes de olhar pra trás, para o furacão adolescente que atravessava o corredor em nossa direção.
- O que foi filha?
Perguntei.
- Não acredito que a Ester usou meu biquíni novo.
- Mãe..
Revirei os olhos ao ouvir a voz de Ester se aproximando.
- Eu usei uma vez e olha só - ela me mostrou o biquíni motivo de tanta confusão. - Ele está novinho, parece que nunca nem foi usado.
- A questão não é se parece ou não. A questão é que você usou sem minha permissão. - reclamou Melinda
Em questão de segundos as duas começaram a discutir sem parar, como sempre.
- Meninas - Pedro se aproximou e tocou o ombro das duas. - Vale mesmo a pena brigar por causa de uma pedaço de pano? A amizade de vocês vai bem além disso não?
Não sei o que era, mas Pedro sempre era capaz de acalmar a fúria de qualquer um. Era um conciliador e tanto, mais uma coisa que eu amava nele.
Nunca pensei que um dia eu pudesse ser tão feliz como era. Tinha a família perfeita, o
emprego que eu amava e ainda sentia Deus na minha vida. O que mais eu poderia querer?
As horas foram se passando e os convidados chegando. Como disse, Priscila, minha cunhada, me ajudou bastante. Os irmãos da igreja e meus amigos foram se acomodando nos quartos da casa. Alguns iam colocando os colchões na sala, outros no chão dos quartos. Se apertasse um pouco dali e um pouco daqui, caberia todo mundo.
A carne na churrasqueira já cheirava, a música não tão alta assim, tocava ao fundo. Os homens se dividiam entre jogar sinuca, truco ou tocar violão. E as mulheres entre as mesas e a sauna, onde bebíamos e jogávamos conversa fora. As crianças estavam se divertindo na piscina e dando um pouco de sossego para os adultos.
- Liiiiz...
Eu estava segurando uma taça de vinho na mão e conversando, quando ouvi uma voz
conhecida por mim me chamando. Olhei pra trás e vi minhas duas amigas de trabalho
chegando.
- Está tudo lindo - Vanessa dizia encantada olhando ao redor a decoração em prata e dourado que tínhamos escolhido.
- Obrigada amiga. - dei um forte abraço nela.
- Oi amiga, você está maravilhosa! - Rô se aproximou e também me deu um abraço de urso, enchendo meu rosto de beijos como sempre fazia, me fazendo rir. Eu amava elas. - Ah, já ia me esquecendo de te apresentar. Essa é a amiga que te falei, Verônica.
A tal Verônica se aproximou de mim e me cumprimentou com um sorriso e um aperto de mão.
- Parabéns pelo aniversário de casamento. Está tudo muito lindo.
- Muito obrigada. Fico feliz que tenha vindo. Quero que se sinta em casa aqui viu?!
Ela sorriu enquanto me encarava. Peguei na mão das minhas amigas e as levei até a mesa onde eu estava antes. As apresentei a minhas outras amigas e não demorou muito, todas estávamos embaladas no mesmo assunto.
Tínhamos contratado duas cozinheiras para que não precisássemos passar o tempo todo
cozinhando, por isso pude realmente aproveitar minha festa. Melinda e Ester já estavam amigas de novo. Ah como é difícil essa fase da aborrecência. Ester tinha 16 e Mel 14. Mas graças a Deus elas estavam me dando uma trégua sem nenhuma briga além daquela do biquíne. Pedro toda hora vinha pra perto de mim, me abraçava, beijava meus cabelos, ou então dava uma piscadinha de longe. E eu sorria toda hora feito uma adolescente apaixonada.
Fim do capítulo
Espero que tenham gostado!
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florakferraro
Em: 29/11/2020
Amei as amigas, ah, põe uma capa no livro, fica bonitinho e ajuda a imaginar.
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brinamiranda
Em: 29/11/2020
Verônica é muito misteriosa, mas, tem uma característica que gosto muito, é sincera...acho que a Liz fez bem em aceitar os 15 dias, vai ser importante até para colocar a cabeça em ordem, se tivesse um casamento tão perfeito assim, de certo não teria rolado...ou não rsrsrs posso estar apenas falando por minhas vivências.
Também acredito que Verônica tenha um compromisso, mas, isso parece não ser impedimento...
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Anny Grazielly
Em: 24/11/2020
Eita eita eita... Vero chegou... vamos aguardar...
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