Não tive palavras nem coragem para me virar e encar Isa, pois tenho certeza que não resistiria, então praticamente fugi para o banheiro trancando a porta me recostando na mesma. E der repente veio uma vontade imensa de chorar, coisa que não fazia a tanto tempo.
Me dirigir para frente do espelho observando meu reflexo. Eu não podia aceitar esse amor todo que Isa me oferecia, primeiro porque não sou merecedora, e segundo que eu não estou disposta a enfrentar uma sociedade preconceituosa sendo que o começo da luta seria com meus familiares que com certeza não me considerariam nem como filha, já que por várias vezes presenciei o ódio e descaso por pessoas que eles consideravam inferiores ou fora do padrão da sociedade.
Mas Isa está me faz sentir coisas que nunca pensei sentir em toda minha vida, é uma paz tão grande que me completa me deixando até assustada com esses sentimentos, tentarei ser forte ao máximo para não ceder.

Fico alguns minutos na mesma posição, para logo lavar o rosto e voltar ao quarto, encontrando Isa perdida em seus pensamentos olhando a paisagem pela janela.

- A dor melhorou?  - pergunto me aproximando da morena que ainda olhava para mesma direção.

. Sim, aliviou um pouco. Você está bem? Saiu correndo para o banheiro.  - continuo admirando a paisagem sem me voltar para Yasmim.

- Estou, só precisei respirar e pensar um pouco, mas porque você está com essa feição triste? Estava tão bem até agora pouco.  - pergunto a morena que olhou diretamente para mim.

- Estou com saudades do Marley...    - olho meio sem graça para a loira que provavelmente iria achar uma baita frescura.

- Não se preocupe, ele está bem, não precisa ficar triste assim, você deixou ele com quem?  - pergunto olhando com carinho para Isa que pareceu surpresa com meu interesse.

- Deixei ele com a mãe do Mano. Mas estou com saudades sabe ? Como se faltasse um pedacinho de mim.   - Yasmim me observava com carinho.

- Não entendo, mas para você está com essa carinha, realmente ele deve significar muito para você.   - admiro o carinho da morena pelo animal.

- Ele faz parte de minha vida Yasmim, sei que parece besteira mas considero o Marley como um filho sabe? Um ser que depende de mim para tudo, por isso não me senti muito bem em deixá-lo sozinho.  - falo já com os olhos marejados.

- Não é besteira demostrar carinho a quem a gente ama Isa. É normal você sentir saudades, mas não precisa ficar preocupada se a mãe do Mano for igual a ele, com certeza o Marley está ótimo.  - falo sorrindo e levando a morena junto.

- Você é um pouco birrenta mas é uma ótima pessoa sabia Yasmim? Por isso meu coração bateu tão forte por você. Aliás ainda bate né. Porque também não estou morta.   - chego próximo a Yasmim acariciando seu rosto, porém a loira quebra o contato se afastando e seguindo novamente em direção a sua mala.

- Vou tomar um banho Isa, preciso dormir um pouco. Arruma a cama por favor, e se você for ao banho também, cuidado para não molhar o pé.   - me esquivo do contado e do teor da conversa.

- Mulher você é mais escorregadia que quiabo! Arrumo sim senhora. Sabia que você está abusando de uma pessoa doente? Estou com o pé machucado. Tenho que ficar de repouso.  - a sigo com olhar de riso, vendo Yasmim que sequia rebol*ndo os quadris em direção ao banheiro.

- Deixa de drama Isa, você está em ótimas condições. Você sabe disso.   - observo o olhar de desejo da morena sobe meu corpo.

- Vem cá Yasmim. Eu também estou com calor sabia? Poderia me chamar para tomar banho também. Assim me ajudaria em relação ao meu pé doutora.    - me aproximo da mulher que recuava a cada passo que eu dava.

- Vai sonhando Isa, você conseguirá ir ao banho sozinha sem molhar o machucado, eu acredito em você! E pare de me olhar assim, como se eu fosse um pedaço de carne...  - suspiro ao sentir a parede fria em minhas costas.

- Você poderia fazer a boa ação do ano, ajudando uma pobre e indefesa moça a tomar banho direitinho. E não te olho como se fosse um pedaço de carne, eu simplesmente te desejo, da mesma forma que você me deseja...  - colo meu corpo ao de Yasmim sentindo sua respiração acelerada e seu hálito quente em direção ao meu rosto.

- Em momento algum falei que te desejava, você que é muito convencida.  - digo sem forças ao sentir a boca da morena beijar com carinho meu pescoço, morder levemente minha orelha, sua mão segurar firme minha cintura, colando ainda mais nossos corpos quentes.

- Não precisa responder Yasmim. Seu corpo me dá a resposta. Já te falei que adoro seu cheiro? É tão gostoso. Você me deixa desorientada Yasmim, não consigo me controlar quando estou perto de você. - agarro sua nuca prendendo meus dedos aos seus cabelos deixando um rastro vermelho por seu pescoço.

A mão que antes segurava sua cintura, baila agora por baixo de sua blusa, sentindo a pele quente e arrepiada da loira que não apresentava reação, e só gemia baixo, para o meu deleite, mas a mulher pareceu acordar e tentou quebrar o contato, por isso, puxei seu corpo novamente junto ao meu, pondo uma de minhas pernas no meio das suas, pressionando seu sex*, á escutondo gem*r agora mais alto, e bem mais gostoso.

- Me solta Isa por favor... - eu estava sem forças, tentei resistir, mas meu corpo não me obedecia. E como se fosse uma mão estendida para me salvar daquela tentação, o telefone do hotel tocou, e num impulso acabei dando uma joelhada no meio das pernas de Isa.

- Santo Deus mulher! Porque fez isso Yasmim? Eu não tenho ovo, mas isso dói sabia? Ai que dor... Se você me queria de joelhos era só falar! Não precisava partir para violência.  - não conseguia me levantar a dor era aguda, precisei ficar um tempo na mesma posição para amenizar um pouco.

- Desculpa Isa, foi num impulso. E você também não queria me soltar! Acabei reagindo no susto.  - parada e arrependida, observo a mulher que ainda se encontrava de joelhos com a mão no local atingido.

- Nossa! Não sabia que isso doía tanto. Pronto doutora, agora terá que cuidar de dois machucados.  - tentando me levantar ainda sentindo dor e olhando com malícia para a mulher parada á minha frente, mas o empata foda tocou novamente e Yasmim foi atender sem me dar a resposta.

Fingi nem escutar o último comentário de Isa que me fez arrepiar só de pensar na possibilidade de cuidar do seu outro machucado. Pela força que lhe atinge entre suas pernas,  provavelmente ficaria roxo, mas tento relevar os pensamentos, e sigo em direção ao telefone que ainda tocava insistentemente.

- Alô?   - atendo de costas para Isa, que agora estava sentada na cama.

- Oi Yasmim é o Mano, tem como você passar para Isa é rapidinho.  - Mano morde as unhas olhando o namorado que acabava de sair do banho só de toalha.

- Claro! Só espera um momento que ela já vem. Irá demorar só um pouquinho para chegar até aqui, mas tenha paciência. É o Mano Isa, quer falar com você.  - olho sorrindo para a morena que me lançou um olhar de revolta pelo meu pequeno deboche.

E não é que loira estava certa mesmo? Foi o maior sofrimento para eu chegar à esse telefone.
Sabe quando você está passeando de bicicleta pedalando em pé escorrega e bate a "danada" no quadro na Baiki? Para quem já passou por isso, era bem essa dor que eu estava sentindo, e sem exagero viu!
Mas voltando a minha pequena caminhada. Em fim cheguei ao bendito telefone.

- Oi Mano, o quer falar comigo?   - observo a loira que foi em direção ao banheiro fechando a porta logo em seguida.

- Primeiro só queria entender o tom de deboche da Yasmim quando disse " ela vai demorar só um pouquinho para chegar aqui". Foi o que amiga, ela está te maltratando é ?  - Mano achou o fato um pouco engraçado porém ficou preocupado com a resposta.

- Olha macho! Eu nunca imaginei que um chute doeria tanto em minha vida. É que estava rolando um clima gostoso entre eu e Yasmim, sabe? Ela já estava quase cedendo eu já iria sentir aqueles lábios... Mas adivinha? O telefone tocou, ela levou um susto e eu uma baita joelhada no meio das pernas! E advinha quem estava ligando? Você!!  - meu tom sai ríspido e nada amigável para meu amigo do outro lado da linha que não conseguiu conter o riso.

- Olhe Isa, eu nunca levei uma dessas não mas pelo seu tom de lamentação deve ter doido pra caralh*!  - não contenho o riso imaginando a cena.

- É vai rindo! Para tudo na vida tem uma primeira vez. Mas o que a senhorita queria comigo mesmo?    - me sento confortável na cama já sentindo um certo alívio nas partes baixas, relaxando um pouco ao falar com meu amigo.

- Só queria te avisar que liguei para minha mãe, ela mandou te dizer que Marley está bem, e que nem sente a sua ausência, e não precisa se preocupar.   - falo despreocupando um pouco a minha amiga pois sabia que aquele pequeno animal faz parte de sua vida.

- Obrigado pela parte que me toca. Eu realmente estava um pouco preocupada com ele, mas vejo que já se deu bem com sua mãe. Não tinha pessoa melhor para deixá-lo. Tô imaginando como vou encontrá-lo quando chegarmos, ele vai estar uma bola.   - falo rindo e imaginando o quão gordo eu vou encontrar o Marley, da última vez que fiquei alguns dias na casa do Mano eu engordei três quilos, tive que correr bastante para perde-los mas não me arrependo de nada.

- Eu já imaginava. Pode apostar que encontraremos o cachorro acima do peso, disso não tenha dúvidas! Mas, era somente isso mesmo, e se comporte ai ou vai voltar toda roxa para Salvador pelo que eu estou vendo! Essa fera ai vai te dar um pouco de trabalho.  - falo ainda rindo.

- Nem me fale! Vou desligar que ela está saindo do banho. Beijos!  - vejo a porta do banheiro logo se abrir.

- Beijão. Boa sorte!   - me despeço e logo desligo pois não ouvi mais resposta de Isa.

Fim do capítulo