Marcelo olhou o namorado caído no chão sendo atendido pela loira, porem não deixou de verificar minha perna.

- O homem frouxo meu Deus... Ajuda ele Yasmim.  - observo Mano desmaiado sendo atendido por Yasmim, que apesar de relutar, atendeu ao meu pedido. 

- Como você esta se sentindo Isa?  - pergunta Marcelo examinando a perna da morena, que se encontrava em uma situação que não era das melhores.

- Com muita dor... Um pouco de sono, e frio, muito frio na verdade.  - falo devagar olhando para minha perna.

Mesmo diante de toda situação, eu não tinha visto o estado que se encontrava a minha perna, já que Yasmim tinha coberto a lesão logo após o acidente. E só tenho uma coisa para falar a vocês, minha perna estava horrivel!

- Tudo bem. A gente vai para um hospital. E tem que ser com urgência, ou infelizmente você poderá perder sua perna.  - diz Marcelo de forma calma para a morena, que já tinha ciência da sua situação.

- Tudo bem. Mas como saímos daqui?  - pergunto tentando manter a calma, apesar de já saber que haveria essa possibilidade. Não era o que eu desejaria, mas infelizmente  nós não escrevemos nosso destino... 

Marcelo ia me responder, porem uma voz aflita surgiu ao fundo, e logo depois percebi que se tratava de Marília. Não vou mentir, senti um certo alivio por ser ela, pois sabia que a mulher era uma ótima profissional e provavelmente iria me tirar dali.

- Isa! Meu Deus! O que houve?  - pergunto aflita vendo a situação da morena. Que tinha um semblante de dor e cansaço, e uma perna imobilizada.

- Tenho certeza que ela poderá explicar isso depois Marilia. Mas agora precisamos leva-la para um hospital, o mais rápido possível.  - diz Marcelo de forma firme.

- Desculpa... Tudo bem, vou preparar o carro e já saímos.  - fala Marilia já se distanciando mas sem deixar de olhar com pesar para a morena. 

Logo após a saída da mulher, vejo Mano acorda ao poucos, e pareceu se lembrar da situação, por isso levantou rápido, derrubando Yasmim. Que logo se levantou vermelha de raiva.

- Manoel, cuidado. Você derrubou minha mulher. Não precisamos de mais um acidentado aqui hoje, já basta eu.  - observo o moreno que já segurava minha mão com um olhar apreensivo.

- Desculpa, eu fique assustado e lembrei de você. Mas vai ficar tudo bem né?  - pergunta o Manoel sem deixar a mão da amiga, e já com os olhos banhado em lagrimas.

- Vai sim viado. Não vou morrer, mas sei que posso perder a perna...  - olho triste para o meu amigo que acariciou com cuidado meu rosto.

Sentindo o carinho de Mano, um alivio passou por meu corpo acalmando também meu coração, me fazendo não me sentir tão só como achei que estava. Eu sabia que ele estava tão preocupado quanto eu, mas não podia demonstrar fraqueza. Para mim, o mais importante foi me encontrarem ainda viva, tanto eu, quanto a loira, que se mantinha calada ao meu lado.

Ainda com Mano grudado em minha mão, uma Marilia apresada chegou ate nós.

- Vamos, já estão esperando lá fora. E já liguei para o hospital, e estão cientes da sua chegada, estarão te aguardando.  - diz Marília olhando com carinho para a morena.

- Obrigada Marilia... Fico te devendo essa.  - sorrio fraco para a mulher que tentou se aproximar, porem Yasmim passou em sua frente empurrando a maca me levando pra fora.

Marilia não se aproximou, e nem reclamou da atitude da loira, mas notei o olhar de preocupação da mulher que se despediu com um leve aceno, que foi prontamente correspondido por mim.

- Que falta de educação Yasmim. Ela só esta preocupada.  - observo a loira me levar. Ela estava em silêncio, porem resolveu falar.

- Eu sei. Mas não precisa se aproximar, e não podemos perder muito tempo.  - digo olhando sério para a morena que assentiu com um leve acenar com a cabeça.

Segui levando Isa, e sendo acompanhada por Marcelo e Manoel, que me ajudaram a colocar a morena no veículo. E ao entrarmos, nos certificamos da segurança para manter a Isa o mais confortável possível. E então, seguimos a viagem. 

O percurso foi totalmente em silêncio, só ouvíamos os gemidos de dor da morena ao passarmos pelos buracos, o que fazia o carro balançar bastante. Por um momento, ao passarmos por uma lombada maior, Isa gem*u alto e acabou desmaiando. Eu e Marcelo verificamos seus sinais vitais e estava fraco porem ainda viva, mas nossa preocupação aumentou ao sentirmos que a mulher estava queimando de febre. 

Mas para o nosso alivio chegamos ao hospital, onde já nos aguardavam. E logo levaram Isa para dentro, direto para sala de cirurgia, pois Marcelo tinha passado a situação da morena para o médico de plantão.

Então só nos restou aguardar... 

Eu fiquei com os meninos na sala de espera, porem também tive que passar por alguns exames, para me certificar que não houve algum dano na parte interna do meu corpo. Fique por volta de uma hora passando pelo check up, e quando voltei, Isa ainda não tinha saído da cirurgia.

- Correu tudo bem Yasmim?  - pergunta Marcelo preocupado com sua amiga.

- Sim. Não houve nada grave, só danos superficiais. Ainda não deram noticias da Isa?  - pergunto me sentando ao lado de Manoel, que olhava apreensivo para a porta logo a frente.

- Não. Só médicos entrando e saindo e nada de noticias.  - observo Yasmim, olhar para meu namorado que ate então não se pronunciou.

- Você esta bem Mano?  - pergunto ao moreno, que pareceu acordar. Porem ao olhar em minha direção, pude ver seus olhos vermelhos de tanto chorar.

- Está. Mas to preocupado com a Isa. E se der alguma coisa errado? Eu não posso viver sem ela gente! É a minha irmã!  - diz Mano se entregando novamente as lagrimas que escorria sem controle por seu rosto. 

- Calma amor, vai dar tudo certo. Daqui a pouco ela sai da cirurgia e vai te dar uma bronca por ter desmaiado daquela forma na frente dela.   - vejo meu namorado esboçar um leve sorriso, que não durou muito, já que as lagrimas voltaram a descer novamente por seu rosto.

- Ela vai mesmo... Mas vou ser forte, vai dar tudo certo.  - diz Mano enxugando as lagrimas respirando com força.

Ver Manoel daquela forma me doeu... Eu não me perdoaria se algo acontecesse com a morena, já que por uma atitude infantil minha, acabou naquela situação trágica, em que a Isa foi a mais prejudicada.

- Yasmim, o que aconteceu? Como foram parar naquela mata?  - pergunta Manoel, voltando sua atenção para a loira, pois não conseguia entender o motivo das mulheres pararem dentro daquela mata, ainda mais aquele horário.

- Estávamos descendo quando Marília chamou Isa. Ela disse que precisava falar urgente com a morena. Elas foram para o escritório. Fiquei esperando, mas para uma única conversa elas estavam demorando muito. Então fui chamar a Isa... E quando entrei no local, a girava estava agarrando ela.  - uma raiva sobe por meu corpo ao me lembrar da cena. Eu sei que seria errado, ainda mais na situação atual, porem não conseguia controlar. 

- E como a porta fez barulho, acabou assustando as duas. E foi então, que Isa se deu conta da minha presença, e veio para perto de mim se explicando, mas Marilia à puxou de volta. E foi então que eu corri... Estava com muita raiva, Isa veio logo atrás tentando falar comigo, mas quanto mais ela se aproximava, mais rápido eu corria. E quando ela conseguiu me alcançar, já estávamos dentro da mata...  - fecho os olhos, sentindo a raiva dar lugar a culpa.

- E como Isa fraturou a perna?  - pergunta Marcelo, olhando para a amiga que permanecia de olhos fechado. Como ele à conhecia, já sabia que a mulher estava se sentindo culpada pelo que ocorreu.

- No outro dia, quando estávamos nos organizando para tentar achar uma saída, nos deparamos com uma onça... 

- Meu deus! Ela mordeu a Isa?   - pergunta um Manoel assustado. Não podia imaginar a amiga passando por um perigo desses.

- Não. Mas o animal correu atrás de nós. E foi nessa corrida que nos atrapalhamos e acabamos caindo de um pequeno penhasco... Foi ai que Isa fraturou a perna.  - agora de olhos abertos, vejo o semblante assustado de Manoel, que parecia não acreditar no ocorrido.

Depois do meu relato, os meninos não me perguntaram mais nada. Marcelo me olhava com pesar. Ele me conhecia, sabia que eu estava me sentindo culpada. Já Manoel, estava mais preocupado com sua amiga, do que me julgar pela atitude idiota. Eu o admirava por isso, mas com certeza ele conversaria comigo depois.

Tentei fechar os olhos novamente, tentando em vão dormir um pouco, porem fui tirada dos meu devaneios ao ouvir uma voz se fazer presente na sala silenciosa.

- Parentes de Isabela Freitas?!  - diz o médico que entrou rápido na sala assustando o casal que se mantinha abraçado no sofá. 

- Sou eu doutor! Como ela esta?  - pergunta um Manoel desesperando que levantou rápido da cadeira assustando Marcelo.

- Bom...

Fim do capítulo