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If I should fall, perpetual run por JennyB

Ver comentários: 8

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Palavras: 4548
Acessos: 4866   |  Postado em: 12/09/2020

Capitulo 62

— Oi Lívia. — Emily pressionou os lábios em um sorriso forçado.

 

Lívia não proferiu nenhuma resposta verbal, mas seus olhos praticamente sorriram ao confirmarem que era Emily. Ela caminhou até a ruiva, parando na sua frente e seus olhos percorreram todo o semblante confuso e surpreso da outra.

 

— O que você está fazendo aqui? — Emily franziu o cenho ao balançar a cabeça, incrédula. Seus olhos relutantes enfrentaram os da loira.

 

— O que eu estou fazendo aqui?! — Um breve som semelhante à um riso escapou dos lábios de Lívia. — O que VOCÊ está fazendo aqui? — A loira apoiou uma das mãos na cintura, e seus olhos curiosos atentaram-se as mulheres que estavam próximas à Emily.

 

            Beverly era uma loira alta demais e de corpo esbelto. A maquiagem impecável em seu rosto entregava que noites como aquela era algo comum. O vestido tubinho branco e o salto alto junto ao seu comportamento traduzia sua opção sexual: Hetero, com certeza. Ao lado dela, Carrie usava uma saia de couro preta bem curta e como veste superior um suéter de Casimira branco com detalhes internos em linhas verticais também de coloração branca que decaía sobre a saia. Um gorro de lã preto e alguns anéis na mão completavam o look. Carrie era uma mulher de cabelos castanhos escuro longos e pouco ondulados, e os olhos eram de um tom azul vibrante. Os lábios eram cheios, onde o inferior sobressaía.

 

            Lívia franziu o cenho quando entendeu o que estava acontecendo ali, e um sorriso malicioso tomou forma em seus lábios.

 

— Você saiu lá do Brasil para uma booty call aqui em Londres? — Lívia pressionou os lábios, mordiscando o lábio inferior em seguida.

 

— Uma o quê? — Falou alto.

 

             Linhas se formaram entre as sobrancelhas claras da ruiva, e ela contorceu seus lábios antes de prosseguir.

 

            Rebeca atentava-se a situação das duas quando se inclinou em direção a enteada, apoiando as mãos no ombro dela.

 

— Quem é essa? — Questionou ao aproximar os lábios do ouvido de Emily.

 

            Emily inclinou a cabeça para o lado onde Becky estava, e suas bochechas entraram em contato.

 

— Uma conhecida do Brasil. – A ruiva alternou o olhar entre as duas mulheres. – Rebeca, essa é a Lívia. – Ergueu uma das mãos em direção a loira. – Lívia, essa é Rebeca, minha...

 

— Namorada? – Arriscou ao notar intimidade do contato entre elas.

 

— O quê? – Franziu o nariz. — Claro que não! Essa é a minha... – Gaguejou.

 

            Emily olhou Rebeca de rabo de olho, estreitando o olhar para ela.

 

— Eu devo te chamar de... Madrasta? É estranho.

 

            Rebeca deu um sorriso divertido para Emily, desfazendo-o assim que olhou para a loira na frente delas.

 

— Eu sou a namorada do pai dela. – Becky sorriu sem muita vontade.  

 

            Lívia arqueou uma sobrancelha, e seu rosto tomou uma forma ainda mais surpresa.

 

            Emily ponderou o corpo de Lívia em um olhar breve, e sua a respiração travou em sua garganta.

 

            Durante o longo silêncio que se formou entre as mulheres, Beverly deu uma olhada firme para Rebeca e ergueu as mãos, recebendo como resposta um olhar confuso com sobrancelhas acentuadas.

 

— Bom, já que estamos todas aqui, vamos beber alguma coisa! — Lívia empinou o nariz, e lançou sobre elas um sorriso soberbo.

 

            Rebeca deu de ombros e se aproximou do balcão junto da enteada e amigas. Pediu uma garrafa de Absolut Elyx e copos de shot para todas, incluindo Lívia.

 

            Após o segundo shot, Emily já estava com o estomago embrulhado. Ela resmungou algumas vezes com Rebeca e Beverly sobre não aguentar mais, mas não recebeu muita atenção. No terceiro drink, as luzes do ambiente pareciam diferentes, deixando-a desorientada. Em passos dificultosos Emily acompanhou as meninas para longe do bar, onde foi convencida a se movimentar de uma forma que elas chamavam de dança. O entusiasmo e alegria logo tomaram domínio em seu corpo, tanto pelo álcool quanto pela empolgação das outras meninas.

 

            Lívia era a única que não pulava com a mesma exaltação delas. Seu corpo movimentava-se discretamente no ritmo da música, e seus olhos atentavam-se ao embalo de Emily, acompanhando seus olhares e sorrisos descontraídos.

 

            Quando os ânimos se acalmaram, elas voltaram para a mesa reservada, e só então Lívia resolveu abrir o diálogo com a ruiva novamente.

 

— Então... – Lívia cruzou as pernas, atraindo os olhos da ruiva para elas. – Seu pai gosta de garotas novinhas. – Comentou após inclinar o rosto para perto dela.

 

            O olhar de Emily retornou com certa dificuldade ao encontro daquele rosto de feição tão provocante.

 

            A ruiva entreabriu a boca algumas vezes antes conseguir proferir uma resposta. Seus olhos fixaram nos lábios abotoados cobertos de batom vermelho de Lívia.

 

— Pois é. — O ar travou na garganta quando seus olhos os da loira. – Foi um choque para mim também.

 

— Nada contra. Mas... – Seus olhos percorreram toda a orbita.

 

            Emily pressionou os lábios em um sorriso rápido enquanto desvencilhava seu olhar do dela.

 

— Então você veio visitar o seu pai? – Lívia encostou no braço de Emily com um toque de ombro, atraindo novamente a atenção para si.

 

— Tipo isso. Eu queria conhecer ele e como ele morava aqui, tive que vir. – Confessou sem muito entusiasmo.

 

— Tive que vir?! – Repetiu em um tom insolente. – Você fala como se fosse uma obrigação.

 

            Emily olhou-a de rabo de olho, franzindo os lábios.

 

— Queridinha, você está em LONDRES! – Lívia deu ênfase na capital e colocou uma das mãos sobre a coxa da outra.

 

            O breve toque fez o rosto de Emily queimar. Seus olhos acompanharam a mão ousada da loira a tocar e depois desfazer o contato com a sua perna.

 

— Grande coisa. — Deu de ombros. — Elliot aparentemente prefere trabalhar a sair comigo.

 

— Elliot é o seu pai? – Emily confirmou em silêncio.

 

            Lívia acompanhou o olhar sem brilho da outra. Passou uma das mãos pela nuca, por entre os fios de cabelos presos e pressionou os lábios. Linhas duras logo tomaram forma em seu cenho. Ela precisou pensar muito sobre o que dizer, mas no fim acabou se dando conta de que não sabia como consolar alguém:

 

— Ele que se foda, Emily. – Vociferou. – Londres é uma cidade linda, e se ele não quer apresentá-la a você, eu vou.

 

            As sobrancelhas de Emily formaram um arco sobre seus olhos que tão rapidamente guiaram-se de encontro a loira.

 

— Você faria isso? – As pupilas brilharam.

 

            Lívia tomou consciência do que havia falado, e seus olhos se abriram um pouco mais que o normal.

 

— S... Sim. – Sentiu o ar escoar de seus pulmões e o arrependimento invadir seu peito. – Me dá seu celular – Estendeu a mão.

 

            Lívia inseriu seu contato na agenda do celular de Emily e enviou uma mensagem para o seu próprio número via WhatsApp, devolvendo o dispositivo em seguida.

 

— Lívia Ferrari. – Emily leu em voz alta.

 

 

            Na manhã seguinte Emily foi acordada pelo celular ao lado do seu travesseiro, vibrando insistentemente. Sua mão apalpou os arredores da cama até alcançá-lo, puxando-o para o alcance da sua visão.

 

            Abriu e fechou os olhos algumas vezes antes de conseguir mantê-los em alerta. Três notificações de mensagens ocupavam toda a tela: Lívia Ferrari e Alice Butckovisky.

 

            Emily fechou os olhos por mais alguns segundos, pressionando-os com força. Após uma respiração profunda, ela ergueu o corpo, sentando-se sobre a cama, e ainda com o celular em mãos, abriu a mensagem de Alice.

 

“Ei Harley, como foram as novas aventuras? E as coisas com seu pai, como estão?” – Um emoji sorridente completou a primeira mensagem.

 

“P.S. Estou com saudade da sua companhia!”

 

            Emily se espreguiçou e soltou um “vamos acordar” em um tom rouco preguiçoso.

 

“Bom dia, Alice! Ontem foi um dia agitado, a namorada do meu pai me levou para uma balada bem agitada! Se não me engano o nome do lugar era Maddox Club... Algo assim”

 

“Meu pai está sendo... Ainda não sei dizer, para falar a verdade.” – Um emoji pensativo completou a mensagem enviada preguiçosamente.

 

            Emily aguardou impacientemente por uma reposta, mas os tracinhos da mensagem simplesmente não ficavam azuis. Uma respiração pesada preencheu e depois esvaziou seus pulmões antes de alternar para a conversa de Lívia.

 

“Pronta para descobrir o quanto Londres é incrível?”

 

“Sai logo dessa cama!” – A mensagem havia sido enviada vinte minutos após a primeira.

 

            Emily balançou a cabeça em negação.

 

“Primeiro, bom dia para você também.” – Pressionou os lábios em uma linha dura.

 

“Segundo, como que eu vou encontrar você se eu não faço ideia de como andar aqui?”

 

            Do outro lado da linha, Lívia vigiava a tela do celular quando as notificações das mensagens chegaram.

 

“Sem formalidades. Me manda a sua localização”

 

            Um sorriso discreto tomou os lábios de Emily enquanto ela enviava a localização.

 

“Chego ai em 20 minutos!” – A resposta de Lívia chegou de imediato.

 

“QUÊ?”

 

“ VOCÊ TA LOUCA?”

 

“LÍVIA?”

 

“LÍVIA?” – Seus dedos tocavam desesperadamente a tela do celular, mas não adiantou chamá-la, as mensagens eram entregues, mas não visualizadas.

 

— Essa garota é completamente doida, não é possível. – Resmungou ao levantar-se da cama em passos apressados.

 

            Emily tomou um banho rápido, sem muito tempo para dispensar o sono de baixo do chuveiro. Ao sair, vestiu-se com uma calça jeans azul bem claro com cortes desfiados na altura do joelho esquerdo, e alguns menores na perna direita. Como o dia estava frio, a ruiva optou por um Cardigan fechado em tom azul cobalto e um casaco de lã branco e comprimento até a metade das coxas. Para finalizar, nos pés Emily calçou um Sneakers bege de cano médio, sem nenhum acessório complementar.

 

            Enquanto ainda penteava o cabelo, Rebeca subiu até o seu quarto, anunciando a chegada da loira:

 

— Aquela sua amiga, Lívia, está aí. — A morena adentrou ao quarto sem avisos prévios. — Você não me disse que iria sair com ela hoje, eu tinha pl... — Emily interrompeu.

 

— Acabamos combinando isso de última hora ontem. – Olhou-a através do espelho. – Você quer ir? – Perguntou receosa.

 

— É melhor não. – Lançou um sorriso porco para a enteada enquanto observava-a mexer no cabelo.

 

— Não é nada disso que você está pensando. – Afirmou em um timbre firme.

 

            Emily virou-se para Becky e encarou aqueles olhos curiosos e atentos, estreitando os seus para ela.

 

— Eu não disse nada. – Ergueu as mãos em um ato inocente.

 

            Emily alcançou a carteira dentro da bolsa que havia saído ontem e pegou sua carteira, colocando-a no bolso de trás da calça. Ela já passava pela porta do quarto em passos fugitivos quando Rebeca a chamou:

 

— Espera. – Sem sequer virar-se para a ruiva, Becky esticou o braço em sua direção. Entre a ponta dos dedos indicador e médio a mulher segurava um cartão em mãos. – Seu pai pediu para deixar isso com você. – Olhou-a se soslaio. – A senha de quatro dígitos é o dia e mês do seu aniversário. Vamos, pegue. – Insistiu ao notar o olhar desconfiado da enteada.

 

— Elliot está tentando compensar a ausência dele me dando dinheiro. – Emily pegou o cartão das mãos de Rebeca e enquanto o colocava dentro da carteira, completou. – Ele é sempre assim?

 

            Becky foi incapaz de responder, mas ela não precisou. Emily sabia que estava certa, e concretizou sua intuição ao ver os lábios da outra pressionados em uma linha dura que tinha as pontas levemente puxadas para baixo.

 

— Desculpa novamente por não ter avisado que... – Emily fechou os lábios e respirou fundo. – Eu vou indo. Até mais tarde Rebeca.

 

            Lívia estava de frente para a lareira da casa quando a ruiva desceu. Seus olhos estavam afixados nos títulos acadêmicos de Elliot, e seus dedos roçavam na borda do trench coat bege que encobria o vestido preto com discretos detalhes florais. Ao avistar a visitante, Emily não pôde deixar de notar que mesmo com o frio lá fora, boa parte das pernas de Lívia estavam a amostra entre o acabamento do vestido e o início das botas de cano alto marrons.

 

— Achei que você nunca fosse descer. – Comentou.

 

 

— Como você sabi... – As palavras travaram em sua garganta quando Lívia se virou. Os lábios bem demarcados por um batom vermelho matte carregavam um sorriso amigável, e seus olhos reluziam contentes. – Você está... Sorrindo? – Linhas finas se formaram na ponta dos olhos da ruiva.

 

            O tão ilustre sorriso rapidamente se desfez e seu rosto.

 

— Não faça eu me arrepender de ter me voluntariado para te apresentar Londres, Emily. – O timbre ríspido e olhar intimidador de Lívia atingiu Emily como um balde de água fria. – Steven está nos esperando lá fora.

 

            O tour pela capital iniciou com um passeio no aquário de Londres, Sea Life, onde Emily pôde conhecer grande parte da vida marítima. Logo na entrada, a ruiva tomou um susto quando alguns tubarões passaram debaixo dos pés.

 

— Isso é incrível... – As palavras escaparam em baixo tom dos lábios de Emily. Seus olhos reluzentes acompanhavam os tubarões quando um deles se aproximou do vidro, fazendo-a levantar o pé em um impulso.

 

            O Ocean Tunnel foi outra área do aquário que chamou a atenção de Emily, ao passarem pelo túnel de vidro Lívia apontou alguns espécimes, apresentando-os para ela. De tartarugas a raias gigantes puderam ser vistas nadando ao arredor delas, e cada uma das criaturas atraía a atenção da ruiva de uma forma diferente, fazendo-a comportava-se como uma criança explorando o mundo, tocando os vidros em uma tentativa falha de aproximar-se dos animais enquanto tinha os lábios tomados por sorrisos alegres e vislumbrados.

 

— Essa é definitivamente a parte mais linda daqui... – Emily estava alguns passos à frente de Lívia e virava-se para todos os lados tentando acompanhar o máximo que podia dos movimentos das diversas águas vivas das zonas do Ocean Invaders. As diversas cores dos tanques e tipos distintos de águas vivas atraía seus olhos. – Lívia, olha essa aqui... – Emily tocou o tanque com a palma da mão.

 

— Essa é uma Moon Jellyfish. Ou Geleia da Lua. – Lívia deu um passo em direção à ruiva, parando ao seu lado.

 

            Por um breve momento, seus olhos desprenderam-se das belezas imersas no tanque e foram de encontro ao rosto de Emily. Observou a pequena covinha que se formava na bochecha dela ao sorrir, e na forma como seus olhos se estreitavam em arcos ao sorrirem em conjunto com os lábios. Seus ouvidos atentaram-se também ao timbre rouco e quase que infantil que a voz de Emily assumia ao falar com tamanho encanto sobre as novas descobertas.

 

            Lívia sacodiu a cabeça, evitando o contato visual.

 

— Você precisa ver os pinguins-Gentoo. — Lívia tomou frente novamente, sendo acompanhada por Emily.

 

            Ao chegarem na zona dos pinguins, a curiosidade de Emily a fez enfiar a cabeça na capsula côncava de vidro para avistá-los por um ângulo melhor. As pequenas criaturas eram simplesmente lindas, e suas colorações assemelhavam-se a pequenos ternos feitos de pele animal.

 

— Como você sabe tanto sobre tudo aqui? – Emily questionou quando a loira se enfiou junto dela na capsula.

 

            Os olhos de Lívia se encontraram brevemente com os da ruiva antes dela relutantemente desviá-los.

 

— Meus pais. – Umedeceu os lábios com a ponta da língua antes de prosseguir. — Eles costumavam me trazer aqui quando eu era criança.

 

            Emily olhou-a de canto de olho e engoliu seco ao notar o semblante ressentido da outra.

 

— Quando foi que vocês começaram a se afastar? – A pergunta despretensiosa trouxe um amargor a boca de Lívia.

 

            O par de olhos castanhos foram involuntariamente de encontro aos olhos de Emily, correspondendo ao pedido silencioso de atenção. Os pulmões da loira inflaram, mas ela teimou em falar qualquer coisa que fosse sobre sua história.

 

— Vamos em frente, ainda temos muitos lugares para visitar. – Lívia deixou a capsula, mesmo que a contragosto.

 

            Ao deixarem o aquário, um longo passeio pelo Rio Tâmisa deu continuidade ao tour arquitetado por Lívia. Um barco levou-as desde o coração da cidade, o Píer Waterloo, passando próximo ao Big Ben já conhecido por Emily como o cartão postal de Londres. Mais à frente foi possível avistar a London Eye, e a ruiva não pôde deixar de comentar que precisavam ir até lá. O teatro Shakespeare Globe, museu Tate Modern e a famosa Catedral de St. Paul também foram avistados e introduzidos por Lívia.

 

— Você está vendo aquele prédio que se parece com um capacete? – Emily assentiu ao acompanhar o apontamento da loira. – Aquela é a prefeitura de Londres.

 

            As duas mulheres relaxaram no barco enquanto conversavam sobre a arquitetura das construções de Londres, e sobre os pontos turísticos que precisariam ser visitados de perto.

 

            A próxima parada foi o restaurante Shoreditch House da qual a família de Lívia fazia parte do grupo de sócios. A loira optou por almoçarem na cobertura do sexto andar, onde pôde mostrar para Emily os arredores da localidade.

 

— Se alguém me disse que um dia eu estaria aqui em Londres sentada na mesma mesa que Emily Harley, eu os chamaria de loucos. – Confessou depois de debicar a taça de champanhe rose.

 

            Os olhos da ruiva minuciosamente analisaram os traços no rosto de Lívia: Os olhos castanhos e foscos acompanhavam o próprio indicador que circulava a borda da taça sobre a mesa. O maxilar formava uma linha dura com a mandíbula acentuada nas laterais.

 

— Eu prefiro quando não preciso falar ou saber sobre o meu passado, mas... Apenas a título de informação, esse comentário só me confirma o que você me disse no dia em que nos conhecemos.

 

            A loira levantou o olhar, alcançando aqueles olhos azuis tão tensos.

 

— Que nós não éramos amigas. – Completou quando notou um arco de dúvida forma-se em uma das sobrancelhas de Lívia.

 

— Definitivamente não. – Contemplou os olhos de Emily enquanto levava a taça até a boca novamente. – A gente nunca se deu bem.

 

— E por que não? – Arriscou em questioná-la, sem desprender seus olhos dos dela.

 

            Pela primeira vez em muito tempo Emily não temeu as diversas possibilidades de reposta que alguém poderia dar a ela. Talvez pelo temperamento colérico da outra, ou quem sabe até mesmo por Lívia não se importar com ela, não tinha como saber. Mas as coisas com a loira eram leves e repletas de liberdade de expressão. Emily não precisava se preocupar com o que e como falar as coisas, e só isso já era maravilhoso.

 

— Essa é a pergunta de um milhão de dólares, Emily. – Pressionou os lábios enquanto enfrentava os olhos atentos da ruiva. – Eu não sei. Talvez pelo que você ouviu de mim através de outra pessoa, ou quem sabe até mesmo pela forma como eu falei com você. Eu n... – Foi interrompida.

 

— Bom, não deve ter sido uma surpresa muito grande quando me contaram que você é uma pessoa explosiva, arrogante e debochada na maioria das vezes.

 

            Uma veia saltou para fora do pescoço de Lívia. Seus pulmões inflaram de ar e insultos que estavam prestes a sair de sua boca entreaberta quando Emily concluiu o que estava dizendo:

 

— Mas que também é uma mulher autêntica, de personalidade forte, e que simplesmente não aceita levar desaforo para casa. – Deu um sorriso empático. – Eu não sei que versão sua eu conheci anos atrás, mas eu gosto do que estou vendo agora.

 

            O sorriso doce que tomou os lábios de Lívia foi uma surpresa até mesmo para ela, que tão rapidamente removeu-o do rosto.

 

— É claro que gosta. Não tem como não gostar disso aqui. – Apontou a mão para si mesma.

 

            Emily revirou os olhos após resmungar uma risada sem graça.

 

— E tem mais... Depois de hoje você estará em dívida comigo. – Alertou-a.

 

— Ué, aonde foi parar aquele papo de ser voluntária? – Arqueou as sobrancelhas ao encará-la. – Achei que serviço voluntário não tinha remuneração.

 

— Bom, isso serve para você já ir aprendendo que nada vem de graça nesse mundo. – Deu um sorriso forçado.

 

            A ruiva demorou para entrar no jogo de Lívia.

 

— Londres é enorme, certo? – A loira estreitou os olhos para ela. – Então eu acredito que um dia não será tempo suficiente para me mostrar tudo – Lívia entreabriu a boca, mas antes que pudesse argumentar, Emily prosseguiu. – Fazemos assim: Se o serviço “voluntário” – gesticulou. – valer a pena, eu considerarei aceitar a dívida.

 

 — Nem pensar. Não vou passar mais de um dia andando com você por aí – A confissão lhe escapou dos lábios sem que percebesse.

 

            Emily escolheu ignorar o incomodo que aquelas palavras lhe causaram.

 

— Serviço incompleto eu não pago. – Tomou o último gole de champanhe da sua taça.

 

            A ruiva se preparava para levantar da mesa quando Lívia se pronunciou, mudando de ideia:

 

— Espera! – Segurou no pulso da outra. – Está bem.

 

            Emily ajeitou-se na cadeira novamente e encarou a mulher a sua frente com um olhar glorioso.

 

— Mas se você me irritar, eu dou o fora e não estou nem aí se você saberá ou não como voltar para casa do seu pai. – Olhou-a com seriedade.

 

— Isso não é justo Lívia. A coisa mais fácil desse mundo é irritar você. Se eu respirar torto voc...

 

— Não respira torto então! – Interrompeu.

 

            As mulheres se entreolharam e um longo silêncio se instalou na mesa até ser interrompido por um riso divertido de Emily. Ao vê-la rir tão espontaneamente Lívia precisou pressionar os lábios com força para não ceder ao impulso. Quando um breve riso ameaçou escapar dos seus lábios, ela logo cobriu a boca com uma das mãos. Foi em vão. Os pulmões e boca de Lívia foram tomados por um riso divertido que há muito tempo ela dava.

 

            Recuperar-se da crise de riso foi fácil quando os olhos de Emily se abriram durante as gargalhadas, permitindo-a avistar a loira em uma energia completamente diferente da qual estava acostumada. Lívia parecia feliz e alegre naquele momento.

 

“Ela ri.” – Sorriu com o coração.

 

            O riso de Lívia cessou gradualmente, e ao recobrar a atenção na situação, ela se deparou com os olhos carismáticos de Emily que naquele momento estavam afixados em seus lábios. A loira sentiu seu estômago se comportar de uma forma estranha de tal forma que até sua respiração havia sido prejudicada.

 

“Porque eu estou me sentindo assim?” – Lívia puxou as mãos para cima de suas pernas, tocando-as com a palma da mão em um movimento nervoso.

 

— Nós temos que ir.  – Gaguejou. – Ainda precisamos ir à um lugar.

 

            Os últimos raios de sol do dia começavam a desaparecer entre os prédios e árvores da cidade, e o céu misturava tons de azul, rosa e laranja quando chegaram ao tão esperado destino: o London Eye.

 

            A temperatura caiu drasticamente enquanto esperavam na fila para adentrar a roda gigante, fazendo com que Lívia se aproximasse da ruiva, cruzando seu braço ao dela. Emily olhou-a se soslaio com um olhar estreito e desconfiado.

 

— Não me olha com essa cara. – Ralhou. – Está frio.

 

            Emily entreabriu a boca, mas antes que pudesse proferir qualquer palavra, o celular de Lívia tocou. Ao retirá-lo do bolso, o nome descrito na tela transformou todo o seu rosto: Os olhos perderam o brilho e a boca ficou seca. O rosto ficou pálido, e o estômago embrulhou.

 

            Lívia se desvencilhou dos braços de Emily e se afastou em passos atônitos. Foi difícil apertar o botão para atender a chamada com os dedos estavam trêmulos.

 

— Lív... – A voz soou fraca, perdendo o resto de sua força quando pôde ouvir a loira atender a chamada com um timbre tão ríspido.

 

— O que você quer? – Lívia continuou a se afastar de Emily, buscando por privacidade. – Não. Nós não temos mais nada para conversar. – Falou entre os dentes.

 

            Uma das mãos de Lívia avançou em um movimento nervoso pelo rosto, esfregando-o e seus olhos foram atravessados pelo desespero.

 

— Você não pode fazer isso! – Umedeceu os lábios. – Por favor. – As últimas palavras soaram trêmulas, e o nervosismo deixou-a com um nó na garganta.

 

            Lívia ficou em um longo silêncio, e cada palavra que ouvia fazia todo o seu corpo arder. Seus pulmões inflaram com um ar que parecia comprimir tudo dentro de si. Ela sentiu vontade de gritar aos quatro ventos e quebrar qualquer coisa a sua volta, mas ter a ciência de que aquilo ainda assim não a deixaria satisfeita foi o necessário para fazê-la escolher permanecer em silêncio.  

 

— Tudo bem. – As palavras calmas que estranhamente escaparam da sua boca lhe arranharam a garganta enquanto suas unhas fincavam na palma de sua mão. – Eu estou indo.

 

            Lívia sentiu como se o mundo todo tivesse desacelerado à sua volta. O som dos carros e pessoas conversando já não incomodavam seus ouvidos, e ainda sem conseguir desprender seus olhos da tela do celular, ela pôde sentir seus olhos ficarem úmidos. Seu cenho franziu, e rapidamente a loira passou a mão sobre os olhos.

 

            Sem coragem de se aproximar, Emily observou-a ir de um extremo ao outro, desde uma mulher forte e cheia de si até alguém irreconhecível: desesperada demais para que pudesse pensar com clareza e envergonhada ao ponto de não conseguir sequer levantar o olhar.

 

            Em passos ainda desorientados e arrastados, Lívia continuou a se afastar até que seu corpo desaparecesse em meio à multidão.

 

— Ela vai voltar... – Emily pensou alto. – Certo? 

Fim do capítulo

Notas finais:

Ei meus amorees!

Como vocês estão?

Na nota final deste capítulo eu queria dizer algo muito importante para vocês:

MUITO OBRIGADA! Muito obrigada a todas que acompanham a história, à aquelas que comentam e à aquelas que são tímidas demais para comentar.

 

Bom, é isso! ah, e espero que tenham gostado da leitura!

Um grande beijo para todas vocês!

 

Com amor, Jenny. 

 

 


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Comentários para 62 - Capitulo 62:
patty-321
patty-321

Em: 07/09/2021

Cadê o final?

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Simone
Simone

Em: 29/04/2021

Ei, Jenny!!!

Há quanto tempo, hein?!

Menina, cadê você?! Voltaaaaaaaa!!!!!

Beijos!!!

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JeeOli
JeeOli

Em: 09/12/2020

não some de novo não por favor aaaaah eu quero muito saber se meu casal ainda tem chance de ficar juntas, volta 

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Manuella Gomes
Manuella Gomes

Em: 16/09/2020

Mesmo Lívia mostrando mais quem é de fato e seus motivos para ser assim, eu não gosto da aproximação das duas. Não acho de verdade.

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patty-321
patty-321

Em: 13/09/2020

Eu terei q reler pra entender quem é a Lívia. 

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lay colombo
lay colombo

Em: 12/09/2020

Eu na verdade gosto da Livia, pelo menos dessa Lívia q estamos vendo agora, se a Ali não fosse o amor da minha vida eu até poderia shippar ela e a ruiva mas gosto da ideia das duas se tornarem amigas, acho q ela precisa de alguem tipo a Em na vida dela e a Em tbm precisa dessa liberdade e leveza q a Lívia trás. Mas sigo esperando q a Ali não sofra demais

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Mille
Mille

Em: 12/09/2020

Oi Jenny
Livia tentando ser amigável com a Emily, seria uma nova amizade nascendo?? Espero que sim.
Bjus e até o próximo capítulo

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JeeOli
JeeOli

Em: 12/09/2020

não consigo gostar da Lívia, aí espero que a Ali não sofra

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