Apagão
''Apagão''
* * *
Me lembro que..
Acordei mais tonta que o costume. Não sabia onde eu estava nem o que havia acontecido. Só sabia que não estava nada bem, nada bem mesmo. Todo meu corpo doía, sentia muita sonolência, minhas roupas estavam meio rasgadas e muito sujas. Me encontrava deitada na terra úmida, tentei me levantar, mas pela tontura, falta de forças e a forte dor na perna esquerda (onde havia muito sangue), não consegui. Desmaiei.
***
Quando despertei...Estava disposta a observar o máximo que pudesse ao meu redor, achar algum meio de pedir ajuda ou me levantar.
A primeira vista, aquele lugar me parecia um filme de terror. Imaginem estar no meio de uma mata fechada, cheia de árvores, plantas, um pequeno rio uns 12 metros a minha frente, arbustos, cipós, e.. Bah! Esses matos todos aí. Um lugar simplesmente Horrorível (Com H maiúsculo). Não gosto de 'estar' natureza. Nunca gostei, na verdade! Imaginem estando em uma situação como essa.
Pra piorar..Havia muitos insetos. Parecia que Eu não tinha mais corpo, apenas picadas e machucados. Pensei que não poderia ficar pior, (rum) mero engano. De repente, senti algo frio se enrolando na minha perna machucada, causando uma dor simplesmente insuportável. Inventei de olhar para confirmar o meu temor. Desmaiei novamente. (Sim, era uma cobra. Acho que uma anaconda, tri grande!).
****
Despertei com alguém me cutucando (Bah, detesto isso, né).
--Micaella! Micaella! Está me ouvindo? Você está bem? - Disse um brutamonte ruivo (parecia um Neandertal), sem camisa. Não fui com a cara dele (APV - Antipatia a Primeira Vista).
Ele não parecia nada bem. Havia um pedaço de pano enrolado em sua cabeça como se fosse uma faixa. Independente do nosso estado, fiquei irritada com a pergunta, no mínimo idiota do Brutamontes.
--O que tu achas, idiota? É claro que não estou bem! - Fiz uma leve pausa, respirei fundo. 1..2..3.. Não sabia o motivo de estar tão irritada com ele. Afinal, parecíamos estar no mesmo barco.
--Onde estamos? O que houve? Quem tu és? Aliás, quem EU sou? - Uma confusão se formou na minha cabeça, pois não me lembrava de nada 'concreto' nem ninguém. Só havia cenas/imagens embaralhadas e rostos sem nome, não sabia se era algo real ou apenas minha mente misturando sonhos.
--Sou eu, Coração. Henry seu marido. - Falou com uma cara de sonso. Fiquei com uma expressão de "Hã?"
--Meu marido? Não pode ser! Ou pode?? - (Casei com um neandertal que me chama de 'Coração'?)
--Pelo jeito tua memória não vai muito bem. Deve ter sido a pancada.. quando.. bateu a cabeça.. na queda. - Disse com um sorrisinho. Naquele momento, não estava entendendo nada, mas já não cheirava muito bem.
Tudo parecia surreal, fiquei mais do que apavorada. Queria acordar! Tentei parecer calma para ter um diálogo com o (neandertal) Henry e entender as coisas.
--Então, Henry. Como eu vim parar aqui? E onde é 'aqui'?
--Coração. Sabe que.. Queriamos passar um tempo sozinhos, longe de tudo e de todos. Sem meio de contato nenhum, ninguém nos incomodando. Sem preocupações. Sabe como são casais apaixonados, não é. --Disse com um sorriso 'galante'. Continuei séria. --Decidimos ir para Mato Grosso, conhecer o pantanal e no..
--"No" nada! Não tem como eu ter concordado com isso, impossível. --(Cortei logo aquele papo, pois já estava me dando nos nervos. Apesar de ser uma 'desmemoriada temporariamente' aquela história era meio difícil de engolir. --Eu aceitar ir para o meio do mato sem tecnologia? Por Amor a ti? Sério?
--Claro, Coração! Você me ama tanto que fez esse sacrifício por mim. Não se lembra? Mesmo não gostando muito de natureza. Como EU sou seu patrão, nos concedi umas férias para aproveitarmos juntinhos. Uma segunda lua de mel. Sou um ótimo marido ou não sou? Somos um casal perfeito, Coração.
Fiquei bem mais confusa, não me lembrava de nada daquilo nem conseguia digerir. Aquela altura, ele parecia mais grogue do que eu e a mancha de sangue no curativo em sua cabeça, estava cada vez maior.
--Okay. Como viemos parar nessa mata? E por que estamos machucados? -- Não quis contrariar. Queria saber mais, antes que a gente desmaiasse ou pior..
--Deu algo errado durante o voô, caimos. O piloto não sobreviveu a queda. Você estava desacordada.. eu e o co-piloto te pegamos.. fugimos dali, pois.. ia explodir.. Andamos.. por um bom tempo.. até que eu não aguentava mais e paramos aqui.. - Disse ele quase desmaiando, ainda assim quis que me respondesse mais algumas coisas
--Onde está esse co-piloto?
--.. Procurar ajuda.. ontem quando paramos. Ele estava com mais energia.. mas até agora.. não voltou. Alguém.. Alguém.. - Apontou para uma cesta próxima ao pequeno rio e desmaiou.
Fiquei ainda mais confusa. Quem poderia ter deixado a cesta de frutas (Bem, parecia frutas da distância em que estávamos). Será que havia sido o tal co-piloto? (Claro, né! Só bicho poderia viver ali. Eu acho!). Tentei me aproximar, mas não consegui. Quanto mais eu mexia, mais dor sentia. Tentei me levantar apoiando em uma árvore próxima ( não iria ficar rastejando no meio do mato, né.) No entanto, escorreguei. Foi ali, ali descobri o real significado de dor física. Tentei gritar, mas acabei apagando novamente.
. . .
Fim do capítulo
Continua...
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