Capitulo 3 - Incertezas
Fernanda passou o resto da madrugada em claro, estava confusa com tudo que acontecera. Sua vida em algumas horas dera um giro de 360 graus. Sempre acreditou que se casaria com Gabriel. Na faculdade já faziam planos. Primeiro se estabeleceriam profissionalmente e depois se casariam e teriam dois filhos. Tudo estava seguindo o rumo certo. Gabriel Almeida aos 29 anos era um advogado de renome e Fernanda juntamente com Carla e Priscila era dona de um conceituado escritório de engenharia, arquitetura e decoração. Chegara então o momento tão esperado do casamento, mas as certezas de Fernanda fora embora juntamente com o resurgimento de Renata que chegara bagunçando o mundinho perfeito da arquiteta.
Sua vontade era passar o domingo chorando sob os lençóis. Estava arrependida pela maneira que tratara Renata e ao mesmo tempo assustada pelos desejos inconfessáveis que ela provocara em seu corpo. Teve que fazer um esforço sobre humano para se levantar da cama, afinal tinha combinado de almoçar com as amigas com o propósito de organizarem os detalhes finais do casamento. A vida tinha que continuar seguindo o rumo que a própria estabelecera para ela. Afinal aquele sentimento devia ser pela saudade de sentira durante todos aqueles anos longe da amiga.
Durante o almoço Fernanda mal tocou na comida. A mulher estava presente fisicamente, mas sua mente vagava pela lembrança da imagem de uma certa morena. A arquiteta não trocou sequer meia dúzia de palavras com as amigas e quando elas a mencionavam na conversa apenas meneava a cabeça em concordância, mas sem ter a mínima ideia do que estavam falando.
-- Nanda, você está bem? – Questionou Priscila preocupada com a visível ausência da amiga. -- Aconteceu alguma coisa?
-- Eu não sei. – Respondeu a loira realmente incerta. -- Pra falar a verdade estou extremamente confusa. – Fernanda resolveu se abrir um pouco com as amigas. -- Gabriel é o homem dos sonhos de qualquer mulher. Bonito, inteligente e extremamente carinhoso, mas não estou certa de que quero me casar com ele.
-- Até ontem você não tinha nenhuma duvida. – Cutucou Carla. – O que aconteceu para pensar em desistir do casamento?
-- Quem falou em desistir, Carla? – Questionou. – Nunca faria isso com Gabriel. -- Ainda bem. – Comentou Priscila. -- Gabriel te ama.
-- E você Nanda? Você ama Gabriel? – A ruiva queria a todo custo entender o que se passava com a amiga.
-- Amo. – Fernanda foi sincera. -- Ele é meu melhor amigo. Gosto de estar com ele. Só não sei se este sentimento é suficiente para sustentar um casamento. Nunca fui apaixonada por ele.
-- Como assim, nunca foi apaixonada por ele? – Priscila estava confusa.
-- Nunca senti aquele frio na barriga, nunca senti meu coração aos pulos, nunca fiquei de pernas bambas, nunca fiquei perdida sem saber como agir, nunca senti sua falta quando não estava presente. – Enquanto falava percebia que sentira tudo isso pela amiga de infância. – Por fim, nunca senti aquela atração por ele. – Confessou. – O sex* sempre foi morno, sem gosto. Tipo bolacha água e sal que pode até disfarçar a fome, mas está longe de saciar.
-- Porque nunca nos contou isso? – Priscila estava incrédula.
-- Todos diziam que formávamos um casal perfeito, então passei a acreditar que realmente éramos. – Disse. – O que tínhamos sempre me bastou.
-- E o que mudou? – Carla queria que a amiga se abrisse por completo.
-- Não sei te dizer ao certo, mas acho que não me importava com isso porque não se sente falta daquilo que nunca teve. – A lembrança do vulcão que Renata despertara em seu corpo tomava conta de seus pensamentos. – Achava que o problema era comigo, mas talvez esta não seja a verdade.
-- E o que vai fazer agora? -- Perguntou Priscila.
-- Vou me casar e passar minha vida me contentando com bolacha água e sal. – Afirmou de cabeça baixa.
-- Isso é loucura. -- Discordou Carla. – Não deveria se casar se prefere outra fruta.
-- Do que está falando, Carla? – Perguntou irritada.
-- Você sabe muito bem do que estou falando Fernanda.
-- Saiba que você esta enganada. – Falou na defensiva, nunca confessaria que estava atraída por Renata, afinal deveria ter outra explicação. – Alguma vez já me viu paquerando alguma mulher? Só estou um pouco confusa. Acho que é normal ter medo diante de um passo tão importante quanto o casamento.
-- Se é nisso que quer acreditar, então não está mais aqui quem falou.
Fernanda bufou de raiva da amiga, mas preferiu encerrar o assunto estava sem paciência e não queria brigar com Carla.
-- Vocês vão à festa de aniversário da Gabriela? -- Perguntou mudando o tema da conversa.
-- Não perderia a festa daquela maluca nem por um decreto – A ruiva estava animada. – Adoro sua cunhada.
-- Eu não vou. – Respondeu Priscila. – Tenho que jantar com meus pais e seus amigos chatos. – Falou desanimada. -- Se falto o coroa começa a regular a grana.
-- Eu não te entendo Priscila. Porque faz tanta questão do dinheiro do seu pai. Nosso escritório nos rende o suficiente para termos uma vida confortável. – Comentou Fernanda.
-- Você não entende Fernanda porque nunca se importou muito com isso, já eu gosto do luxo e principalmente do poder que o nome do meu pai me proporciona, alias meu sobrenome abriu muitas portas para nosso escritório.
-- Ok. – Fernanda deu-se por vencida. -- Não vou falar mais nada, afinal você deve saber o que faz da tua vida.
Fim do capítulo
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