Situações acontecem todo tempo, embora ocorram algumas que podemos datar como uma ocasião especial.

Sim, foi um dia especial para Natila Kindow quando ela ficou sabendo que seria aceita na universidade, a noticia mais aguardada naquele ano de 2016. O ano não foi um dos melhores, mas aquela calorosa virtude iria mudar a sua vida de uma vez por todas. Natila nem sequer imaginava o que estava por vir, as deleitosas surpresas que o universo acadêmico iria proporcionar.

Dias se passaram e chegou o momento esperado, em que Natila não conseguia reprimir o choro de emoção. Por ser negra, pobre e levantar a bandeira de LGBT, ela tinha certeza que o caminho não seria fácil, ainda mais vivendo numa sociedade preconceituosa, onde claramente foram colocados empencilhos para seu progresso precoce.

Uma menina com sua jovialidade cordial, aparentava ter 23 anos, de caráter ensurdecedor, onde sua beleza destacava e a sua sabedoria também.

A infância de Natila foi razoável por nunca ter passado fome com seus irmãos, porém a herança familiar não ajudou muito no âmbito escolar, mas, estou falando da Natila, menina com uma inacabável força de vontade, que mesmo sem conhecer o pai biológico, transcendeu a necessidade de prosperar a família.

A família é de classe popular e, por conta disso, a sua mãe ficou impossibilitada de continuar os estudos, por ser mãe solteira e tendo que sustentar 3 filhos, passando assim a ser a "chefe" da família, onde a figura de um homem é de patamar alto, nessa posição onde a sociedade capitalista e machista impera.

Numa tranquilidade absurda, Nati fazia todos os dias suas caminhadas matinais e depois ia pegar ônibus para ir para faculdade. Muito extrovertida, ela fez várias amizades e dentre elas estava Belle Ximenes.

A Belle não dava sequer um sorriso, parecia que sempre tava de mal humor, TPM ou algo do tipo, não era muito de conversar e isso era horripilante para a Nati que sempre estava de brincadeirinhas.

Certo dia, Belle senta numa cadeira a sua frente e, como algo calculado e muito ensaiado, Nati deixa sua caneta cair e. como um jogo premeditado que já decora o fim, elas se aproximam e amigavelmente trocam olhares e palavras supérfluas.

Quando Natila regressou para casa, ficou relembrando desde o primeiro dia de aula, quando viu a Belle entrando na sala com sua magnífica e esplêndida formosura, o brilho no olhar, a estrutura perfeita de um amanhecer, coisa angelical, o músculo que bate no peito esquerdo de Nati, acelerou, acelerou e sua espinha dorsal foi gelando, sua mão esfriando, seu peito batendo mais forte, e o tremor tomando conta do seu ser, que parecia estar tendo um colapso nervoso, mas não, isso foi efeito da bela Belle, que continuava de TPM... sem nenhum sorriso, sem nehuma palavra.

Foi essa falta de simpatia que fez ela se apaixonar por Belle, para tentar amolecer o coração da princesa cara fechada, era assim que Nati a chamava em seus pensamentos mais profundos e diversos.

Numa manhã de aula, por ironia das purpurinas, as duas vão ao banheiro no mesmo momento e a essa altura elas trocavam palavras aleatórias, ficaram mais próximas e conversavam mais, e por um acaso, Nati descobriu que Belle era noiva.

Escritora :Jessica Cantanhede
Revisão:Kathianne Maria de M.S. Pereira

Fim do capítulo