Capitulo 3 -O FOTÓGRAFO É NOSSO... OU MELHOR A FOTÓGRAFA.
Ela percebeu o meu espanto e rapidamente explicou-me que sempre a confundiam com um homem (também pudera, até onde eu sabia Jaiden era nome de homem) e que aquilo não a incomodava até gostava de causar espanto nas pessoas.
Enquanto ela falava eu me perguntava como uma pessoa tão bem informada como eu não estava a par do sex* do melhor fotógrafo da atualidade.
Mas realmente ela era bem low profile, não me lembrava de nenhuma foto dela nas revistas, e olha que ela recebia milhares de prémios. Quando voltei à realidade ela estava parada olhando para mim. Eu fiquei por momentos parada sem dizer nada até que ela quebrou o silêncio e começamos a tratar de negócios. Conversámos por horas sobre o projeto, definimos padrões, honorários, enfim, ficou tudo acertado. Ela faria a nossa campanha, eu simplesmente ganhara Jaiden Howard. Eu era mesmo imbatível.
Não tínhamos tempo a perder e nesta mesma noite nos reunimos na empresa. Todos da minha equipa ficaram admirados com o facto de Jaiden ser mulher e alguns homens murmuram frases típicas do machismo que lhes é inerente.
Eu confesso que preferia um homem, é bem mais fácil lidar com eles, exerço o meu charme e convenço-os sempre a fazer exatamente aquilo que eu quero. Alguma coisa me dizia que esse trabalho particularmente não seria fácil, e muito menos o meu relacionamento com a fotógrafa, mas desde que o trabalho ficasse perfeito, o resto era insignificante.
Nesta noite tive um outro sonho estranho com a indiana, ela mais uma vez ria para mim e eu sentia-me muito feliz. Acordei em paz e tive ótimas ideias para o trabalho que começaria dentro de poucas horas.
Fui a primeira a chegar ao set, ou melhor pensei que tivesse sido a primeira. Mal cheguei ouvi um barulho vindo de um dos compartimentos. Fui até lá e ao entrar vi a Jaiden fazendo cálculos estranhíssimos, eu fiquei alguns minutos observando-a e ela não percebeu, estava fora da realidade além das cameras.
De repente ela parou e olhou na minha direção, abriu um sorriso pegou-me pelo braço e disse-me para irmos beber um café, enquanto ela me contava algumas ideias que tivera.
Essa mulher adora o que faz, fala com tanta paixão que contagia todos à sua volta. Eu fiquei fascinada com tudo o que ela dizia e acabei concordando com todas as propostas dela. Não tinha como dar errado com Jaiden à frente.
O primeiro dia de trabalho foi muito bom, houve uma sintonia perfeita entre todos da equipe. Ao final do dia eu estava cansada, mas totalmente realizada. Tudo o que queria era um banho com todos os sais possíveis e a minha cama.
Eu já estava no estacionamento dentro do meu carro quando eu percebi que a nossa fotógrafa perfeição estava estacionada ao meu lado. Ela desceu o vidro do carro e perguntou se eu queria acompanhá-la numa bebida para discutirmos uns pontos para a agenda do dia seguinte. Eu segui o meu primeiro impulso e aceitei, quando tudo o que eu queria era a minha cama...segui o carro dela pelo trânsito da cidade. Vinte minutos depois, estacionei o meu carro atrás do carro dela num condomínio bastante interessante. Descemos do carro e ela disse-me que alugara aquele apartamento pois detestava a impessoalidade dos hotéis.
O apartamento era lindo, aconchegante. Cheio de fotos por todos os lados, fotos lindas. Ela pediu o jantar e ficamos a conversar enquanto a comida não chegava. Comemos uma tábua de sushi de encher a boca acompanhado de um vinho muito bom.
Eu já estava um pouco mais à vontade do que o normal numa situação parecida, culpa do vinho. Conversámos sobre várias coisas. Ela contou-me que se chamava Jaiden porque quando a mãe estava grávida o pai queria muito um menino, mas aí quando nasceu uma menina de faces rosadas ele não desistiu e ela ficou a ser a Jaiden dos olhos do pai. Ele sempre a amou muito enquanto viveu, admirava a personalidade forte e a determinação que a caracterizavam. Os pais tinham morrido há quatro anos num acidente de viação.
Eu contei algumas coisas a meu respeito, falei sobre o meu irmão, sobre a morte do meu pai quando eu ainda era uma criança e da morte recente da minha mãe. A nossa conversa fluía naturalmente, eu falava pelos cotovelos, algo pouco comum, normalmente sou mais de ouvir.
Ela disse que era muito difícil ser o que era aos 31 anos, mulher e uma das melhores fotógrafas do mundo. O machismo predominava nesta área, aliás como em quase todas, mas ela já tinha conseguido algum respeito. Certo respeito? A mulher era uma estrela respeitada por todos. Perdemos a noção da hora, quando olhei para o relógio nem quis acreditar, já passava das duas da manhã, e eu ainda precisava dormir já que o dia seguinte seria cheio.
Antes de sair agradeci o jantar e ela olhou-me com um olhar que a mim pareceu de pura meiguice e disse, o prazer foi meu.
Cheguei em casa ligeiramente bêbada, tomei um banho rápido, esqueci-me completamente dos sais, caí na cama e dormi como um anjo. Sonhei com a indiana de novo, e desta vez além de sorrir para mim, ela me dava as mãos e mostrava-me uma trilha.
Mais uma vez eu não entendi nada.
Fim do capítulo
Boa leitura.
NH
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