Medo de amar por Lari28
Finalmente a conversa
Capitulo 28
Helena se aproximou de onde Alexandra estava sentada e sentou ao seu lado, ficando em silencio também.
A morena ao ver a ruiva ao seu lado começou a chorar, tinha chegado o momento daquela conversa. Por dois anos ensaiou o que dizer para ela, mas agora não sabia o que falar, não sabia como lhe acusar ou perguntar algo, estava exausta.
Mesmo depois de tudo não tinha se arrependido de gostar daquela mulher, mas hoje tudo que viveram parecia ser um erro.
- O que te faz pensar que eu te trai Alexandra?
- Eu queria que fosse apenas um pensamento mesmo Helena, mas eu vi você e o Bruno se beijando. - Disse e depois olhou para a mulher, vendo surpresa em seu olhar, mas também havia mágoa.
- Hum... por acaso você viu isso no dia em que veio na fazenda se despedir da sua mãe?
- Como você sabe? - Olhou pra ela.
- Porque foi a única vez que eu e o Bruno nos beijamos.
- Por que Helena?
- Porque eu estava magoada com você Alexandra, o que eu fiz não foi certo, mas eu fiz isso pra tentar esquecer a dor que eu estava sentindo.
- Magoada comigo pelo que? - perguntava confusa.
- Porque na verdade foi você quem me traiu mais de uma vez Alexandra, me traiu e se eu não tivesse visto, você nunca teria me confessado, como até agora não o fez e ainda me questiona sobre mim e o Bruno, achando que tem algum direito. - Helena soltou tudo isso de uma vez e se levantou, precisava dizer tudo o que estava engasgado a dois anos. - Eu beijei o Bruno por raiva, por magoa de ter visto a mulher que eu amava nos braços de outro, e eu não vi isso só uma vez como você.
- Do que você...- não conseguiu terminar de dizer, também se levantou ficando de frente para a ruiva.
- Logo que eu voltei a enxergar eu fui atrás de você, eu queria contar pra você, queria te tocar olhando nos seus olhos, peguei carona com a Júlia e fui até a cidade, chegando lá fui até o hospital que você disse que trabalhava, perguntei por você e me disseram que você estava na sua sala...- Helena tinha os olhos vermelhos, a boca estava seca, falava cada palavra com a mágoa misturada a raiva.- Então eu fui até a porta e ela estava meio aberta, e eu vi pela segunda vez uma das cenas que mais me fez ficar triste na minha vida Alexandra, você estava seminua aos beijos com outro cara.
Nesse momento Alexandra se encostou na árvore, se sentiu zonza, não podia acreditar naquilo, não podia acreditar na má sorte do destino, não podia acreditar que justamente a ruiva poderia ter visto aquela cena.
- Eu fiquei em choque, fiquei destruída, então eu dei meia volta, porque eu poderia fazer o que?- sentiu lágrimas escorrerem pelo rosto.- Mais tarde fiquei sabendo que ele era seu ex noivo, ou quem sabe não seria mais ex. Depois eu voltei pra fazenda e fui na cidade apenas para fazer outros exames, foi quando eu tive mais uma vez a má sorte de ver a minha mulher abraçada na rua com aquele mesmo homem.- fechou os olhos com força, estava com raiva por se lembrar de tudo aquilo.- Eu pensei em conversar com você, mesmo todos os fatos me mostrando que você tinha me traído, eu não entendia como depois de tudo você ainda tentava me ligar, dizia que me amava, como você podia fazer aquilo comigo.- Olhou Alexandra nos olhos.- Você foi a pessoa que mais me feriu na minha vida Alexandra.- Por um momento ao falar isso não se deu conta do que tinha causado na morena a sua frente.
Helena olhava para a médica esperando alguma resposta, mas o que encontrou foi surpresa, medo, arrependimento e raiva nos olhos dela.
- Eu não acho que você um dia me amou, acho que apenas se encantou, você acima de tudo é uma boa mulher, sempre quer ajudar, você pode ter apenas se confundido, só não tinha o direito de fazer o que fez, de bagunçar minha vida Alexandra. - A ruiva tentava limpar o rosto, que estava molhado pelas lágrimas, se sentiu mais leve depois daquelas palavras, mas por pouco tempo, já que o que a morena iria dizer iria mudar tudo.
- Eu nunca te trai Helena. - Olhou para a ruiva e viu ela rir irônica, como se perguntasse como ela poderia dizer aquilo. - Eu não estou acreditando que vivi dois anos em cima de um erro do passado, em cima de um acontecimento que eu não tive culpa, que o que faltou foi apenas nós duas termos tido essa conversa antes. - Você poderia ter me falado isso o dia em que eu apareci aqui na fazenda e eu poderia também ter conversado com você antes de ir embora, mas como conversar se nossos olhos viram tudo o que viram não é mesmo?
Alexandra na verdade falava aquelas coisas para si mesmo.
- O que você está querendo dizer com isso?
-Naquele dia que você foi me procurar... aquela cena que você viu, aquilo não é o que você pensou, alguns dias antes o Henrique apareceu desesperado no hospital com a mãe dele tendo um infarto, no meio do atendimento o coração dela parou e eu consegui fazer ela voltar.
- Ela ficou internada alguns dias e quem a acompanhou foi o Henrique, ele sempre estava no hospital, e um dia ele foi até minha sala, me agradecer mais uma vez como ele sempre fazia e também para nós conversamos, sobre coisas corriqueiras mesmo, eu no começo não gostei tanto da aproximação, mas depois eu não vi mal, já que éramos adultos, eu tinha você e ele estava apenas sendo educado. - Respirou olhando para o nada. - Ele viu que eu não tinha comido nada a horas, então se solidarizou a comprar algo para mim, eu até recusei, mas ele foi insistente e eu acabei aceitando. -Deixou lágrimas caírem triste pelo o que iria continuar a contar. - Ele tinha me trago um suco, eu coloquei na mesa e me distrai esbarrando no copo e o líquido caiu todo na mesa e na minha roupa, eu fiquei desesperada pelos papeis, então o Henrique foi buscar um pano, eu corri até o banheiro que tinha na minha sala para trocar de blusa, quando eu tirei ela ouvi meu celular tocar, eu imaginei que seria você, então corri pra atender só de sutiã mesmo. - Nesse momento a ruiva se lembrou que quando chegou ao hospital realmente tinha ligado para ela.- Mas a chamada tinha se encerrado, foi quando o Henrique entrou no quarto com os panos e me viu daquele jeito e veio pra cima de mim me agarrando e me prendendo na bancada.
- Eu tinha contado pra ele que tinha reencontrado alguém do passado e estava apaixonada, eu estava falando de você, mas ele pensou que eu estava me referindo a ele, por isso ele me agarrou, depois de alguns dias nos encontramos no centro, eu estava indo resolver algumas coisas e nos esbarramos, ele me pediu desculpa pelo o que fez e me disse que iria embora para fora do país, depois daquele dia eu nunca mais vi o Henrique.- estava fraca depois de ter contado toda aquela história.- eu sei que você pode não acreditar nessa história, porque eu estou em choque por você ter aparecido justo naquela hora, por tudo o que aconteceu, mas essa é a minha verdade, se quiser confirmar com a Manoela, pode ir lá, ela sabe da história, no dia que aconteceu eu contei a ela, eu pensei em te contar, mas tive medo de você não acreditar e também depois de tudo você simplesmente parou de falar comigo, então como eu te contaria?!
- Não pode ser. - Helena também estava desacreditada em tudo o que ouviu.
- Eu também não acredito que nós passamos por tudo isso, que tudo foi um completo engano.
As duas se olharam, no coração de ambas tinha uma chama que agora parecia voltar a crescer, havia esperança, culpa, também raiva.
- Eu nunca amei ninguém como eu amei você Helena, eu poderia trair a mim mesma, mas eu não poderia trair você e o que eu sentia.
-Eu também não amei ninguém, como eu amei você Alexandra.
- Como a gente faz agora?
- Eu não sei, se passou dois anos, as coisas mudaram, eu estou em outro relacionamento, acho que você também e eu...
- Tudo bem, eu entendo, é muita coisa para assimilar. - Alexandra estava triste, esperava voltar para a ruiva, mas pelo o que entendeu aquilo não iria acontecer, ela parecia estar em outra.
- Alexandra...- A musicista chamou a outra e sem que a morena esperasse a mulher lhe abraçou.
As duas se apertaram entre seus braços, cada uma com seus pensamentos. O vento batia em seus corpos, mas como sempre não conseguia esfriar o calor daquele abraço. Os perfumes daquelas mulheres se espalhavam pelo ar, até que as duas se soltaram aos poucos, mas sem se afastar por completo. Alexandra encostou sua testa na de Helena, ambas se olharam, e o que sentiam começava a se misturar com o perfume, era palpável.
Alexandra estava com as duas mãos na cintura da outra, ela apertou de leve fazendo o corpo da mulher se aproximar do seu e aproximou seu rosto mais ainda do dela, ambas fecharam os olhos.
- Eu não posso Alex...- Helena tinha os braços em volta no ombro da morena, mesmo que quisesse aquilo, não podia trair seu namorado, se quisesse começar algo com a morena queria estar livre para isso.
Alexandra olhou para ela e entendeu a ruiva. Apenas lhe deixou um beijo no canto da boca.
- Tudo bem, eu entendo, vamos voltar? - lhe soltou.
- Sim vamos, as meninas devem estar preocupadas.
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- Será que elas vão conseguir se resolver?- Layla pensou alto.
- Não sei, isso tudo precisa acabar, eu nunca vi a Alexandra tão desestabilizada assim.- Manoela respondeu séria.
- Espero que dê tudo certo.
- Espera mesmo, gostaria que minha irmã ficasse com a Helena?- perguntou um pouco irônica.
- Não entendi Manoela, esta insinuando que eu não torço para a felicidade da sua irmã? - Layla perguntou brava.
- Não estou insinuando nada, isso é o que você está dizendo.- alterou a voz.- Por que você sabe que se minha irmã fazer as pazes com a Helena, ela provavelmente irá ficar com ela.
- Sim eu sei disso e torço pela felicidade das duas, o que teria de mal nisso tudo? - Perguntou tentando entender a onde a morena queria chegar.
- Tem que você vai ficar sem a Alex, tem que ela não estará mais disponível para você Layla e ...- Manoela se preocupava na verdade com os sentimentos da mais nova, não sabia como perguntar se ela gostava da sua irmã e se sentiria mal caso ela escolhesse outra pessoa. Tinha medo de Layla amar sua irmã e sofresse, não queria que isso acontecesse.
Mas pelas suas palavras o que Layla entendeu não foi o que queria ser dito.
- Não precisa se preocupar com isso Manoela, eu não vou atrapalhar a vida da sua irmã, eu quero que ela seja feliz e não pretendo ficar mais na casa de vocês, quero achar um emprego e me mudar o quanto antes, porque eu nunca dependi de ninguém e não é agora que vou depender.
- Não é o que você está pensando Layla, não nesse sentido, você não entendeu...- tentou se aproximar, mas a outra se afastou.
- Não precisa falar mais nada Manoela, eu sei o meu lugar, não precisa se preocupar comigo.
- Mas eu me preocupo, tenho medo de você sofrer e se sentir sozinha entende, eu ...
- Depois que minha mãe morreu eu me acostumei a viver sozinha Manoela, sua irmã, sua família me trouxe coisas boas, mas nada disso me pertence de verdade eu sei disso. - Sorriu triste. - Mas eu me acostumei que tudo bom pode acabar um dia.
- Não, você faz parte da nossa família, nós gostamos de você e não precisa ir embora, você está entendo errado.
- Está tudo bem Manoela, de verdade, eu vou para dentro, preciso descansar e provavelmente sua irmã irá demorar a voltar.
Manoela não conseguiu dizer mais nada, pois a outra já estava longe, andava apressada, não queria que ela entendesse que ela era um incomodo, só estava preocupada com os sentimentos dela.
Depois do ocorrido o final de semana passou tranquilo, Alexandra conversou com Layla e com sua família sobre o que aconteceu, contou para todos sua história com a ruiva, seu pai ficou surpreso, sua mãe apenas confirmou o que já suspeitava, Manoela e Layla tentaram passar toda força pra ela, o que não foi diferente dos seus pais. A doutora e a musicista não se viram mais, até a segunda de manhã em que iriam embora.
- Vamos então meninas?- Eduardo pai de Alex chamava elas para irem embora.
- Vou no carro com a Alex. - Manoela tinha ido até a fazenda de carona, exatamente para voltar com um dos familiares de carro.
- Helena você quer ir com as meninas? - Beatriz perguntou simpática, ela acreditava que a ruiva não era indiferente a sua filha, que ali ainda existia sentimento. - Se quiser ir não tem problema, eu e o Eduardo vamos dar uma passadinha ainda na cidadezinha antes de pegar estrada e é bom que os jovens ficam com os jovens.
- Ahhh eu ...- Helena tinha ficado sem graça com a proposta.
- Vamos Helena, eu prometo que sou boa motorista. - Alex tentou fazer graça.
- Eu sei disso, já andei com você morena .- Disse sem perceber o tom de carinho com a outra.- Tudo bem eu vou com vocês.
Layla sorriu feliz e Manoela lançou um olhar sugestivo para a irmã.
As mais novas foram atrás, forçando Helena ir na frente com Alex, essa riu da atitude das suas passageiras do banco de trás.
- Prontas passageiras?
- Sim.- Layla disse colocando o cinto.
- Coloca um som legal motorista, ou vai ganhar zero estrela.
- Que abusada. - Alex riu acompanhada de Helena, ambas se olharam cumplices, era a primeira vez que aproveitavam de um momento assim depois de tudo, se sentiam leves na presença uma da outra.
No meio do caminho Helena se mostrava atenciosa quanto o bem-estar da motorista.
- Quer água Alex?
- Sim, esse sol aqui está me matando.
- Tem algum óculos?
- Sim, pega no porta luvas pra mim por favor.
Helena pegou o óculos e entregou para ela e ficou admirada o quanto a mulher tinha ficado linda com aquele Ray Ban. Esqueceu até de entregar a água para a mulher.
- O que foi?- Alexandra perguntou rindo ao notar ela lhe olhando.
- Nada, nunca tinha visto você de óculos. - Falou lhe entregando uma garrafa de água já aberta para a morena.
- Ficou ruim?
- Não, você ficou linda.- Alexandra por um momento desviou o olhar da direção e olhou para a ruiva e lhe lançou um belo sorriso.
- Obrigada.
Layla e Manoela que estavam atrás olhando a interação das duas não tinham dúvidas que elas se amavam, os olhares, sorrisos, carinhos, as mulheres do banco na frente talvez não percebiam, mas eram carinhosas uma com a outra no automático, não conseguiam ser diferentes.
Alexandra acabou deixando um pouco da água cair na sua roupa com omovimento do carro.
- opsss- falava tentando colocar a garrafa em algum lugar seguro, até que Helena pegou de suas mãos.
- ohhh mais é uma criança- Manoela brincou.
- rsrsrs- Layla apenas riu.
- Vai te... - antes que a morena falasse, sentiu a mão quente da ruiva lhe tampar a sua boca rindo.
- Olha a boca.
- Desculpa kkk.
- Deixa eu te limpar. - Helena pegou uma toalhinha que tinha em sua bolsa e limpou o rosto dela, passou o pano entre os seios da outra, no primeiro momento sua intenção era das melhores, mas depois se deu conta do que fazia e olhou tensa para a outra, que segurou sua mão, apertando levemente.
Alexandra tinha esquecido totalmente que havia mais pessoas dentro do carro, segurou a mão daquela mulher e levou novamente até sua boca depositando um beijo nela.
Helena apenas suspirou, seu ventre se contraiu com esse ato, seu corpo tremia.
Manoela e Layla que até o episódio entre elas não tinham se olhado direito, agora se olharam entendendo que aquilo era só o começo.
Alex não soltou a mão da outra, mas também não apertava, deixando a entender que ela estava livre para se soltar, mas a Helena não a soltou, sua razão dizia que estava errada, pois namorava, mas seu coração implorava por aquele contado, sentia um frio na barriga, não queria se soltar da mão dela e nem dela por inteiro.
- Pode colocar seu endereço no GPS, vamos te deixar primeiro.
- Tudo bem. - Nesse momento as mãos se soltaram para a ruiva se aproximar do painel e digitar seu endereço.
A médica parou o carro em frente ao prédio indicado.
- Entregue.- Alexandra disse olhando para a ruiva.
- Vou pegar as suas malas no porta malas, me ajuda Layla? - Manoela disse já descendo do veículo.
- Claro.
- Obrigada pela carona.
- Por nada, foi um prazer. - A morena se soltava do cinto e virou o corpo ficando de frente para a outra mulher. - Não quero te pressionar a nada, mas eu não queria ser indiferente a você, talvez pudéssemos sair para conversar, como amigas, ou sei lá.
- Claro, vai ser ótimo, eu vou amar. - Disse sorrindo, ouviram o porta malas fechar. - Então, tchau.
- Tchau. - Alex disse e olhou nos olhos dele, não esperou por mais nada e se aproximou dela, encostando suas testas. - Eu nunca deixei de te amar, me desculpa dizer isso, mas eu não quero passar mais dois anos para dizer isso. - Colocou uma mecha da mulher atrás da orelha dela.
- Eu ...- Helena fechou os olhos, tinha medo de dizer aquilo que sentia, tinham medo de amar aquela mulher.
- Tudo bem, vai lá. - Beijou seu rosto.
- Obrigada por ter sido honesta comigo, me desculpa por não ter conversado com você, me desculpa por tudo morena. - Helena disse isso olhando nos olhos dela, depois grudou seus lábios no dela, com um selinho demorado. E antes que a morena aprofundasse o contado ela saiu do carro. - Obrigada pela companhia meninas, te espero amanhã na aula Layla e só para deixar vocês avisadas, teremos um recital nesse sábado e eu irei tocar, estão todas convidadas.
- Olha que legal, eu irei com certeza. - Layla falou animada.
- Nós iremos. - Alex disse sem esconder o sorriso após aquele selinho.
- Espero vocês então.
Quando as três mulheres entraram no carro, Manoela foi a primeira a falar.
- Quer conversar sobre o beijo ou as mãozinhas juntas, ou os olhares ou sobre a porr* toda?- Dizia rindo animada.
- kkkkkkkkkkkk - Alexandra e Layla riram com gosto.- Não, eu não quero conversar, só quero ficar quietinha lembrando e relembrando mais uma vez.- Falou suspirando.
- É lindo de ver vocês duas Aisha.- Layla dizia contente.
Elas seguiram para casa, cada uma com seu pensamento.
A semana passou rápido, Manoela tentou algumas vezes aproximação com a Layla, a qual não a recebeu muito bem, se mantinha fria e distante. A mais nova sabia que gostava de Manoela muito mais do que como amiga, e era primeira vez que se sentia atraída por alguém, acreditava que a outra não sentia nada por ela, a não ser um pequeno afeto, então preferia se manter distante para não sofrer.
- Layla você quer carona pra aula hoje?
- Não obrigada, hoje eu não tenho aula.
- Ué por que? - Manoela perguntou, já tinha notado o afastamento da outra, mas não se conformava, a queria por perto.
- A Helena está treinando para o recital de sábado, então não está podendo dar aula.
- Hum que pena. - Manoela se virava para ir embora, mas parou antes e perguntou. - Layla tem um filme bem legal no cinema passando, quer ir comigo hoje à noite.
- Ahh não obrigada, eu tenho que fazer alguns exercícios que a Helena passou e também estou esperando um telefonema importante de um amigo.- Layla estava esperando um amigo lhe ligar, pois ele estava lhe ajudando a encontrar um emprego, e o mesmo disse que em um bar estavam precisando de garçonete e o valor era razoavelmente bom, para ela que não tinha nenhuma formação estava ótimo, pretendia sair da casa dos pais de Alexandra e tentar se manter, precisaria começaria de baixo primeiro, alugaria um quarto, trabalharia e estudaria.
Sabia que Alexandra não gostaria da ideia, mas não podia se acomodar em uma família que não era dela.
- Hum que amigo?- Perguntou ansiosa.
- Um amigo meu Manoela, coisa particular minha.
- Coisa particular, não vem com essa Layla, é algum rolo seu, está ficando com o cara é isso?- falou nervosa.
- Eu não estou "ficando" com ninguém Manoela. - Não queria contar para a mulher sobre o emprego, sabia que ela iria contar para Alex, e não queria falar nada até que conseguisse algo certo, pois acreditava que elas seriam contra.
- A não, então porque não me conta o que é, fala o nome, é do curso de música? - Manoela estava alterada, não conseguia esconder sua raiva ao pensar Layla saindo com qualquer cara que fosse, não queria imaginar ela sendo tocada por qualquer pessoa, ainda mais porque ela ainda era virgem, não conhecia a maldade dos homens, era o que ela pensava.
- Você surtou é isso?
- Não, eu só acho você uma completa de uma irresponsável, que não sabe nada da vida e acha que sabe, os caras nem sempre são esses príncipes que dizem por ai, que vão vir em cavalos brancos, você pode muito bem se envolver com um idiota que só quer te usar e você estar achando que ele é a pessoa certa, já basta a Alex nesse vai e não vai com a ruiva lá.
- Você acha que eu estou esperando um príncipe então?
- Sim acho, você e os moleques da escola de música vivem se abraçando, você vive de sorrisinho pra eles, parecendo uma adolescente sem cabeça.
- Eu não posso acreditar no que eu estou ouvindo. - Layla balançou a cabeça negativamente e deixou uma lágrima cair.- Talvez eu só espero carinho Manoela, talvez seja a primeira vez que as pessoas me abraçam e eu apenas esteja aproveitando.- Outras lágrimas desceram em seu rosto. - Eu sei muito mais de sofrimento do que você pode sonhar Manoela, você já apanhou de homem algum dia?- Manoela negou com a cabeça, também tinha lágrima nos olhos.- Pois é eu já, mais de uma vez, você já viu a marca que eu tenho no quadril?
Manoela confirmou com a cabeça.
- Pois é, foi de quando me venderam, me marcaram igual faz com os animais, mas antes de eu ser entrega para os meu "donos", o pessoal da onu me resgatou, eu fui perseguida a minha vida toda, já morreu pessoas nas minhas mãos Manoela, e uma delas quase foi sua irmã, então não me venha dizer sobre eu não saber de sofrimento e maldade. - Limpava rosto coberto de lágrimas.
- Me perdoa Lay, eu não queria dizer isso, eu fico preocupada com você, eu não quero te ver sofrer, eu nunca fui assim de me preocupar sabe, mas você é importante e eu não quero te ver triste e...
- Você é quem tem me feito triste Manoela, pelas várias vezes que você foi ofensiva e rude comigo.
- Me desculpa não foi minha intenção. - Tentou se aproximar dela, mas a outra se afastou.
- Eu vou embora Manoela, acho que meu tempo aqui já foi, e eu preciso de um espaço meu, eu pensei que pudéssemos ser amigas, mas eu não sei se eu quero mais uma aproximação sua, então é melhor a gente continuar afastadas, obrigada por tudo o que você fez por mim, eu reconheço e não sei como te agradecer, mas eu prefiro nós longe uma da outra.
- Me agradeça ficando.
- Eu não posso.
- Claro que pode, se você quiser eu saio, eu tenho um apartamento, eu me mudo daqui se sou eu o problema, só não sai daqui, você é muito forte eu sei, mas ainda não está preparada pra sair daqui.
- Não é você o problema Manoela, sou eu.
- Não, você não é um problema e precisa tirar isso da sua cabeça, como eu disse eu falo todas essas coisas porque me preocupo com você.
- Não precisa se preocupar.
- Mas me preocupo.
- Algum problema? - Beatriz perguntou ao se aproximar das mulheres.- Se preocupa com o que filha?
- Com a Alex mamãe, ela está meio área esses dias né.- Mentiu rápido.
- Está sim, eu também me preocupo, mas sua irmã sabe o que faz, logo ela se encontra mais uma vez.- Beatriz olhou para as duas e notou um clima estranho entre elas.- É só isso mesmo filha?
- Sim, o que mais poderia ser?
- Não sei, você também anda aérea, não me diga que também esta apaixonada.
- Que isso mamãe, claro que não.- Sorriu sem jeito olhando da mãe para Layla, que também estava sem graça.
- Que mal tem nisso, já passou da hora de você me apresentar um amor seu minha filha, concorda Layla?
- rsrs é.- Layla não sabia o que dizer.
- Amar é ótimo filhas, ter alguém com quem compartilhar sua vida, alguém a quem esperar e saber que também esta te esperando, sentir aquele frio na barriga, aquela emoção com os toques, e o beijo ter muito mais significado do que essas ficadas dessa moçada nova.- suspirou emociona se lembrando do amor que tinha pelo marido.- Eu digo que é possível amar a mesma pessoa por anos e é a melhor coisa a intimidade conquistada, as histórias feitas.
- Se arrepende de alguma coisa no casamento dona Beatriz?- Layla perguntou.
- Não filha, faria tudo de novo, tudo com ele, no nosso tempo, tudo como aconteceu foi perfeito, eu me deixei aberta para o amor, recebi e dei amor.- sorriu para elas. - Se deixem abertas para o amor meninas.
- Obrigada pelo conselho mãe.- Manoela disse isso olhando diretamente para Layla, essa não conseguiu sustentar aquele olhar.
Fim do capítulo
Mais de 2 mil visualizações em um dia e eu to amando isso.
Espero que gostem desse capítulo.
insta: @lari_m.aguiar
Comentar este capítulo:
Anny Grazielly
Em: 14/09/2020
Aiaiaiaiai que lindo... adorei o capítulo... adorei essa conversa e esses momentos fofinhos entre Helena e Alex... que amor lindo... espero que esse sabado acabe de uma forma gostosa para elas... aiaiaiaia autora, leva logo esse namorado de Helena pra bem longe...
eeeee, ja ta na hora se Mano e Layla se entregarem para o amor tb...
volte logo com mais e mais capítulos...
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