- Bom dia bela adormecida.  - falo observando a morena ainda se situar na terra. E com a cara suja de baba. Eu deveria achar nojento mas, estava tão fofo...

- Bom dia Yasmim. Eu dormi tanto assim foi ?  - me levanto da cama seguindo para o banheiro lavando o rosto.

- Quando sai do banho ontem, você estava desmaiada aí na cama, achei que tinha morrido. Mas quando ouvi o ronco, desconsiderei esta possibilidade.  - vejo a morena sair do banheiro com o rosto molhado e com olhar de reprovação.

- Eu não ronco Yasmim. E eu estava muito cansada.  - sigo em direção a mala pegando uma roupa.

- Isso eu percebi. Mas deixa de falação. Vamos descer que hoje tem mais tortura. Quer dizer, trilha.  - escuto a morena rir do meu comentário seguindo para o banheiro.

- Nem me fale. Espera só um pouco que vou trocar de roupa, e a gente desse.  - já dentro do banheiro não demoro e logo saio sendo seguida pela loira.

- Manoel não veio me importunar hoje, será que ta bem ?  -pergunto a loira que ergueu os ombros sem da resposta.

Seguimos para o quarto dos meninos. Batendo na porta, fomos atendidas por Marcelo, que tinha a mesma cara de sono que eu esta manhã.

- Meu Deus! O que aconteceu com vocês? Estão com a cara horrível. - falo olhando para Marcelo e Isa. Que percebeu que eu também falava dela.

- Yasmim, ninguém acorda bonita que nem você pela manhã não filha. Entenda isso. Cadê Manoel ?  - pergunto a Marcelo que me da passagem para dentro do quarto.

Logo ao entrar, achei meu querido amigo todo enrolado. Tipo borboleta no casulo sabe? E claro, fui prontamente acordar meu irmãozinho. Abri todas as janelas, e o sol forte invadiu o quarto ardendo ate meus olhos. Será que é Deus castigando ? Mas continuei. Segui para a cama arrancando todo lençol do homem. E para meu total desprazer, ele estava pelado.

- Ta repreendido. Eu aceito Deus, pode queimar meus olhos! Manoel meu filho! Acorda! E vai por uma roupa. E bota essa corda que você chama de rôla, numa cueca, por favor.  - falo alto, assustando meu amigo que ate então dormia. Mas acordou assustado ao sentir o lençol ser retirado.

- Para Isa! Me deixa dormir vai.  - Manoel tenta se cobrir novamente.

- Nem pensar viado. Levanta dessa cama, que o dia já raio. E a gente vai pra tortura de novo.  - retiro o lençol do meu amigo que desiste e se levanta da cama.

- Nem me lembre, tem hoje de novo né?  - fala Mano de pé em frente a amiga.

- Vaí sim criança. Mas vai por uma roupa vai. Não mereço isso em plena manhã.  - vejo meu amigo seguir para o banheiro ainda resmungando.

Um tempo depois, ele sai devidamente vestido. Então seguimos para o café, encontrando todos já a mesa com uma cara de  que chega deu dó.

- Gente que caras são essas ? Nem parece o pessoal animado de ontem.  - fala Fernando sorridente.

- Cansaço Fernando. Você acha que torturou pouco a gente ontem ? - me servo escutando o riso do guia.

- Prometo pegar mais leve hoje Isa.  - Fernando volta atenção para o seu café.

- Bom dia a todos.  - Marilia se aproxima parando atrás das costas da morena apertando levemente seu ombro.

Seria errado falar que me arrepiei?

Todos saudaram a mulher educadamente, menos Yasmim. A loira não tirava os olhos da mão de Marilia que continuava em meu ombro.

- Estão prontos para mais um passeio hoje?  - pergunto ainda com as mãos nos ombros largos da morena que estava quieta.

- Mais ou menos. Tô com os pés doendo ainda. Não sei se vai ser a mesma disposição.  - fala Mano com cara de dor e bocejando.

- Calma, isso logo passa. Nada como outra dor para curar. Você esta bem Isa?  - pergunto próximo ao ouvido da morena que somente balançou a cabeça em resposta.

- Certo. Espero que aproveitem novamente o passeio.  - saio da sala me despedindo e achando estranho a atitude da morena.

Vejo a girafa sair e direciono meu olhar novamente a Isabela, que ainda comia de cabeça baixa como se nada tivesse acontecido. Apesar de ser realmente o que houve, mas eu já estava com ciúmes.

- Bom já terminei por aqui. Estou aguardando vocês la fora, em vinte minutos. Hoje pretendo ir cedo para não voltarmos muito tarde como ontem.  - fala Fernando já saindo.

- Esse homem quer nos matar. Eu sinto isso!  - Mano começa a comer um pouco mais rápido para não se atrasar.

- Eu não tenho dúvidas. Ele deve ficar arquitetando isso a noite toda. As dez formas de matar meus patinho.  - falo levando todos ao riso, inclusive Yasmim, que até então, me olhava com irá.

~*~

Um tempo depois, com todos já devidamente vestidos e em filinha. Seguimos para a tortura do dia. O caminho era aberto, porém cheio de árvores altas. O barulho das aves era mais alto, fazendo com que todos a cada segundo nós olharmos para cima. E foi numa dessas, que trombei com Manoel que estava em minha frente.

- Mulher olha para frente! Oxente! Daqui apouco me derruba.  - Mano se revolta com a amiga que olhava com a cara de inocente.

- Foi sem querer Mano, eu estava distraída olhando para cima.  - rebato seguindo novamente a trilha sem ouvir resposta do meu amigo.

Seguimos em silêncio, somente escutando os pássaros que davam um show de canto. Porem logo a frente, Fernando para e nos dar um aviso.

- Galera, só peso que prestam bastante atenção mais à frente, porque esse caminho tem algumas cobras, certo.  - fala o Guia.

- Ai! Adoro cobra!   - fala Mano todo alegre.

- Menos viado. Porque não é essa cobra que você ta pensando não. - falo rindo de Mano que logo voltou a trilha.

~*~

Mano estava em minha frente, Yasmim e Marcelo seguirão logo atrás de mim. Já na metade do percurso (pelo menos era o que eu achava) Manoel gritou alto e voltou pulando em meu colo. E claro, tive que segurar o marmanjo que escondeu o rosto em meu pescoço.

- O que foi dessa vez Mano?!  - pergunto, ainda com o moreno em meus braços, e sendo o observada por todos que riam da situação. Inclusive seu namorado.

- Uma aranha Isa! Ali ó. - o moreno aponta para o bicho que estava na sua mais perfeita paz.

- Pelo amor de Deus homem! Quando foi a cobra você comemorou.  - solto o homem que não caiu no chão pois grudou no meu pescoço. Vocês acreditam nisso ?

- Marcelo, vem pega seu namorado por favor? Ele grudou no meu pescoço com medo de uma aranha que não ta nem ai pra ele.  - olho para Manoel que tinha a cara mais lavada do mundo.

Marcelo veio em nossa direção e pegou o homem no colo, como se fosse algo natural.

- Vamos seguir. E como avisei, prestem bastante atenção. Para não acabarem no colo de Isa, como nosso querido Mano ali.  - brinca o guia levando todos ao riso.

Como prometido por Fernando, a trilha foi calma e pela sombra das arvores gigantes que nos cercava. Não tem como descrever a beleza que é você ver tantos animais no mesmo lugar, em uma paz invejável. Pena que existem pessoas que não pensam ou veem da mesma forma, e acabam destruindo o lar desses sobreviventes, se achando no direito de se apossar de suas vidas. 

Fim do capítulo