Hoje estava sentada em minha sala, no escritório do qual faço parte como sócia e me peguei pensando em minha vida, tenho 28 anos, tenho bons amigos, uma família amorosa, apesar de ser filha única, sou o xodó da família. Sempre fui a filha, a sobrinha e neta que todos pedem a Deus, essas palavras são ditas sempre pela minha família, nunca dei trabalho aos meus pais de nenhuma forma, sempre fui muito estudiosa, me formei cedo. Assim que ingressei na faculdade, meu pai conseguiu um estágio no escritório que hoje sou sócia, me formei com 22 anos, e no mesmo ano ingressei no mestrado, dois anos depois recebi a aprovação para fazer o doutorado, exatamente assim, não me dei folga. Desde o início fui fazendo o meu nome no meio jurídico. Fui aprovada na OAB quando cursava o último período do curso de direito, então comecei a correr atrás das minhas coisas. Apesar de minha família ter nome aqui no estado, eu sempre quis caminhar com as minhas pernas assim que foi possível.

Estou pretendendo fazer o pós-doutorado, mas minha mãe insistiu que eu deveria ficar sem estudar por um tempo, sem falar na chantagem emocional que ela fez quando falei que pretendia me inscrever para tal.

-          Minha filha, não estou me sentindo muito bem ultimamente, não quero lhe ver de tempos em tempos, uma vez que sua pós será fora do país, então por favor, deixe que essa velha desfrute um pouco mais de você. – De velha ela não tinha nada, tinha 48 anos e meu pai 51.

Eu pesei as palavras da minha mãe, e decidi adiar um pouco esse desejo. De repente escuto batidas na porta da minha sala, é a minha assistente avisando que tenho que sair em 20 minutos para a audiência e que a cliente já havia avisado que estava a caminho do fórum. Dei graças a Deus pela juíza da vara está afastada por motivos pessoas, pois o que a mulher tinha de linda, ela tinha de ranzinza.

Arrumei minhas coisas, peguei tudo que precisava, parei para falar com Sandra e avisar que como a audiência estava marcada para as 15:45h, eu iria direto do fórum para casa, então ela já estava liberada, no caminho até meu carro cumprimentei algumas pessoas que encontrei pelo percurso, entrei no carro segui até o bairro onde o fórum era localizado, onde fica localizado o fórum, cheguei faltando trinta minutos para a audiência, era tempo suficiente para conversar a cliente.

Sentei com ela e repassei todas as instruções dadas previamente, neste ínterim, nosso tempo se esgotou e fomos chamadas para a sala que ocorreria a audiência, ao adentra-la tamanha foi a minha surpresa ao ver quem encabeçava a mesa.

Era ela, a juíza Luíza Guedes de Santiago, depois de quase um ano, ela estava de volta e eu não estava pronta, não lembrava que ela era tão bela, ela não devia ser tão mais velha que eu, tinha um rosto jovial, dentes perfeitamente alinhados, pele tão claro quanto leite, e os cabelos estavam mais escuro do que eu lembrava, aquela mulher era uma tentação, seu corpo beirava a indecência, ela tinha pernas grossas, bunda grande e bem desenhada, a cintura parecia de violão e os seios eram médios, ela devia ter no mínimo 1.80 de altura, tinha um corpo cheio de curvas.

Eu a estava avaliando e quando olho em seus olhos, ela me encarava com uma expressão que não consegui decifrar, e logo em seguida falou.

-          Boa tarde senhores, Dra. Pietra, quanto tempo, acredito que tenha sentido a minha falta e está muito feliz com o meu retorno.

-          Boa tarde excelência, se tivesse sabido antes do seu retorno, teria trazido um champanhe para comemorar. - Ela abriu a boca para me responder, mas desistiu, simplesmente deu um sorriso torto e iniciou a audiência. Durante toda a audiência vi alguns olhares dela direcionados a mim, eu desviava e voltava a focar no que estava sendo dito entre as partes, até que chegou a hora da minha cliente falar, a mulher ficou nervosa, se exaltou ao ponto da juíza ameaçar prende-la por desacato se ela não se controlasse. Quando a audiência foi encerrada, arrumei os documentos dentro da pasta, e me encaminhava para sair da sala junto com a cliente, quando escuto.

-          Dra. fique um pouco mais, preciso falar com você a sós. - Com isso olho para Ângela e balanço a cabeça, ela sai da sala, então me volto para ela.

-          Pois não vossa excelência?

-          Da próxima vez, instrua melhor a sua cliente, pois não serei tão piedosa, hoje ela me encontrou em um dia muito bom, pois se fosse a alguns meses atrás, ela teria saído daqui algemada, você sabe disso. - Enquanto ela falava, tenho certeza que minha expressão mudou de preocupada para debochada, então a respondi.

-          Excelência, não preciso que me ensine como fazer o meu trabalho, não posso controlar o sistema nervoso das pessoas, mas se a senhora espera um agradecimento, muito obrigada pela sua benevolência. - Falo essas palavras em tom cheio de escárnio. - Era apenas isso, ou tem algo mais?

-          Estas avisada Dra. - Após dizer isso ela saiu da sala, e eu segui logo atrás, impossível não olhar a forma que o quadril mexia conforme ela andava, quando ela saiu do alcance da minha visão, comecei um diálogo com a sra. Ângela. Depois da conversa, segui para casa, morava em um bairro nobre da capital alagoana, de frente para o mar.

Luiza

Não entendia como aquela fedelha conseguia me tirar do sério com tanta facilidade, sou tida no meu meio profissional como uma pessoa muito fria, mas ela conseguia despertar em mim, meu lado implicante. Estou no meio jurídico a bastante tempo, comecei bem nova, mas o que sempre quis mesmo, foi o lugar que hoje ocupo, depois de três anos advogando, passei no concurso de magistratura, estou como titular desta vara a mais ou menos três anos, pois já passei por comarcas do interior. Me encontro prestes a fazer 39 anos, tenho uma filha de 16 anos, o nome dela é Larissa, sou recém divorciada, me casei muito jovem com um político muito famoso aqui no estado, Joaquim de Santiago, nosso casamento foi bom, mas me faltava algo, o desgaste do nosso relacionamento chegou ao nível de não conseguimos dividir o mesmo lugar nem para jantar, dormíamos em quartos separados.

Nossa vida conjugal só existia para alguns “amigos”, e a mídia, nas redes socias estávamos sempre felizes, mas pessoalmente, longe das aparências, não nos suportávamos, a seis meses atrás sentamos, e decidimos que o melhor seria a separação, solicitei uma licença não remunerada no trabalho e viajei, não fizemos alarde e decidimos não falar para ninguém além de nossos familiares.

Enquanto divagava sobre a minha vida, saio do meu gabinete com minhas coisas pronta para ir embora, me encaminha para a saída do prédio e encontro meus dois seguranças a minha espera, os cumprimento e nos encaminhamos para o carro, graças a Deus a última audiência da tarde foi a com Pietra, é inevitável não lembrar dela com seu ar petulante, a conheço de vista a alguns anos, conheço a mãe dela, inclusive participamos de alguns eventos que dividimos a mesma mesa, temos alguns amigos em comum, porém, nunca nos esbarramos fora do ambiente de trabalho. Ela é muito bonita, tem um corpo bem definido, bunda grande, pernas grossas, deve ser rata de academia, os olhos são muito escuros e intensos, o cabelo nem se fala, em contraste com tudo isso, tem uma pele muito clara, a altura eu posso dizer sem sombra de dúvidas que não passa de 1.60, ela é uma coisinha petulante, mas muito linda, sinto vontade de sorrir só de lembrar da cara que ela fez quando viu que eu havia voltado.

O carro parou, e quando olhei, já estava em casa, entrei e fui procurar a minha filhota que possivelmente estava dormindo, subi para o primeiro andar, bati na porta do seu quarto, esperei uns segundo e abri, ela realmente estava dormindo, a chamei.

-          Filha? – toquei em seus cabelos. – Filha, acorde. – Ela virou e abriu os olhos, deu um sorriso e levantou os braços para um abraço, minha filha sempre foi muito carinhosa, a abracei deitando uma parte do corpo em cima dela que logo em seguida falou.

-          Mãe, não é que eu queira te chamar de gorda, mas você tá muito pesada!

-          Kkkkkk, e não quer me chamar de gorda, né? – ela deu risada e logo falou.

-          Eu senti saudades mamãe, papai me pediu para ver contigo se há realmente a necessidade de nos mudarmos tão rápido.

-          Meu amor, quero poder ter tranquilidade, você sabe que seu pai e eu muito tempo no mesmo ambiente da em briga, e finalmente vamos poder morar de frente para o mar, coisa que seu pai abomina por ser alérgico a maresia, e eu tenho uma novidade. – Depois de falar levanto e olho para ela. – Falei com um corretor amigo meu antes mesmo de voltar para o país, ele me enviou mensagem hoje falando que tem dois apartamentos e uma casa na ponta verde, quer ir comigo dá uma olhada? Foi por isso que te acordei.

-          Claro, mamãe, quero sim, vou tomar um banho e comer alguma coisa, então saímos.

-          Vou fazer o mesmo, então seja lá o que você está pretendendo comer, eu também quero, e coma pouco, pois vamos aproveitar para jantar lá pelo bairro mesmo.

-          Você que manda excelência. – Ela disse isso, levantou e fez uma continência, meneei a cabeça e dei um beijo nela pedindo para que não demorasse. Mas antes que eu saísse do quarto, ela solta a perola que faltava. – Ei gostosa, não demore você, não precisa ficar toda elegante, até porque se fosse por mim, sairia por aí com você nua, para que todos vissem como minha mãe é gostosa!

-          Kkkkkkkkkkkk, meu Deus Lari, melhore. E cuide! – Sai do quarto dela e fui para o meu.

Pietra

Fazia um certo tempo que havia chegado em casa, liguei para minha mãe, passei 10 minutos com ela e meu pai ao telefone, depois liguei para a minha amiga Daniela, chamando para ir dar uma corrida, mas ela não quis me fazer companhia por ter marcado de jantar com seus pais, me arrumei e sai para correr, fiz o aquecimento com uma caminhada, e depois de dez minutos caminhando, decidi que era hora de pegar no pesado.

Corri sem parar por trinta minutos, até que estava passando em determinado ponto da orla, e sinto quando uma pessoa invade meu caminho, não tive tempo de parar, então dei um esbarrão na pessoa a minha frente, que se a pessoa não tivesse me segurado, eu de certeza teria caído, mesmo sabendo que não tive culpa me afastei na intenção de pedir desculpa, então começo a falar.

-          Me desculpa, você entrou na mi... – A frase morre na minha boca quando levanto a cabeça e vejo quem está em minha frente com um sorriso um tanto quanto debochado nos lábios. Aperto meus olhos quando deduzo que ela fez de proposito, então volto a falar sem tirar os olhos dos dela. – Você fez de propósito? Enlouqueceu? Eu poderia ter caído e me machucado feio.

-          Quanto drama, eu te segurei, não deixaria você cair. – Enquanto ela falava não desviava o olhar, até que vejo um movimento a suas costas, desvio o olhar e vejo uma jovem muito bonita se aproximar e chamar.

-          Mamãe, tá tudo bem? – Veja que a moça não deve ter mais de 18 anos, e está falando com Luíza, que depois da fala da garota se vira um pouco e a responde.

-          Tudo bem sim amor. – Então ela vira em minha direção e olha novamente para filha como se estivesse indecisa, mas por fim fala. – Larissa, essa é a Dra. Pietra, Dra. Essa é minha filha, Larissa.

Larissa dar um sorriso muito bonito para mim e se aproxima na intenção de me abraçar. Quando vejo a intenção dela, dou um passo para trás e falo.

-          Boa noite Larissa, estou toda suada, e possivelmente com o desodorante vencido, então sem abraços dessa vez.

-          Que bobagem Dra. – contrariando tudo o que eu disse, ela se aproxima novamente e me abraça. Logo em seguida ela volta a falar. – Seu desodorante não está vencido, o cheiro está muito bom! – Luíza controla uma risada, mas repreende a filha.

-          Filha, não seja indelicada. – Ela fala isso e me olha. Então eu decido intervir.

-          Você não foi indelicada Larissa, e por favor, me chame de Pietra. – Luíza me olha de uma forma que não consegui entender, mas logo em seguida ela diz.

-          Mora pelas redondezas Dra.? - Balanço a cabeça confirmando e então ela completa. – Bom, seremos vizinhas brevemente.

-          Que bom, excelência, tenho certeza que a calmaria da praia fará bem ao seu humor.- Ela não deixa por menos a minha ironia e responde.

-          Bom, levando em conta a sua simpatia, não acredito que essa calmaria faça muito efeito. – Bom, eu realmente pedi por essa, e por isso, decidi não retrucar, olhei para mãe e filha e vi que elas realmente se pareciam muito, Larissa era tão alta quanto a mãe, e tão bela quanto. Depois dessa análise, percebi que era hora de me despedir.

-          Bom, excelência, é sempre uma satisfação encontra-la, e Larissa, adorei te conhecer, eu preciso ir agora. -  Larissa voltou a se aproximar, trocamos beijinhos, dei um tchau para a mãe e sai em disparada, mas meu animo avia sumido, voltei para casa, tomei banho, jantei, dei uma olhada na minha agenda, respondi algumas mensagens e fui dormir.

Na minha cabeça o que ficou foi a forma que Luíza estava vestida, uma calça jeans moldada ao corpo, uma sapato de bico fino preto, com um salto bem baixo, só a vejo de salto muito alto no fórum, uma blusa branca de alcinhas, com a parte da frente dentro calça, e um blazer preto por cima, ele e o sapato deram toda a elegância do look, ela realmente é muito linda, não sei o que aconteceu, mas depois que ela reapareceu, não tem saído da minha cabeça, sempre a achei muito bonita, mas ultimamente a coisa tá fora de controle.

Fico me questionando se estou me sentindo atraída por ela, estou sem namorar a mais de um ano, então esse pode ser o motivo de pensar tanto nela, já beijei algumas mulheres no decorrer da minha vida, mas nunca passaram de beijos ou mãos bobas, mas com ela tem algo a mais, ela desperta os piores sentimentos que tenho, mas ao mesmo tempo tenho uma sensação boa quando estamos batalhando. Adormeço com esses pensamentos.

Luíza

Depois do nosso encontro com Pietra, finalmente o corretor chegou, olhamos os dois apartamentos e a casa, Larissa se apaixonou pela casa, eu também gostei bastante, tanto que no final da visita, olhei para o corretor e disse.

-          Thiago, pode preparar a papelada, vamos ficar com a casa. – Larissa naquele momento pareceu uma criança de tão feliz que ficou.

-          Ok, Luíza, mas vou precisar de no mínimo uma semana para acertar tudo.

-          Tente agilizar o mais rápido possível, certo? – ele concordou, nos despedimos e segui para casa com Larissa muito feliz.

Cinco dias depois Thiago entrou em contato comigo avisando que estava tudo certo, enviou o contrato de comprar e venda pelo e-mail, logo em seguida Tânia, a minha assistente encaminhou para o meu advogado, ele informou que em 24 horas daria retorno.

Já na terça feira estava no gabinete quando Tânia bateu na porta e entrou logo em seguida.

-          Lu, Dr. Pedro está na linha três. – Atendi a ligação, ele deu o ok para a compra.

-          Tânia, veja os meus horários hoje á tarde, e marque com o Thiago no escritório do Pedro, por favor

-          Tudo certo para a compra da casa?

-          Tudo certo, graças a Deus, não vejo a hora de morar só com a Larissa.

-          Vou organizar tudo e te aviso. – 10 minutos depois o meu ramal toca, era a minha assistente.

-          Lu, ficou marcado para as 15:00h, você tem uma audiência as 13:00h e outra as 16:15, então encaixei desta forma.

-          Ok Tânia, obrigada, e por favor me traz a pasta das audiências e as suas anotações, preciso refrescar a mente, ah, pede para a Danilla vir aqui. – Danilla era a estagiária. Logo em seguida ouço batidas na porta e ela se abre, era Danilla.

-          Dra. Queria falar comigo?

-          Sim, Danilla, suas férias iniciam esses dias, certo? – ela concordou, e completou.

-          Na sexta Dra. – mais que gota, espero que Tânia já tenha falado com o rh para termos uma substituta.

-          Veja com a Tânia se ela já falou com o rh sobre o desfalque, e se sim, ligue para lá e veja quando teremos uma substituta, por favor. – Ela concordou, pediu licença e saiu da sala.

Logo em seguida entrou Tânia novamente, com as pastas que continham os documentos das audiências.

Fim do capítulo