Capitulo 14
Acordei as seis da manha e Micaela já estava arrumada para o trabalho conversando com Rafa na sala. A cara cansada dela não negava que passou o restante da noite vigiando a casa mas também revelava uma seriedade de comprometimento em relação a Micaela.
Deixamos a casa e saímos da comunidade tomando rumos diferentes. Não havia uma alma sequer em nosso caminho e nem assim eu consegui largar a mão de Rafa nem mesmo quando deixamos a comunidade.
--Sorte a nossa que esses caras são iguais vampiros pela manha.—ela olhou para minha mão segurando a dela e soltei envergonhada.—o que temos que fazer agora?
--Eu preciso checar as imagens dessa gravação. Afonso poderia me ajudar mas vai demorar. Ate lá não saberemos qual hospital foi enviado os respiradores e se estão ligados a campanha politica deles.
Rafa estava em silencio e tão pensativa que tive que encarar ela e esperar o que sairia daquele momento.
--Tem um jeito..
Rafa parecia não gostar mas pegamos um taxi na outra quadra e o endereço que ela deu me deixou intrigada.
A casa ficava em um condomínio residencial de classe alta. A rua vazia e os muros altos com guaritas começavam a me preocupar.
--Okay, já passou da hora de perguntar isso. Quem é você?
--(rs) ninguém.
--Você ta cheia de mistérios, sorte a sua que amo uma mulher misteriosa.
--Você também poderia esperar só um pouquinho que logo vai descobrir.
Ela apertou a campainha e o guarda da guarita apareceu no visor de segurança e não precisou de mais para abrir a porta.
--Eu odeio fazer isso e já sei o que me aguarda.—disse ela como se aquilo fosse algo já conhecido. Eu estava mais que surpreendida. Aquele condomínio fechado não era pra qualquer um.
A rua interna do condomínio me lembrou daqueles filmes americanos. Casas lindas e do mesmo estilo, com seus jardins e senhoras felizes na porta.
--Ora,ora.—disse uma delas vindo sorridente a nós.—quem é viva sempre aparece né dona Rafaela.
--Oi tia.—ela respondeu e fiquei atenta. Aquela carinha de quem aprontou envergonhada era um tesão mas parecia que finalmente eu ia decifrar ela.
--E quem é essa?
--Bom dia senhora, sou Amanda Torres, é um prazer conhece-la.—apertei sua mão e senti firmeza em seu aperto.
--Onde achou ela?—perguntou a senhora e ate estranhei.
Rafa me puxou antes que eu respondesse e caminhamos pela rua deixando a mulher para trás.
--O que foi isso?
--Minha família mora aqui então tente ignorar mais gente.
--Você não gosta deles?
--O caso é mais complicado do que isso.
--Ao ponto de você largar tudo pelas ruas? Tem que ter um bom motivo.
Rafa estava visivelmente incomodada por isso escolhi o silencio e assim que chegamos a esquina e seguimos mais a frente algumas casas Rafa chegou ao seu destino. Ela subiu os degraus da sacada e a acompanhei. Ela estava nervosa, isso era nítido.
--Vai ficar tudo bem.—a acalmei antes dela apertar a campainha.
--...já faz um tempo que não volto aqui.—ela estava bem nervosa.
--Então pensa assim, eles podem estar com saudades.hm?
--Vou tentar pensar por esse lado.
--Você que escolheu vir aqui e realmente ta me surpreendendo.
--Quer resolver tudo né?!pela sua matéria, por Micaela, pela paz daquele lugar?
--Sabe que sim!
--Então eu tenho que usar esse recurso. Queira deus que der certo.
--(rs) é sua família né..deveria confiar. Quantos são?
--que moram aqui?(rs) todas as casas pertencem a minha família.
--o que?
A porta se abriu e o homem bem aparentado e de terno olhou para Rafa e da mesma forma que o guarda do condomínio não precisou de mais, era como se todos a conhecesse. Entramos e quando eu passei ao lado do tal homem vi ele guardar a pistola dentro do terno.
--Vou chamar seu pai.—disse ele se perdendo de vista na sala de estar e que sala. O padrão era de chique ao luxo.
As paredes brancas possuíam um requinte refinado, o lustre caríssimo pendurado no teto, o tapete limpinho e claro os inúmeros sofás, quadros, esculturas e vasos como toda casa de rico é. O que tinha acontecido para Rafa desistir de tudo isso? Ela olhava para tudo com tanta indiferença.
Logo o homem voltou e trouxe com ele um senhor de respeito com sua bengala e seu grisalho e pensei que a ironia do destino não poderia ser melhor. Eu o conhecia!
Fim do capítulo
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