Capitulo 1 - Aconteceu naquele baile
CONTO 01 - Aconteceu Naquele Baile
Lá fora a chuva caia forte e incessante com indícios que não ia parar, puxei as janelas totalmente e fechei as cortinas, nunca gostei de chuvas fortes, me lembram filme de terror, a seguir olhei no espelho pela terceira vez, o lápis de olho líquido havia derramado e borrado tudo o que tinha conseguido fazer com um grande sacrifício, o problema foi que quis ousar um pouco mais e tentei fazer o tal olho de gato que minha irmã faz com tanta perfeição e lógico que a única coisa que consegui foi um enorme borrão que me deixava com uma aparência horrorosa, mas, por incrível que pareça, o que fiz realçava de uma maneira bastante esquisita os meus olhos verdes, apesar disso suspirei irritada, nada me agradava no visual que estava tentando compor, prendi e soltei os meus longos cabelos loiros várias vezes, além de não gostar da maquiagem que tentei fazer, não me agradei de nenhum dos penteados que tentei criar e gostei ainda menos das fantasias improvisadas que tentei inventar, e olha que montei várias, improvisei uma havaiana, uma gótica, uma bruxa sexy, mas, parecia que nada casava comigo, liguei o som bem alto e estava para desistir e vestir um delicioso pijama junto com minhas meias de plush quando ouvi duas batidas na porta.
- Oi irmã, está precisando de ajuda?.
- Ai Bia, me ajuda aqui vai, eu já tentei de tudo, você sabe que não tenho o menor jeito para coisa, preciso de uma fantasia para ir ao Baile de carnaval do Clube Libanês com a turma e tudo o que misturo fica horroroso.
Minha irmã mais velha sorriu, soletrou entredentes a palavra e-xa-ge-ra-da e depois coçou o queixo, levantando a sobrancelha direita como se tivesse tido um déjà vu, respirei aliviada ao constatar que ela havia chegado a uma de suas ideias brilhantes, Ana Beatriz tinha apenas um ano e meio a mais do que eu, mas, me sentia tão imatura perto dela. Antes de sair para buscar a sua ideia, deixou que o sorriso morresse um pouco no seu rosto alvo e cheio de sardas e perguntou com relativa seriedade, colocando os cabelos cor de chocolate cortados em chanel para trás das orelhas.
- Lu, não se preocupe, eu vou dar um jeito...só lava o rosto que vou fazer uma maquiagem linda em você, mas...se não está a fim de ir ao baile, porque simplesmente não desmarca com seus amigos?.
Eu não respondi nada, apenas balancei os ombros demonstrando um "tanto faz", o que eu poderia dizer?, como sempre ela tinha toda razão, eu nunca gostei de carnaval, poderia simplesmente não ir, me sinto tão pouco à vontade misturada entre tantos corpos suados que se esbarram entre si às vezes de forma proposital e geralmente ao som das marchinhas de carnaval que nunca curti, fora que as pessoas parecem que estão sempre em busca do último gole, na verdade, vou apenas para não bancar a chata, pois tenho uma preguiça imensa de debater, e acabo sempre vencida muito mais por querer evitar a fadiga do que por outra coisa. Estava perdida nos meus pensamentos quando minha irmã retornou.
- Luana, ainda não foi tirar esse borrão?, corre menina, seus amigos devem chegar logo e preciso estudar para as provas da faculdade que se aproximam.
Olhei para ela lembrando que as minhas provas também estavam próximas, Bia cursava Medicina, estava no terceiro semestre e eu tinha acabado de entrar no curso de Letras, nem sei porque escolhi essa faculdade, acho que foi por gostar tanto de Literatura e idiomas, depois se eu perceber que não rola legal, mudo.
Quando as lembranças foram embora, baixei meus ombros exatamente como fazia quando éramos crianças e me dirigi ao banheiro para tirar o resto da maquiagem, voltando com o rosto pingando, minha irmã riu largado e pediu que me sentasse, passando a toalha rapidamente no meu rosto.
- Olha ali em cima da cama mana, eis a tua fantasia.
- De que?.
- Pirata...lembra que ano passado eu me fantasiei de pirata para passar o dia das crianças como Doutora da alegria?.
Eu sorri e balancei a cabeça dando sinal de afirmativo, tinha o maior orgulho dela, Bia foi e voltou do hospital que tratava de crianças com câncer com muita emoção, ela tinha conseguido tirar um sorriso de uma menininha de nome Cassandra que tinha fama de não falar com ninguém, na verdade, ela nem mesmo brincava com as outras crianças, mas, bastou apenas meia hora com minha irmã e ela já estava sorrindo e dançando com a Bia, a menina estava desenganada pela Medicina, mas, nunca para a minha irmã, eu tinha certeza que em breve teria uma grande médica na família.
Terminada a maquiagem, me vesti e ela prendeu meus cabelos, fazendo um penteado dos anos 80, um rabo de cavalo lateral que só ficou no lugar graças ao gel que ela colocou em uma quantidade generosa, e por fim, colocou o tapa olho de pirata, mas, confesso que eu tirei esse adereço dentro do carro momentos depois.
Estava passando perfume quando ouvi Felipe, Samara e Pietra conversando com meus pais, ainda ouvi minha mãe dando suas últimas recomendações que com certeza íamos esquecer tão logo entrássemos no clube, estava animada, apesar de não curtir carnaval, só em estar na companhia dos três era diversão na certa, desci as escadas fazendo barulho, claro, queriam que me vissem, minha irmã tinha conseguido me deixar ainda mais bonita, adorei quando ouvi o "oh" saindo de todas as bocas.
- Atenção, sem gritos coletivos, sem empurrões, sem ninguém me tocando...eu cheguei.
Samara olhou para mim e vi que quase escorria saliva pelo canto da boca, fazia tempo que sabia que minha amiga arrastava uma asinha por mim, uma não...as duas, mas, eu bancava a "pêssega", fazia de conta que não entendia nada para não magoá-la, sempre me atrai por mulheres mais velhas, e não por meninas de vinte anos como eu, mesmo assim sorri e esperei o que ela ia falar, e claro que ela não conseguiu ficar de boca fechada, optando por massagear meu ego.
- Puxa Lu, você está linda. - Olhei para Samara e vi que ela estava bem bonitinha vestida de marinheira sexy, mas, não...obrigada...a doce morena não me atraia nem um pouco.
- Obrigada amiga....ah, vamos logo turma, antes que desista de ir.
- Você não é nem louca sapatão, quero que me apresente aquele bofe escândalo da faculdade.
Felipe falou a frase bem baixinho e de forma sussurrada em meu ouvido, eu ri colocando a mão na boca, ri porque as palavras sopradas fizeram cócegas, depois porque tinha certeza que na cabeça dos meus pais a gente se pegava, e eu não tinha a menor pressa para sair do armário, apenas Bia sabia que ficava com meninas.
Beijei meus pais e irmã e foi com animação que chegamos ao clube, principalmente porque a chuva já havia indo embora, entramos no salão ao som de uma marchinha que sempre considerei ridícula, pela obviedade do preconceito.
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"O teu cabelo não nega, mulata
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega, mulata
Mulata, eu quero o teu amor".
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É racista?, é...muito, mas sinceramente, o clube não era o local mais adequado para conversar sobre a hipersexualização da mulher negra em algumas músicas carnavalescas, e sem nada a fazer sai cantando abraçada aos meus amigos no meio do salão. Eu vim sem vontade alguma, mas, preciso confessar que estava me divertindo e muito, até que começou a tocar: Maria Sapatão, Sapatão, Sapatão, de dia é Maria, de noite é João...ai pisou no meu calo, pô, quem disse que eu quero ser João?, a noite eu quero é continuar a ser Maria, ah, e como eu quero, com todo respeito aos amigos aos que transitam nos dois polos, claro.
Depois de cumprir minha missão da noite, que era simplesmente apresentar Felipe a Renatinho, um colega de sala super sarado e que sempre considerei o gay mais tímido do curso de Letras, percebi que o álcool cortou totalmente sua timidez, pois não foi preciso mais do que dez minutos de conversa para o clima surgir entre eles, coloquei a mão na cintura e pensei....agora entendi tudo, não à toa o Felipe ia me ver todas as noites na minha sala, bandido, e eu achando que era por mim. Hahahahah...Estávamos dançando todos juntinhos, quando de repente vi que os dois saíram abraçados do meio do salão para algum cantinho mais escuro, e assim só restaram as meninas do grupo, após dançarmos muito, resolvemos sentar para descansar e pedir alguma bebida e petiscos.
Samara ficou me secando por uns instantes enquanto comia os dadinhos de tapioca e tomava meu refrigerante, não me importava, todos tem o direito de tentar, não é?, e olha que ela tentava, sempre tentava, acredito que ela é da turma do "vai que rola?", mas, dessa vez percebeu que "a água mole em pedra dura" de fato não cola comigo, assim pediu licença e saiu atrás de uma moça bonita vestida de borboleta, meia hora depois foi a vez de Pietra se arranjar, estávamos conversando animadamente quando um rapaz ruivinho veio até nós, se apresentou, dizendo que se chamava Miguel e que estava com sua irmã gêmea, seu nome era Ana Luiza, ele sorriu e deixou a irmã conosco e saiu em busca de outro alguém, nem preciso dizer que logo depois Pietra saiu com a gêmea e me vi sozinha sem ter mais ninguém para conversar, não tendo mais o que fazer na mesa, peguei meu refrigerante e me encaminhei até a imensa varanda.
Sai andando até lá enquanto tomava meu refrigerante calmamente e quase cai ao tropeçar em um batente quando a vi, foi a cena mais linda desse mundo, ela estava de costas, o vestido branco esvoaçava com o vento, assim como os cabelos lisos e ruivos, ela virou calmamente e sorriu mostrando os dentes brancos e perfeitamente alinhados, mas, o que realmente me chamou atenção quando me aproximei um pouco mais foram seus olhos, eles eram tão serenos e amorosos, que meu maior desejo era simplesmente me aconchegar em um abraço e sentir o seu corpo bem torneado junto a mim, sem ter nenhuma ideia do que falar puxei um assunto sobre o tempo.
- Oi...está um vento gostoso, não é?.
- Sim.
Ela respondeu e voltou a olhar para frente, mas, logo virou novamente e vi que tomava um copo de whisky importado que colocou na mureta e logo após acendeu um cigarro que tirou de dentro da elegante bolsa.
- Ah, como esses pequenos prazeres me fazem falta...mas, tem coisas que só podem acontecer no carnaval, não é mesmo?, aceita um gole?.
- Não, eu não bebo, uma vez dei uma bicada no whisky do meu pai e odiei, não sei como você consegue tomar algo tão amargo.
- A vida é algo bem amargo meu bem, quantos anos você tem?.
- Vinte...não sou tão novinha quanto parece.
- Ah, é sim...eu tenho quarenta anos ou pouco mais do que isso, um dia desses tinha a sua idade...ah, pode acreditar, você ainda vai entender porque o whisky é importante no mundo adulto, isso é um anestésico dos corações feridos, coisa de adulto, nada que sua jovem cabecinha deva se preocupar no momento.
- E você acha que só porque sou um pouco mais nova...não entendo nada de sofrimento?, pois saiba que entendo, entendo sim....
- Luana, suas cicatrizes internas ainda são fáceis de sarar...vou te dar uma única chance...você pode girar o seu corpo e voltar ao salão, você é uma moça bonita, tenho certeza que logo irá arranjar muitas pretendentes.
- Não preciso, encontrei exatamente quem queria...ah, sabe o que acho engraçado?, não lembro de ter dito meu nome, mas, já que te falei, é a sua vez de compartilhar o seu, como chama essa ruiva tão linda?.
- Stella.
- É um nome muito bonito.
- Não é?, bom, já que pelo visto não quer ir embora, que tal darmos uma voltinha?.
Ela apagou o cigarro, deixando o resto em cima da mureta, depois ficamos andamos pelo salão e parecia que sua fantasia esvoaçava mesmo sem vento algum, sorridente ela deixou o copo com a bebida forte em cima de uma mesa qualquer e me chamou para passear no jardim do clube, Felipe passou por mim, me deu um tchau bem breve, achei muito estranho ele não fazer nenhum gracejo sobre a companhia que arranjei, mas, tinha a certeza que ele estava muito concentrado no físico de Renato que já tinha tirado a camiseta, fazendo muitos suspirarem por ele.
Stella encontrou um banco escondido no jardim, deitou com os braços para trás segurando a cabeça e fiquei em pé admirando toda a beleza impressionante que ela tinha, conversamos um pouco sobre tudo, falei da minha vida, da faculdade, da minha irmã, por sua vez ela falou sobre a vida dela, contou que era viúva, que trabalhava como advogada e morava na mesma casa rosa com janelas brancas que havia nascido, a casa ficava na Rua do Ouvidor em frente a uma grande figueira branca que crescia intrépida na rua, sem que nenhum político tivesse a coragem de mandar tirar, também contou que morava com uma tia que a havia adotado, já que seus pais morreram quando tinha sete anos. Estava no meio da sua biografia quando me olhou espantada, acho que se deu conta que ainda estava em pé e como um felino rápido e elegante, sentou no banco e me estendeu a mão.
- Que mal educada eu fui, por favor, sente-se criança.
- Eu não sou criança, prefiro que me chame de Luana, ou Lu, como queira...saiba que minha idade não me define em nada.
Ela não me disse nada, apenas me deu aquele sorriso enigmático e me sentei ao seu lado, uma gota de suor desceu por minha coluna quando ela pousou sua mão delicada em cima da minha coxa e segurou minha nuca me puxando para um beijo.
- Victoria, quantas saudades eu senti...
O beijo foi tão gostoso que nem questionei o nome, que importava se me chamasse de Victoria, Maria, Renata...o que de fato valia era a sensação de eternidade que senti dentro daquele beijo, o sabor de sua boca era diferente de tudo que havia provado na vida, e foi dentro desse sentimento de encantamento e de paixão que ela me fez deitar em seu colo, logo depois deitou ao meu lado e mesmo de forma pouco confortável nos amamos naquele banco tendo apenas a lua como testemunha.
- Lu?, Luana?...
Abri os olhos bovinamente e vi Felipe me olhando enquanto sacudia meu braço.
- Ai sapatão, graças a Deus tu acordou...pensei que você tivesse feito a passagem.
- Onde ela está?, cadê ela?.
- Pietra e Samara?, foram embora bem mais cedo com seus respectivos pares, Renatinho também, eu estou há cerca de meia hora te procurando pelo clube todinho, amiga que cheiro é esse de Whisky?, você deu para beber agora?.
- Você me viu com ela...a moça ruiva, a do vestido branco...ela...ela chama Stella.
- Mulher, você está como diz minha avó...variando, não te vi com mulher nenhuma, vamos embora sapatão, não vê que quem você pegou deu linha na pipa?, é assim amiga, amor de carnaval.
Senti que algo havia se partido dentro do meu peito, passei a mão na minha caixa torácica, queria ter certeza que meu coração ainda batia, e apesar da imensa dor que estava sentindo ele continuava no mesmo compasso. Felipe sentou no banco, me abraçou forte, me aconchegando dentro do seu abraço, e chorei tudo que carregava dentro do meu coração, foi quando ele viu a marca de uma mordida no meu pescoço.
- Nossa, que marca de mordida é essa amiga?, vai ficar roxa hein?, tu ficou com uma mulher ou com uma onça?.
Eu sorri porque não tinha nada mais a fazer além disso, e sai daquele clube com a sensação que tinha deixado ali minha melhor e mais doce lembrança.
No outro dia acordei com uma ressaca que parecia que tinha bebido a noite inteirinha, sentia todo o meu corpo dolorido e percebi que ele estava todo marcado, eram marcas suaves, mas, eram a prova viva que Stella não havia sido apenas um sonho. Bia bateu na porta algumas vezes, pedi que entrasse e contei tudo o que havia acontecido no baile, ela me olhou com seu jeito sério e sereno dizendo a seguir.
- Lu, você tem duas opções, ou esquece para sempre e enterra as lembranças dessa Stella ou troca de roupa agora e vamos até a Rua do Ouvidor tirar satisfações com essa ruiva.
Eu sorri, sentindo que a esperança voltava a brilhar dentro de mim, escolhi uma roupa que considerava elegantemente casual, não queria parecer estilosa, queria apenas ser exatamente o que era, uma jovem sonhadora, assim, coloquei uma calça jeans, uma batinha indiana branca bordada com arabescos e um scarpin, estava casualmente vestida, mas, estava me sentindo bonita.
Exalava otimismo, eu era a verdadeira dona da festa quando estacionamos no outro lado da rua em frente à casa de Stella, avistei com muita facilidade a grande figueira branca e uma enorme mansão na cor rosa com as janelas brancas que havia sido descrita com perfeição, por fora estava tudo bem, mas, quando nos aproximamos do pequeno portão lateral, percebi que o jardim estava um desleixo, os matos haviam tomado conta de tudo, e apenas algumas rosas vermelhas resistiam e continuavam lindas dentre o caos que se instalou no imenso jardim.
Apenas encostei a mão no portãozinho e ele se abriu, acompanhamos as pedras feitas de cimento e percebemos que ela dava direto na entrada da casa que estava sem a porta da frente, a parede estava chamuscada, assim como tudo no caminho, mas, a cena mais deprimente aconteceu quando entrei na sala, os móveis de ferro estavam retorcidos, enquanto móveis de madeira haviam virado cinza, pouca coisa restava, caminhamos até a segunda sala e vi um quadro enorme na parede, talvez fosse a única coisa que estava inteira dentro da casa, era uma pintura de Stella, ela estava linda com o vestido branco esvoaçante e no cantinho do quadro havia a assinatura do pintor, "Signorini" e uma data "1962".
Minha irmã me abraçou e saímos daquela casa sem trocar mais nenhuma palavra, peguei o celular e digitei rapidamente três palavras em um dos sites de busca: "Stella, incêndio, 1962", e rapidamente encontrei uma nota:
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"Stella Löwenstein Jensen e sua tia Carlota Löwenstein Alencastro foram encontradas mortas em uma manhã de segunda-feira em 1962, segundo uma prévia análise da polícia local da época, o incêndio pode ter sido de origem criminosa, nada restou da casa, no entanto, os corpos estavam intactos". [ Entendendo o passado, Jornal Correios de notícias]
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Guardei o celular e tentei enterrar essa história, eu e minha irmã fizemos um pacto de silêncio e senti que todas as minhas lágrimas haviam congelado dentro de mim.
Sorri tristemente, deixando que uma única lágrima caísse no canto do olho quando ela me olhou penalizada, passei as mãos nos seus cabelos negros e ela piscou com os enormes olhos verdes que haviam herdado de mim e perguntou:
- Vovó Lu, você nunca mais viu a moça ruiva?.
- Não Babi, nunca mais, e você é a única pessoa, aliás, a primeira e última mini pessoa a quem contei essa história, sabe porquê?, sei que um dia irá esquecer tudo isso.
Ela riu, mostrando seus pequenos dentes, era uma criança madura, no auge dos seus quatro anos, depois abraçou Fluffy, seu coelhinho de pelúcia, bocejou e disse a seguir:
- Conta de novo como você conheceu o vovô Caio, eu gosto dessa história.
- Era uma tarde de chuva fina, segurava uma sombrinha transparente, enquanto deixava flores no túmulo de Stella, foi quando o vi, parecia tão perdido quanto eu...
Olhei o rostinho rubro pelo frio, e sorri ao ver minha neta adormecida ao meu lado, suspirei e puxei a coberta xadrez da cor rosa com verde que estava ao meu lado e disse baixinho.
- ah, você dormiu sem escutar a parte que mais gosta Babi...
.
...
Revirei os olhos de forma entediada quando vi que minha mãe abrira novamente a porta sem bater e colocou a cabeça para dentro do quarto dizendo.
- Babi, vamos querida?, estamos atrasadas para o baile de carnaval, você sabe que não gostamos de chegar muito tarde, em frente ao Clube Libanês fica intransitável, impossível de estacionar, se apresse ai.
- Já vai mãe, estou só terminando de me arrumar...então, estou bonita?.
- Está linda minha filha, vai ser com certeza a mais linda ciganinha do baile, os meninos ficarão doidos por você.
Revirei novamente os olhos...meninos...argh...era tudo o que não me interessava na vida, mas, não ia arrombar a porta do meu armário e quebrar os doces sonhos de minha mãe, desci as escadas correndo e entrei no carro, sentei direitinho, tentando não amassar a fantasia, estava irritada, pois o lenço vermelho ornamentado com falsas moedas douradas caia o tempo todo e já estava na metade da cabeça quando resolvi tira-lo, do que adiantava?, meu cabelo sempre foi escorrido e nada segurava nele, mesmo prendendo o lenço com grampos, a todo instante eles afrouxavam e foi assim que abri mão do adereço.
Entramos no baile ao som de "Máscara Negra", sentei em uma mesa com meus pais e depois de tomar meu refrigerante disse que daria uma volta no clube para tentar encontrar algum amigo da escola, minha mãe sorriu e com as mãos para cima comentou:
- Cuidado hein Babi...
- Ai mãe, eu só vou dar uma volta.
- Ok Bárbara, não vamos sair daqui enquanto não voltar.
- Eu não sou um bebê.
- Mas, é muito mal criada...
Ela riu e sai, estava a caminho do banheiro quando a vi, o vestido branco parecia que tinha vida própria, e voava aparentemente sem vento algum, me aproximei e ela virou suavemente, tinha um copo de whisky na mão e tirou de dentro da bolsa um cigarro.
- Nossa, você fuma?.
- Porque criança, não gosta?.
- De jeito algum, apaga isso ai, e vou te dar uma bala de hortelã, ninguém merece estar conversando com alguém com um hálito horrível de cigarro e ecaaa... de whisky também.
- Mas, você é muito cara de pau garotinha, taí...gostei disso.
- Sei...eu só falo o que penso, enfim...me chamo Bárbara, ou Babi se preferir.
- Quantos anos você tem Babi?.
- Dezesseis....e você como chama?.
- Stella...
Fim do capítulo
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Donaria
Em: 18/12/2020
ola autora
vi a publicação do seu conto no site do lettera...corri pra olhar...sua sinopse me chamou bastante atenção...e estou aqui começando a me deleitar com suas personagens. historia otima...excelente escrita e imaginação...combinação perfeita....beijos.
Resposta do autor:
Bom dia,
Sim, as meninas do Lettera sempre tão atenciosas dão uma força na divulgação, fico feliz que tenha gostado da minha escrita e das minhas meninas, obrigada por comentar,
bjs
Rosa Maria
Em: 12/12/2020
De fato uma louca que cativa...como disse vai intender o ser humano...
beijos
Rosa
Resposta do autor:
Stella é uma das personagens que escrevi que mais gosto, ela é misteriosa, charmosa e sem o menor constrangimento, como diz uma amiga, é uma alma que vem só para aproveitar os prazeres que tiraram dela com a morte...tenho vontade de fazer o spin off dela do antes...
bjs
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Rosa Maria
Em: 12/12/2020
Esses "personagens da vida real" foi só para me deixar mais curiosa não é mesmo? Já vou querer saber...kkkk
Beijos
Se cuida
Resposta do autor:
Ahhh a maior parte das policiais são inspiradas em pessoas conhecidas...fiquei meses pesquisando no sicride e não sai impune dessa história rsrsrs
beijos
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Rosa Maria
Em: 12/12/2020
Sim ficou bonito mesmo...não assisti ainda mais já vou tentar...kkkk
beijos
Rosa
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brinamiranda Autora da história
Em: 12/12/2020
Rhina, o corretor mudou de Rhina para Regina rsrsrsr são coisas que acontecem...
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Rosa Maria
Em: 11/12/2020
Sá...
Fiquei aqui imaginando como seria se tivesse então um processo de escrita, se não tem é tudo intenso e maravilho imagino então se tivesse...kkkkk
Beijos
Rosa
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Rosa Maria
Em: 11/12/2020
Definitivamente a cabeça dessa mulher é uma verdadeira usina de idéias, se inveja não fosse tão feio iria dizer que invejo você...kkkkkk Mais bom saber que já está pensando na continuação.
Beijos
Rosa
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florakferraro
Em: 30/11/2020
Bem que podia ter uma história só da Stella, ia ser muito bom, pensa com carinho na minha ideia.
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florakferraro
Em: 22/11/2020
Eu fiquei tão empolgada com essa Stella, essa fantasma deve ser uma diliça, devia pensar em um livro só dela.
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brinamiranda Autora da história
Em: 04/11/2020
Fico pensando Gabi, será que o manoel carlos criou alguma Helena vilã?, nem sei rsrsrs quem sabe faço uma Stella vilã um dia aahahahah
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brinamiranda Autora da história
Em: 26/10/2020
E vamos a novas meninas, torcendo que elas conquistem as leitoras do conto 01.
Obrigada pelos comentários e pelos e-mails gente.
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Rosa Maria
Em: 26/10/2020
Surpreendentemente...ja ansiosa pelos próximos
Beijo
Rosa????
Resposta do autor:
Obrigada Rosa, entrei para postar a história quando vi seu recado e resolvi responder antes, espero que goste do segundo conto...
bj pra ti
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brinamiranda Autora da história
Em: 21/10/2020
Fico feliz que esteja gostando dos contos, eu fico super feliz com os comentários, é um termômetro que estamos indo pelo caminho certo, amanhã tem novas meninas e um outro tema, com personagens fantásticos pq é a minha assinatura rsrsrs
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brinamiranda Autora da história
Em: 21/10/2020
Simmmm esqueci de dizer, Miguel e Ana Luiza dão mesmo os filhos de Paty, em um carnaval qualquer, aproveitando a solteirice rsrsrsrs
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Rain
Em: 21/10/2020
Olá!
Então, são contos. Gostei! Devo dizer que história com fantasminhas não é o gênero que gosto dele ler e nem me agradar muito. Porém, suas histórias são D'HORA rsrsrsrsrs e eu resolvir ler, tanto que estou amando.
Essa fantasminha ruiva de branco resolveu voltar para tomar os whisky e quebrar os corações dos jovens... Coitada da Luana até se casou com homem. Rsrs
Miguel, Ana Luiza e Stella.... Hmmm... Sei não, as coincidências.rsrsrs
Até mais! Bye, bye
Resposta do autor:
Oiê Rain,
Bom te ver por aqui, suma não que seus comentários são tops rsrsfs...
Essa é uma série de contos só com seres fantásticos, o próximo acho que também vai gostar, estou desenvolvendo aos poucos, entre uma aula e outra que dou em uma plataforma online, coisas covidisticas, digamos assim rsrssrsr
Pois é, Luana ficou tão arrasada que casou com um cabra, a história seguiu com sua neta...
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