2 - Em busca de Angélica (Imagem escolhida por Mônica Bender)
Mônica encara sem desviar seu olhar intenso do casal na sua frente. Os dois senhores com suas roupas caras, a mulher toda pomposa, o homem com o paletó alinhado, o cabelo cheio de gel e grisalho, os dois encaravam a mulher de forma esperançosa, também depois do pedido inusitado que fizeram, com certeza ela estava surpresa.
— Deixe-me ver se entendi. _ Mônica apoia os cotovelos na mesa do seu escritório em sua casa, repousa o queixo nos dedos cruzados das duas mãos e joga o corpo para frente. — Vocês estão querendo que eu encontre a filha de vocês?
— Sim, isso. _ O homem responde, afobado.
— Vocês sabem que eu sou uma historiadora, não é? Sim, eu procuro, pesquiso, sou a melhor nisso, mas estamos falando de coisas, objetos raros, antigos, vocês estão querendo que eu encontre uma pessoa.
A garota no auge dos seus vinte e oito anos é a melhor pesquisadora, historiadora, aventureira dos EUA. Museus a idolatram, sem contar na fortuna que tem de família, herança da sua mãe. Porém aqueles dois estavam propondo que ela encontre uma garota de vinte e três anos que pode estar em qualquer lugar.
— Eu sei. _ A mulher loira diz e suspira. — Sei que é algo inusitado. Mas... Angélica sumiu sem dar satisfação. Em uma noite estava dormindo tranquilamente em nossa casa, na manhã seguinte desapareceu. Já fomos até a polícia, mas não existe registro de nada dela. Não pegou avião, pelo menos não com o seu nome, não usou cartão de crédito, nada.
— Olha, consigo perceber que vocês têm boa condição financeira, tem dinheiro, por que não contratam um detetive?
— Porque já fizemos isso. _ Nesse momento a morena franze o cenho.
— Quanto tempo a filha de vocês está desaparecida? _ Os dois se encaram e então o homem fala.
— Um mês.
— Puta que pariu! _ Mônica encosta-se à cadeira e respira fundo.
— Agora entende porque estamos desesperados. Sei que é uma pesquisadora, mas já tentamos de tudo. Ela simplesmente sumiu. _ Mônica continua encostada, encarando o homem. Aquilo com certeza era surpreendente. Agora ficou preocupada com a garota.
— Ela pode ter sido sequestrada?
— Pensamos nisso, mas se fosse assim, por que não pediram resgate? Como você mesma disse, temos dinheiro.
— Faz sentido.
A morena estava pensando se aceita ou não aquela loucura. Como poderia encontrar essa garota? Tem contatos, na verdade tem muitos deles. Já se enfiou em grandes buracos, literalmente, para conseguir o que queria, mas uma pessoa? Isso era loucura. Não poderia aceitar e o homem percebeu isso, não estava ali à toa, por esse motivo tira o celular do bolso do paletó e mostra uma foto para a mais nova.
— Olha, essa é nossa filha Angélica.
Mônica então pega o aparelho e o que era uma negativa antes, passou para uma afirmação incontestável. Não estava impressionada pela beleza da garota, por seu porte tão padrão, loira, branca, bela, mas pela imagem em si. Angélica estava sentada em um tapete felpudo, sorrindo distraidamente com um cachorrinho peludo. Para a morena era algo digno de admiração. Animais de estimação fofos era seu ponto fraco.
— Droga. _ Mônica devolve o aparelho para o homem. — Bem, digamos que eu aceite, por onde eu começaria? O que podem me dizer? _ Os dois se olham e sorriem logo que a mulher fala.
— Angélica sempre foi uma garota muito reservada. Tem poucos amigos, apenas alguns frequentavam nossa casa, André, esse é o mais íntimo. Talvez ele ajude. No mais, ela vivia mais com a avó e o segurança que pediu demissão assim que... _ A mulher engole seco. — Assim que minha sogra faleceu um tempo atrás.
Mônica nunca foi idiota. Ela sabe ler muito bem as pessoas. A morte dessa senhora incomodava os dois e era evidente que o homem, que é filho da falecida, estava tão afetado quanto deveria estar pela morte da mãe.
— Devo julgar que o falecimento foi há um mês?
— Sim, Angélica sumiu uma semana depois da morte da avó.
— Entendi.
Os dois senhores acabaram de chamar a atenção da mulher. Não pela beleza da filha, não pela falsa tristeza pela morte da mulher, não pela forma que tentam forçadamente demonstrar desespero pelo sumiço de Angélica, mas porque Mônica não consegue se controlar com um mistério em mãos para desvendar. Está no seu sangue, está na sua alma.
— Vocês me convenceram, senhores Smith. Deem-me as informações e eu entrarei em contato assim que tiver algo.
— Quanto ao pagamento?
— Não se preocupem com isso. _ Mônica sorri. — Afinal vocês são ricos, certo? _ Ela os encara, mais uma vez sentindo o sorriso forçado dos dois.
— Claro, isso não será um problema.
Depois daquilo Mônica passou a fazer perguntas bobas sobre a garota, como ela se vestia, o que estudava, onde gostava de ir, mesmo saindo pouco, como era a relação com a avó e principalmente, como era a relação entre os três. Ela teve suas respostas, na verdade, comprovou exatamente o que desconfiava.
Assim que os dois saíram acompanhados do seu melhor amigo, chofer, mordomo, assistente, um faz tudo, Tom, o homem no auge dos seus quarenta anos retorna ao escritório e encara a garota com a cabeça encostada à cadeira, olhando para o teto de madeira.
— Você aceitou não foi?
— Sim, isso é um grande mistério. _ Então ela o encara. — Faz uma pesquisa sobre essa família. São ricos de que? Como eram vistos socialmente e sobre a avó falecida.
O homem assente, então vai para o lado da garota e abre seu notebook. Fazendo bem ali na sua frente o que ela pediu. Os sites da mídia sempre falavam dos pais, eles gostavam de estar em festas, descobriu que ela mesma já havia sido apresentada aos dois há três anos. E o que ela já desconfiava, o dinheiro era todo da idosa falecida, para piorar a situação, a última notícia importante era que o testamento da falecida ainda não tinha sido lido, pois a presença da garota desaparecida era obrigatória.
— O que você acha? _ Tom pergunta.
— Tenho duas teorias.
— Uma eu imagino. A garota sumiu com todo o dinheiro. _ Tomás diz como se fosse óbvio, sentando na cadeira em frente à patroa.
— Sim, isso. _ Mônica o encara. — A outra é que esses dois estão desesperados, não ligavam para a mulher e nem para a filha, mas agora eles precisam dela para o testamento ser aberto e poderem quem sabe, voltar à vida boa.
— É, faz sentido.
Ambos estavam olhando um para o outro, pensando no que fazer. Tom conhece a patroa, enquanto ela não desvendar o mistério não vai desistir. Por isso suspira e volta a falar.
— O fato é que você aceitou encontrar essa tal Angélica. Qual o próximo passo? _ A mulher suspira, mas depois sorri. Tom sabe bem o que aquilo significa, muito trabalho pela frente.
— Vamos começar com esse tal de André.
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Os dois estavam com o carro parado em frente ao prédio da universidade que Angélica estudava, já sabiam como era o rosto do rapaz, por isso iriam direto nele.
— Vamos fazer do jeito fácil, se eu ver algum indício de mentira, passamos para o difícil. _ Mônica diz e o homem assente.
Ficaram mais meia hora esperando até verem as pessoas saírem do prédio, não demoraram para observar o rapaz. A “purpurina” brilhava de longe, o que fez a morena sorrir. Mônica desce do carro e caminha, usa uma camiseta preta, jaqueta marrom, o cabelo amarrado em um rab* de cavalo, calça jeans e bota.
— Ei. _ André logo se vira ao ouvir a voz da morena. — Você é o André?
— Querida, desculpa, mas como deu para perceber, da fruta que você gosta, eu...
— Não, não é isso. _ Mônica sorri para ele. — Estou aqui para falar de Angélica.
No mesmo momento que o rapaz escuta o nome da amiga, seu semblante muda, de sorridente para sério, de engraçado para cauteloso. Ele dá três passos para trás, mas logo seu corpo colide com um forte, bem maior que o seu, firme demais para seu gosto. Ao olhar para cima e ver aquele homem, engole seco.
— Vocês são assassinos?
— Por que seríamos assassinos? Só queremos fazer algumas perguntas sobre Angélica.
— Eu não sei de nada. _ Ele volta a olhar para Mônica, que sorri, encontrou a chave que faltava para entrar de vez naquela história.
— Vamos te dar uma carona para casa, André.
— Eu vou gritar.
— Tente. _ A voz firme de Tom o faz estremecer.
— Droga!
Eles se encaminham para o carro. Claro que André está com medo, mas de alguma forma Mônica lhe trazia calma, além de seu rosto ser conhecido. Sabe que já a viu em algum lugar. Por esse motivo entrou no carro, mas está se borrando de medo.
— Então, André, vamos conversar enquanto chegamos até sua casa.
— Eu já disse, não sei de nada, aqueles idio... Os pais dela já vieram falar comigo. Até a polícia veio.
— Soube disso. _ Mônica sorri. — Você não gosta dos pais dela?
— Ninguém gosta. _ Ele revira os olhos. — Eles são sempre arrogantes, tem preconceito, comigo e com a filha...
— Com a filha?
— Ela é sapatão, porque acha que é minha melhor amiga? _ Ele fala como se fosse óbvio.
— Certo, continue. _ Mônica continua séria.
— Eles nunca falavam perto dela, mas longe? Aqueles ali são dois chatos e interesseiros.
— Interesseiros?
— Claro, só tratavam a dona Simone bem porque ela é a verdadeira rica de tudo e era evidente o carinho que ela tinha por Angélica. _ Mônica olha para Tom pelo retrovisor do meio, ambos pensam a mesma coisa.
— Vamos lá, André, eu quero ajudar sua amiga, mas eu preciso que me fale o que sabe.
André, que só faz faculdade pela ajuda de Simone, agora falecida, prometeu não falar nada, porém a morena lhe passou uma confiança inexplicável, sem contar que Angélica não poderá ficar desaparecida para sempre, mas pelo tempo necessário.
— Quem é você? _ Ele pergunta.
— Meu nome é Mônica Bender, sou historiadora, esse é meu melhor amigo e quase um pai, Tomás, mais conhecido como Tom. Só queremos saber o que está acontecendo, acredite, não vamos fazer mal à sua amiga.
— Droga! _ Ele respira fundo. — Se a encontrar, por favor, peça desculpa por mim, ela vai me odiar, mas... Certo, vou dizer o que sei. _ Apesar de tudo ele sabe que é o melhor.
— Por favor.
— Quando dona Simone faleceu, Angélica ficou desesperada, era evidente que só ela gostava da minha amiga naquela família. Além de ser gay, Angélica sempre foi calada, não dava valor para riquezas, não se importava com luxo, muito diferente dos pais.
— Eu percebi.
— Então já deve ter os conhecido. _ Mônica assente. — Pois bem, multiplique aquilo por um milhão, eles são bem piores. Dois dias após a morte de Simone, os pais começaram a tratá-la bem, claro que minha amiga gostou do carinho, mas eu desconfiei. O terceiro dia veio, mais atenção era dada a Angélica. No quarto dia não resisti e falei com ela. Porém minha amiga estava muito abalada com a morte da avó, e acredite, aquela ali não consegue ver maldade em ninguém. Para ela os pais só estavam vivendo o luto.
— Não faz muito sentindo desaparecimento.
— Acredite, nem para mim. _ O semblante de André fica sério. — Então veio o sexto dia, nesse tudo mudou. Naquela noite Angélica me ligou.
— O que ela disse?
— Nada com nada. Na verdade, ela foi bem estranha. Disse que ia fazer uma viagem. Que eu era o único que sabia, que as coisas ficariam complicadas em casa e disse que em breve entraria em contato.
— Você não perguntou o motivo? Ou para onde ela ia?
— Claro que sim. Ela só disse para não me preocupar que estava bem, que iria para o lugar onde sempre sonhou estar.
— O que isso significa?
— Eu entrei em desespero na hora, Mônica, pensei que a doida ia se matar. Ela desligou depois disso. Tentei ligar de volta e nada. Acabei dormindo. Na manhã seguinte veio a bomba, ela tinha sumido durante a noite.
— Isso fica cada vez melhor. _ Mônica encosta-se ao banco. Então suspira quando o carro para em frente a um prédio.
— Chegamos. _ Tom diz.
— O que mais pode me dizer? Qualquer coisa que me ajude.
— No dia seguinte eu esperei o pior, que a qualquer momento a polícia encontraria o corpo da minha amiga morta em algum lugar. _ Mônica sente o rapaz estremecer. — Mas não aconteceu, a esperança voltou, e... _ Eles se encaram, André pega o aparelho celular e mostra uma mensagem para Mônica, essa que ler lentamente. — Ela mandou isso uma semana atrás, o que me deixou mais aliviado, ela deu notícias depois de um mês.
“Dream, estou bem. Desculpa por ficar todos esses dias sem te dar notícias. Mas eu juro, estou mesmo bem. Estou no meu lugar perfeito, André. Te amo, quem sabe um dia eu esteja segura e volte”.
Mônica encara o celular com atenção. Analisando tudo com seu olhar clínico e de pesquisadora. Mas algumas coisas não batiam, porque ele mostraria para ela, se não o fez nem para a polícia? A morena se perguntava exatamente isso.
— Como tem certeza que é ela?
— Só Angélica me chama assim, na verdade, só eu e ela sabemos esse apelido. É como um código, só usamos em mensagem ou ligação, para ter certeza que somos nós mesmos.
— Entendo. Mas ainda assim não me indica onde ela pode estar.
— Na verdade, sim, indica. _ Mônica o encara rapidamente.
— Ela fala de lugar perfeito. Desde que eu conheci Angélica ela sempre falou sobre como seria morar em uma ilha deserta, sozinha, sem ninguém para atrapalhar, sem pessoas ao redor. _ André suspira. — Se eu fosse apostar diria que ela está em um lugar assim. Claro que existe várias ilhas desertas pelo mundo, mas acredite, ela está em uma, ou pelo menos em um lugar que possa ter isso, essa liberdade, solidão.
— André, obrigada, você ajudou muito. _ O rapaz assente, tira o cinto, pronto para sair, mas antes fala.
— Eu que agradeço e, por favor, a ajude. _ Ele sorri. — Eu me lembrei de você.
— Lembrou?
— Sim, você fez uma palestra na faculdade uns dois anos atrás. E acredite, quando ela te ver também vai lembrar.
Mônica franze o cenho, mas não teve tempo de perguntar, pois logo o rapaz sai. Tom no banco da frente sorri.
— Qual o próximo passo? _ Ele dá a partida no carro.
— Quero uma lista das ilhas inabitáveis próximas do Estado. Algo me diz que ela não está muito longe. E mais uma coisa... _ Tomás a olha pelo retrovisor. — Coloque um homem na cola de André, minha intuição nunca falha. _ O homem sorri e assente, pois ele teve o mesmo pensamento, iria fazer mesmo que a patroa não pedisse.
A morena se joga contra o banco, deixando sua respiração firme sair do nariz. A situação estava ficando clara para ela, porém havia um mistério, esse que só Angélica poderia lhe dar a resposta, para isso necessita encontrar a garota. Precisa relaxar, só tem uma coisa que a faz ter essa calma.
Assim que chega à sua casa, tira a jaqueta e vai para o grande quintal diretamente para uma área reservada à prática do seu melhor lazer. Sorri ao ver seu “brinquedo” parado no mesmo lugar que deixou. Então o pega e depois a bolsa com as flechas.
Vai para a posição que sabe ser a certa, e arruma o arco e flecha nas mãos e logo começam os disparos. Desde pequena Mônica foi fascinada pela arte do arco e flecha. Começou a praticar aos oito anos e desde então não parou, era boa, na verdade muito boa.
Ficou ali, se deixando relaxar pelo resto da manhã, até se virar para o lado e encontrar Tomás encostado a um tronco, olhando para sua “menina”. A tem como uma filha, esteve com ela desde sempre e prometeu à sua mãe cuidar da garota.
— Você está ficando cada vez melhor.
— Obrigada. Descobriu alguma coisa?
— Sim. Há uma ilha.
— Claro que há. _ Ela diz enquanto arruma suas coisas na maleta, já sabendo que seu “amigo” vai fazer uma viagem. — O que há de especial nessa?
— Ela estava inabitável, mas em algumas semanas apareceram três cabanas nela.
— Três?
— Sim, pude pegar algumas imagens do satélite. É ela, mas não está sozinha.
— Bandidos?
— Não, estão mais para seguranças. _ Ele descruza os braços e fica de frente à mulher, que fecha a maleta e encara o amigo.
— Vamos para lá, não é?
— O que você acha?
— Você ainda vai morrer com essas aventuras, pior, vai me levar junto.
Mônica apenas sorri e caminham para dentro da casa. Os próximos passos é preparar o helicóptero e ir em busca de Angélica, ela espera sinceramente que não a veja como inimiga e escute primeiro antes de mandar seus homens atirarem.
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O helicóptero voa pelo céu azul, pronto para pousar. Tom, como um grande piloto, já avistou o lugar perfeito, porém, antes que isso aconteça, tiros são disparados contra eles.
— Grande ideia, Mônica, grande ideia.
— Para de reclamar e pilota isso direito.
Tom revira os olhos e tenta fazer seu trabalho, mas nem toda a sua experiência pode evitar o pior, a queda.
— Se segura, Mônica. Vai ser uma queda feia.
A morena assente. Tom controla a máquina, os tiros pararam assim que viram a fumaça. De lá para o chão foram apenas cinco minutos. Os mais dolorosos e perigosos da vida de Mônica. Assim que o helicóptero cai entre as árvores, os dois amigos se olham e gem*m.
— Estamos vivos. Merd*, estamos mesmo vivos.
Tom não acredita naquilo. Tira o cinto, assim como Mônica faz. Então saem da nave que estava virada de lado. A morena passa a mão no braço, estava sangrando.
— Você levou um tiro.
— Foi de raspão. _ Ela diz como se fosse algo natural, então tira a camisa aberta que estava por cima da camiseta marrom, rasga um pedaço da manga e amarra no local.
— Você está mesmo bem?
— Sim e você?
— Bem. _ Mônica assente e vai até a parte de trás do helicóptero, onde pega seu arco e as flechas, colocando nas costas.
— Acha que isso vai lidar com homens armados?
— Por isso eu tenho você e seus brinquedos de longa distância.
Tomás revira os olhos, então também pega sua maleta e tira as armas prateadas de dentro. Olha a munição e coloca as duas na parte de trás do corpo, por dentro do cós da calça. Mônica começa a analisar o ambiente. Nada diferente do esperado, árvores por todos os lados, pássaros cantando, pode entender porque Angélica viria para um lugar como aquele, se sua teoria estiver certa, os seguranças atirando sem perguntar antes também faz sentido.
— Vamos. _ A morena começa a andar.
— Espera, você está maluca? _ Tomás segura seu braço antes de ela se afastar.
— O que?
— Os caras atiraram na gente dentro do helicóptero, sorte a nossa que eles são ruins, mas não teremos a mesma chance se atirarem diretamente em nós. Então calma aí. Sei que quer respostas, tenho quase certeza que tudo já está montadinho aí nessa sua cabeça de vento, mas não vamos arriscar desse jeito.
— E o que vamos fazer, sabichão?
— Olhar o território. Eles estarão aqui em breve. Então vamos sair de perto do local do acidente, isso vai nos dar margem para estar perto da cabana, acredite, sua garota vai estar lá.
— Ela não é minha garota. _ Mônica revira os olhos. — Mas vamos fazer do seu jeito. Pode ir na frente, cavalheiro. _ A morena curva o corpo em forma de reverência, dessa vez é o homem que revira os olhos.
— Nem sei por que ainda te acompanho nessas loucuras.
Tomás então caminha na frente, evitando fazer barulho. Mônica vai atrás com cautela também. Eles caminham um pouco até chegarem perto da praia, não muito distante do acidente, porém assim que o fazem os corpos são jogados para longe, dois homens avançam neles começando uma briga de corpos forte e duradoura.
Eram grandes, mas Tomás era maior e Mônica foi muito bem treinada, conseguia dar golpes certeiros no homem que tentava a todo custo lhe segurar. Após alguns instantes Mônica percebeu que o homem não tentava lhe bater, apenas lhe domar, o que a ajudou a enfim conseguir pegar o arco do chão e um fecha, rapidamente apontando para ele que ergue as mãos e se afasta dela.
— Você também, para longe.
Os dois dão passos para trás. Tomás vai para o seu lado e tira a arma, apontando para eles, nesse momento Mônica abaixa o arco e encara os dois. Ia falar alguma coisa, mas de repente escuta uma voz e se vira para olhar quem é.
— Não atirem. _ Angélica enfim apareceu. — Não atirem, eles só recebem ordens.
— Até que enfim. _ Tomás que diz.
— Angélica.
Mônica diz se surpreendendo com a garota, diferente da foto que viu ela está mais magra, com olheiras, o cabelo longo e loiro está mais curto, a pele branquinha está bronzeada, as vestimentas nada se comparam aos vestidos caros de antes. Completamente diferente do que era, porém muito mais bonita aos olhos da historiadora, pois parece bem mais forte que naquela foto.
— Você me conhece? _ A loira pergunta.
Mônica estava horrível, o cabelo bagunçado, as roupas sujas, aranhões por toda parte do corpo, sua respiração estava ofegante por conta da luta de minutos atrás, para completar estava suja de lama por isso. Com certeza diferente do que era antes, aos olhos de Angélica incomparável ao que já viu antes. O olhar de Mônica para a garota é forte, firme, o que faz a loira estremecer, incomodada pela intensidade.
— Na verdade estou aqui por você.
— Como... _ Nesse momento a garota estava pronta para correr, mas ao olhar para o lado os homens ainda estavam domados pela arma apontada, percebe que não pode colocar a vida deles em risco por conta do seu medo. — Quem são vocês?
— Eu sou Mônica e esse é o Tomás, viemos a mando do seus pais, mas antes de fugir, me escute, por favor, temos que conversar.
O temor de Angélica era evidente, porém assim que escuta o nome e olha com mais atenção para a mulher morena na sua frente fica mais tranquila.
— Mônica Bender?
— Sim.
— O que... _ A loira fica nervosa. — O que está fazendo aqui?
— Vamos conversar sem toda essa hostilidade? _ A mais velha aponta para os homens, outros que vieram com Angélica já com armas apontadas também.
— Sim, vamos... Vamos até a cabana.
— Melhor.
A loira vai à frente e a morena atrás dela. Caminham cerca de quinze minutos até chegarem a um local no meio da ilha, esse que também era descoberto por árvores grandes, porém protegido ao redor por elas. A menor caminha para uma das cabanas e indica que Mônica entre.
— Cláudio, tudo bem, estou bem.
A loira diz ao olhar para o mais velho dos homens, esse que assente e senta do lado de fora, pronto para qualquer eventualidade. Tomás se senta também, esperando para que sua patroa volte. As duas mulheres então entram no lugar simples, definitivamente uma cabana improvisada em uma ilha deserta, nem tão solitária agora.
— Sente-se. _ Mônica o faz em um tronco que serve de banco. — Você fala primeiro.
— Certo. Há dois dias seus pais vieram até mim para encontrar você, que segundo eles, sumiu sem dizer nada, pensaram em sequestro, mas não pediram resgate.
— Como chegou até aqui? _ Era evidente para Mônica que a garota não queria falar dos seus genitores.
— Falei com seu amigo, André.
— Aquele linguarudo.
— Não o culpe, ele está mesmo preocupado. _ Angélica suspira. — Existem pessoas que estão mesmo preocupadas com você.
— Meus pais? _ A garota sorri. — Eles não estão preocupados comigo, estão preocupados com o...
— Dinheiro. _ A morena completa sua frase, o que não foi surpresa para a loira, pois sabe bem da perspicácia da outra, acompanha seu trabalho há um bom tempo, tem admiração por seu trabalho e beleza. — Vou dizer o que eu acho disso tudo. _ A menor assente, atraída pela forma firme e direta que a outra fala. — Você é a herdeira majoritária da sua avó e sabe disso, na verdade todos sabem. _ Angélica limita-se a suspirar e concordar. — Pois bem, e claro, seus pais não querem perder a boa vida. Um dia antes de lerem o testamento você fugiu, não só por medo, mas da ameaça. _ A loira a encara de cenho franzido. — Naquela noite você foi ameaçada não foi?
A mais nova abaixa a cabeça e respira fundo. Talvez Mônica possa lhe ajudar, não pode viver para sempre naquela ilha, para falar a verdade nem sabe quem mandou aquele bilhete, só tem certeza que foi alguém da casa, isso a leva até seus pais, os únicos interessados naquela fortuna.
— Quando subi para meu quarto para dormir encontrei um bilhete em cima da cama, ele era bem direto. Se eu aceitasse a herança da minha avó, seria morta. Claro que fiquei apavorada, não queria aquele dinheiro, mas também não queria que todo o esforço da minha avó caísse nas mãos dos meus pais, eles são tóxicos.
— Eu os conheci.
— Então percebeu. Naquela noite resolvi fugir. Cláudio que sempre foi o segurança particular da vovó me ajudou, ele queria dar uma prensa nos meus pais, mas...
— Você não tem certeza se são os dois, apenas um, ou nenhum deles que te ameaçou.
— Isso, não queria ser injusta. _ A loira suspira. — Então estou aqui. Só... Só achei demorado eles mandarem alguém atrás de mim.
— Acredito que eles estavam esperando para ver se o testamento seria lido sem você, mas sua avó foi bem enfática ao dizer que só seria aberto na sua presença. _ Mônica escuta o suspiro da loira. — Você não pode ficar aqui para sempre. Não falo pelo dinheiro, mas por sua vida, se eles estão agindo errado tem que pagar.
— Eu não tenho como provar.
— Eu sei. _ Agora é a morena que suspira. — Então... Podemos ficar aqui até você decidir o que fazer? Estou com fome e preciso me limpar.
— É... Sim, claro, e... Eu nem te reconheci, sou uma fã do seu trabalho. _ Angélica sorri sem graça.
— Obrigada, mas não faço nada demais além de encontrar artefatos antigos e raros, e acredite, grande parte do trabalho duro quem faz é Tomás e sua tecnologia avançada.
— Não, você é maravilhosa, magnífica, inteligente e... _ Angélica percebe que estava falando demais. — Você... Você pode se limpar ali.
Mônica então se levanta e vai para o lugar indicado, se tratava de uma pequena poça d’água, a porta dos fundos da cabana dava direto nela. Parecia mágica, a água era clarinha, cristalina, a morena até ficou indecisa em sujar aquela água tão limpa.
— Não se preocupe, de alguma forma inexplicável ela renova.
— Mágicas da natureza, por isso sou tão fissurada nela.
— Eu também.
Angélica fica olhando Mônica limpar os braços, rosto e pescoço, então ela tira a faixa que protegia o ferimento.
— Você levou um tiro? _ A loira corre para perto da outra.
— Foi de raspão.
— Droga, me desculpe, por favor, Cláudio deu ordens para atirar se qualquer pessoa se aproximasse, sempre pensamos que uma hora ou outra quem tivesse mandado aquele bilhete iria me encontrar.
A garota dizia cheia de pesar, então ela passa a limpar a ferida, tira sua blusa para ajudar na limpeza e fica apenas de top, inevitavelmente Mônica olha para seu abdômen. Angélica não notou o olhar de cobiça da outra, isso porque estava concentrada em cuidar de algo que ela causou, porém, assim que eleva o olhar, seus olhos vão direto para os lábios da mais velha, engole seco. A admiração que sempre teve por Mônica estava começando a virar atração, na situação atual aquilo não era bom.
— Se você morrer seu pai será herdeiro? _ A morena sabe disso, por esse motivo muda de assunto.
— Teoricamente sim. Existe outro neto, mas ele viaja muito, meu primo, a mãe dele, minha tia, faleceu há alguns anos. Ele também não liga para o dinheiro, na verdade nunca fomos próximos, depois que a tia faleceu ele sumiu.
— Entendo, resumindo, se algo acontecer a você, quem se dá bem é o seu pai e consequentemente sua mãe.
— Basicamente.
Depois de satisfeita, Angélica tira um pedaço da blusa que não tinha molhado e amarra novamente o ferimento, constatando depois se estava bem preso, nesse processo, seus dedos tocam a pele da morena delicadamente.
— Então... _ Mônica mais uma vez desvia do momento, levantando-se e acompanhando a outra. — O que você pretende fazer?
— Não sei, por Cláudio já teríamos voltado, ele diz que é capaz de me proteger, mas acho que no fundo nem estou com medo da ameaça, estou mesmo receosa é por descobrir que meus pais foram capazes de fazer isso.
— Eu entendo. _ Mônica foi sincera. — Mas faça no seu tempo. Seja quem for, não terá esse poder para sempre, ainda mais porque o testamento só será aberto na sua presença.
— Eu sei. _ Então elas caminham para fora, logo encontrando os homens, esses que levantam. — Está tudo bem, nos entendemos. Podem voltar à vigilância. _ Cláudio assente e dá comandos aos seus homens.
— Vamos passar a noite aqui, Tomás, amanhã resolvemos o problema de nossa ida.
— Não se preocupe, aqui tem sinal, assim que quiser envio uma mensagem para meus amigos pilotos e algum vem nos buscar.
— Certo, pode ir se limpar. _ O homem assentiu, mas ao passar pela patroa, sussurra só para ela escutar. — Ela é bonita.
— Sim. _ Mônica responde ao suspirar, sem se dar conta da forma manhosa que fez isso. — O que? Não, saia daqui, seu idiota!
O homem gargalha e então se afasta das duas, indo em direção a outra poça de água. Angélica estava envergonhada por estar tão perto da sua ídola, mas também preocupada. Seus pais a mandaram, é evidente que Mônica não lhe fará mal, porém ela tem razão, não pode ficar ali para sempre.
— Vamos para a praia. Daqui a pouco Cláudio chega com comida.
A maior assente. Caminham e logo estão sentadas debaixo de uma árvore, encostadas no grande tronco. Ficam ali por um tempo conversando e ligando as peças daquele quebra-cabeça. A noite chegou rápida. Depois de comerem o peixe assado foram para as cabanas, Mônica dormiria com Angélica, o que causou desconforto nas duas.
— Tem uma rede extra, não se preocupe.
A loira diz ao notar esse desconforto da maior, mais ainda seu suspiro ao ouvir aquilo, Angélica se sentiu mal, era evidente que uma mulher como aquela nunca se interessaria por uma como ela, Mônica ao perceber o mal-entendido se aproxima.
— Ei, eu não... Não quis te ofender, mas... Você está aqui, frágil, não quero de forma alguma me aproveitar.
— Eu...
— Você é linda, Angélica. _ A morena leva sua mão para lateral do rosto da outra e acaricia. — Você é maravilhosa. _ Vai se aproximando mais. — E se não me parar agora vou acabar te beijando.
Os olhos claros se encaram. Angélica não vai lhe afastar, pois quer aquele beijo. Mônica entendendo isso não se controla mais, beija os lábios da menor com vontade, comprovando o que ela disse, a loira é sim uma pessoa atraente.
As línguas se pressionam, Mônica escuta o gemido da outra e a empurra contra a parede de madeira, então segura firme nos fios loiros da sua nuca, fazendo a intensidade do contato aumentar. Estavam ofegantes e entregues, poderiam ir além, afinal, era uma ilha deserta, quem nunca teve esse fetiche? Mas a menor para, coloca as mãos no peito da outra e a faz se afastar aos poucos.
— Eu fiz algo errado? Desculpe se...
— Não, você não fez, mas eu... Eu nunca...
— Oh... Eu não... _ Mônica se afasta mais, agora olhando Angélica com mais delicadeza que antes. — Não precisa falar nada, vamos dormir, certo? Amanhã terá que tomar grandes decisões. _ A loira assente, então a mais velha se aproxima e a beija mais lentamente, deixando agora o sentimento de cuidado tomar conta.
— Boa noite, Angélica.
— Boa noite, Mônica.
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Na manhã seguinte Angélica acorda mais cedo e observa a outra dormindo, com cuidado sai da cabana, encontrando Cláudio já à sua espera. O homem sorri ao vê-la.
— Bom dia, Angel.
— Bom dia. _ Então se encaminham para perto de uma árvore e lá sentam embaixo dela. — Acho que... Que vamos voltar, mas estou com medo.
— É o melhor, menina, não pode se privar de viver, de amar... _ A garota o encara rapidamente.
— Nem começa.
— Eu vi como você olha para ela.
— Então, vamos voltar e...
— Vocês vão para a minha casa. _ Eles escutam a voz da morena que foi incisiva. — Vão para a minha casa, eu tenho um plano para descobrir quem fez a ameaça.
Cláudio e Angélica se encaram, não entendendo nada, mas assim como a loira, o homem sente confiança na pesquisadora, aquilo era raro em toda a sua vida.
Depois daquilo foi preciso três horas para o helicóptero estar sobrevoando a ilha, o amigo de Tomás os ajuda a voltar em segurança, primeiro foram apenas Mônica, Angélica, Tomás e Cláudio, depois ele viria buscar os outros quatro homens. Mais duas horas foram precisas para as duas mulheres chegarem até a casa da morena, tomarem um banho e estar no escritório da mais velha, conversando sobre o plano.
Assim que tudo estava combinado, os dois homens saíram, deixando as duas sozinhas. Mônica aproveita para fazer o que tanto queria desde a última vez, se aproxima da garota e com o olhar pede permissão, ao receber um sorriso, beija os lábios da outra com carinho, apenas um roçar de lábios, mas logo tudo volta para a intensidade do primeiro beijo, o que faz mais uma vez Angélica gem*r, nesse momento a morena sabe que era o limite, pelo menos por enquanto. A mais velha lhe dá selinhos, então se afasta e acaricia a lateral do seu rosto, encarando os olhos claros.
— É inexplicável a forma que você me deixa. _ Mônica está séria ao dizer.
— Isso é bom?
— De uma forma estranha sim, é novo, mas é bom. _ Ambas sorriem, então voltam a trocar beijos mais calmos, quando se separam mais uma vez a menor encara a outra com intensidade.
— Vai dar certo, não vai?
— Sim, querida, vai dar certo.
Mônica dava certeza à Angélica, pois era apenas isso que ela esperava, perfeição.
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No dia seguinte as notícias nos jornais, revistas e sites eram claras. A morte de Angélica Smith estava sendo noticiada em todos os meios de comunicação, não só pela fatalidade, mas por ser a herdeira do império imobiliário. Não foi fácil dar a notícia para os pais de Angélica, incrivelmente eles se mostravam bem tristes mesmo. O DNA encontrado no carro incendiado era o da sua menina, apesar do corpo estar irreconhecível.
O desespero, principalmente da mãe, pareceu real, talvez o susto, a forma da morte, não sabe explicar, mas algo agora não fazia sentido para Mônica. Com a ajuda dos contatos de Tomás e Cláudio conseguiram armar aquilo tudo. O luto veio e junto dele, cinco dias depois, o momento de ler o testamento.
Para a surpresa de todos até o primo sumido estava presente, porém muito diferente do que Angélica se lembrava, usava roupas sociais, muito parecidas com seu pai. Viu o rapaz entrar na mansão, estava em um carro distante, esperando a hora da sua entrada, seria hoje ou nunca. Tinha que descobrir quem a ameaçou daquela forma.
Assim que estão na sala os pais da loira, o primo, suas empregadas e até Cláudio, o advogado começa a ler. O pai da garota abraça a esposa, o segurança estava de olho nas reações de todos. A casa ficou para os pais mais dez por cento da empresa, assim como o primo ficou com dez por cento e uma boa quantia na conta, ele ficou quieto enquanto escutava. As empregadas ganharam, cada uma, apartamentos e uma quantia em dinheiro, assim como Cláudio, que se mantinha calado, encostado a uma parede de braços cruzados.
Então chegou a hora de citar o nome de Angélica. A garota ficaria com cinquenta por cento da empresa, a maioria dos imóveis dentro e fora do país, junto dos milhões em conta, assim que termina de ler, o advogado olha para cima, então continua.
— Caso algo aconteça e Angélica não possa tomar posse dos seus bens, tudo vai para a caridade.
— O que? _ Esse é o primo que grita.
— Sim, está no testamento, tudo vai para a caridade.
— Isso é injusto, mamãe tem família. _ O pai enfim fala. — Estamos aqui, deveria ficar tudo para nós, eu sou filho dela.
— Sim, e teve sua parte amparada por Lei por ser filho, mas o que está no testamento é incontestável.
— Essa velha era louca. _ O primo começa a grita, Cláudio o encarava com análise, não só a ele, mas uma pessoa em especial, que tensionava a cada vez que ele gritava. – Eu vou entrar na justiça para ter o que é meu por direito. Eu sou neto legítimo dela, tinha os mesmos direitos que aquela songa monga.
Para Cláudio estava muito evidente algumas coisas, por esse motivo ele se aproxima do rapaz e fica na sua frente, então aperta seu ombro e ele se senta.
— O quer você está...
Antes que ele termine de falar a porta é aberta e Angélica entra no local, seguida não só de Mônica e Tomás usando suas roupas escuras, jaqueta de couro e botas, mas de André, segurado firmemente pelo homem mais velho. O rapaz encara o primo de Angélica, que fica sério e preocupado no mesmo instante.
— Angé... Angélica? _ A mãe se levanta e corre para perto da filha, abraçando-a com carinho, saudade e principalmente alívio. — Minha filha, você está bem.
— Sim, mãe, estou bem. Depois eu explico tudo. _ Enquanto elas se abraçam, o pai se aproxima com os olhos lacrimejados e também as abraça. Porém o momento foi interrompido pelo grito do primo.
— Você estava morta, Angélica, morta!
— Não seria tão fácil. _ Essa foi Mônica. — Vocês foram previsíveis, você e seu amante. _ Ela aponta para André. — Ele é um rapaz pobre, vê-lo usando essas roupas caras foi o primeiro indício. Aí veio a história do bilhete. Ah, vamos lá, você, como melhor amigo dela, não contou para a polícia sobre isso? Poderia até dizer que ela pediu, mas convenhamos, isso aqui não é um filme de ação idiota. Sem contar que foi muito fácil colocar uma pessoa te vigiando e vê-los juntos. Só depois percebi que era o primo em questão que eu nem sabia existir e nem sabia como era seu rosto, caso contrário, teria sido mais fácil desvendar toda essa trama desde o princípio.
— Eu não... _ André tentou falar, mas então olha para Angélica. — Me perdoa, ele me obrigou.
— O que? Foi você que teve a ideia, seu filho da puta. _ O primo tenta avançar no loiro, mas foi seguro por Cláudio. — Eu vou te matar.
— Ninguém vai matar ninguém. _ O advogado se manifesta, ficando de pé e batendo na mesa com força. — Está tudo resolvido e bem claro.
— Ainda falta uma coisa. _ Cláudio se manifesta. — Ela. _ Ele aponta para uma das empregadas. — Ela ajudou a colocar o bilhete de ameaça na cama de Angélica. _ A mulher em questão abaixa a cabeça e não nega, comprovando sua culpa.
— Vocês vão todos para a delegacia agora, serão contestadas suas participações na herança, o resto está tudo certo. Angélica, você é a herdeira majoritária, essa reunião está encerrada.
Ele fecha a pasta com força e sai, Tomás e Cláudio ajudam a conter os três criminosos enquanto a polícia chega, a outra empregada sai, deixando apenas os quatro sozinhos.
— Você conseguiu encontrá-la. _ O pai diz. — Obrigada.
— Sim, desculpem a mentira, mas até então não sabíamos quem era o culpado.
— Entendo que tenham desconfiando da gente. _ A mulher mais velha fala. — Nossos comportamentos não ajudavam em um bom julgamento.
— É, não ajudavam. Mas vocês são meus pais, fico muito feliz que não sejam culpados.
Os três ficam ali, com Mônica os observando. Depois do momento família, eles saem e deixam as duas sozinhas. Mônica não demora a se aproxima para abraçar o corpo da menor, essa que circula seu pescoço com os seus braços.
— Então... Agora podemos sair em um encontro de verdade? _ A morena pergunta.
— Você é das antigas?
— Ah, sim, eu sou toda antiga. Você estuda história e é minha maior fã, deveria saber disso.
— Eu não sou sua maior fã. _ Angélica revira os olhos. — Mas sim, eu sei disso.
— Está pronta para viver grandes aventuras comigo? _ Aquilo foi mais significativo do que as duas poderiam imaginar.
— Estou pronta para viver qualquer coisa com você.
Ambas sorriem e então se beijam. Aquele era só o começo da vida juntas, que com certeza não seria regada apenas de amor. Ambas têm o coração e alma de aventureiras, juntas viveriam essa vontade com toda intensidade que o tempo lhes permitisse.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Monica Bender
Em: 08/08/2020
Amiga esse meu conto precisa continuar. Angélica precisa descrever a aventura que terá comigo, qual será o tesouro que iremos encontrar .
Nota 1000
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