Oi oi, amores!!!!
Mais um capítulo postado! agradeço os comentários e pacieência para com essa autora que, entre um plantão e outro, conseguiu atualizar a história.
O que vocês estão achando da história??
Estamos caminhando para o "desenrolo" final..
Beijos e mai uma vez muito obrigada por cada comentário e incentivo.
Capitulo 9
Após um demorado banho, se vestiu e foi tomar café na padaria como sempre fizera. Seu primeiro paciente estava marcado para às 9h. Seus pensamentos eram vagos, e seu estado de ânimo triste. Mexia seu café expresso quando uma notícia na TV chamou sua atenção. A matéria do jornal matinal local falava sobre a companhia de dança mais conceituada do Rio. Na notícia, a repórter informava que o grupo de ponta foi convidado para uma competição fora do Brasil. Júlia era uma das bailarinas que compunha o grupo de ponta daquela companhia de dança. Sabia que a dança era para Júlia o que a odontologia era para ela. Sabia, também, que deveria ficar feliz por Júlia, mas sentiu-se decepcionada por saber da notícia através da tv. Eram amigas e confidenciavam tudo uma a outra. Ainda estava triste por Júlia tê-la ignorado e agora parecia que não era mais a pessoa que a amiga contava as novidades em primeira mão. Não conseguiu mais tomar seu café, perdeu totalmente a fome. Olhou a hora e foi para o consultório.
- Bom dia dona Lourdes. Como estão os horários da manhã? – Perguntou enquanto colocava sua bolsa no balcão da recepção.
- Bom dia Marina. A manhã está toda preenchida das 9h às 13h. Pela tarde seu primeiro paciente é às 15h e o segundo e último às 16h.
- Obrigada Lourdes. Hoje eu não estou para ninguém. Se alguém ligar me procurando que não seja assunto profissional pode só anotar o recado e dizer que estou ocupada.
- Mesmo se for sua mãe?
- Mesmo se for ela. Vou me concentrar no trabalho apenas. Não estou com bom ânimo hoje.
Pegou sua bolsa e foi para o consultório. Olhou no celular e havia uma mensagem de Estela.
“Bom dia! Estou indo à galeria para verificar as imagens de segurança. Tenho reunião da escola da Elisa a tarde. A noite te ligo, ok? Beijos, saudades”
A mensagem de Estela foi a única coisa capaz, naquela manhã, de arrancar um sorriso de Marina. Respondeu a mensagem:
“Bom dia! Hoje estou bem atarefada. Quando chegar em casa te mando mensagem. Boa sorte. Bjs.. sdds tb”
Abriu a janela da conversa com Júlia. Viu que ela estava online. A vontade era de mandar uma mensagem parabenizando pela competição, mas se sentia deixada de lado e não iria ficar correndo atrás. Guardou o celular com raiva. Lourdes informou que o primeiro paciente havia chegado. Dissipou os pensamentos e focou no trabalho.
***
Estela chegou à galeria e foi conversar com o responsável pela segurança. Seu Afonso era o senhor que respondia por este setor. Trabalhava na galeria há muitos anos e, mesmo quando Estela trocou a empresa responsável pelo circuito de segurança, solicitou que mantivesse o senhor, justificando a confiança e o comportamento exemplar.
Explicou a ele todos os fatos ocorridos sem omitir. Sabia que poderia confiar nele. Solicitou exatamente o que queria e nem precisou pedir sigilo. Afonso era um homem honesto e devia muito à Estela por todas as oportunidades que ela já ofereceu a ele. Entrou na galeria como faxineiro e subiu de cargo após alguns cursos oferecidos por Estela.
- Pode deixar Dona Estela. Serei muito discreto e eu mesmo farei o que está pedindo. Só que eu acho que vou precisar de alguns dias, porque vou ter de ver muitas horas de gravação em várias câmeras.
- Não tem problema. Mas lembre-se que ninguém pode saber ou desconfiar de nada. A hora que você encontrar alguma coisa pode me ligar.
Após conversar com Afonso, Estela foi checar toda a galeria. Procurou por seu estagiário e juntos começaram a fazer um levantamento das obras por catálogo. Queria passar um pente fino para possíveis fraudes.
***
Marina passou a manhã e a tarde trabalhando. Não almoçou, utilizou o intervalo do almoço para comprar materiais para o consultório. Após atender seu último paciente, liberou Lourdes e foi para casa.
Deitou no sofá e, olhando para o teto, pensava em como Júlia estava sendo injusta com ela. Deixou algumas lágrimas escorrerem de seus olhos. Não sabia ao certo o que estava sentindo. Tinha Estela e parecia que tudo estava sendo resolvido entre elas. Estava feliz por isso, mas o fato de sua amizade com a melhor amiga ter ficado abalada a fazia sentir um misto de culpa, mágoa e raiva.
Escutou a campainha tocar, mas não se moveu do sofá. Ainda estava chorando e não queria ver ninguém naquele momento. Tocou mais uma vez, e outra e mais outra. Quem quer que fosse era insistente e sabia que ela estava. Secou os olhos com as mãos e abriu a porta.
- Nossa, achei que teria que pedir para o porteiro arrombar a porta – Júlia falava sorridente e num tom irônico quando viu o rosto e olhos da amiga vermelhos e inchados. O sorriso morreu na hora e a ironia deu lugar a preocupação – O que aconteceu Má? Tá se sentindo mal?
Júlia foi entrando e fechando a porta. Marina tentava conter as lágrimas que aumentaram quando viu Júlia. Sentou-se no sofá e, escondendo o rosto com as mãos, iniciou um choro compulsivo.
- Má, que foi? – sentou-se do seu lado e a abraçou.
Ficaram assim por alguns minutos. Marina chorava de soluçar enquanto Júlia a abraçava. Fazia carinho com as mãos em seu cabelo tentando acalmar a amiga. Quando Marina se acalmou, saiu do abraço de Júlia. Permaneceu de cabeça baixa.
- Agora me conta o que aconteceu.
- Você saiu daqui ontem e não me deu nenhum retorno que tinha chegado em casa bem, ao contrário disso você posta uma foto linda com uma menina que eu não conheço. Manda uma mensagem dizendo que depois falava comigo. – fez uma pausa para respirar e limpar mais algumas lágrimas que tornavam a escorrer pelos olhos – Hoje pela manhã eu fico sabendo pela televisão, Júlia, pela televisão! Que você vai para uma competição de dança para fora do Brasil. Você não teve a consideração de me contar.
E sem mais segurar, voltou a chorar. Dessa vez o choro era de mágoa.
- Olha pra mim – Júlia pediu carinhosamente, segurando nas mãos de Marina que a olhou – Eu sai daqui ontem magoada comigo, por ter me permitido ir tão longe com você sabendo que isso iria me machucar. Eu amo você Marina. Muito mais do que eu gostaria. Eu sempre quis que você me notasse de alguma forma. Eu sempre quis mais que uma trans* com você, eu queria namorar contigo. Você é o amor da minha vida desde que nos conhecemos. Sempre imaginei um futuro com você. Mas você sempre me ofereceu apenas a sua amizade, e eu aceitei e me agarrei a ela com respeito. Só que, depois do que aconteceu com a gente, eu percebi que mesmo eu querendo isso tudo com você, mesmo a gente se encaixando perfeitamente na cama, ainda assim eu não posso te ter como gostaria. Porque você não me ama da mesma forma que eu te amo.
Júlia, que até então segurava o choro, permitiu que ele viesse de forma calma, deixando seu rosto molhado, mas mantendo a calma na voz, continuou:
- Eu precisava assimilar tudo o que havia acontecido. Sai ontem com a Nicole, ela é uma das minhas professoras do balé. Foi ontem que fiquei sabendo da competição, saímos para comemorar. Outras meninas chegaram depois. Não estava em um encontro. Naquele momento eu me permiti esquecer um pouco o que me entristecia para comemorar. Fui hoje resolver algumas coisas da viagem, precisei tirar passaporte e assim que terminei tudo, vim para cá. Vim porque queria te contar. Passei primeiro aqui antes de procurar você na clínica, e o porteiro disse que você já havia chegado. Apesar do que aconteceu, ainda quero e preciso da sua amizade. Eu te amo muito e vou saber administrar esse sentimento dentro de mim.
Marina a abraçou e, juntas, choraram. Cada uma com suas razões e sentimentos.
- Me desculpa Jú. Nunca quis magoar você e muito menos desestruturar a nossa amizade.
- Marina presta atenção. Nossa amizade não está desestruturada. Vamos esquecer o que aconteceu.
- Esse é o problema – Marina baixou a cabeça
- O que? – Júlia perguntou confusa
- Esquecer o que aconteceu. Eu gostei e fiquei com ciúmes de você. E você aqui agora ainda me desperta sensações que vai além de desejo, sensações que desconheço – confessou enfim.
Júlia se levantou. Começou a andar de um lado para o outro.
- Você está de brincadeira!
Marina levantou-se também. Aproximou-se de Júlia. Abraçou-a e pediu em seu ouvido:
- Deixa eu te amar
Beijaram-se e Júlia se entregou mais uma vez. O beijo era calmo e com saudades. Foi Júlia quem cessou o beijo e de forma delicada, se afastou. Virou-se de costas, colocou a mão direta sob a testa e concluiu:
- Marina, você está confusa. Melhor pararmos por aqui. Não quero me magoar.
- Jú.. – tentou se aproximar
- Não! Virou-se de frente a ela – Você quer quem? Eu ou a Estela pra acordar na sua cama todos os dias? Quem você quer? Marina, assim não. Se você está confusa, ok. Mas eu não vou entrar nesse rolo. Não é justo comigo. Eu amo você!
- Eu também..
- Não, Má – a cortou – você ama a Júlia amiga. A Júlia mulher você sente tesão e desejo. Não vamos cometer mais o mesmo erro. Quero seguir minha vida em frente e me libertar desse amor que tenho por você. Talvez você só esteja com culpa de não saber instintivamente que eu te amava. Não vamos estragar tudo mais uma vez.
- Quando você viaja?
- Semana que vem.
- E volta quando?
- A competição vai durar 2 meses ao todo. Só volto antes se for eliminada.
- Você vai ganhar, tenho certeza.
- Má, esse tempo vai ser bom pra nós duas. Você vai colocar sua cabeça no lugar e eu meu coração. Mas nunca duvide o quanto sua amizade é importante pra mim independente de qualquer coisa.
- Vou sentir saudades – confessou de forma chorosa.
- Eu também. Mas dois meses passa rápido.
- Vamos beber um vinho pra comemorar então – sugeriu Marina.
- Da última vez isso não deu certo. Além do mais, preciso ir embora, tenho ensaio daqui a pouco. Vim mesmo pra te contar da competição.
Se abraçaram mais uma vez, e Júlia foi embora deixando Marina ainda mais confusa que antes.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]