Capítulo 11 - Um pouco de diversão 

Desliguei a música, tirei meus fones e me levantei. Meu corpo inteiro doía por ter ficado tanto tempo num lugar desconfortável. Me alonguei e quando ia sair do lugar meu telefone tocou. Meu coração disparou. Foi na boca e voltou. Olhei na tela e vi o nome da Camila. 

-Alô. -Atendi sem ânimo nenhum.

-Nossa, amiga, você já gostou mais de mim. -Disse Camila ofendida pela forma como atendi o telefone.

-Desculpa, Cá, é que estava distraída aqui. -Menti.

-A é? Estava distraída com uma boca, é? Desculpa atrapalhar vocês. -Disse Camila segurando para não rir.

-Para com isso, sua boba. -Não queria falar sobre a Ana, não agora.

-Não to fazendo nada, ué. -Ela começou a rir. -Bom, mudando de assunto, as meninas estão querendo se encontrar na casa da Ritinha hoje. Os pais dela estão viajando e disseram pra ela aproveitar. Ela chamou a Ju, a Pri, eu, você e a Rafa. Falou pra levar roupa pra nadar e pra dormir lá. Vamos?

-A, Cá, não sei. Tenho provas chegando, uns trabalhos pra entregar. -Eu não estava em clima de estar na presença de ninguém que não fosse meu cobertor, minha tv e minha conta na Netflix.

-Pode parar com isso, Mariana. Nem tá namorando ainda e já tá dispensando as amigas? Vamos, vai, a última vez que nos encontramos foi no início das férias.

-Tudo bem, vou sim. Que horas vocês combinaram e o que tenho que levar?

-Aê! Sabia que não iria me desapontar. Depois você compensa a Ana. Você precisa levar o que for beber e um pouco de carne só. Os pais dela deram o resto. A, e precisa me levar também. -Camila respondeu animada.

-Claro que vou te levar, Cá. Quer ir ao supermercado junto também? -A animação de Camila estava começando a me contagiar. Era disso que eu precisava. Um pouco de alegria das minhas velhas amigas.

-Me conhece bem, né? Quanto ao horário, a Ritinha disse que a hora que quisermos ir, que ela já tá aproveitando a piscina. Diz ela que a Ju e a Rafa já estavam indo pra lá.

-Beleza então, Cá. Vou em casa tomar um banho e pegar minhas coisas. Em uma hora estou aí. Aproveita e descobre o que as meninas vão beber pra gente acompanhar, o que acha?

-Fechou, amiga. Até daqui a pouco. Beijos.

Por incrível que pareça meu astral mudou completamente. Minha mente saiu do mundo da faculdade que eu estava vivendo há alguns dias e isso me fez muito bem. Em menos de uma hora estávamos entrando no supermercado já.

-Mari, as meninas disseram que vão de vodca hoje. Algumas levaram fruta e leite condensado e a Pri ia levar refrigerante também. O que acha de levarmos suco de caixinha? Porque aí teremos várias opções. 

-Perfeito, Cá. Vai pra fila da carne que eu vou pegar os sucos.

Chegamos à casa da Ritinha e as meninas já estavam com as batidas prontas e dentro da piscina. Uma mulher de uns 30 anos estava de saída de praia próxima à churrasqueira.

-Esse é a minha tia Márcia, meninas. Meu pai pediu pra ela vir ficar de olho na gente. Aparentemente ele não confia muito que iríamos nos comportar. -Apresentou Ritinha.

-Prazer, sou a Camila. -Disse Camila já dando dois beijinhos na Márcia.

-Então você deve ser a Mari. Mas mal sabe ele que eu sou pior que vocês. -Completou Márcia piscando para mim.

-A Má é a melhor tia que alguém pode ter, meninas. Nossa diferença de idade é grande a ponto dos meus pais confiarem nela para cuidar de mim mas pequena o suficiente para nos divertirmos juntas. -Disse Ritinha abraçando a tia.

-E por favor, meninas, nada de tia ou Márcia. Me chamem de Má senão vou me sentir muito velha. -Disse rindo.

-De onde surgiu essa tia sua, Ritinha? Você nunca falou dela pra gente. -Perguntei quando fomos para o lado da piscina.

-Uma longa história, Mari. Para resumir, ela é filha do meu avô por fora do casamento, mas ninguém sabia. Ela sempre frequentou a casa dele porque é filha de uma prima dele. Nem ela mesma sabia. Tudo foi "revelado" quando meu avô morreu. Ele tinha deixado uma carta que contava tudo e pedia desculpas por ter escondido isso. Desde então nos aproximamos. 

-Que história de novela, amiga. -Interveio Priscila.

-De novela foi o barraco que isso gerou na família. Nem te conto. -Completou Márcia chegando com carne e nos pegando no flagra.

Ficamos todas sem graça por estar falando dela pelas costas.

-Não se preocupem, meninas. Eu não me importo que falem. Eu não tenho nada a ver com a confusão. Para mim o que importa é que ganhei irmãos, que era o que eu mais queria na minha vida. E uma sobrinha linda que sempre me coloca em confusões para salvar seu pescoço. -disse Márcia olhando para Ritinha.

-A, Má, foi só aquela vez, vai. E nem foi assim tão feia a confusão.

-Não foi porque não foi você que teve que ouvir seus pais falando no seu ouvido e te chamando de irresponsável por ter largado uma "garotinha" sozinha. -Respondeu rindo.

-Eu quero saber dessa confusão aí. As confusões da Ritinha são as melhores. -Eu disse já me sentindo envolvida no clima da reunião.

Márcia me olhou como se decidisse algo e logo respondeu sem tirar os olhos de mim.

-Deixa pra mais tarde. A bebida deixa tudo mais interessante.

Assim que terminou de falar tirou a saída de praia e pulou na piscina. Acho que fiquei hipnotizada quando ela tirou a saída, porque a próxima coisa que vi foi a Ritinha chegando com um copo de batida de morango e me entregando. Quando ela havia saído do meu lado?

-Vem, Mari, entra aqui, a água tá uma delícia. -Priscila me chamou. Enquanto Camila já estava na escada para descer.

Quando ela tirou a roupa? Ainda estava um pouco fora do ar.

-Tô indo. -Respondi tirando minha roupa e me juntando às demais.

Fim do capítulo