"Desventuras"
Contradictio
“Desventuras”
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“Eis que surge sua bem-aventurança...”
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Era uma vez uma garotinha, dotada de uma incrível beleza e audácia, todavia o tamanho de sua beleza assemelhava-se a sua ingenuidade.
Ela queria ganhar o mundo, encantar a todos com seu talento... Ela queria dançar. Mas a vida pareceu ter outros planos traçados para pequena garota de cabelos castanhos e olhos marcados pela cor de avelãs.
Antes mesmo que pudesse alcançar os palcos e encantar o mundo com suas sapatilhas de bailarina, a garota viu o sonho ser esmagado pela cruel realidade; ela era uma órfã! E quando está sozinha no mundo e têm-se apenas dezesseis anos, a vida não parece um lugar atrativo e para destroçá-la um pouco mais, o destino resolveu tirara sua única família, sua doce “irmã”, Diana. Essa fora levada para um lugar distante ao qual a garota jamais saberia ou poderia vê-la outra vez, foi então que o mundo da pequena bailarina começou a se desmontar.
Completando a maior idade, a jovem, agora mulher, teve de encarar o mundo por outra perspectiva, sem emprego, um teto, uma família ou profissão, ela precisou aprender a se virar pelas ruas, lutava por sua sobrevivência todos os dias.
Um dia andava cabisbaixa por uma das avenidas da grande São Paulo quando um homem aproximou-se e ofereceu-lhe a chance que alteraria o rumo da sua história para todo o sempre. Finamente ela dançaria, entretanto não para uma platéia requintada e nos pés não haveria sapatilhas.
Ela se tornou a principal atração do “Império”, a casa noturna dos magnatas.
Tudo transcorria bem, melhor do que a jovem poderia esperar, até que em uma madruga como outra qualquer “ELE” apareceu e quando as avelãs, mesmo em meio ao jogo de luzes e cores, encontraram-se como as duas pedras de topázios – Azuis como uma tempestade e brilhantes como um raio – seu coração parou.
Ele era lindo, charmoso e dono do sorriso “imperfeito” mais perfeito que ela tinha visto em toda a vida e posteriormente ela descobriria que era o dono de uma das maiores riquezas do país também. Foi inevitável, no entanto, o encontro dos amantes e em poucos momentos, seus destinos estavam traçados em um enlace arranjado pela paixão juvenil, dia pós dia passavam e ambos enredavam-se nas veredas dessa euforia misteriosa, até que as máscaras começaram a desaparecer e as verdadeiras personalidades se revelarem.
O homem a amou nos primeiros meses, mas ela era uma mulher sagaz - na verdade, era difícil para ela privar-se de tal característica – Ela não estava feliz ou satisfeita com o “posto de amante”, Merida sempre quis o mundo, nesse caso, ela queria ser “a primeira dama” e ele jamais admitiria tal. A jovem irritou-se e prometeu nunca mais estar com o amante e assim o foi por algum tempo, todavia a paixão... Ah a paixão, essa é capaz de cegar o mais sábio dos homens, quem dirá um tolo.
Eles voltaram a se encontram com uma condição, se a bela jovem não poderia ser a primeira dama, então ela seria a parceira nos negócios e assim o foi.
Pedro Castiel tornou-a a segunda no comando, não de sua rede de escritórios de advocacia ou bancos espalhados pelo seu território brasileiro, ele tornou-a a segunda em seu esquema de lavagem de dinheiro.
Havia acordos e mais acordos, envolvendo todo o tipo de negócios ilegais, desde tráfico de drogas á prostituição de pessoas, mas para ele não importava a procedência do dinheiro, ele passaria pelos escritórios da “Executive Castiel’s” e cairiam nos cofres dos inúmeros bancos, tornando a “grana” limpa e inrrastreável para os federais.
Era a dupla perfeita, como Bonnie e Clyde, mas como nada na vida é eterno, a pareceria dos amantes estava prestes á ruir. Pedro descobriu que um de seus “sócios”, o seu amigo mais leal, estava lhe “roubando” e não se tratava de perdas matérias, seu sócio estava lhe usurpando, nada mais, nada menos que seu doce “Bonnie”, uma traição sem tamanho.
Quando foi até o “traidor” tirar satisfação, Augustos Muller contou-lhe a “verdadeira história de traição”, disse que fora seduzido e enganado pela doce e astuta “serpente” de olhos cor de avelãs. O advogado foi tomado pelo furor irracional e tudo que queria era estrangular a amante, mas o sábio Dr. Augustos Muller o convenceu á exercer uma vingança fria e sem piedade.
Merida nunca soube o motivo que carregou Pedro Castiel, junto do Médico Augustos Muller para seu quarto aquele noite, contudo ela nunca esqueceria as marcas que aquela trágica madrugada lhe deixaria.
Depois de horas e mais horas de violação e humilhação, a doce bailarina, agora, não mais “doce”, se viu largada como um animal em uma vala qualquer - Eles acharam que a pobre dama jazia sem vida e nem lhes pareceu minimamente aceitável sepultá-la.
A vida é uma puta que gosta de ironizar os reles mortais e mesmo que Merida tenha desejado com todas as forças encontrar seu fim aquela noite, não aconteceu. Um farolete brilhou no fim do túnel e infelizmente não era o lugar para onde vão os “bonzinhos” depois da morte, era realmente um farol no extremo da estrada. O carro parou e os passos, exercidos por pés calçados em elegantes saltos de grife, foram as últimas coisa registrada pelas avelãs sem vida e o suspirou que rompeu seus lábios, veio com uma promessa...
“Eu me vingarei de todos eles!”
Na semana seguinte, quando acordou no leito do hospital, Merida, recebeu a notícia mais assustadora que já tivera; estava grávida, prestes a entrar na 4° semana gestacional!
Seu mundo desabava mais uma vez.
A jovem não teve tempo para esperar pela gentil doutora que lhe resgatara, quase morta, á beira da pista e cuidou da “indigente” por todos os dias que estivera inconsciente, ela só conseguiu correr o quanto suas pernas lhe permitiu e quando elas não agüentaram mais, desabou e chorou mais do que as lágrimas poderiam oferecer.
A mulher odiou a vida que agora carregava em seu interior, ela odiou quem á concebeu e ela odiou a si, mais que á qualquer outro. Todavia, Merida, sempre fora forte, incansável, indestrutível... Ela levantou do chão de terra batida, limpou as lágrimas e começou sua vingança.
Pedro Castiel não esperava encontrar aquele rosto outra vez, aquele sorriso libertino e sensual - era a própria “Lilith” em carne e osso, que viera lhe cobrar o preço por seus pecados- Merida usou a gravidez para reaproximar-se do homem e mesmo que seu estômago se contorcesse á cada toque ou sorriso que ele lhe lançava, ela manteve-se firme em sua vingança.
“Usaria todas as armas que tinha, tiraria tudo do Maldito e depois o faria rastejar á seus pés, rogando por misericórdia e clemência!”
E assim se sucedeu, todavia a mulher não contava com um pequeno detalhe: Ela se apaixonaria perdidamente pelo “objeto de sua vingança”, ela se apaixonou por seus bebês. Sim bebês, eram dois.
O plano inicial foi usar a gravidez em prol de sua vingança e quando Pedro tivesse caído de amores pelo “feto” ela daria um jeito de apagá-lo e isso o feriria tão dolorosamente quanto como o mesmo fizera á ela, mas não aconteceu. Merida os amou, assim que os ouvidos captaram o galopar frenéticos dos pequenos corações guerreiros – assim como a genitora – ela os amou, e resolveu postergar a segunda parte do plano e sumir com as crianças depois que elas nascessem.
Do outro lado desse emaranhado de vingança havia outro alguém, certa doutora, que ganhara a confiança da jovem Merida, ao ponto de permiti-la acompanhar sua gravidez. Ironicamente, Angeline Lazzari Muller, tornou-se a médica dos “gêmeos guerreiros” – como a loira mesma os intirulara- Mais tarde, Merida, descobriria que a loira afável de sorriso acolhedor e coração generoso era a esposa de um de seus inimigos jurados.
Angeline Lazzari, uma doce mulher, uma excelente profissional e uma mãe estupenda, todavia uma mulher igualmente infeliz no casamento. A loira casou-se por um acordo financeiro entre os Lazzari’s e Muller’s, nunca havia experimentado a paixão, até que a próxima consulta da sua mais recente paciente chegou...
Aquele dia, Merida, fora acompanhada de alguém muito importante em sua vida, sua irmã de consideração, a mesma que havia sido “levada” do orfanato á anos atrás, agora ela era a embaixadora da Itália, retornando para a vida da morena, tão animada com a chegada dos novos integrantes da família quanto Merida.
Foi uma consulta incomum para a jovem médica e se para ela que estava habituada a rotina, afinal era seu trabalho, quem dirá á italiana d’Angelis. E da estranheza, elas passaram á uma amizade intensa, até escorregarem no precipício da atração e desembocara no amor.
A vida seguia seu curso natural, até que um fatídico dia chegou. Angeline acordara mais cedo que de costume, era seu dia de folga, ela não precisava se apressar para sair da cama, contudo ela o fez; caminhou pelos corredores da Mansão Muller, parando no quarto dos filhos por alguma segunda – Ela queria vê-los dormir, afinal esteve longe dos pequeninos todo o dia anteriores – depois, decidida a fornecer m pouco de sustento á seu corpo, retomou a marcha lenta e sonâmbula para a cozinha, todavia, no caminho, encontro o escritório do marido...
A porta estava entreaberta e as vozes, bem conhecidas pela matriarca, pareciam alteradas e o teor da conversa não era afável. Lazzari descobriria coisas que colocaria sua vida e a de seus filhos em risco e assim o foi.
A máfia de colarinho branco, cujo chefe maior era o Secretário de Segurança publica, o Dr. E Advogado Pedro Castiel e um de seus homens de confiança o seu próprio esposo, Augustos Muller, revelavam-se por puro infortúnio á mulher.
E foi quando as duas esferas azuis escuras e atentas flagraram os verdes, modulados por uma careta de espanto, que a vida da jovem doutora Muller teve seu fim.
Castiel mandou um de seus “homens” do mais alto patamar de sua confiança para matar a loira e sua vontade desenhou-se cumprida em um acidente de carro, causado pelo seu “peã”, que jamais levaria a sujeira para de baixo do tapete de riquezas e poder do Ministro. O homem só não contava com a incoerência dos pensamentos humanos, você pode subjugar um corpo, castrar um comportamento, desfigurar e denegrir uma mente volátil, mas nunca poderá subjugar a vontade de alguém e o anseio por causas sofrimento que irrigava o interior de Merida jamais seria subjugado pela paixão irracional que um dia ela viera a sentir por ele. Então, a doutora sobreviveria e seu algoz se transformou em “salvadora”, todavia, para todos os efeitos, Merida Martinelli era a assassina e amante ciumenta, que matara a esposa de um homem rico para apropriar-se do posto deixado para traz.
Merida decidiu que havia chegado o momento de terminar sua vingança, então ela fez o que arquitetara em todos os meses seguintes á concepção de seus filhos, esvaziou o cofre principal de Castiel, roubando-lhe mais de setenta por cento do valor total de todas as riquezas do homem e muniu-se de bons “aliados” e “clientes”, caso as coisas fugissem á seu controle, contudo, na noite em que sumiriam do mapa, as gêmeas resolveram ser um momento oportuno para virem ao mundo. Seu plano sofrera alterações e agora, Pedro, sabia que havia sido enganado e roubado...
O feitiço, mais uma vez na história do mundo, virou-se contra o feiticeiro!
Castiel atacou pelo flanco que a mulher jamais esperaria e tão rápido quanto o momento no qual fechou os olhos pela primeira vez, depois de horas incansáveis trazendo ao mundo duas vidas, ela abriu, mas o seu pecado havia cobrado o preço e á esse preço ele estaria presa pelo fim da sua vida.
- E esse é o fim do doce conto imoral da minha vida! – sentenciou, por fim, suspirando com pesar. Merida Martinelli, a dama de ferro, a poderosa Capo Siciliana; parecia derrotada mais do que nunca.
- Q-quem foi que a salvou, quando estava á beira da estrada? – a voz de Iara foi a que ousara quebrar o silêncio que caio sobre as mulheres com o peso do mundo.
As avelãs despeças e completamente despidas da fortaleza comum á aquela mulher, encontraram os verdes úmidos da jovem e a caçula dos Muller’s enxergou a resposta, antes mesmo das palavras codificarem e decodificarem a verdade, ela esteve lá todo o tempo.
- Sua mãe, doutora Muller... – confessou Merida, agora trocando os verdes da loira mais nova pelos da outra – Angeline Lazzari. Foi ela quem prestou socorro e levou-me até o hospital naquele dia! – esclareceu, ajeitando-se ao sofá, um pouco incomodada com o olhar indecifrável de Lazzari sobre si.
- E-eu... – as palavras faltaram á eloqüente doutora, era, de fato, muito para sua mente digerir – Sinto muito, e-eu... – perdeu-se em seus próprios pensamentos, enquanto atropelava os pés em uma marcha confusa para longe das outras, até sumir pelo corredor.
- Iara... – Manifestou-se, angustiada e incerta, Angeline, em um salto do extremo sofá, todavia desistiu de seu intento quando percebeu ser tarde de mais.
Emanuella caminhou vagarosa até a poltrona onde a mãe jazia reclinada e agachou-se se equiparando a altura das avelãs.
- Estarei um andar acima, caso precise... – não era só uma informação, Merida, enxergou; com a alegria, o carinho externado pelos azuis escuros da filha. Ela estaria junto de si, para o que fosse necessário.
- Grazie mia cara figlia (obrigada minha filha)! – Merida sorriu-lhe, acariciando o rosto pálido com ternura maternal, era a primeira vez que tocava a filha assim, e surpreendeu-se com a resposta da de cabelos platinados ao sentir os lábios quentes e afáveis colarem á sua testa marcada pelo tampo.
- Buona serata, mamma (Boa noite, mãe)! – sussurrou para a mulher, voltando à posição ereta - Boa noite á todas! – desejou Emanuella ás mulheres que se encontrava na sala, mas antes de seguir o caminho atrás da esposa, repetiu o mesmo gesto que dispensou á italiana com a mãe ruiva e por foi-se.
Essa era a deixa para as outras recolherem-se também e assim as outras três – Juliana, Luciana e Angeline - fizeram, depois de murmurarem um “boa noite” educado.
-Melannie? – a voz da italiana interpelou os passos da filha que também se preparava para recolher-se até o seu quarto.
- Sì... – apresentou-se a morena, voltando-se para a mãe.
- Não tenha raiva de Diana... – começou, ganhando um suspiro, bem parecido com o seu quando estava impaciente. - Todos nós cometemos erros, bambina mia... – Merida replica, mas não havia persuasão em seu tom, já que não queria convencer a filha de qualquer coisa - Eu jamais poderia condenar, sua tia, por traição... – o timbre perdido da mulher sobrevoou a sala como brisa – Eu a machuquei primeiro! – sentenciou com as avelãs perdidas no tempo – Ela estava vulnerável, dolorida... – suspirou – Afinal, para ela, eu havia matado o amor de sua vida! – Lamentou-se, não se importando em despir tanto de si - Ela sempre foi a mais nobre de nós duas, mas o seu coração bondoso não lhe permitiu enxergar que estava sendo manipulada por homem cruel e sem qualquer escrúpulo! – contou a mulher, enquanto lágrimas finas cortavam-lhe discretamente a face morena.
- Ela mentiu para mim, disse que você havia me abandonado... – rosnou Melannie - Ela traiu você e entregou a minha irmã aos cuidados de um psicopata! – repetiu o obviou, sentindo o estomago embrulhado – Acho que não posso perdoar... – confessa mortificada.
- Não estou pedindo para perdoá-la, Melannie... – ponderou – Estou apenas lhe mostrando que às vezes tomamos as piores decisões pelos motivos certos! – conclui, voltando sua atenção para o fogo que crepitava á lareira, quando a filha desviou-se de seu olhar.
-Dormi bene, mamma (Durma bem, mamãe)! – foram às últimas palavras da morena, não havia sarcasmo e sim um carinho contido. E assim a ruiva marchou para o aconchego de seu quarto.
***
Dois toques calmos contra a madeira retificaram á mulher o que ela já sabia.
- Posso? – ironicamente, Manu se apresentava, solicitando “permissão” para adentrar em seu próprio quarto e isso foi motivo para um pequeno sorriso despontar timidamente nos lábios rosados da ocupante.
- Sabe que a intrusa aqui sou eu, não é?! – indagou-a Iara, com facetas de humor, enquanto a maior aproximava-se com certa cautela.
- Você nunca será uma intrusa, amoré mio... – retrucou e foi logo se acomodando junto á loira sob os cobertores quentes – Precisa conversar sobre isso? – Indagou Kath, causando um suspiro sôfrego á loira.
- Não sei... – murmurou Iara, ainda de costas para a esposa que aguardava pacientemente pelo seu momento. – É que... – suspirou outra vez, perdendo-se nas palavras – Essa história... Toda essa loucura e... – moveu-se impaciente em seu lado da cama e Kath podia sentir a aflição saltitando dos poros da outra, mas ela manteve-se imóvel e disposta á ouvir – É estranho, tê-la aqui, depois de tantos anos! – confessou por fim, com os verdes perdidos no canto do quarto – Não é que eu não tenha ficado feliz por ela estar viva, mas é que... – deteve-se, não tendo certeza se as palavras que encontrou para tentar exprimir a confusão dos sentimentos que a rodeava eram ideais – Só é estranho! – pontua, dando-se por vencida.
- Lembra a primeira vez que falou da sua mãe para mim? – Indagou Emanuella e sentiu o colchão se mover minimamente e Iara voltar-se para ela – Seus olhos brilhavam mais do que de costume... – um sorriso iluminou a face cheia de arranhões – E tudo que eu quis naquele momento foi ter o poder trazê-la de volta, apenas para vê o mesmo sorriso que tinha ao contar sobre ela! – confessou e iniciou um passei lento com as pontas dos dedos pálidos no rosto fino e delicado da loira – Você se parece muito com ela... – murmurou com o rouco amolecido e os azuis conectados os verdes que tremelicaram prontos para liberarem sua verdade.
- Quando disseram que ela havia morrido, todos os aniversários, durante muito tempo, eu pedi para tê-la de volta... – devolveu a loira com um sorriso sem humor e, agora, com algumas lágrimas intrusas. Manu permaneceu em seu silencio paciente, como se esperasse por ela e apreciasse com deleite o calor da mulher abaixo da sua palma – Agora ela está aqui, literalmente á alguns metros de nós e eu não posso abraçá-la por que tudo o que eu me pergunto é o porquê ela demorou tanto para voltar... – continuou, deixando um soluço escapar – Por que ela partiu deixou á mim e Tiago para traz, mesmo ciente de tudo que nosso pai era capaz... – as mãos da doutoram moviam-se freneticamente, como se pudessem libertá-la das mazelas que insistiam em sufocar lhe a garganta e travar o peito – Porque, Kath... – Emanuella partilhou daquela dor, era como se fosse a sua própria – Eu fico me perguntando o que nós fizemos para afastá-la por tanto tempo, onde eu falhei e-e... – Outra vez a eloqüente doutora perdia a fala, assim como as convicções que tinha dentro de si.
- Ei... – Kath chamou sua atenção, parando as mãos afobadas com as suas – Não há nada de errado com você, amoré mio! – sentenciou, deixando toda a sua certeza extravasar dos azuis para os verdes – Eu não tenho as respostas que você busca, talvez nem Angeline as tenha para dar, mas se há algo que todos esses anos ao seu lado me ensinaram é que o amor é capaz de superar até as questões mais complexas e improváveis, então, talvez essa seja a vida lhe presenteando com uma nova chance para recomeçar de onde vocês param! – completou Kath.
As sobrancelhas de pelos loiros se retorceram em um sinal claro de reflexão, trazendo á loira um momento de catarse. Talvez Emanuella estivesse certa, talvez ela estivesse cobrando a si e a mãe em demasia, afinal a vida, para nenhuma delas, havia saído como o planejado.
Um sorriso tímido pintou os lábios rosados e fartos... “Enfim seu pedido fora atendido, Lara!” soprou sua consciência sagaz.
- Não que eu aprecie ver suas lágrimas, mas qual é o motivo do riso? –Castiel, tomada pela confusão á recente descoberta “bipolaridade” na loira.
- Nunca achei que esse momento chegaria... – disse a doutora em tom zombeteiro, afastando os últimos resquícios das lágrimas e assistiu o cenho da outra se enverga um pouco mais.
- Que momento? – indagou inocentemente.
- O momento em que eu diria “você tem razão”, Katherine Emanuella Castiel! –exclamou com uma careta cheia de humor.
- Eu sou muito, foda mesmo... – comemorou Manu com um pequeno soco no ar, assim que compreendeu a questão. - Não há mal algum em admitir o obvio! – concluiu com o riso convencido estampado no rosto.
- E lá se vai toda a maturidade recém adquirida, senhorita convencida! – Lamentou Iara, negando com a cabeça enquanto revirava os verdes em orbita.
- Admite que acha “meu convencimento” sexy e encerraremos essa discussão por hoje! – ofereceu Manu, com um sorriso torto e os azuis semicerrados, após lançar uma piscadela indecente para a esposa.
- Não seja tola, Katherine... – falou insinuando estar horrorizada – Em nenhum momento eu falei que te achava sexy! – desdenhou com humor.
- Auh... – Kath reclamou como seu ego “mortalmente ferido” – Quanta crueldade, doutora! – completa emburrada, mesmo sabendo que a outra estava se divertindo á suas custas.
- Não sei... – Iara retoma inspecionando a outra com uma careta de desagrado – Talvez seja o cabelo, sabe?! Acho que te deixou menos atraente, você sabe que as morenas têm meu coraç...
Bem, a jovem médica não teve tempo para terminar de “cuspir suas afrontas” – Palavras de Katherine – pois mais que depressa teve os lábios, praticamente amassados, pelos da algoz.
O beijo era duro e bruto, como se Emanuella precisasse dobrá-la ao meio depois de “tamanho insulto” e ousadia e Iara... Ela amou, apreciou cada segundo, cada mordida e sugada á língua macia e retribui na mesma brutalidade tempestiva. Em alguns minutos o corpo curvilíneo e quente da doutora era trazido para sobre os músculos rígidos da esposa que arfou contra os lábios rosados, fartos e úmidos quando as mãos atrevidas foram para sua para nas madeixas da nuca, puxando-as com autoridade e impondo seu próprio ritmo ao beijo.
- Pronta para admitir o quanto me deseja, doutora? – sussurrou o rouco de Emanuella contra a boca entreaberta da outra que sentia as mãos firmes da esposa viajar por seu corpo sem timidez e cheias de atrevimento.
- Não tenho certeza... – contrariou-a sacana – Acho que preciso ser convencida mais um pouco! – pontua “despretensiosa”, mordendo com a ponta dos dentes brancos o próprio lábio, agora inchado.
Em um movimento furtivo, Kath, inverte as posições. Agora ela quem estava sobre a outra e mantendo-a “cativa” pelos pulsos imóveis acima da cabeça.
- Será um prazer convencê-la, minha sereia... - entrou na brincadeira da esposa e retomaram o beijo cheio de desejo e paixão que só terminariam quando ambas cansassem de se amarem e desfrutarem do prazer carnal que as unia pelas veredas dos amantes.
***
- Achei que já tivesse ido para casa, agente... – Merida diz, largando a muleta e caminhando vagarosamente para mesa de bebidas.
- Você disse que queria falar comigo, então... Aqui estou! – A ruiva diz, bem aconchegada á uma das cadeiras diante da mesa de madeira.
- Sabia decisão! – sorriu a Capo, oferecendo um copo de seu melhor vinho para a outra que prontamente negou – Conseguiu desaparecer com todas as provas? – indaga, sentando-se na única cadeira, disposta no outro extremo da mesma.
- Sim... – afirmou Salvatore – Não há um sinal que diga que Emanuella esteve lá na aquela noite! – completou.
- Quantos? – a italiana solveu um pouco da bebida, desviando as avelãs das amêndoas de Juliana.
- Quatorze homens, mais o tal Gonzáles! – esclareceu certa.
- Ótimo... – suspirou cansada e certo pesar pareceu fugir á seu controle – Certifique-se de que não poderão ligá-la aos assassinatos ou á Gonzáles... – prossegue concentrada no liquido que tinha nas mãos - Pedro não pode saber que ela está viva e se a sua polícia souber, ele saberá também!
- O que te faz pensar que ele não sabe? – July intrigada – Não foi ele quem á deixou no tal cativeiro?
- Não! – negou, olhando a ruiva com furor – Isso foi um bastardo, incompetente, que logo estará morto! – rosnou a promessa.
- Ok! – preferiu concordar, não achando prudente empertigar a Capo naquele momento- Sabe que eu também sou da polícia, não é? – ironizou a ruiva, desviando do olhar mortal da Italiana e esse não tardou em suavizar.
- Não se preocupe com isso, querida, você já passou no teste de confiança! – Debochou Martinelli provocando interrogação na outra.
- Não me lembro desse dia... – Retrucou July e sua confusão foi motivo de riso para a morena.
- Acha mesmo que eu sou uma maníaca bipolar e sem coração, que ordenaria á própria filha para atirar na irmã á queima roupas? - sugestiva e retórica, Merida, propõe com humor e parece que ela poderia ouvir o grito mudo da jovem á frente dizer; “Sim!”- O teste era para você, ragazza, e passou com louvor! – pontua simples, não se importando com a ignorância da outra.
- Como assim: “O teste era para mim”? – indagou a ruiva franzindo o cenho e insinuando o movimento de “aspas” no ar.
- Eu precisava saber até aonde vai sua lealdade á Emanuella, mas acabei por descobrir que sua ligação com minhas filhas, transcendem o limiar da fraternidade... – sugeriu a morena, causando um pequeno rubor á pele clara da agente. A reação provocou uma gargalhada á matriarca Martinelli – Ora, Senhorita Salvatore, não há do que se envergonhar, Melannie, é uma mulher encantadora e intrigante! – piscou para Juliana que agora se parecia mais á um pimentão.
- E-eu... – gaguejou, cursando a nuca par disfarçar seu constrangimento.
- Agora sei que Melannie estará em boas mãos, já que foi capaz de se enfiar no caminho de uma bala por ela... – acenou em aprovação para a outra que mal conseguia olhá-la nos olhos – Portanto, agente, eu confio em sua seriedade e fidelidade ás minhas filhas. Peço desculpas pelo método utilizado por mim, todavia, é assim que os Sicilianos fazem! - o sorriso sarcástico não abandonou seus lábios, afinal, não seria a “dama de ferro” caso fosse de outro modo - E... – deteve-se por um instante - Obrigada... Por se importar com elas!– falou sincera.
- Não há o que agradecer, senhora Martinelli... – Salvatore, agora mais recuperada da “brincadeira” – Suas filhas são importantes para mim e farei o que estiver em minhas mãos para mantê-las seguras! - Completa mirando Merida com firmeza.
- Assim espero, minha cara! – concordou a matriarca.
***
Castiel disparou como um raio do banheiro para a cama e tão rápido quanto pode, enfiou-se outra vez no calor do cobertor. Elas tinham desfrutado de um sex* intenso e satisfatório – Como sempre era com entre as duas – e então, depois de quase congelarem no “processo do banho” – “Talvez não fosse uma idéia tão brilhante banhar-se depois do sex*, bem no meio de um inverno rigoroso!” – a maior não pensou duas vezes e correr para a cama.
- Sua safada, traidora de uma “figa”! – Iara surgiu logo atrás, vestida com um dos moletons de Castiel (nela parecia mais com um vestido á um capuz) - Você teve a audácia de me deixa sozinha no banheiro, nesse frio? – Reclamou, fingindo irritação e logo se enroscou ao corpo quente da esposa – Muito inadequado da sua parte, senhorita Katherine! – estreitou os olhos e desaprovação.
- Não julgue uma mulher por querer um pouco de calor, doutora! – retrucou com um olhar cafajeste e logo a gargalhada rouca preencheu o ambiente, pois os tapas fracos, que agora era desferidos em seu braço, exigia demasiada força de Iara e, no entanto, não faziam nem cócegas á pele pálida.
- Sua cachorra! – rosnou indignada dando continuidade á sua “agressão”, todavia logo foi surpreendida pelas mãos irreverentes de Kath contra sua cintura fina, provocando um “comichão” e arrepios á pele dourada – T-tudo bem, v-você venceu... – tentou entre as gargalhadas sôfregas - Você venceu! – a loira, desesperada por uma trégua da brincadeira.
- Sabia escolha, minha bela dama! –Manu, cessando as cócegas e alinhando-se no travesseiro de frente para Iara outra vez.
Os verdes, ainda úmidos pela intensidade dos risos, conectaram-se aos azuis escuros, arrastando-as ao silencio confortável e aconchegante, assim como os corpos moldados um ao outro – Diziam nada, mas também falavam tudo.
Quando uma de suas pernas se encaixou, furtivamente, ás pernas da outra-elas nunca souberam dizer se era um reflexo natural de seus corpos, já tão bem conhecidos um ao outro, ou se as pernas de Iara ganhavam vida quando o calor de Kath estava tão perto, mas a configuração era sempre a mesma - O nariz pálido retorceu transfigurado á uma careta de desagrado por parte de Manu.
Não precisava dizer o que a incomodava, a loira sabia bem e fez-lo novamente, apenas para mexer com a esposa.
- Iara... –Castiel, tentando impor chateação ao rouco, mas a sutileza nos traços relaxadas e zombeteiros impediam-na de soar assim – Entra inverno e sai inverno, mas a senhorita nunca aprende a vir para cama com meias nesses pés gelados, ãh?! – exclamou, sentindo a outra passear os “cubos de gelo” por suas panturrilhas com olhar sacana.
- Pensei que gostasse, deles aqui... – sussurrou provocativa, acariciando o interior da coxa da outra com os pés dourados.
-Não me provoque, doutora! – rosnou e um suspiro quente resvalou por entre os lábios avermelhados.
- Quem? – Iara, tomada pelo cinismo continua, todavia , agora suas mãos finas que trabalhavam com maestria no abdômen rijo da esposa – Eu? – os verdes notaram a áurea negra pairando nos azuis e ela sorriu vitoriosa.
- Acho que essa noite não precisará de meias, querida! – um sorriso torto cresceu nos lábios de Emanuella e essa já agrupa todos os sentidos para “das o bote”, entretanto não pode prosseguir – Merda...- murmurou irritada, quando três toques a porta lhe interpelou e logo foi empurrada para longe pelas mãos da esposa contra seu peito.
- Mamãe? – uma Angel sonolenta passou pela porta da suíte, agarrada á um de seus bonecos de pelúcia e um pijama felpudo de “unicórneo” rosa. – Não consigo dormir! - ronronou com um bico adorável nos pequenos lábios, coçando os olhinhos semicerrados, no entanto, era inacreditável a criança ter chegado até a cama sem tropeçar pelo caminho, dado ao fato de que os azuis mal conseguiam manterem-se abertos por um segundo.
- Olha só... – Katherine, sorrindo a filha que tentava subir na cama, mas suas perninhas não colaboravam com seu intento - Se não temos um “pacotinho” sonolento por aqui! – brincou, suspendendo o pequeno ser do chão para depois depositá-lo no colchão macio no espaço entre ela e Iara.
- Está sem sono, é baby girl? – inquiriu a loira, embalando a filha nos braços e cheirando ás madeixas negras, tinham cheiro de morango e perfume infantil.
- hunhum... – murmurou como uma gatinha manhosa e não tardou em enfiar o rostinho no pescoço da mãe.
- Sei... – um sorriso ameno espelhou o rosto delicado da loira – Durma bem, meu anjinho! – sussurrou baixinho para a criança que já dormia – Boa noite, meu amor!
- Boa noite, sereia! -murmurou Kath, enredando as duas mulheres de sua vida em seus braços e não tardou em libertar-se para um sono merecido.
***
A luz fraca do abajur recaia providencialmente sobe a pequena mesa. O homem analisava com total atenção os papeis em sua mão, havido por não deixar passar o menor dos detalhes.
A maleta negra, agora aberta e vazia, tornava-se mera coadjuvante diante dos segredos obscuros que cada palavra, carimbadas á cada uma das folhas de papel, revelavam. Tudo estava em perfeita harmonia e organizado, como se estivesse esperando o dia de sua revelação gloriosa. Prova e mais provas, revelavam o caráter displicente e macabro das histórias que foram entradas no passado, todavia, agora, estavam de volta ao presente para assombrar e cobrar seu débito.
A gargalhada fria e maléfica cortou a penumbra com acido... O destino finalmente estava á sorrir para ele!
- Veremos o que fará agora, querido Papai! – exclamou o tom rouco e soberbo com fascínio cintilante nas orbes claras – Ao que parece, o jogo virou... – o sorriso mórbido cresce no rosto quadrado – Senhor presidente! – concluiu Vithor.
***
A manhã não chegara amena e preguiçosa para certa doutora, pelo contrário, tudo parecia uma eterna montanha russa em seu estomago. E agora que seus órgãos estavam empenhados em uma sinuosa ciranda, Iara, amaldiçôo a desventura que fora degustar um prato inteiro de Fettuccine com Molho Marzano no jantar.
- Droga! – rosnou frustrada, antes de voltar-se para sanitário outra vez.
Os ruídos do martírio da menor despertaram Emanuella, que mesmo em meio á rala luz no ambiente notou a porta do toalete entre abertas. Levantando-se com certo desequilíbrio, pois seus movimentos foram rápidos de mais, ela foi até lá.
- Você está bem? – indagou Kath, tão rouca quanto o habitual por conta do sono.
- Eu pareço com alguém que está bem, Castiel! - desferiu com rudeza e rispidez, ainda ajoelhada com o tronco miúdo sobre o “vaso”.
- E estamos de mau humor essa manhã... – replicou a maior, sem se sentir realmente ofendida - Anotado! – pontua, ao passo que se equipara á esposa e segurando as madeixas loiras, inicia um passeio lendo com a mão livre nos músculos tensos das costas da loira.
- Perdoe-me... – Iara, notando sua indelicadeza – É que eu odeio sentir-me nauseada! – justificou abatida.
- Eu sei. Não tem problemas, amoré mio! – Castiel, compreensiva, continua com seus afagos que pareciam contribuir para cessar a “revolta intestinal” da esposa.
Kath, sustentando-a pela cintura-, ajudou Iara a retornar a posição bípede e caminharam para o lavabo.
- Acho que Melannie é melhor como policial que como chefe! – gozo a loira, sentindo-se um pouco melhor.
- Eu disse que era perigoso deixá-la prepara o jantar, sozinha! – zombou Manu, mais a palidez no rosto da esposa ainda preocupava-a – Realmente sente-se melhor? – reforçou outra vez com os azuis atentos á cada movimento da menos á “pia”.
- Sim, meu anjo, era apenas um mal estar... – garantiu, secando o rosto com uma toalha – Eu estou bem... – forçou um pequeno sorriso na tentativa de tranqüilizar os azuis escuros, quando Kath tocou sua testa com as costas da mão para aferir a temperatura – Juro!- finalizou com um beijo na bochecha pálida e iniciou marcha para o closet. Ela havia mandado um de seus colaboradores prepara uma pequena mala com roupas suas e da filha e trazer na noite anterior, pois saíra com tanta pressa de casa que não teve tempo para preocupar-se com tal.
- Bom, a médica aqui é você, então se está dizendo... – uma pitada de ironia escapou dos lábios “sarristas”, enquanto Kath acompanhava os passos da loira.
- É, eu sou! – sorriu para a outra e depositou e selou os lábios aos dela brevemente.
- O que fará hoje, doutora? – Kath, escorada ao batente com os ombros, mantendo os braços cruzados sobre o peito, acompanhava a expedição da esposa em busca de uma muda de roupas.
- Irei para o consultório... – disse Iara, sem tirar os verdes da mala – Tenho uma cirurgia marcada para as oito!
- Uhum... – murmurou desinteressada com um suspiro audível para a linda “obra prima” que se desenhava diante dos azuis escuros. A doutora se esforçava tanto para vencer a guerra travada contra o zíper que mal se atentou para á “bela visão” de seus quadris naquela angulação.
- E você? – perguntou, mas não houve resposta – Kath, ainda está ai?
- S-sim... – pigarreou, retomando a firmeza em seu tom rouco – E-eu, não sei... – desviou os olhos da “tentação” - Talvez eu faça coisas chatas de Capo, sabe?! Nada tão interessante quanto abrir e costurar pessoas! – completou entediado.
- Poderia levar Manu para escolinha hoje, por favor? – pediu, finalmente fechando a mala e voltando á postura ereta – Eu estou um pouco atrasada e ela á tempos vem dizendo que gostaria de mostrar a “outra mãe” aos coleguinhas!
- Claro, pode ficar tranqüila! – sorriu para a esposa que caminhou em sua direção.
- Obrigada! – agradeceu com um selinho e já ia saindo para o banho, mas quedou-se der repente, como se lembrasse de algo – Nunca te disseram que é indecoroso ficar “secando” as pessoas, Castiel? – ronronou com a voz arrastada e quente no ouvido da outra, causando pequenas ondas de arrepios naquela região - Se comportar-se bem, enquanto estiver fora, prometo recompensá-la essa noite, querida! – lançou a promessa e partiu para o banheiro em um rebol*do sensual que roubou qualquer possibilidade de raciocínio da jovem Emanuella.
- Amém senhor... – murmurou desconexa e logo um sorriso torto iluminou a face pálida.
“Seria um excelente dia!”
***
- Bom dia, senhoras! – cumprimentou-as, Katherine, totalmente disposta, enquanto invadia a sala de jantar segurando a mãozinha da filha na atura da cabecinha de cabelos negros.
- Bom dia, tia Mel! – Manu partiu como um foguete para o colo da mulher sentada á mesa.
- Parece que alguém está com a bateria totalmente carrega essa manhã! – observou a morena, cheia de gracejos para com a criança.
- Onde está Iara? – Essa era Angeline Lazzari, bebericando minimamente da sua xícara de café.
- Ela saiu cedo, pois estava com o horário apertado!- Esclarece Kath, preparando um prato para si e outro para Manu, e o desapontamento nos verdes da sogra era tocante.
- Mamma, não quero “futras”... – reclama a pequena e empurra o prato para longe emburrada – Preciso de bolo de chocolate para ficar “fortinha”! – pontua sagaz e eleva os bracinhos finos, exibindo o bíceps.
- Nem adianta, espertinha, sua mãe me mata se eu te der esse açúcar todo no café! - negou Kath e devolveu o prato pequeno para a posição inicial.
- Vó Lucy, diz para a mamma que a mamãe deixa... – recorreu com os azuis brilhantes e meigos para a ruiva na ponta da mesa, á esquerda de Merida que achava a situação divertida.
- Sua mamma, tem razão, meu anjo, nada de chocolate no café da manhã! – negou a matriarca e sorriu com uma piscadela para a filha que sussurrava um “obrigado” mudo.
- Tá!– aceitou Manu resignada e rolou os azuis escuros em orbita, idênticos á Castiel quando se via insatisfeita.
- Eu ainda me pergunto como você, “panaca”, demorou tanto para perceber que ela era sua filha! - zombou Melannie em seu típico humor sarcástico, causando uma onda de risos á mesa.
- Talvez eu tenha herdado o mesmo nível de indigência que você, sorella (irmã)! – devolveu Katherine com uma das sobrancelhas negras arqueadas em desafio.
- Crianças, comportem-se! – As vozes uníssonas, vieram em repreensão ás duas “adultas” e carregaram para o ambiente um denso silencio.
Os azuis miraram as avelãs da irmã gêmea e esses espelharam de volta o mesmo estranhamento, depois ambas se voltaram para as duas mulheres á cabeceira da enorme mesa.
Ruiva e morena, igualmente surpresas, entretanto se mantinha firmes em sua proposta, claro, depois de analisarem a coincidência com estranheza. E a italiana não pode esconder o retorcer no canto dos lábios em um batom escuro com um pequeno riso, Lucy percebeu a centelha humorada zombetear a face aristocrata.
- A mesa não é lugar para brigas... – depois de limpar a garganta seca, pela segunda vez aquela manhã, Merida, resolveu falar - Deixem para se “amarem” depois! – diz simples e retoma seu desjejum, totalmente despreocupada com as desconfianças caricata á face de suas “crias”.
- Mãe... – Katherine, retomando a voz – Será que poderia falar com a senhora, depois de deixar Angel no colégio? – dirigiu-se a “primeira dama” que se moveu desconfortável em sua cadeira.
- Sim, claro... – concorda Lucy e, com certa pressa volta a beberica o suco de laranja no cristal entre os dedos, sentindo o peso dos azuis escuros sobre si.
- Que tal a tia Mel ajudar essa miniaturazinha de Kath, aqui, escovar os dentes e pegar a mochila para ir à escola, em? – sugeriu Melannie, desfazendo o clima de estranheza na mesa.
- Siiiim!!! – concordou Manu em um gritinho agudo e pulou do colo da tia, pronta para correr até o quarto onde estava hospedada.
- Ãh, ãh, ãh... – o rouco da mãe a deteve – Despeça-se de todos á mesa e sem correria na escada, senhorita Emanuella! – ordena com brandura, porém não havia falta de carinho e compreensão nos azuis escuros de Castiel.
- Tchau, Vó Lucy... – Manu voltou para beijar a bochecha da ruiva – Moça que tem os olhos igual os da mamãe... – foi a vez de Angeline Lazzari ter o mesmo tratamento anterior á primeira dama. Para pequena era um gesto inocente, contudo para a matriarca significou muito – E... – parou ao lado da italiana ao extremo da mesa - Vovó mafiosa! – completou a garota, ficando na ponta dos pés para alcançar o rosto da mais velha, totalmente abobalhada com a ação.
Katherine quase se afoga com o café, que agora parecia empalar a garganta. Os azuis estalaram para a filha, que despreocupada e inocente, retomou a marcha, agora menos enérgica, e partiu.
- MELANNIE. D’ANGELIS... – Emanuella Rosnou para irmã que tinha um sorriso culpado na face.
- Ops... –Exclama com uma faceta de falso arrependimento, sejamos realistas, a última coisa que d’Angelis sentia naquele instante era arrependimento – Culpada! – assumiu, elevando os dois braços em sinal de rendição, mas o sorriso jocoso nunca se foi dos lábios rubros.
– Sua... – bem, Mel não deu tempo para gêmea terminar. Enfrentar a irmã era divertido, enfrentar o olhar cortante que os azuis expeliam para ela era deveras melhor, todavia não queria arriscar, a irmã era imprevisível, então a italiana “serelepe” sai correndo atrás da sobrinha o mais rápido que pode e atrás dela disparou sua gêmea, expelindo impaciência pelas ventas.
Risos e gargalhadas divertidas rechearam o café da manhã das mulheres.
- Às vezes me pergunto que idade ela tem! – comentou a senhora Castiel, com um sorriso alegre, capaz de iluminar a alma do mais perdido entre os homens.
Pelo canto dos olhos, Merida, acompanha os movimentos da outra, sentindo uma estranha leveza flutuar para si e com um suspiro imperceptível optou manter a concentração na sua refeição.
***
A Mercedes permaneceu estacionada á vaga, mesmo depois de sua “tripulante” se encontrar refugiada á seu interior. Castiel acabara de deixar a filha na porta da escolinha, despedindo-se com um beijo na testa da pequena que logo saltou de seus braços e correu com energia para os colegas, e agora estava estagnada diante do enorme arranha-céu, “Hotel real pom plasar”, sendo verossímil.
O inverno parecia determinado á missão de congelar os transeuntes aquela manhã e buscando um pouco de equilíbrio térmico as mãos pálidas alcançaram com eficiência o botão do aquecedor. Ela agradeceu mentalmente quando a temperatura no carro pareceu agradável, mesmo assim ainda carregou os dedos para perto da boca e sentiu-se melhor quando o hálito quente bateu contra eles.
A jovem mulher sondou o interior da jaqueta de couro, atrapalhando-se com o cachecol escuro enrolado ao pescoço. O celular, ela procurava por ele na esperança vão de encontrar a “mensagem” tão aguardada pelo seu coração abobalhado, todavia seu celebro lhe alertava que isso não aconteceria nas próximas cinco horas – Iara estava em uma cirurgia, com as vísceras de um infortunado nas mãos á essa altura – sem chances de paliativos para seu ansioso coração, conformou-se, Kath.
Era assombroso o nível de sua saudade e dependência por estar novamente com a loira e ainda mais preocupante para a de cabelos platinados, o fato que falara com ela essa manhã, entretanto, o que faria a pobre Castiel... Iara sempre tivera esse efeito sobre ela.
Com um suspiro impaciente, larga o aparelho no console do carro, os azuis escuros foram para o painel do veículo outra vez e não passaram dez míseros minutos entre a sua última inspeção, acompanhou o movimento lá fora pelos espelhos retrovisores, imaginando que pontualidade não seria o forte da figura que aguardava.
Finalmente, os azuis, identificaram a mulher bem vestida á um sobretudo escuro, calças e botas, os cabelos castanhos revoltaram-se contra o vento quando a dona ganhou a porta do co-piloto. Uma grande lufada de ar cortante fez os pelos na nuca da ex-policial eriçar, mas logo a temperatura voltou á se elevar, assim que a nova ocupante cerrou a porta.
- Manhã difícil? – Emanuella foi a primeira a falar, ela não necessariamente precisava olhar para a mulher para notar o quão abalada ela parecia.
- Vida difícil! – corrigiu a outra com um sorriso sem humor nos lábios pintados por um vermelho vibrante, enquanto os olhos pareciam perdidos ao acostamento.
- Não gosto de mentir para minha irmã!- Kath, comprimindo o maxilar, lança uma nova lufada de ar para fora. – O que eu estou fazendo aqui, Senhora d”Angelis? – paciência, de veras, não era o forte da mulher e quando o silencio fora a única resposta por parte da outra, ela não pode esperar.
- Acho que há uma coisa que seu pai teme mais que á própria “Dama de ferro”... – começou a mais velha, sentindo os azuis escuros atentos em cada palavra – Algo que poderá usar para mantê-lo longe de você e sua família! – completa.
- Defina esse tal “algo”, por gentileza! – inquiriu, arqueando uma das sobrancelhas para a mulher em desconfiança.
- O que faria se a vida de sua filha estivesse em perigo, Senhorita Castiel? – agora os dois azuis estavam um contra o outro, travado uma inspeção silenciosa pela verdade – Eu posso ter cometido um erro irremediável, mas não vou assistir Pedro destruir a minha família outra vez. Eu estou aqui para lutar pelos que eu amo, mesmo que não acredite! – sentenciou e com um suspiro, remexeu-se no banco de couro, ignorando completamente a pergunta da outra.
Emanuella permaneceu em silencio por um longo tempo, tempo suficiente para Diana entender que ela não mais dispensaria qualquer voto de confiança a sua pessoa e a mulher lamentou-se amargamente por quebrar a confiança que havia entre ela e sua família. A morena já se preparava para saltar do veículo, quando um peque tremor revelou que a ignição fora acionada.
- Para onde? – o rouco passou-lhe a vez e Diana não pode evitar a surpresa, pois ela espera repulsa, ódio e rancor por parta da jovem Castiel, afinal ela era a maior culpada por Katherine crescer longe da mãe e irmã, mas o fato de não haver desconfiança nos azuis escuros lhe acendeu uma centelha de fé.
Talvez ainda houvesse esperança para ela, afinal...
***
Juliana acabou de abandonar a sala da Delegada Aragão, ao que parece, sua chefa estava exacerbadamente insatisfeita com seu desempenho no caso que trabalhava.
Insatisfeita tornou-se um lindo eufemismo para a situação. Afinal, July só era uma péssima detetive aos olhos da delegada, pois precisou sumir com as provas que incriminariam o autor de uma chacina em um dos bairros periféricos da cidade.
“Ironicamente o assassino em questão é sua doce e adorada prima morta!” – sussurrou para si, tomada pelo cansaço e estresses corriqueiros á seu dia-a-dia – “Todavia nesse caso não havia nada de corriqueiro!”
Frustrada, a ruiva caminhou desmotivada para o refeitório em busca de cafeína, desse modo ela esperava repor um pouco de sua vitalidade.
Seu humor piorou um bocado mais ao dar-se conta de que a cafeteira estava vazia e ninguém se deu ao trabalho de reabastecê-la. Com um ranger a ruiva empenhou-se em prepara um novo café e atirou-se ao sofá duro esperando a água atingir a temperatura necessária.
Um suspiro forte escapou de seus lábios quando as pontas firmes dos dedos massagearam as têmporas proporcionando um pouco de alivio para sua enxaqueca e com os olhos cerrados ela continuou os movimentos circulares.
A jovem estava tão absolta que não percebeu que alguém se aproximava silenciosamente.
- Acho que cheguei em um hora ruim! – a voz melodiosa carregou certa euforia para a jovem agente e o estomago revirou-se.
Juliana abriu os olhos de vagar e continuou para, sem falar nada á mulher.
- Eu posso voltar em outro momento, e-eu não... – atrapalhou-se um pouco, dando conta do absurdo que era estar ali.
- NÃO! –July, em grito estrangulado, interpelou-a – Quer dizer... – pigarreou, desconfortável com a paisagem de incompreensão pincelada na face da outra - Nunca é um mau momento se tratando de você, senhorita d’Angelis! – não se deu conta do peso da declaração.
Acontecimentos inesperados nunca resultavam em coisas boas, na experiência da jovem italiana, Melannie, sempre odiou surpresas, pois elas fugiam completamente á seu controle, todavia, aqui estava ela, sorrindo, em um movimento quase imperceptível para o adorável frescor que as palavras de Salvatore lhe causaram.
Quando a ruiva estava prestes á hiperventilar, mediante a falta de uma resposta ou qualquer movimento da outra, as duas foram surpreendidas pelo sinal da cafeteira, indicando que o café estava pronto. Com um salto furtivo, July deus graças ao céu por ser tirada daquela troca de olhar que não dizia nada, mas que teriam tudo á dizer, e correu para apanhar sua xícara favorita.
- Super Girl, sério? – um riso zombeteiro preencheu os lábios displicentes de Mel.
- Ohw... – finalmente July compreendeu á que a italiana se referia. As amêndoas voltaram para a xícara de café em suas mãos – Isso é um presente, na verdade o melhor presente de todos. Quem não ama a super girl? Ela é linda, inteligente e tem uma alma linda e... – e em um pestanejar, July tagarelava sobre todas as heroínas e heróis pelos quais era encantada com grande entusiasmo e um brilho infantil no olhar.
- Achei que gostasse das morenas, mas pelo que noto, não terei chances contra essa tal “Kara”! – Exclama em um falso lamento, achando uma graça a alegria infantil estampado na face sardenta, mesmo marcada pelas noites de trabalho extenuantes.
- E-eu, n-ão... – o rubor subiu á face de olhos esbugalhados – Isso, n-não quis dizer que a senhorita... – continua se embolando em sua própria língua, enquanto Melannie assistia tudo com diversão - Eu acho que você é a mulher mais linda que eu já vi em toda minha vida... – solta tomada pelo nervosismo e Mel comprimia ainda mais os lábios um ao outro para não rir – Sim, e-e não tem nada haver, eu só...
Por fim o inevitável aconteceu e Melannie quase se desfazia em uma gargalhada sonora e, em tempos, a mais real que já tivera.
- Já disseram o quanto você é adorável, agente? – Indagou a morena, retomando o ar que lhe faltou pelo riso intenso.
E mais uma vez naquele dia, Juliana Salvatore adquiria mais vermelho na pele da face que um pimentão.
- Você é uma pessoa horrível, Melannie d’Angelis! – retrucou emburrada, ao perceber que estava sendo “sacaneada” pelo jovem.
- Emanuella me diz á todo momento! – devolveu no mesmo nível goz*do e sorriu mais uma vez. O sorriso mais lindo que Salvatore presenciaria em toda a sua vida.
***
- Puoi passare (Pode entrar)! – A voz consistente concede passagem, depois de duas batidas leves, quase imperceptíveis – Ah, é você... – um sorriso escapuliu dos lábios ao ponto que as avelãs, sob a armação moderna dos óculos de grau, flagraram a cabeleira ruiva dar prelúdio á mulher. – Em que posso ajudá-la, primeira dama? – manifestou-se solicita, abandonando os papeis que analisava anteriormente á mesa.
- Por favor, não me chame assim! – cortou-a de imediato, mesmo que sua postura transmite a idéia de nervosismo.
- Claro, queira me perdoar! – pontua e, de fato, pareceu sincera, atitude quase inexistente no “vocabulário” da sarcástica mulher – Sente-se... – apontou o local a frente, agoniada com a transferência de peso, de uma perna para outra, que a mulher orquestrava freneticamente e assim a mesma fez, permanecendo em um silêncio inquietante. A falta de paciência nas Mulheres era um traço genético, ao que parecia, já que a Capo estava preste a tomar fôlego e interpelar a ocupante, contudo Lucy fora mais rápida.
- Eu vim avisar que voltarei para casa! – soltou em um só suspiro e as rusgas da incompreensão enalteceram o rosto rijo da italiana e talvez algo mais tenha deslocado dentro dela.
- E-eu...
- Não está em discussão, apenas achei de bom tom informá-la e agradecer a hospitalidade com que me recebeu em sua casa! – cortou a matriarca Castiel, resoluta.
- Posso ao menos saber o que se passou? – indagou Martinelli, achando-se um tola por preocupar-se com a mulher, ela era bem consciente e responsável por suas escolhas, afinal.
- Não se passou nada... – apressou-se em negar, notando uma pequena frustração nas avelãs – Eu, apenas, repensei e creio que Pedro... – Lucy quase falhou em seu teatro ao mencionar o nome do homem, mas isso não foi percebido – Nós... – engoliu a enorme rusga á glote - Quer dizer, nosso casamento é uma parceria de anos e eu...
- Não me deve explicações, Senhora Castiel! – Merida á cortou com imparcialidade, na verdade ela não goz*va de tamanha “imparcialidade” naquele momento, raiva é o adjetivo mais apropriado para descrever seus sentimentos. Todavia, manteve sua secura gélida diante das orbes de um castanho claro e quase translúcidos .
Era estranho ouvir o nome de “casado” sair dos lábios da Capo, na verdade, ela nunca havia chamado Luciana nesses termos.
A duas continuaram em silêncio, mas sem afastar os olhares. Magnetismo... É assim que chamariam aquilo, avelãs fincadas à cor de mel dos da ruiva, travando uma batalha interna desconhecida de suas donas. Por um instante as duas notaram que talvez não quisessem o precoce e repentino “afastamento”, todavia jamais admitiriam tal loucura e desatino.
- Bem... – suspirou, libertando-se do peso que era os olhos de Merida – Diga a Emanuella que precisei resolver algo com urgência, mas que ligarei mais tarde! – pontua e já havia ganhado a porta do escritório outra vez, mas antes de sair a voz singela alcançou a dureza de Martinelli uma ultima vez – Tenha uma ótima vida, Merida! – silabou mais baixo, em uma mistura de sofreguidão e angústia, como uma despedida velada e partiu, deixando para trás uma Capo desejosa em poder olhar os olhos claros e sorriso afável por uma ultima vez.
***
- Que lugar é esse? – Emanuella indagou, enquanto os azuis escuros percorriam a rua deserta e as casas em péssimo estado de conservação. Assemelhava-se á um renegado até mesmo pelos próprios deuses.
- Melannie e a agente Salvatore conseguiram recuperar parte das gravações do palacete de Merida, minutos antes do assalto, havia um terceiro homem... – disse a Italiana mais velha, também em uma inspeção minuciosa através do vidro da Mercedes – Eu lancei no banco de dados da policia Federal e surgiu um endereço, mas como estávamos todas á sua procura, não pude checar... – continua a morena – Mas, então, no dia em que você chegou naquele estado, trouxe um papel nas mãos com alguns números incongruentes, então eu os lancei no GPS e...
- Uma bela e irrefutável coincidência! – completou a ex- policial, entendo o ponto.
- Mi hai tolto le parole di bocca, ragazza (Tirou as palavras da minha boca, garota)! – concordou com um sorriso torto.
- Penso sia tempo per una visita (Está na hora de uma visitinha)! – Kath, abrindo a porta do carro em uma animação perturbadora e nos lábios, ao contrario da mais velha, seu sorriso era recheado de más intenções, assim com os azuis escuros.
***
- Veja só, se não é a meretriz! – o rouco encharcado pelo sarcasmo rodopiou pelo ambiente e mesmo com a lareira abastecida pelo fogo, a mulher sentiu os pelos do corpo eriçar em pavor – Deu para a vagabunda em troca de liberdade e foi descartada logo em seguida? - Indagou em sua retórica maléfica e sua maior gana era denegrir e feri-la.
- Não ouse me compara á você, Pedro! – um rugido furioso rasgou a garganta de Luciana e chegou ao homem, reclinado na enorme poltrona de frete para o fogo, como uma arma letal em seu ego.
- Você não é nada sem mim... – começou o homem e um rosnado gutural, enquanto levantava-se como uma naja á demonstrar sua superioridade diante da presa - Você não teria nada se não fosse por mim... - despesa entre dentes, aproximando-se com a morte nos azuis escuros – Você continuaria sendo uma mulher seca, sem filhos ou qualquer coisa se não fosse por mim... – parou quando cerrou a distancia entre seu corpo robusto e a mulher encolhida em seus próprios ossos e lágrimas – Você é só mais uma puta, então não ouse agir como se fosse algo mais! – sentenciou em todos os tons que sua crueldade lhe permitia chegar, apertando o braço fino em suas mãos covardes – Espero que não tenha se aliado ao inimigo, ou eu prometo que te mato, com minhas próprias mãos... – sussurrou perto do rosto angelical, totalmente encurralado pelo homem – Agora vá se banhar e fazer o seu papel de primeira dama e esposa feliz, querida! – ordenou, afrouxando o aperto, por fim em tom sereno e sorriso “amável”, dispensou um beijo nos lábios rosados comprimidos e temerosos pelos soluços que teimavam em escapar.
Fim do capítulo
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Rain
Em: 27/08/2020
Merda Merida porque tu deixou a Luciana ir? E Luciana querida que loucura tu fez mulher? Vítor ta arrumando alguma coisa. Mel e july juntas são fofos! Cadê o beijo delas? Quando vamos ver Diana e Angelina se encontrando?
Coitada da Merida, passou por muita coisa e ainda tem o câncer. Ela não vai morrer não né? Ela tem que ficar com a Luciana. Achei engraçado a Manu dizendo vovó mafiosa rsrs. Tá interessante continua!
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NayGomez
Em: 27/08/2020
Luciana Besta mano. MERIDA Maravilhosa como sempre eu realmente queria que ela ficasse com a Luciana. Uma pergunta Qual a Idade da Merida 50 Anos? . Até agora nao saiu o Beijo da July e Mel ta demorando demais . Diana apareceu ate que fim. Obg por mais um cap.
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