CAPÍTULO 30 - Férias em Ilhéus

         Era um dia quente de final de novembro, havíamos fechado com notas máximas o final do semestre e descansávamos observando as folhas das árvores que mal se mexiam devido ao calor do verão, o vento chegava até nós timidamente, mas, trazia um delicioso e raro frescor a nossa pele, estava com Miguel na piscina conversando coisas completamente aleatórias e rindo de tudo, na borda minha mãe Mari havia deixado dois sucos de cacau bem geladinhos e tirinhas de torradinhas de queijo com tapioca, um dos nossos lanches favoritos, enquanto isso Cumbuquinha nos circulava balançando o seu minúsculo rabinho de bulldog francês e pedindo carinho em sua enorme cabeça, estávamos nos divertindo muito, até que Miguel parou de rir, me olhou com ar de questionamento e perguntou.

         - Pedro...se você não quiser...bem, não precisa responder, mas, eu queria saber...como você soube que era gay?.

         - Acho que da mesma forma que você soube que era hetero, como você descobriu que era hetero?, quando passou a se interessar por garotas, não foi?, no meu caso, descobri que era gay quando me apaixonei por garotos, simples assim...Hahahahah.

         - Não...é sério cara, preciso entender, é assim, tudo igual?.

         - Não sei dizer, nunca me interessei por meninas, mas, acho que cada um tem a sua própria história, você quer saber a minha, não é?.

         - Si...sim.

         - Sei que algumas pessoas imaginam logo um menininho afeminado, que gostava de brincar de bonecas ao invés de jogar bola com amigos, que sempre buscava algo das mães escondido para usar, essas coisas todas, não é?.

         - É...tenho que confessar que é...

         - Não Miguel, isso é um estereótipo, não estou dizendo que isso não exista, estou dizendo que nem todos são assim, e nem por isso são piores, nem melhores, as pessoas são o que são, cada um com sua história, personalidade e maneira de ser...comigo, não existia nada disso, eu era um menino entre aspas normal, gostava de correr, de jogar bola, de basquete, essas coisas todas, sempre gostei de esportes, e amava os meus carrinhos, mas, creio que nenhum piá colocava nome nos seus carros como eu fazia, Hahahahah, mas, eu adorava todos, minha mãe me deu uma pista e eu era muito organizado nas minhas brincadeiras, enfim, era um menino quase como outro qualquer, mas, no fundo eu entendia que eu tinha algo diferente, talvez uma sensibilidade maior, por exemplo, com quatro anos eu encontrei uma flautinha da minha mãe, e tirei umas notas, sem nunca ter segurado em uma flauta na vida, eu sabia que eu tinha um dom, então, a minha facilidade para instrumentos musicais sempre foi imensa, depois eu descobri a dança, com quatro anos eu tinha ritmo, imagine um menino que nessa idade já dançava e tocava flauta?, foi ai que começou a implicância comigo e por isso me tornei uma criança retraída, como não revidei na primeira vez, me tornei um alvo muito fácil.

         - E quando você descobriu que gostava de meninos?.

         - Eu amava as meninas, mas, como amigas, logo percebi que não era elas quem queria beijar...sabe, eu tinha uns onze anos, um dia no recreio uma delas me imprensou contra a parede e me deu um beijo, claro, daqueles só de encostar, mas, eu não senti nada, me afastei e sai correndo, ela espalhou para os amiguinhos da sala que eu era gay, mas, não me importei, tive ali a certeza do que eu era, isso que importava pra mim, muito embora tenha sido bastante perseguido por isso. Dois anos depois, já com treze anos, eu já tinha entendido tudo sobre ser gay, mas, não tinha sequer beijado um carinha...parecia que nunca ia ter ninguém, e que ia morrer sozinho, era isso que achava, o fato foi que segui com minha vida, tentando esquecer dessa parte, até que o professor de Educação Física percebeu que me saia muito bem no vôlei, e depois de uns testes entrei para a seleção da escola, só tinha sobrado a vaga de líbero e eu era muito bom nisso, como a quadra de vôlei ficava ao lado da de futebol, levei várias boladas observando Bernardo, o capitão do time, ele estava no último ano do ensino médio e era lindo, todas as meninas eram loucas por ele, nos olhávamos de forma discreta, um dia eu estava no vestuário tomando banho quando ele entrou no meu box e ficamos lá nos pegando, eu não acreditei, foi tudo muito rápido, ele...enfim, foi a primeira vez que beijei um garoto e foi a primeira vez que...

         - O quê?.

         - Que descobri o que era sex* oral. - Senti meu rosto queimar ao dizer essas palavras, não tinha contado de Bernardo para ninguém.

         - Mas, ele não podia ter feito isso, você só tinha treze anos, e ele, tinha o que...uns dezessete?.

         - Cara, eu quis, eu não fui obrigado, entende?, foi consensual, e eu me apaixonei por ele, namoramos até o final do ano, quando ele passou para uma faculdade no nordeste e perdemos o contato.

         - Entendo, e só teve ele?.

         - Não, logo depois conheci o Pedro Miguel, um português de Lisboa que entrou no ano seguinte na escola, me apaixonei de cara...pelo seu sorriso e alegria, Pedrito era um surfista de pele dourada de sol, veio como um raio de luz em minha vida, ele era lindo, tão divertido e feliz que me contagiava, também amava aquele sotaque, só que pouco tempo depois dele ter chegado, já tinha ficado com quase todas as meninas da sala, até que uma delas virou a sua namorada oficial, ai tive que desistir do meu sonho, pensei que não tinha chance alguma, até que fomos passar um fim de semana na casa de praia de uma colega de turma. No primeiro dia fui deitar mais cedo, na verdade, estava incomodado com ele se agarrando o tempo todo com a namorada, e acabei adormecendo, quando acordei ele estava no quarto, passando a mão no meu peito, sorriu e me contou que todos tinham ido a um forró em uma cidade vizinha e que tinha inventado uma desculpa qualquer para ficar. Nem preciso dizer que ele me beijou e sem constrangimento algum se ofereceu para mim, eu era virgem, mas, foi instintivo, ali foi a primeira vez que fiz amor com alguém, apesar de tão nervoso, foi delicioso, só que ele não era assumido, e disse que precisava seguir mantendo as aparências porque era de uma família muito tradicional, quer dizer, continuou com a menina e tivemos que namorar escondido, ou aceitava assim, ou não podia tê-lo, enfim, ficamos nessa, até que no meio do terceiro ano ele engravidou a namorada, e acabou casando com ela, bom, logo depois soube que ele voltou para Portugal, ainda deixou uma carta pedindo desculpas por ser covarde demais para ficar com quem realmente amava, e que eu me esforçasse para perdoar o que ele fez e esquece-lo.

         - E o que você fez?.

         - Sofri, mas, fiz exatamente o que ele me pediu, me esforcei para perdoá-lo e esquece-lo, até que entrei na faculdade e te conheci, me desculpa dizer isso, mas, me apaixonei por você de cara, ainda tentei ficar com um menino do Direito, só para esquecer você, mas, não deu certo...olha...não quero que se preocupe com isso, ainda vou conseguir transformar tudo o que sinto em apenas amizade, só preciso de um tempo, não fuja, tá?, nunca vou te desrespeitar....

         Miguel me olhou de um jeito terno, acariciou minha mão e disse.

         - Eu não sei bem o que sinto por você, eu tenho vontade de te beijar, de ficar com você, ao mesmo tempo em que sinto atração por meninas também, mas, quando estou contigo, penso apenas em você, estou confuso, não sei o que eu sou cara...

         - Você já pensou na possibilidade de ser bi?, de gostar dos dois?.

         - Assim como Malu?.

         - Sim, pode ser, ou pode ser que seja hetero e tenha feito uma exceção para mim, pode estar gostando do que sou, independentemente d'eu estar em um corpo masculino, enfim, você pode ter se encantado com a minha alma, já ouviu falar em reencarnação?.

         - Já, mas, não tenho uma opinião formada a respeito disso, ninguém nunca voltou de lá para contar, então, pode ser verdade, ou pode ser uma grande viagem, a gente não tem como saber de fato, não é mesmo?.

         - Para mim a reencarnação é algo claro como a água.

         - Pedro, preciso te dizer...eu ainda não estou preparado para te beijar, você pode ter paciência comigo?, na verdade, eu nem sei se vou estar preparado um dia, estou sendo sincero, não quero ser escroto contigo.

         - Claro Miguel, será se você quiser e o que quiser, sem pressão, por enquanto, somos amigos, os melhores e para sempre.

         - Os melhores e para sempre...

        Depois desse dia, vieram muitos outros de muita amizade e diversão, estávamos aproveitando as férias com gosto, ainda passamos uma semana na casa de suas mães em Curitiba, depois voltamos para aproveitar as festas do final do ano, Malu veio conosco, disposta a passar mais uns dias após as festas, minha mãe Stella foi nos buscar no aeroporto, ela estava linda e descontraída como sempre, vestia uma calça jeans justa e bata indiana por cima, apresentamos Malu que sorriu e mordeu a boca imediatamente dizendo.

- Nossa, que delícia, se na sua idade tiver metade dessa beleza toda eu já levanto as mãos para os céus, acho que você entrou umas três vezes pelo menos na fila de ser gostosa e outras quatro na fila de ser linda.

- Tome jeito, devo ter idade da sua avó.

- ‘magina se minha avó é gostosa e linda assim?...e que corpo, hein?, delícia demais, com todo respeito...se você e Mariana topassem formar um trisal comigo, eu aceitava na mesma hora. Hahahahah, é brincadeira, mas, com um total fundo de verdade.

- Ai Malu, para de babar assim na minha mãe. Oi??, eu estou aqui, viu?.

- Desculpe cunha...mas, sua mãe Stella é gostosa demais, olha pra isso tudo.

- Já falei que...

- "Miguel e eu somos apenas amigos". Pedro me poupe, quem não sente o cheiro de tesão recolhido no ar?, por favor, se peguem logo e tirem esse queijo da cabeça, sabe que guardar tesão faz mal, né?, mas, se querem continuar no sex* solitário, o problema não é meu, é somente de vocês dois.

- Malu, olha a minha mãe ai...que coisa.

- Stella parece não se importar, na verdade, ela está doida para rir, mas, está se fazendo de difícil...pode rir Stella, não deixe para amanhã o riso que pode ser solto agora mesmo, isso não vai macular sua imagem de mãezinha querida. Hahahahah...

        Nesse instante olhei para minha mãe e pasme, ela explodiu de tanto rir, e posso afirmar, nossos dias com Malu foram bem mais divertidos do que supunhamos, no final, ela já fazia parte da família, e logo que pegou intimidade desistiu de cantar minhas mães, principalmente porque as duas logo descobriram que ela ficava bem tímida quando a tratavam como uma filha, era divertido ver Malu constrangida, assim, os dias passaram, e logo chegou a festa de ano novo.

        Os fogos de artifício iluminavam e coloriam o céu do nosso lar, apesar da beleza das luzes, minha mãe Stella optou em comprar os que não faziam barulhos, então foi embaixo de muitas luzes que reverenciamos o novo ano que estava chegando, a festa na fazenda estava impecável, estava tudo lindo e bem decorado em tons prateados com rosa chá e depois da contagem regressiva, ao longe vi que minhas mães se beijavam, elas se amavam tanto e eram tão apaixonadas que rezei pedindo um amor como o delas, sorri também ao perceber que Malu tinha sumido junto com Renée, a sobrinha de nossa vizinha e  por fim, sorri ao ver que as pessoas dançavam marchinhas de carnaval que não me pergunte porque tocavam todos os anos no ano novo em minha casa, enquanto isso, eu e Miguel nos abraçávamos desejando tudo de bom para o nosso ano.

        Logo depois dos fogos, Malu retornou toda amassada, os cabelos loiros que antes estavam presos em um coque elegante, agora, estavam completamente desalinhados, ela parecia uma pirata maluca, pois estava faltando uma das argolas, Renée também estava do mesmo jeito desarrumada e feliz, de longe minha cunha sorriu, para logo mais se encaminhar para o ático onde estava hospedada, levando consigo uma garrafa de champagne e uma vasilha com salgadinhos e doces, enquanto isso, Renée levava duas taças, de certo, a noite ia ser longa para as duas.

        Depois de cumprimentar a todos e ligar para Curitiba, fomos até a pequena cachoeira que corria dentro da fazenda, tiramos nossas roupas e já de sunga mergulhamos na água geladinha e gostosa, estávamos felizes...quando emergi olhei a minha volta e não vi Miguel retornando do mergulho, depois de algum susto senti suas mãos em minha cintura, eu girei o corpo devagar e ele colou seus lábios aos meus e foi sem dúvida o beijo mais gostoso da minha vida.

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- Pedro, você quer ser meu namorado?.

- Claro Miguel, eu te amo, é o que mais quero na vida...

- Eu sei...venha, vamos sentar um pouco.

        Sentei e senti meu corpo todo tremer quando ele levou minha mão até o seu p*nis e pediu.

- Faz, eu estou preparado, estou morrendo de tesão meu gato.

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      Eu o deitei na pedra, tirei sua sunga e beijei cada pedacinho do meu ruivo lindo, só parando quando cheguei até o seu sex* que pulsava forte pedindo para ser cuidado, ele gemia alto e dizia palavras que não entendia, pois eram todas em italiano, eu me sentia em êxtase só em proporcionar prazer a Miguel, depois, ele gozou sorrindo, me abraçou e disse que me amava e queria um dia retribuir o mesmo prazer que tinha feito ele sentir, mas, para ele era tudo muito novo e complicado, eu disse que entendia, e quase choro quando ele falou que se esforçaria para ser o namorado mais perfeito do mundo, falei que ele podia acreditar... eu já estava no céu. Sorri  ainda mais feliz, quando ele me olhou logo após com um olhar mais safado e desejoso e entendi que ainda não estava saciado.

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- Amor, você quer ser meu?, aqui, agora...quer selar nosso namoro em definitivo, me deixando te amar intesamente?, quero ser seu namorado de fato, eu posso?...

- Quero muito Miguel, já sou seu, todo seu.

     E ele foi tão carinhoso e cuidadoso que me senti o homem mais feliz desse mundo, quando senti que ele estava em mim, saciado e feliz.

Fim do capítulo