Eu não sonhava, mas sentia que precisava acordar, porém meu corpo não correspondia. Ouvi uma voz conhecida me chamar, e a água queimar em minha garganta. E com isso fui recobrando a consciência.

- Yasmim... Acorda, sou eu, Fernando!   - o guia estava a procura das hospedes, e jurou para se mesmo, que só pararia quando as encontrasse.

- Graças a Deus... Isa precisa de ajuda Fernando. Socorre ela por favor...  - falo ainda fraca sentindo o Guia me pegar no colo, me colocando eu seu jipe. E lá dentro, me deparei com outras pessoas que me acolheram da melhor forma.

Entrando no carro, Fernando seguiu a trilha onde viu a loira vir correndo. Ele tinha à visto de longe, presenciando também o seu desmaio, suspirou aliviado ao encontrar a loira, mas ainda preocupado por faltar a morena que mais o cativou.

- Onde Isa ficou Yasmim?  - pergunta Fernando, dirigindo devagar por conta da forte chuva.

- Ela esta na trilha, pode seguir devagar que vai encontra-la. E como esta chovendo provavelmente procurou algum abrigo.  - o guia me observava atentamente pelo retrovisor.

- E porque à deixou só? A mata é perigosa.  - adverte Fernando, olhando atentamente o caminho.

- Nos fomos atacadas por uma onça, e na fuga caímos no que parecia ser um penhasco, porem não muito alto. Eu não tive ferimentos graves, mas Isa fraturou a perna. Por isso precisamos encontrá-la rápido.   - falei rápido tentando não demostrar meu nervosismo e preocupação pela morena que ainda estava na mata, no meio daquele temporal que a cada momento piorava.

- Meu Deus! Tudo bem, descansa um pouco, nos vamos encontrar ela.  - diz Fernando confortando a loira, que assentiu ainda nervosa.

O Guia continuou o percurso devagar, a chuva não dava trégua. Um ponto da trilha estava inundando, e não daria para o homem passar com o veiculo.

- Tomem conta dela. Vou buscar Isa, não vai dar para continuarmos de carro. Prometo voltar logo.  - o Guia fala abrindo a porta do carro, mas para ao ouvir a voz da loira.

- Trás ela para mim Fernando, por favar... - não consegui conter minhas lagrimas ao falar e acabei desabando, principalmente pelos acontecimentos e a preocupação com Isa, que só crescia.

- Não se preocupe, daqui a polco volto.   - Fernando sai do carro com sua capa, e uma reserva para a morena.

~*~

A chuva continuava forte, e minha preocupação só aumentava, com Yasmim que ainda não tinha voltado. Meu corpo estava muito quente, por alguns momentos acabei perdendo a consciência e acordando depois com o soar dos trovoes que me faziam recordar onde eu me encontrava. Um tremor forte passou por meu corpo ao ver uma cobra se aproximar do mesmo local que eu estava.

- Só pode ser brincadeira gente...  - olho para o céu pronunciando baixo.

Fiquei parada sem me mover. Se eu não a irritasse ela não me atacaria, e aparentemente ela estava se protegendo da chuva, pois a bendita, se acomodou encima da minha perna! E não foi a perna boa não, foi a quebrada mesmo!
Eu não tinha nem mais forças para ter medo, só pedia a Deus para que ela ficasse quieta.

- Meu Deus, o que eu fiz...  - observo a cobra que se mantinha quieta em minha perna da forma mais natural possível ( pelo mesmo para ela). Será que confundiu minha perna com o galho de uma arvore? Já que eu estava com a perna imobilizada com os galhos?...

Minha atenção é tirada do bicho, ao ouvir passos se aproximando, o que fez meu coração bater mais forte.

- Ai meu pai... So falta ser um índio...  - pronuncio baixo ainda tentando enxergar quem se aproximava.

Fiquei olhando na direção ate uma pessoa de capa surgir tentando olhar ao redor. Não tinha flecha, por isso respirei aliviada. Porem a chuva estava muito forte, e eu não poderia fazer movimentos bruscos, o até então estranho, pareceu dar se conta da minha presença, pois veio correndo em minha direção, o que me deu alegria e medo ao mesmo tempo. Pois provavelmente não viu que tinha uma inquilina em minha perna. Já próximo pude ver que se tratava de Fernando. E quando ele fez a menção de se aproximar, apontei para a cobra que descansava tranquilamente em minha humilde perna.

- Isa, graças a Deus te encontrei. Mas vejo que esta com problema sério ai em?  - fala Fernando observando a situação, e pensando na melhor forma de retirar a serpente da perna da morena.

- Nem me fale, o dia foi um pouco pesado pra mim. E ganhei uma companhia aqui. Pelo menos deixou minha perna quentinha.   - pronuncio baixo com medo e também fraca.

- Verdade, mas vamos resolver isso. Pelo que vejo a cobra não é venenosa, porem a sua picada dói bastante.  - Fernando observa a morena aparentemente fraca. E analisando sua perna, via que a situação não era das melhores.

- Menos mal... Então pode tirar da melhor forma que possível, mas sem machucar nossa amiguinha aqui. E dor, eu já senti tanta que não ira fazer muita diferença.  - olho para o Guia que concordou e saiu voltando depois com um galho.

- Só fica calma ta bem? Vou tentar passa-la para esse ganho. - a morena concorda.

Fernando aproxima o galho da cobra que se assusta um pouco, porem não ataca, e aos pouco reconhece o galho e devagar começa a subir no mesmo, deixando tanto a morena como seu Guia aliviados.

Fernando leva a cobra para uma arvore a depositando com cuidado, voltando em seguida para ajudar a morena que tentava manter seus olhos abertos.

- Isa não dorme. Vamos sair daqui.  - Fernando tenta pegar a morena que gem* de dor, mas consegui se levantar apoiada ao homem. Como ela era muito alta, Fernando não conseguiria à levar no colo sem machuca-la ainda mais.

- Tudo bem... To-to acordada. Vamos la. - teria que ser forte, mas meu corpo não respondia, me sentia fraca. E com a ajuda de Fernando, evitamos ao máximo por meu pé no chão, então seguimos em passos lentos.

Eu não conseguia falar, pois tentava me concentrar ao máximo para não desmaiar pela dor. Eu estava tão desorientada, que na metade do caminho, ainda com a ajudado do Guia, me lembrei de Yasmim.

- Yasmim... Ela foi buscar ajuda.   - apesar da minha pergunta e a tentativa de parar, Fernando prosseguiu me respondendo logo seguida.

- Não se preocupa com ela. Nós à encontramos na trilha desmaiada, aparentemente bem, ela me informou onde você estava.  - diz Fernando, tentando não olhar para a perna da morena, que já apresentava manchas roxas.

- Que bom...   - decidi me calar para poupar forças.

Continuamos a caminhadas, e depois de alguns minutos vi o jipe parado logo à frente, porem, o caminho estava inundando e eu torcia para não ser um buraco muito fundo.

- Será que é muito fundo Fernando?  - paramos para que eu pudesse descansar um pouco.

- Pelo menos por onde passei não. O problema é que a água esta jorrando forte, e isso vai doer um pouco.  - informa Fernando olhando com pesar para minha perna demonstrando preocupação.

- Tudo bem, eu aguento. Pra quem fugiu de uma onça, ta com a perna quebrada, onde uma cobra cochilou, o que é uma poça d'água né?  - tento manter o humor, apesar da dor forte se intensificar pelo frio.

Fernando ri do meu comentário, e logo passa seu braço em volta da minha cintura, dando apoio. Então começamos a atravessar. Por ser uma descida, à agua da chuva vinha com força, e o que era para ser fácil para uma perna saudável, para mim foi uma tortura. A água bateu com força contra minha perna, me fazendo gem*r de dor. E ao ver meu desespero, Fernando tentou ir mais rápido, para me tirar daquela tortura.
E ao atravessarmos, minhas lagrimas já se misturavam com as gotas de chuva, porem agora um pouco aliviada apesar da dor. Seguimos para o jipe, onde encontrei uma Yasmim eufórica e preocupada.

- Isa! Graças a Deus...  - uma onda de alívio tomou conta do meu corpo, ao ver a morena. E não contendo a minha emoção, acabei á abraçando.

- Oi Yasmim, que bom que esta feliz ao me ver...  - sinto os braços da loira ao meu redor me dando conforto.

- Claro né Isa. Mas não fala, descansa um pouco.  - ainda com a morena em meus braços, sinto leves tremores do seu corpo.
Já imaginando do que se tratava, olho pelo retrovisor pedindo urgência a Fernando que ao entender, assentiu.

- Ta bom...  - fecho os olhos tentando descansar, mas era em vão, pois a cada momento minha perna doía forte. Tanto que em alguns momentos, acabei apertando a loira que não reclamou, na verdade, me apertou ainda mais contra seu corpo.
Depois de um tempo, sinto uma caricia em meu rosto, sabia que era Yasmim, pois não estava dormindo, apenas descansava.

- Isa... Chegamos.  - ao chegarmos na pousada, tinha um pequeno grupo de pessoas que provavelmente se juntaram à nossa procura.

- Esta bem, só me ajuda a descer...  - a loira sai do carro me ajudando a descer, porem não fique muito tempo de pé, pois logo vieram com uma espécie de maca, que eu nem sei da onde saiu. Com a ajuda dos amigos de Fernando, conseguiram me levar para dentro da pousada, onde encontrei um Manoel desesperado.

- Meu Deus Isa!! Você tem noção do quanto estava preocupado? Não faz mais isso pelo amor de Deus!! O que foi isso na sua per...  - o moreno não completa, pois ao ver Marcelo retirar as paletas que prendiam minha perna, e osso ficar exposto novamente, ele desmaiou.

Vocês acreditam? Eu queria rir mas a dor não deixou. 

Fim do capítulo